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TRATAMENTO DE ÁGUA

Captação: a água passa por um sistema de grades que impede a entrada de elementos
macroscópicos grosseiros (animais mortos, folhas, lodo, etc.) no sistema. Parte das partículas
está em suspensão fina, em estado coloidal ou em solução, e por ter dimensões muito
reduzidas (como a argila, por exemplo), não se depositam, dificultando a remoção. Assim, a
água é levada para as ETAs por meio de adutoras. Caso haja morros ou outros obstáculos, é
necessário o uso de estações elevatórias para vencê-los.
Bacia de tranquilização: ao chegar na ETA, a água vem com forte pressão, a qual tem
sua velocidade reduzida na bacia de tranquilização. Aqui também tem a presença de grades
cuja função é reter resíduos maiores. Cloro é adicionado para matar vírus, bactérias e outros
microorganismos.
Floculação: a água passa por processos de coagulação, recebendo sulfato de alumínio
para aglomerar pequenas partículas aumento o peso. Nos tanques de floculação, a água é
agitada em velocidades controladas para formarem os flocos maiores e mais pesados.
Decantação: a água não é mais agitada e os flocos vão se depositando no fundo,
separando-se da água. O lodo do fundo é conduzido para tanques de depuração. O ideal é que
ele seja transformado em adubo, em um biodigestor. A água mais limpa vai para o filtro de
areia.
Filtragem: Canaletas nas partes superiores dos decantadores captam a água da
superfície, que vai para os tanques de filtragem. Estes filtros são formados por camadas de
carvão, areia, pedregulho e cascalho. A sujeira que restou da decantação fica nestes filtros. É
necessária a frequente lavagem destes tanques.
Desinfecção: esta etapa consiste de três processos: cloração, alcalinização e
fluoretação. O cloro garante que a água estará livre de agentes patogênicos. A alcalinização
serve para evitar a corrosão dos canos da rede de abastecimento. A fluoretação é usado para
prevenir a população de cáries.
Distribuição: com a água toda tratada, ela é bombeada para um grande reservatório
junto à ETA, e seguida para reservatórios elevados nos bairros, onde é distruibuída à
população.

1. GENERALIDADES

Uso da água: A água é usada ou consumida pelo homem de várias maneiras.


A água pode ser classificada em dois grupos dependendo da forma que será utilizada.
• Consuntivo: são aquelas usadas nas atividades que provocam perdas entre a
quantidade de água que é retirada de uma fonte natural e a quantidade que é devolvida à essa
fonte, como o consumo humano e animal, o consumo industrial e o uso em irrigação.
• Não consuntivo: neste tipo de uso são incluídas as atividades que não provocam
perda na quantidade de água que é utilizada para desenvolvê-las, como geração de energia,
psicultura e pesca, navegação, recreação, esportes, além de assimilação de esgotos urbanos e
industriais.

A importância do abastecimento de água deve ser encarada sob:


• Aspectos Sanitários: melhoria na saúde e nas condições de vida de uma comunidade;
a implantação do sistema de abastecimento provoca a diminuição sensível na incidência de
doenças relacionadas à água.
• Aspectos econômicos: as obras de saneamento provocam um acréscimo da vida
média da população; maior eficiência nas atividades econômicas pela redução do número de
horas perdidas com diversas doenças.
Doenças Infecciosas Associadas à Água: Classificadas de acordo com os modos de
propagação:
• Com suporte na água: organismos são carreados passivamente na água que é
consumida. Ex: cólera, febre tifoide, disenterias, amebíases e poliomielite.
• Associados à higiene: causadas por falta de água. Ex: doenças diarreicas, disenteria
bacilar.
• De contato com a água: infecções transmitidas por um animal invertebrado que
passa parte do seu ciclo de vida em moluscos por exemplo. Ex: esquistossomose, leptospirose,
infecções de olhos, ouvidos, bócio e saturnismo.
• Associadas a vetores desenvolvidos na água: causadas por insetos desenvolvidos na
água que picam nas proximidades. Ex: malária, febre amarela e dengue.

