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Esgoto 1 - Efluentes Líquidos Domésticos e industriais

Saneamento Básico no Brasil

Sabe-se que 60 milhões de brasileiros (9,6 milhões de domicílios) não possuem coleta de esgoto. Destes,
a maioria se localiza em:

 Bolsões de pobreza das grandes cidades;


 Cidades com menos de 20.000 habitantes;
 Regiões Norte e Nordeste.

Quase 75% de todo o esgoto sanitário coletado nas cidades é despejado “in natura”, o que contribui para
a poluição dos cursos d’água urbanos e das praias;

A imagem ao lado
representa espacialmente o
índice de atendimento total
de coleta de esgoto,
distribuído por faixas
percentuais, segundo os
estados brasileiros.

Índice de atendimento total


de esgoto:
-Azul escuro >71%

-Vermelho < 10%

-Branco – sem informação

Efluentes Líquidos Domésticos

Águas residuárias provenientes da utilização de água potável em zonas residenciais e comerciais;

Caracterizam-se pela grande quantidade de matéria orgânica, nutrientes (nitrogênio e fósforo) e


microorganismos;

Podem conter microorganismos patogênicos provenientes de indivíduos doentes (propagação de doenças


de veiculação hídrica);

Composição: Água:99,9% e Sólidos:0,1%

Sólidos: Substâncias orgânicas:70% e inorgânicas:30%

Substâncias Orgânicas: proteínas, carboidratos, gorduras;

Substâncias Inorgânicas: Areia, sais e metais;

Efluentes Líquidos Industriais

Águas residuárias provenientes das indústrias;


Podem apresentar produtos químicos que impossibilitem a sua coleta no mesmo sistema coletor do esgoto
doméstico;

Composição: bastante variada dependendo da indústria;

Presença de compostos químicos tóxicos e metais pesados;

Temperatura elevada, provocando desequilíbrios ecológicos no corpo receptor;

Nutrientes em excesso, causando a eutrofização da água;

Um mesmo processo industrial pode apresentar grande variabilidade nos efluentes dependendo da
matéria-prima utilizada, do processo empregado e do nível tecnológico da empresa.

Sistemas de Esgotos Sanitários

Esgoto é o termo utilizado para caracterizar os despejos provenientes dos diversos usos da água;

Esgotos sanitários: despejos líquidos constituídos de esgotos domésticos e industriais lançados na rede
pública e águas de infiltração;

Componentes do Sistema de Esgotos

• Coletores

– Coletor Predial: canalização que conduz os esgotos sanitários dos edifícios;

– Coletor de esgotos ou coletor secundário: canalização que recebe efluentes dos coletores
prediais;

– Coletor Tronco: canalização principal de maior diâmetro, que recebe os efluentes de vários
coletores de esgotos,

conduzindo-o a um interceptor e emissário.

• Interceptores: canalizações de grande porte que interceptam o fluxo dos coletores com a finalidade
de proteger cursos de água, lagos, praias, etc, evitando descargas diretas

– Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs): têm por objetivo reduzir a carga poluidora dos
esgotos sanitários antes de seu lançamento no corpo de água receptor;

Obras de lançamento final: destinadas a descarregar de forma conveniente os esgotos sanitários no corpo
de água receptor
I-Caracterização dos efluentes

I-1 Efluente doméstico

É toda água residuária gerada pelas atividades e necessidades humanas em uma residência e que fluem
através da rede de esgoto. Podem igualmente serem lançadas diretamente no ambiente ou redirecionadas
para estações de tratamento.

Características principais:

• altos teores de sólidos totais,

• altos teores de nutrientes e matéria orgânica

• altos números de bactérias do grupo coliformes

• elevada DBO (demanda biológica de oxigênio)

I-2 Efluente Industrial

É toda água residuária gerada pelas atividades industriais e que fluem através da rede de esgoto. Podem
igualmente serem lançadas diretamente no ambiente ou redirecionadas para estações de tratamento.

