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Universidade Federal de Minas Gerais

ESA-131 MANEJO DAS ÁGUAS

Aula 2 – Sistema de
Abastecimento de Água

Prof. Fernando Rodrigues da Silva


fernando.rodrigues002@gmail.com
Sistemas de Tratamento de Água Vs. Tratamento de Efluentes
Consumo de água

Consumo doméstico

v ingestão, atividades higiênicas e limpeza, preparo


de alimentos e outros

Consumo em quantidade e qualidade deficientes

Potencialidade de ocorrência de doenças


de transmissão hídrica
Consumo de água

v Uso domésticos (l/hab.d):


ü Bebida/cozinha ® 10-20
ü Lavagem de roupa ® 10-20
ü Banhos ® 25-55
ü Instalações sanitárias ® 15-25
ü Outros ® 15-30
ü Desperdícios ® 25-50

Ø Total: 100-200
Consumo de água

v Demandas de água para hotéis,


Consumo
comercial bares, restaurantes, escolas, hospitais,
postos de gasolina, etc.

Introdução
v Demandas de água manutenção
de parques, jardins, monumentos,
Consumo
aeroportos, rodoviárias, limpeza de
público
vias, prevenção de incêndios, além de
abastecimento aos prédios públicos
Consumo de água

v Varia com as tipologias industriais:


Consumo
como matéria-prima, na limpeza, no
industrial
resfriamento, nas instalações sanitárias,
cozinhas, refeitórios
Introdução
v Incorporadas aos quatro tipos de
consumo
Perdas v Correspondem à diferença entre
volumes de água produzido e volumes
entregues nas ligações domiciliares
Consumo de água

v Uso em outras atividades:

Ø Matadouro ® 300l/cabeça
Ø Indústria têxtil ® 1 m3/kg
Ø Cervejaria ® 20l/l de cerveja
Consumo per capita

Consumo médio per capita para populações com ligações domiciliares


Porte da comunidade Faixa da população Consumo per capita
(habitantes) (L/hab.dia)
Povoado rural < 5.000 90 a 140
Vila 5.000 a 10.000 100 a 160
Pequena localidade 10.000 a 50.000 110 a 180
Cidade média 50.000 a 250.000 120 a 220
Cidade grande > 250.000 150 a 300

v Consumo médio per capita para populações desprovidas de


ligações domiciliares:

30 a 100 L/hab.dia
Consumo per capita

Fatores intervenientes no consumo per capita de água

v Nível socioeconômico da população

v Clima

v Porte, características e topografia da cidade

v Administração do sistema de abastecimento


Variações

v São levadas em consideração no cálculo do volume a ser


consumido:
ü Anuais: aumenta com o passar do tempo e com o crescimento
populacional. Aceita-se um incremento de 1% ao ano no valor
dessa taxa
ü Mensais: quanto mais quente e seco for o clima, maior é o
consumo verificado
ü Diária: ao longo do ano, haverá um dia em que se verifica o
maior consumo. Utiliza-se o coeficiente de maior consumo
diário (K1)
ü Horário: ao longo do dia tem-se valores distintos de vazões
horárias. O consumo é maior nos horários de refeições e
menores no início da madrugada
Consumo per capita

Provenientes do
Sistema de
Abastecimento
Sistemas de Abastecimento de Água

Um sistema de abastecimento de água (SAA)


consiste no conjunto de obras, equipamentos e
serviços com o objetivo de levar água potável
para uso no consumo doméstico, indústria,
serviço público, entre outros.
Sistemas de Abastecimento de Água

Baseados em dois grupos de aspectos principais

Sanitário Econômico
Sistemas de Abastecimento de Água
Sistemas de Abastecimento de Água

Baseados em dois grupos de aspectos principais


o Aspectos sanitários
o Controlar e prevenir doenças
o Implantar hábitos higiênicos na população
o Facilitar a limpeza pública
o Facilitar as práticas desportivas
o Propiciar conforto, bem-estar e segurança
o Aumentar a expectativa de vida da população
Sistemas de Abastecimento de Água