Qualidade da Água: Água pura, não existe na natureza, pois a água é um ótimo
solvente, e desta forma, nunca é encontrada em estado de absoluta pureza.
A água pode conter uma série de impurezas que vão definir suas características físicas,
químicas e biológicas, determinando dessa forma o grau de tratamento necessário.

Características Físicas da Água: envolvem praticamente aspectos de ordem estética e


psicológica, exercendo uma certa influência no consumidor.
• cor: existência de substâncias dissolvidas, que, na grande maioria dos casos, são de
natureza orgânica;
• turbidez: presença de substâncias em suspensão;
• temperatura;
• sabor;
• odor.

Características Químicas da Água: são devidas à presença de substâncias. Têm grande


importância, pois podem trazer consequências ao organismo humano.
Características químicas segundo os principais aspectos:
• Salinidade: confere sabor salino e é uma propriedade taxativa, teor de cloretos;
• Dureza: característica conferida à água pela presença de sais alcalinos terrosos e
alguns metais. Provoca a extinção de espuma formada pelo sabão e podem incrustar
tubulações;
• Alcalinidade: é devida à presença de bicarbonatos, carbonatos e hidróxidos;
• Ferro manganês: conferem sabor à água, e podem manchar as roupas.
Características químicas segundo os efeitos:
• Substâncias indicadoras de poluição: nitrogênio, cloretos, oxigênio consumido;
• Substâncias relacionadas com a potabilidade: danos à saúde (chumbo e flúor) e ferir
o senso estético (Fe, Mn);
• Substâncias relacionadas com inconvenientes de ordem econômica: substâncias
causadoras de dureza e de corrosão.

Água Potável: Água destinada ao consumo humano cujos parâmetros microbiológicos,


físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereça riscos à
saúde.
Há necessidade de se estabelecer limites gerais aceitáveis para as impurezas contidas
nas águas, de acordo com o fim a que as mesmas se destinam.

Esgoto Sanitário: é constituído por 99,9% de água e 0,1% de sólidos totais.


Sofrem variações na origem ou decorrentes das alterações que ocorrem com o passar
do tempo.
• Esgoto fresco: produção recente; apresenta partículas sólidas ainda intactas, sem
cheiro, presença de OD, coloração cinza.
• Esgoto velho: início de exalação de maus odores, coloração cinza escuro, início da
decomposição.
• Esgoto séptico: plena decomposição, cor preta, exalação intensa de maus odores
(devido à ausência de OD).
Devem-se evitar longos percursos do esgoto devido à facilidade de putrefação.

Características Físicas dos Esgotos:


• Temperatura: pouco superior à das águas de abastecimento (20 a 25 °C);
• Cor e turbidez: indicam o estado de decomposição do esgoto: acinzentada,
acompanhada de alguma turbidez (esgoto fresco) ou preto (esgoto velho);
• Sólidos: é o de maior importância, em termos de dimensionamento e controle de
operações das unidades de tratamento.

Sólidos Totais  Em suspensão (não filtráveis) ou Dissolvidos  Fixos ou voláteis

Características Químicas dos Esgotos:


Inorgânicas:
• pH: normalmente alcalina (sabão);
• acidez livre: ausente;
• alcalinidade: >100 mg/L;
• cloretos: ± 75 mg/L;
• N e P: essenciais ao crescimento biológico;
• S: problema de odor e de corrosão.
Orgânicas:
• DBO: mede a quantidade de oxigênio necessária para estabilizar biologicamente a
matéria orgânica;
• DQO: mede o consumo de oxigênio ocorrido durante a oxidação química da matéria
orgânica; serve mais esgoto industrial;
• OD: geralmente inexistente;
• nitr. total: ureia + nitr. org. + nitr. amoniacal;
• nitrito: são instáveis e oxidam facilmente (esgoto velho);
• nitratos: forma final de estabilização.