Características principais:

• compostos orgânicos

• substâncias radioativas

• ácidos

• metais pesados

Impurezas encontradas nas águas e indicadores de qualidade

a) Características físicas: as impurezas estão associadas aos sólidos presentes na agua. Os sólidos
podem estar na forma suspensa, coloidal ou dissolvida (classificados pelo diâmetro). Alguns
parâmetros físicos indicadores da qualidade das águas são: cor, turbidez, sólidos, temperatura,
sabor e odor.
b) Características químicas: as impurezas químicas podem ser classificadas em orgânicas e
inorgânicas. Quando submetida a uma temperatura de 500 C a parte orgânica é volatizada,
sobrando a parte inorgânica ou mineral. Alguns parâmetros químicos indicadores da qualidade das
águas são: pH, alcalinidade, dureza, cloretos, ferro, manganês, nitrogênio, fósforo, fluoretos,
oxigênio dissolvido, demanda biológica de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO).
c) Características biológicas: com relação à qualidade da água, os micro-organismos possuem
grande relevância em determinados ambientes, devido à sua atuação nos processos de depuração
dos despejos ou à sua associação com doenças ligadas à água. Alguns parâmetros biológicos
indicadores da qualidade das águas são: bactérias do grupo coliforme e algas.

Caracterização quantitativa dos esgotos sanitários

Vazão dos esgotos

A principal característica do esgoto é


a sua vazão, que é definida como a
quantidade de esgoto produzido ou
transportado em um período de tempo
especifica. Normalmente utiliza-se L
ou m³ por unidade de tempo. A vazão
é o principal parâmetro de
dimensionamento de todas as partes
componentes do sistema de
esgotamento sanitário.

Caracterização qualitativa dos esgotos sanitários

Os esgotos sanitários contem, aproximadamente, 99,9% de água e 0,1% de componentes sólidos, os


quais são divididos em poluentes orgânicos, inorgânicos e microbianos. A maioria dos poluentes orgânicos
é biodegradável (microrganismos convertem em CO2 e H2O). Se um esgoto bruto é lançado num rio ou
córrego, ocorrerá uma redução da concentração de oxigênio dissolvido, podendo gerar morte de peixes e
emanação de maus odores.

Os poluentes inorgânicos podem causar problemas de formação de lodo e assoreamento, e tbm, em caso
de minerais e nutrientes, como nitrato e fosfato, um crescimento excessivo de algas no corpo receptor
(eutrofização). Isso pode causar variações no nível de oxigênio, com a água se tornando anaeróbia
durante a noite, junto a grandes variações do pH. As algas ainda podem produzir componentes tóxicos e
causar aparência desagradável no corpo d’água.

A poluição microbiana pode comprometer a saúde pública, principalmente se essa água for usada para
abastecimento humano, irrigação de culturas agrícolas ou para recreação.

A caracterização qualitativa do esgoto visa quantificar os diversos parâmetros associados aos poluentes
no esgoto.

Características físicas:

- Sólidos:

 Classificação por tamanho: sólidos em suspensão (SS), sólidos dissolvidos (SD)


 Sólidos totais= SS (35%)+ SD (65%)
 Classificação pelas características químicas; submetidos a altas temperaturas, cerca de 500 °C
volatiliza a fração orgânica; sólidos voláteis (MO) e sólidos fixos.
 Classificação pela sedimentabilidade ; capazes de sedimentar em 1h

- Temperatura:

A temperatura do esgoto, geralmente expressa em °C, depende das condições climatológicas. No


Brasil, a temperatura do esgoto varia ente 18 °C e 25°C, dependendo da época do ano e da região.
Para o tratamento biológico de esgotos, o ideal é que a temperatura esteja entre 25°C e 35°C,
sendo que em temperaturas abaixo de 10°C o tratamento fica comprometido e a aplicação de
tratamento anaeróbio é pouco eficiente se a temperatura media foi menor de 20°C.

- Turbidez:
A turbidez do esgoto é causada por sólidos suspensos – tais partículas insolúveis do solo, matéria
orgânica e organismos microscópicos- que refletem a luz incidente na solução. Pode ser
quantificada com um aparelho (Turbidímetro), sendo expressa em unidades nefelométricas de
turbidez (UNT). Quanto mais intenso o reflexo, maior a turbidez. A turbidez não tem relação direta
com a concentração de poluentes, mas pode ser indicativa da concentração dos sólidos
suspensos. Assim, a turbidez é usada principalmente como parâmetro de controle, para verificar a
eficiência de remoção de sólidos em suspensão na ETE.