Baseados em dois grupos de aspectos principais


o Aspectos econômicos
o Aumentar a vida produtiva do indivíduo, por meio do aumento
da vida média ou pela redução do tempo perdido com doença
o Facilitar a instalação de indústrias
o Facilitar a proteção dos mananciais
o Facilitar a supervisão do sistema
o Facilitar o controle da qualidade da água
Sistemas de Abastecimento de Água
Sistemas de Abastecimento de Água

o Unidades de um SAA: Manancial, captação, adução, tratamento,


reservatório, rede de distribuição, ramal Domiciliar

PMSB, FUNASA (2023) https://pmsb-funasa.uaec.ufcg.edu.br/index.php/saneamento-basico


Sistemas de Abastecimento de Água
o Unidades de um SAA
o Manancial é a fonte onde se retira a água para abastecimento
da região

o A água a ser tratada na estação de tratamento de água (ETA)


pode ser tanto de origem superficial (manancial superficial)
quanto de origem subterrânea (manancial subterrâneo)
Sistemas de Abastecimento de Água
o Mananciais superficiais

o Devem ser protegidos para evitar a contaminação da água


o A qualidade da água varia naturalmente de acordo com as
condições do ambiente (seca, chuva, etc.)
o Comunicação entre o operador da estação elevatória do
manancial e a operação da ETA (dosagem de reagentes)
Gestão dos recursos hídricos

Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei n. 9.433/97


Instrumentos – Enquadramento

A medida que aumenta a


Classe do rio o que acontece
com a qualidade da água?
Gestão dos recursos hídricos

Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei n. 9.433/97


Instrumentos – Enquadramento
Sistemas de Abastecimento de Água

v Classificação dos corpos d’água (CONAMA, 357/2005)


Sistemas de Abastecimento de Água

Qualidade da água (CONAMA 357/2005)


o Parâmetros físicos – Turbidez
o Presença de sólidos em suspensão, geralmente visíveis a olho nu
o As partículas causadoras de turbidez podem abrigar organismos
que provocam doenças no homem, como o vírus da hepatite A
o Vermes e ovos de helmintos removidos pelos mesmos processos
responsáveis pela remoção de turbidez
Sistemas de Abastecimento de Água

Qualidade da água (CONAMA 357/2005)


o Parâmetros físicos – Cor
o Sólidos dissolvidos na água, matéria orgânica natural (ácidos
húmicos à Serra do Cipó) ou antropogênica
Sistemas de Abastecimento de Água

Qualidade da água (CONAMA 357/2005)


o Parâmetros microbiológicos – Indicadores e contaminação

o Coliformes totais (CT)


o Coliformes termotolerantes (CF)
o Escherichia coli (E. coli)
Sistemas de Abastecimento de Água

Qualidade da água (CONAMA 357/2005)


o Parâmetros químicos – pH
o Potencial hidrogenionico (-log [H+])
Sistemas de Abastecimento de Água

Qualidade da água (CONAMA 357/2005)


o Parâmetros químicos
o Substâncias químicas: diversas substâncias químicas podem
contaminar a água, podem ser de origem natural ou causada
pelo homem (ferro, manganês, cálcio, etc.)
o Naturais: ferro, manganês, cálcio, etc.
o Antropogênicos: pesticidas, fármacos, químicos industriais

o Substâncias provenientes do tratamento utilizado na ETA


o Cloro e subprodutos da oxidação por Cloro
o Flúor à dentes
Sistemas de Abastecimento de Água

Mananciais subterrâneos

Geralmente qualidade adequada para uso direto, MAS deve-se ter


cuidado com fontes de contaminação do lençol (cidades costeiras,
aterro sanitário, posto de gasolina, industrias)
Sistemas de Abastecimento de Água
Sistemas de Abastecimento de Água

o Unidades de um SAA
o Captação consiste nos equipamentos e instalações que
retiram a água do manancial e direciona à ETA
Sistemas de Abastecimento de Água

o Unidades de um SAA
o Captação consiste nos equipamentos e instalações que
retiram a água do manancial e direciona à ETA
Sistemas de Abastecimento de Água

o Unidades de um SAA
o Adução é conjunto de tubulação que liga a elevatória à ETA
ou a água tratada à cidade a ser abastecida.
Sistemas de Abastecimento de Água

o Para que é necessário um sistema de tratamento?


o ETA – ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA
Sistemas de Abastecimento de Água

o Unidades de um SAA
o Tratamento adequa a água captada ao padrão de potabilidade
Sistemas de Abastecimento de Água