Características Biológicas dos Esgotos: bactérias, fungos, protozoários, vírus e algas


são os elementos mais importantes pois são responsáveis pela decomposição e estabilização
de matéria orgânica.
• provocam doenças como a cólera, febre tifoide, etc;
• coliformes: indicadores de contaminação fecal

3. PARTES CONSTITUINTES DE UM SISTEMA SEPARADOR ABSOLUTO

Partes Constituintes:
• Subcoletores: tubulação que recebe efluentes de um ou mais tubos de queda ou
ramais de esgoto;
• Caixa de inspeção: caixa destinada a permitir a inspeção, limpeza e desobstrução das
tubulações;
• Coletor Predial: trecho de tubulação compreendido entre a última inserção de
subcoletor, ramal de esgoto ou de descarga e o coletor público ou sistema particular;
• Coletor Público: tubulação pertencente ao sistema público de esgotos sanitários e
destinada a receber e conduzir os efluentes dos coletores prediais;
• Poço de visita: é uma câmara visitável, através de abertura em sua parte superior,
que permite a reunião de duas ou mais canalizações, e a realização de serviços de manutenção
dessas canalizações. O esgoto corre na parte inferior, em canaletas que orientam o fluxo
conforme a conveniência. A sua definição é essencial para o traçado da rede coletora. Devido
ao alto custo e à evolução dos processos de limpeza das tubulações que hoje é feita por
equipamentos mecânicos sofisticados, os poços de visitas tem sido substituídos, em alguns
casos, por dispositivos mais simples e baratos como terminais de limpeza.
• Coletor Tronco: coletor que recebe a contribuição dos coletores prediais e de vários
coletores de esgotos, ao longo do comprimento. Conduz a um interceptor ou emissário.
• Interceptor: canalização que recebe a contribuição de coletores tronco e de alguns
emissários, não recebe ligações prediais;
• Emissário: canalização destinada a conduzir os esgotos a um destino conveniente ETE
e/ou lançamento corpo receptor – sem contribuição em marcha.
• Estação Elevatória: é toda instalação constituída e equipada de forma a poder
transportar o esgoto de uma cota mais baixa para outra mais alta, acompanhando
aproximadamente as variações das vazões afluentes. Evita o aprofundamento excessivo das
canalizações. Geralmente utilizados em final de emissários para ETEs ou lançamento final.
• Estação de Tratamento de Esgoto: conjunto de unidades destinadas à remoção de
sólidos grosseiros e matéria orgânica em suspensão ou solução.
• Obras de Lançamento Final: canalizações destinadas a conduzir o efluente final das
estações de tratamento de esgoto, ou o esgoto bruto, ao ponto de lançamento em rios,
oceanos ou lagos.

Órgãos de Travessia:
• Estruturas de concreto para travessia de trecho onde, por qualquer motivo, não for
possível usar tubos;
• Estruturas de concreto, funcionando com berço de apoio de tubulações, em travessia
de canais, obstáculos, etc;
• Sifão invertido: canalizações rebaixadas funcionando sob pressão, destinadas à
travessia de canais, obstáculos.

4. CONSUMO DE ÁGUA

Classes de consumo ou de destino:


• Doméstico: é a água consumida nas habitações e compreende as parcelas destinadas
a fins higiênicos, potáveis e alimentares, bem como à lavagem em geral (100-200 L/hab.dia).
• Uso público: é a água utilizada para a irrigação de jardins públicos, lavagem de ruas e
passeios, limpeza de coletas de esgotos, fontes ornamentais, edifícios e sanitários de uso
público, etc.
• Uso comercial: é a água utilizada pelos restaurantes, bares, pensões, postos de
gasolina, escritórios, bancos, onde manifestam um consumo muito superior ao das residências.
• Uso industrial: é a água utilizada como matéria prima, usada em processamento,
remoção de resíduos, etc.

Consumo per capita: é a quantidade de água distribuída por dia, em média, e utilizada
por um habitante.