Características químicas:

A matéria orgânica presente no esgoto (50% dos sólidos totais) é um dos fatores principais que determina
o potencial poluidor do esgoto. A m.orgânica é composta dos elementos: C, H, O, N em forma de
proteínas, carboidratos, gorduras, óleos, ureia, surfactantes e pesticidas.

Os microrganismos convertem a m.orgânica biodegradável em componentes inorgânicos e água, ao


mesmo tempo usando a energia liberada nestas conversões para sua manutenção e crescimento. Esse
processo ocorre durante o transporte do esgoto, durante o tratamento numa ETE e também pode ocorrer
no meio ambiente. Caso um esgoto seja insuficientemente tratado e lançado em um corpo hídrico, a
conversão da matéria orgânica, pelos microrganismos, em substancias mais estáveis quimicamente
acontece usando o oxigênio dissolvido na água. Assim, o lançamento de esgotos com cargas elevadas de
matéria orgânica é capaz de consumir o oxigênio da água, com um subsequente dano às comunidades
aquáticas existentes naquele corpo de água. Alem de m.organica esgotos possuem componentes
inorgânicos, como amônia, nitrato e fosfato, chamados de nutrientes, os quais representam um dos
requisitos ambientais para o crescimento de microrganismos, algas e plantas.

- DBO

Parâmetro indicativo da quantidade de m.orgânica presente no esgoto é a Demanda Bioquímica de


Oxigênio (DBO). Ela mede a quantidade necessária para a biodegradação dos componentes
orgânicos presente no esgoto. A analise de DBO é feita usando microrganismos presentes oi
adicionados na amostra diluída de esgoto. As bactérias usam a matéria orgânica presente na
amostra de esgoto como fonte de energia e a convertem em CO2, H2O e outros resíduos
inorgânicos. Como o teste é feito em frascos fechados, a DBQ é dada pela diferença da quantidade
de oxigênio usada pelas bactérias antes e depois da análise. Normalmente DBO é menor que
DQO.

-pH

O pH do esgoto bruto geralmente esta entre 7,4 e 6,7, sendo que quanto mais velho o esgoto, mais
baixo o pH. É um parâmetro importante para monitorar os processos de tratamento do esgoto. Se o
esgoto afluente se torna muito acido ou muito alcalino pode ser necessário ajustar o pH, pois a
maioria dos processos de tratamento de esgoto é biológica, e especialmente processos anaeróbios
e de nitrificação são pouco resistentes a condições muito acidas ou alcalinas.

-Nitrogênio

Os esgotos domésticos contêm nitrogênio orgânico e inorgânico, presentes em varias formas. O N


orgânico é a quantidade de N embutido na m.orgânica, principalmente em proteínas. O N
inorgânico é a fração restante, sendo a soma das concentrações de amônia, nitrito e nitrato.
O nitrato é formado no esgoto por ação de microrganismos e por oxidação química da amônia.
Quanto mais velho um esgoto, mais alto o teor de nitrato e mais baixo o teor de nitrogênio
orgânico.

-Fosfato
O fosfato é um componente presente no esgoto por causa da degradação biológica de proteínas,
além de estar presente na composição de muitos detergentes por se associar a metais como cálcio
e magnésio, que em forma livre diminuem a formação de espuma. É um importante nutriente dos
processos aeróbios. A remoção do fosfato presente no esgoto é bastante difícil com os processos
de tratamento de esgotos comumente empregados. Como o fosfato é um nutriente causador de
eutrofização, o seu uso na composição de detergentes já é proibido em muitos países.

Características biológicas:

São utilizados alguns microrganismos marcadores como os coliformes totais e os termotolerantes,


Escherichia coli, helmintos e protozoários.

Os coliformes servem para indicar se a amostra dói contaminada com fezes (com um risco maior de conter
patógenos). A quantidade de E.coli (inerente ao TGI do ser humano) é usada para identificar qual parte
dos microrganismos encontrados pode ser de origem humana.

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