CONAMA 357/2005 Portaria MS 2914 de 2011


Portaria de Consolidação MS no 5/2017
Dispõe sobre a classificação dos Portaria GM/MS 888/2021
corpos de água e diretrizes
ambientais para o seu Padrão de Potabilidade
enquadramento, bem como
estabelece as condições e padrões Dispõe sobre os procedimentos de
de lançamento de efluentes, e dá controle e de vigilância da qualidade da
outras providências. água para consumo humano e seu
padrão de potabilidade
Classes (Especial, 1, 2, 3, 4)
Sistemas de Abastecimento de Água
Padrão Microbiológico para Água Potável
Sistemas de Abastecimento de Água

Padrão de turbidez para água de abastecimento após desinfecção


(manancial subterrâneo) ou após filtração (manancial superficial)
Sistemas de Abastecimento de Água

Tempo de contato
do Cloro (min)

C(1) = Cloro residual


após tanque de
cloração
Sistemas de Abastecimento de Água
Substâncias químicas inorgânicas
Sistemas de Abastecimento de Água
Substâncias químicas orgânicas
Sistemas de Abastecimento de Água
Agrotóxicos
Sistemas de Abastecimento de Água
Contaminantes Emergentes
Sistemas de Abastecimento de Água
Contaminantes Emergentes
Sistemas de Abastecimento de Água
Contaminantes Emergentes – Agrotóxicos
Sistemas de Abastecimento de Água
Contaminantes Emergentes – Fármacos
Sistemas de Abastecimento de Água
Contaminantes Emergentes – Fármacos
Sistemas de Abastecimento de Água

(MS) Portaria 2914 de 2011


CONAMA 357/2005
Padrão de Potabilidade
Dispõe sobre a classificação dos
corpos de água e diretrizes Dispõe sobre os procedimentos de
ambientais para o seu controle e de vigilância da qualidade da
enquadramento, bem como Quais os processos água para consumo humano e seu
estabelece as condições e padrões
necessários para
padrão de potabilidade.
de lançamento de efluentes, e dá
outras providências. adequar ao Padrão de
Potabilidade?
Classes (Especial, 1, 2, 3, 4)
Unidades de SAA – ETA Convencional
Sistemas de Abastecimento de Água

o Unidades de um SAA
o Tratamento adequa a água captada ao padrão de potabilidade
o Diferentes tecnologias podem ser utilizadas.
Sistemas de Abastecimento de Água

o Tratamento da água
o Coagulação/Floculação

Coagulação Floculação

Processos de Processo de aglomeração dos


desestabilização onde se colóides “descarregados” até
neutralizam as forças a formação de flocos que
elétricas superficiais e se sedimentam a uma
anulam as forças repulsivas. velocidade adequada.
Sistemas de Abastecimento de Água

Coagulação
Sistemas de Abastecimento de Água

Coagulação Floculação
Sistemas de Abastecimento de Água

o Tratamento da água
o Coagulação/Floculação: insumos necessários

Coagulantes Compostos capazes de


(sulfato de alumínio, sulfato produzir hidróxidos gelatinosos
férrico, cloreto férrico) insolúveis e englobar as impurezas.

Alcalinizantes Capazes de conferir a alcalinidade


(hidróxido de cálcio, óxido de
cálcio hidróxido de sódio)
necessária à coagulação

Coadjuvantes Capazes de formar partículas ou flocos


(sílica ativa, polieletrólitos) mais densos.
Sistemas de Abastecimento de Água

o Unidades de um SAA
o Coagulação/Floculação: processo

Adição de produtos
químicos

Coagulação – agitação
vigorosa

Floculação – agitação
lenta

Decantação
Sistemas de Abastecimento de Água

o Tratamento da água - Decantação


o Remoção de sólidos em suspensão por deposição
Sistemas de Abastecimento de Água

o Tratamento da água – Filtração


o Processo de separação sólido-líquido utilizado para promover a
remoção de material particulado presente na fase líquida

o Filtração em meio granular


o Filtração em membranas
Sistemas de Abastecimento de Água

o Tratamento da água - Filtração em meio granular


Sistemas de Abastecimento de Água
Processos de Separação

Processos de Separação por Membranas


Processos de Separação
Sistemas de Abastecimento de Água

o Tratamento da água
o Desinfecção: Cloração ou UV-C

Desinfecção por UV Cloração


Sistemas de Abastecimento de Água

o Fluoretação: Desde 1974, a legislação brasileira estabelece como


obrigatória a fluoretação da água em todas as Estações de
Tratamento de Água (ETA).
Sistemas de Abastecimento de Água