Norma:
• comunidades que contam com sistema público de abastecimento de água, o
consumo será determinado através de dados de operação do próprio sistema, a não ser que
ocorram condições que tornem esses dados não confiáveis;
• inexistindo dados confiáveis, locais ou regionais, e não sendo fixados previamente
pelo órgão contratante, serão adotados os seguintes consumos médios per capita:’
população futuras < 10 000 hab. 150-200 l/hab.dia
10 000 hab. < população futura < 50 000 hab. 200-250 l/hab.dia
população futura > 50 000 hab. 250 l/hab.dia
População temporária 100 l/hab.dia

Fatores que afetam o consumo per capita:


• tamanho da cidade;
• características da cidade;
• clima;
• influência dos hábitos e nível de vida da população;
• hábitos higiênicos;
• influência da natureza da cidade;
• destino dos dejetos;
• modalidade de suprimento de água;
• qualidade da água;
• disponibilidade e custo da água;
• pressão na rede;
• controle de consumo.

Variação de Consumo:
• Variação Diária no Ano (K1): é o coeficiente de variação anual de consumo. Varia
entre 1,20 e 2,00, sendo que a NB 587/79 recomenda o valor de 1,20 quando não se tem meio
de determinar seu valor.

• Variação Horária no Dia (K2): é o coeficiente de variação diário de consumo. Varia


entre 1,50 e 3,00, sendo que a NB 587/79 recomenda o valor de 1,50 quando não se tem meio
de determinar o seu valor.

Vazões a serem utilizadas no dimensionamento dos componentes:


• Sistema sem reservatório de distribuição: todos os componentes devem atender a
vazão máxima horária, ou seja, devemos utilizar K1 e K2 em todos os trechos, pois todo o
sistema estará sujeito à variação da demanda (diária e horária) na rede de distribuição.
• Sistema com reservatório de distribuição: todos os componentes após o reservatório
devem atender a vazão horária, ou seja, devemos utilizar K1 e K2; em todos os trechos antes do
reservatório devemos utilizar somente K1, pois esta parte do sistema estará sujeita apenas à
variação da demanda diária.

5. PROJETO DE UM SISTEMA DE ESGOTO

Delimitações da Área de Projeto: deve-se nos estudos preliminares delimitar as áreas


com as mesmas características de ocupação em cada bacia hidrográfica (área inicial e área
final).
O que delimita as áreas são as condições topográficas, facilidades de expansão urbana,
custo dos terrenos, planos urbanísticos, zoneamento, existência ou não de serviços de água,
de esgoto, etc.

Densidade demográfica: é indispensável conhecer como a população se distribui na


área e fazer a previsão para a distribuição futura.
As previsões de densidades demográficas são feitas mediante aplicações dos métodos
gerais de previsão de população, em cada área ou subárea que a cidade se divide.

Variações do Consumo Médio: Tal como vazão a ser distribuída de água para
abastecimento, o esgoto coletado sofre variações diárias e horárias, e da mesma maneira
utiliza-se os coeficientes K1 e K2. Normalmente adotam-se os mesmos valores utilizados no
sistema de abastecimento de água.

Coeficiente de Retorno: É a relação entre o volume de esgoto recebido na rede e o


volume de água efetivamente fornecido à população. Depende do estado de conservação das
redes de água e esgoto e a existência de fontes de abastecimento (poços) deve-se ter: 0,7 < C <
1,2.
Caso seja C = 0,9, significa que a cada 10 litros de água fornecida, somente 9 litros
retornará como esgoto.
NBR 9649 C = 0,8
Martins 0,7 < C < 0,9
Azevedo Neto C = 0,8
Metcalfy-Eddy C = 0,7

8. MANANCIAIS

Mananciais Superficiais: A água de superfície é toda aquela que permanece ou que


escoa sobre a superfície do solo. São as principais fontes de água. Por estarem mais expostas à
ação predatória do homem, exigem um melhor tratamento que as águas subterrâneas.

Problemas no Desenvolvimento de Água de Superfície: O engenheiro deve responder


questões que dependem da natureza do manancial, tais como:
• A água é de boa qualidade?
• Pode ser tratada ou não?
• A quantidade de água no manancial é suficiente?
• No caso da necessidade de represamento, o rendimento anual da bacia é adequado
para satisfazer a demanda prevista?
• Quais são as perdas por evaporação e infiltração?
• Quais serão as necessidades de água para satisfazer os direitos dos usuários a
jusante?

Escolha do Manancial Superficial: deve-se levar em conta:


• Local de captação: para que se proporcione a solução mais conveniente
economicamente.
• Qualidade da água: conforme o padrão de potabilidade.

Medições de Descarga:
• Qmín >>> Qd: poderá não necessitar de nenhuma obra; se o rio apresentar grande
variação no nível d’água será necessário uma barragem de regularização.
• Qmín < Qd e Qméd> Qd: necessário que se construa um reservatório de
regularização; dependendo das dimensões do rio, uma barragem ou uma pequena obra de
contenção de água.
• Qméd < Qd: deve-se abandonar o mancial; se a qualidade da água for muito boa
pode-se utilizar este manancial para complementar o abastecimento de água da cidade.

Reservatório de Acumulação: lago artificial em um curso d’água com a construção de


uma barragem, com a finalidade de represar a água.
Deverá ser um elemento regularizador entre as vazões disponíveis a montante e as
vazões necessárias ou permissíveis a jusante.
Finalidades:
• abastecimento de água para cidades ou indústrias;
• aproveitamento hidrelétrico;
• irrigação;
• controle de enchentes;
• regularização de cursos d’água, navegação, etc.
Por ser uma obra cara é conveniente realiza-la procurando atender adequadamente a
todos os usos possíveis para a água na região.

Efeitos benéficos do Represamento:


• Diminuição da turbidez (sedimentação de matérias em suspensão);
• Redução da cor (ação da luz solar e da coagulação, que juntas provocam
sedimentação das partículas);
• Redução na contagem de microrganismos patogênicos (condições desfavoráveis à
sua vida num lago).

Efeitos maléficos do Represamento:


• Decomposição da matéria orgânica depositada no fundo, reduzindo o teor O.D.;
• Elevação do teor de gás carbônico: corrosão em estruturas e canalizações metálicas;
• Favorecimento da dissolução do ferro, do manganês, e a dissolução de cálcio e
magnésio, elevando, neste caso, a dureza;
• Desenvolvimento de microrganismos que podem alterar e interferir em seu
tratamento: filtração, por exemplo.

Escolha do Local para a Construção do Reservatório de Acumulação:


Fatores que devem ser observados:
• existência de locais que se prestam à construção da barragem;
• qualidade da água, tendo em vista o grau de tratamento necessário;
• distância e cota em relação à cidade;
• vazões do curso d’água;
• facilidade para a execução de obras;
• custo de obras e poluição do curso d’água.

Cálculo da Capacidade do Reservatório:


Deve-se considerar:
• as vazões do curso d’água, vazão de demanda, abastecimento, irrigação, uso
industrial;
• produção de energia;
• as vazões necessárias a jusante da barragem, tendo em vista a utilização em obras de
controle ou de regularização da água;
• perdas de água, através da evaporação da superfície do lado e infiltração nos
terrenos e no maciço da barragem.
Perfil “Creager”:
• O rio apresenta lâmina d’água muito pequena ou uma grande variação do nível
d’água;
• Outras vezes, por problemas de utilização de moto-bombas, é necessário elevar o
nível da água do rio.
• Nestes casos o que se faz é construir uma barragem de regularização utilizando o
perfil “Creager”;

• A descarga da vazão é dada por:

9. CAPTAÇÃO

Captação: conjunto de estruturas e dispositivos construídos ou moldados junto a um


manancial, para a tomada de água destinada ao sistema de abastecimento.
Deverão estar localizadas em trechos retos dos rios, ou quando em curva, deve-se
situar junto à sua curvatura externa onde as velocidades da água são maiores.
Estabelecer as cotas altimétricas de todas as partes constitutivas das obras de
captação, não perdendo de vista que:
• Deverá haver entrada permanente de água para o sistema, mesmo nas maiores
estiagens;
• Os equipamentos, em especial os motores, deverão ficar sempre ao abrigo das
maiores enchentes previstas;
• A distância entre a bomba e o nível de água mínimo previsto no rio, o no poço de
sucção, não deverá ultrapassar a capacidade de sucção do equipamento para as condições
locais.