Tratamento da água

https://www.youtube.com/watch?v=G244Q4AGJ7U
Sistemas de Abastecimento de Água

v Unidades de um SAA
v Reservatório armazena a água, atendendo demandas de
emergência, manter uma pressão constante na rede e
atender a variação de consumo
v A variação acontece de acordo com os hábitos da
comunidade, o clima e até mesmo a qualidade da água
Sistemas de Abastecimento de Água

o Unidades de um SAA
o Rede de distribuição é unidade do sistema que transporta a
água do reservatório para os consumidores.
Reservatórios

v Objetivos:
v Regularização entre vazões de adução e de distribuição
v Condicionamento das pressões na rede de distribuição
v Reserva para combate de incêndios e outras situações de
emergências
Reservatórios
Reservatórios

vVantagens:
vAumento no rendimento dos conjuntos elevatórios
vBombeamento de água fora do horário de pico elétrico

vDesvantagens:
vCusto elevado de implantação
vLocalização e impacto
Classificação

vOs reservatórios podem ser classificados:

vQuanto à localização no sistema


vQuanto à localização no terreno
vQuanto à sua forma
vQuanto aos materiais de construção
Localização

v Reservatórios de montante
v Reservatórios de jusante
v Reservatórios de montante e jusante

v A localização deve permitir abastecer as redes de distribuição


com os seguintes limites de pressão:

Ø Pressão estática máxima: 50 mca


Ø Pressão dinâmica mínima: 10 mca
Reservatório a montante
v Reservatórios de montante sempre fornecem água à rede e
consistem na alternativa mais utilizada
v Dependendo da extensão da rede, tende a favorecer uma
variação acentuada nas cargas piezométricas nas extremidades
v Localização ideal próxima ao centro de consumo
Reservatório a jusante
v Alternativamente, as instalações podem ser a jusante,
fornecendo ou recebendo água, respectivamente, em períodos
de maior ou menor demanda
v Como durante determinados períodos do dia estas unidades aflui
apenas parcela da vazão tratada, podem ser chamados de
reservatórios de sobra (água aflui e eflui da mesma tubulação)
Reservatório a montante e jusante
Formas de Reservatórios em Planta
Capacidade dos Reservatórios

v Atender as variações de consumo de água

v Combate a incêndios: Ex. Espanha, 120 m3 para populações


menores que 5.000 habitantes e 240 m3 para populações
maiores

v Emergências: atende durante falhas com paralisações do sistema


de captação, elevatórias, ETA, etc. Em geral, para populações
pequenas, volume emergência ≥ volume de incêndio
Volume útil
Volumes utilizados na elaboração do projeto

v Método dos volumes diferenciais:

Um município tem vazão constante de alimentação de


180,4167 L/s e a cada hora há diferentes valores de
distribuição. O volume do reservatório deverá ser a
diferença entre o volume de alimentação e o volume
distribuído
Volumes utilizados na elaboração do projeto
Volumes utilizados na elaboração do projeto

vQuando não tem a curva de consumo

vVolume total de reservação ≥ 1/3 do volume distribuído


no dia de maior consumo

vCapacidade do reservatório elevado:


v≥ 1/30 do volume no dia de maior consumo
vValores mais utilizados: 10 a 20% do volume total
vRestante em reservatório apoiado ou enterrado
Determinação do volume do reservatório

v Um município com 20.000 habitantes com consumo per capita


de 150,7 L/hab.d, K1 1,2

Qmed = pop x per capita


Qmed = 20.000 hab x 150 L/hab.d
Qmed = 3.000.000 L/d = 3.000 m3/d = 0,035 m3/s
Qd>c = Qmed x K1
Qd>c = 3.000 x 1,2 = 3.600 m3/d

V = 1/3 Qd>c = 3.600/3 = 1.200 m3/d


Determinação do volume do reservatório

v Considerando a forma do reservatório retangular


v Altura dos reservatórios entre 3 e 6 m
v Altura adotada = 3 m

At = XY + XY
At = 2 XY
At = V/h = 1.200 m3 / 3 m = 400 m2
400 m2 = 2 XY
400 m2 = 2 x 3/4 YY
Y2 = (400 x 4) / 6 = 266,67
Y = 16,33 m = 16,35 m
X = 3/4Y à X = ¾ 16,35 = 12,26 m

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