Tipos de Captação:
• Captação direta com revestimento da margem: leito do rio sujeito à erosão. É
aconselhável uma proteção do talude, que pode ser um revestimento na margem.

• Captação direta com muro de sustentação: leito do rio sujeito à erosão. É


aconselhável uma proteção do talude, que pode ser executada com um muro de arrimo.

• Captação direta: utilizada em cursos de água perenemente volumosos, sujeitos a


pequena variação de nível. Não há necessidade de nenhuma obra complementar.
• Captação direta utilizando plataforma: em rios com grandes flutuações de nível,
pode-se usar captação direta, localizando-se os conjuntos elevatórios sobre plataformas.

• Captação direta por meio de tubos perfurados: quando a declividade da margem e a


lâmina d’água são pequenas, utilizam-se tubos perfurados, com gradeamento nas bocas de
entrada.

• OBS: no caso da captação direta ser efetuada através de apenas um crivo, deverá
ficar contra a corrente, formando um ângulo de 45° com a vertical para se evitar a obstrução e
impacto de corpos flutuantes.

• Torre de tomada: utilizada geralmente em mananciais de superfície, sujeitos a


grande variação de nível e nos quais a qualidade da água varia com a profundidade. É provida
de várias entradas, situadas em níveis distintos. O ingresso da água no interior da torre através
de cada entrada é permitido ou interrompido graças a uma válvula de seccionamento ou
comporta.

Poço de Derivação: nada mais é do que uma torre de tomada situada a margem do
curso de água. Sua utilização é mais apropriada quando essa margem se prolonga no interior
do rio com declividade acentuada. Poços de derivação destinam-se, essencialmente, a receber
as tubulações e peças que compõe o trecho de sucção das bombas.

Canal de derivação: utiliza-se em riachos de pequena largura que correm sobre leitos
de terra e que apresentam durante épocas de estio lâmina d’água de altura reduzida. A
finalidade deste é uniformizar o leito numa determinada extensão do curso d’água, através de
um revestimento de alvenaria, pedra ou concreto, utilizando dessa forma um recurso para
elevar o nível d’água.
Canal de regularização: utiliza-se cursos de água cujo transporte de sólidos seja
intenso. A captação é através de um canal lateral, criado um gradiente hidráulico entre a
admissão de água e o seu retorno ao leito natural por meio de uma soleira neste último. Na
entrada do canal é instalada uma grade para reter o material grosseiro em suspensão,
podendo ser o mesmo provido de uma caixa de areia.

Grades: sempre que se construir um canal de derivação ou um canal de regularização e


se necessitar de uma caixa de área é recomendável a construção de grades na entrada do
canal (grade grossa) e na entrada da caixa de areia (grade fina). As grades grossas terão um
espaçamento entre barras de 5,0 a 10,0 cm, e as grades finas de 2,0 a 4,0 cm. As barras
deverão ser de aço.

Caixa de areia: quando o rio apresenta transporte de sólidos muito intenso é comum
utilizar a caixa de areia, com a finalidade de sedimentar as partículas de areia, pedriscos, etc.
Para o dimensionamento da caixa de areia utiliza-se a teoria de sedimentação de Hazen,
partindo das seguintes hipóteses:
• As partículas a serem removidas devem chegar à superfície da caixa de areia;
• As partículas que atingem o fundo ali permanecem e não são arrastadas.

Notas importantes:
• As caixas de areia devem ser dimensionadas para que o N.A. seja constante;
• Caso isto não seja possível deve-se dimensionar para o nível de água mínimo;
• No caso em que a remoção de areia seja realizada manualmente, deve a caixa de
areia ser provida de um depósito suficiente para acumular areia pelo menos durante um dia,
nas piores condições do curso d’água;
• A norma recomenda ainda que sempre que a profundidade da caixa de areia for
superior a 2,00 m, deverá ser prevista uma laje intermediária de concreto em toda a sua
extensão, com largura mínima de 0,60 m.

Dispositivos para Controlar a Entrada de Água:


• Comportas: são dispositivos de vedação constituídos, essencialmente, de uma placa
movediça, que desliza em sulcos ou canaletas verticais.
• Válvulas ou Registro: dispositivos que permitem regular ou interromper o fluxo de
água em condutos fechados.
• Adufa: são peças semelhantes às comportas e são ligadas a um segmento de tubo.

11. ADUTORAS

Adutoras: geralmente são localizadas entre:


• captação ao reservatório ou rede de distribuição;
• captação à ETA;
• ETA ao reservatório ou rede de distribuição;
• reservatório à rede de distribuição.
As adutoras não devem possuir derivação para alimentar distribuidores de rua ou
ramais prediais. Entretanto, da adutora principal podem partir subadutoras que levam a água a
outros pontos fixos do sistema.

Classificação das Adutoras:


Quanto à natureza da água a ser transportada:
• adutoras de água bruta;
• adutoras de água tratada.
Quando a energia de movimentação da água:
• adutoras por gravidade;
• adutoras por recalque;
• adutoras mistas.

Adução com Escoamento Livre por Gravidade: a água escoa por ação da gravidade
com a superfície livre permanentemente sujeita à pressão atmosférica. A vazão da adução
pode ser expressa pela equação de Manning.

Adução por Gravidade em Conduto Forçado: a pressão no interior do escoamento é


diferente da pressão atmosférica. Utiliza-se as seguintes equações:

Adução em Conduto Forçado: o conjunto elevatório, neste caso, é que fornece a


energia necessária ao escoamento. No caso de adução por recalque, mesmo conhecendo-se
previamente a vazão de adução, o comprimento L e o material do conduto é hidraulicamente
indeterminado. Geralmente procura-se associar um diâmetro a um conjunto moto-bomba que
dê o menor custo.

Custo total de uma instalação de recalque: O conjunto elevatório, neste caso, é que
fornece a energia necessária ao escoamento.
Custo relativo ao investimento inicial:
• edifício de casa bomba;
• equipamento hidroeletromecânico;
• serviços necessários para a implantação da tubulação de recalque;
• fornecimento e assentamento da tubulação de recalque.
Custo relativo à operação do sistema:
• mão-de-obra para operação e manutenção;
• materiais e equipamentos para manutenção preventiva, corretiva e de reposição;
• energia gasta para o acionamento dos conjuntos elevatórios.

12. ÓRGÃOS ACESSÓRIOS DAS CANALIZAÇÕES

Órgãos Acessórios das Canalizações: estão ligadas às operações de manobra e à


manutenção da canalização, protegendo desta forma o sistema e proporcionando um
funcionamento com segurança.
Adutora por gravidade em conduto forçado (peças especiais necessárias):
• válvulas ou registros de parada;
• válvulas ou registros de descarga;
• válvulas redutoras de pressão;
• ventosas.
Adutora por recalque, além das peças especiais citadas anteriormente, deve-se
considerar ainda as seguintes:
• válvulas de retenção;
• válvulas aliviadoras de pressão ou válvulas antigolpe de aríete.

Válvulas ou Registro de Parada: válvulas destinadas a interromper o fluxo da água e


permite o isolamento de um trecho da linha para eventuais reparos.
Recomendado ser colocada nos seguintes pontos:
• no início e no fim das canalizações;
• em postos intermediários da linha, com a finalidade de isolar um trecho da linha para
evitar reparos;
• nas saídas dos reservatórios;
• em derivações de canalizações.

Válvulas de Descarga: acessório colocado nos pontos baixos de uma adutora, em


derivações de linhas, para permitir a saída de água quando for necessário.
Acionadas quando a adutora é colocada em carga, ou quando é necessário esvaziar a
adutora para um eventual reparo ou limpeza.
O diâmetro da derivação para a colocação da válvula deve variar entre ⅙ e ½ do
diâmetro da adutora. Sendo desejável, sempre próximo da metade do diâmetro.

Válvulas Redutoras de Pressão: são utilizadas em uma adutora para diminuição da


pressão interna a partir do ponto em que é colocada.
Utilizadas em adutoras por gravidade quando a perda de carga na canalização é menor
que a altura disponível de coluna d’água.

Ventosas: dispositivos colocados nos pontos elevados das tubulações.


• Permite a saída de ar da tubulação;
• Melhora a capacidade de transporte da linha, eliminando bolsas de ar;
• Esvaziamento da linha nos pontos baixos, ou em casos de ruptura da tubulação.

Colocação de ventosas:
Pontos a serem verificados:
• todos os pontos altos;
• os pontos iniciais e finais de trechos horizontais;
• os pontos de mudança acentuada de inclinação em trechos ascendentes;
• os pontos de mudança acentuada de declividade em trechos descendentes;
• os pontos intermediários de trechos ascendentes muito longos;
• os pontos intermediários de trechos horizontais muito longos;
• os pontos intermediários de trechos descendentes muito longos;
• os pontos iniciais e finais de trechos paralelos à linha piezométrica.

Ar no interior das tubulações:


No caso da adução por gravidade: o ar depositado nos pontos de queda de pressão
provocam um aumento de perda de carga e, consequentemente, uma diminuição da vazão.
No caso da adução por recalque: o acúmulo de ar nos pontos de queda de pressão
provoca um aumento da altura manométrica, elevação do consumo por sobrecarga da bomba
ou redução da vazão.
Válvulas de Retenção: permitem o fluxo de água em apenas um sentido, fechando-se
automaticamente, quando ocorre uma inversão no sentido do fluxo.
Geralmente são instaladas no início das tubulações de recalque, entre a saída das
bombas e antes dos registros (válvulas de gaveta), para proteção das bombas.

Válvulas Antigolpe de Ariete: destinam-se a proteger as tubulações do recalque das


sobrepressões resultantes da cessação brusca do escoamento.
São operadas automaticamente quando a pressão atinge certos valores, sendo esse
controle mecânico ou eletrônico.
São instaladas no ponto críticos das canalizações, que na maioria das vezes, é o início
do recalque, razão pela qual comumente situam-se junto à casa de bombas ou mesmo dentro
dela.

14. REDES DE DISTRIBUIÇÃO

São constituídas:
• de tubulações troncos: alimentadas diretamente pelo reservatório de montantes, ou
em conjunto com a adutora e reservatório de jusante.
• de tubulações secundárias: alimentadas pelas tubulações principais.

Tipos de Rede:
Rede Malhada:
• condutos formam verdadeiras malhas;
• a água se desloca ora num sentido, ora em outro (função das solicitações de
consumo.
• constituem-se, na sua maioria, de vários condutos principais, formando vários anéis.
Rede Ramificada:
• recomendável para pequenas comunidades (até 5 000 hab.);
• formato de espinha de peixe;
• a água desloca-se em um único sentido (da tubulação-tronco para a extremidade
morta).

Condições a serem observadas (pressão):


Máxima Estática (nível do reservatório): 50 mca
• admite-se que 10% da população tenha uma pressão entre 50 e 60 mca;
• admite-se que 5% da população tenha pressão maior que 60 mca;
• recomenda-se que a rede não tenha pressão superior a 45 mca (evitar problemas de
vazamento).
Máxima Dinâmica (nível mínimo do reservatório): 15 mca.
• admite-se que 10% da população abastecida tenha uma pressão entre 10 e 15 mca;
• admite-se que 5% da população tenha pressão entre 8 e 10 mca;
• cidades ou localidades com população menor que 5 000 hab. a pressão pode ser de 6
mca.

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