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INTRODUÇÃO
“O termo argila permite vários conceitos subjectivos e interpretativos, tornando-o, de certa
forma, indefinível e com vários sentidos. Os vários conceitos de argila são função da formação
profissional, técnica ou científica dos que por ela se interessam (geólogos, pedólogos,
agrónomos, químicos, mineralogistas, petrólogos, ceramistas, engenheiros civis,
sedimentólogos, etc.), quer seja pela sua génese, quer seja pelas suas propriedades, quer ainda
pelas suas aplicações.” (MEIRA, J.M.L., 2001)
“De facto, o termo argila representa para um ceramista um material natural que quando
misturado com água se converte numa pasta plástica, para um sedimentologista representa um
termo granulométrico que abrange todos os sedimentos em que dominam as partículas com
diâmetro esférico equivalente inferior a 2 micron, para um petrologista é uma rocha, para um
mineralogista é um mineral ou mistura de minerais argilosos que apresentam estrutura
essencialmente filitosa e granulometria muito fina e, finalmente, para um leigo uma argila ou
barro é um material natural onde, quando húmido, a bota escorrega.” (MEIRA, J.M.L., 2001)
Para a fabricação dos materiais cerâmicos, interessa as propriedades físicas e químicas das
argilas. Na conformação (dar a forma ao produto cerâmico, seja de um prato ou de isolador
elétrico ou de uma porcelana sanitária), a massa cerâmica precisa apresentar a característica de
plasticidade. Durante a queima, ocorrem várias reações químicas e físicas que endurecem o
produto, deixando-o com resistência mecânica adequada ao seu uso. As argilas contêm certos
minerais e grãos de tamanhos muito pequenos que as tornam adequadas para fabricar diversos
produtos cerâmicos.
Segundo a Association Internationale pour l'Etude des Argiles (AIPEA), "argila" é um material
natural composto principalmente de minerais de grão fino, que em contato com a água torna-se
plástico e quando seco ou queimado, endurece. Embora a argila contenha usualmente
filossilicatos, pode conter outros materiais que não transmitem plasticidade e matéria orgânica.
A Associação Brasileira de Cerâmica (ABCERAM) adota uma definição muito semelhante à
AIPEA, trocando o termo “filossilicato” por “argilomineral”.
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Em vários textos, estes dois textos são considerados sinônimos. Precisamente, os argilominerais
são os minerais presentes na argila que conferem plasticidade e os filossilicatos são compostos
formados por silicatos que têm estrutura em folhas. A grande maioria dos argilominerais são
filossilicatos, mas existem alguns que não são.
Figura 1. Minerações de argila: (a) mina de argila rica em argilomineral illita e hematita
localizada em Limeira (SP-Brasil); (b) mina de caulim em Ruse rica em caulinita (Bulgária).
(a) (b)
formação dos minerais argilosos podem ser minerais não argilosos, minerais argilosos
pré-existentes, suspensões colóidais e iões em solução aquosa.” (MEIRA, J.M.L., 2001).
Exemplificando (ver
figura 2), em águas
ácidas: a água da chuva
por meio de reação com
gás carbônico presente na
atmosfera forma o ácido
carbônico que se ioniza
em íons H+ e HCO3-. Água
com estes íons
dissolvidos na mesma cai
sobre a crosta terrestre e
reage com os feldspatos
potássicos. Nesta reação,
a sílica e o potássio do
feldspato são dissolvidos
e carregados juntamente
com água que está percolando as rochas. A água consegue eliminar totalmente ou parcialmente
o potássio (K) e parte da sílica permanece. No local onde antes havia o mineral feldspato, agora,
há outros tipos de minerais. Se o K for eliminado totalmente, o argilomineral CAULINITA é
gerado.
Após a transformação mineral, é possível que os minerais formados fiquem no local da rocha
original (estes são chamados de residuais) ou transportados a pequena distância (denominadas
coluviais) ou a grandes distâncias (sedimentares) (figura 3).
As argilas residuais também são conhecidas como primárias, pois se encontram nos lugares que
foram formadas. Por esta razão os argilominerais se encontram com grande quantidade de
rochas inalteradas, grãos de sílica e outros minerais mais resistentes. Ao sofrerem transporte e
serem depositados logo na encosta do local original, os materiais de granulação mais grossa são
depositados. Estes são denominados coluviais. As argilas sedimentares ou secundárias são
transportadas a grandes distâncias e depositadas uma ou mais vezes ao longo da história.
Quanto maior a distância entre seu local de origem e seu local de depósito, menores são seus
tamanhos de partícula. Assim, depósitos perto de seu local de origem, apresentam partículas
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mais grossas de quartzo e feldspato. As partículas mais finas de argilominerais são mais
facilmente transportadas e, ao sedimentarem, formam grandes depósitos (BARBA et al., 2012).
CLASSES DE ARGILOMINERAIS
Para formar as folhas, os argilominerais apresentam dois arranjos atômicos básicos. O primeiro
é um tetraedro formado por silícios rodeados por outros 4 elementos, normalmente o oxigênio.
Estes tetraedros de silicatos se unem formando uma camada contínua. Os magnésios e
alumínios apresentam outro arranjo, os íons de Mg+2 ou Al+3 são rodeados por outros 6 íons,
formando uma camada octaédrica (figura 4). Para simplificar, usualmente a camada tetraédrica
é denominada de camada T e, a octaédrica, de O.
Figura 4. Arranjo em tetraedros dos íons de Si+4 e O-2 que formam a camada tetraédrica silicática
e o arranjo em octaedros de íons de Al+3 e O-2, formando a camada octaédrica.
Fonte. Própria.
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Para a indústria cerâmica, as argilas mais usadas são ricas nos seguintes argilominerais:
caulinita, ilita e montmorilonita.
A ilita e a montmorilonita tem estrutura em folhas TOT. A diferença é que a folha da Ilita é
formada por duas camadas tetraédricas intercaladas por uma camada octaédrica e há um cátions
entre suas folhas. E a montmorilonita também é TOT e tem tanta substituição isomórfica que
precisa ter vários cátions entre suas camadas para alcançar o equilíbrio químico.
Figura 5. Filossilicatos de: (a) duas camadas (TO), típico da caulinita; (b) três camadas (TOT)
típico das micas, como a ilita e a montmorilonita.
(a) (b)
Um exemplo dessas substituições é que em vez do íon de Al+3, pode haver um íon Mg+2. Como
esses íons têm valências diferentes, o equilíbrio químico da folha é alterado. Assim, a
montmorilonita com muita substituição isomórfica, precisa de cátions entre suas folhas TOT
para poder equilibrar sua estrutura.
Sua superfície bem carregada de íons atrai a molécula de água que é polar. Aliado a isso, a
montmorilonita apresenta tamanhos de partículas muito pequenos, o que aumenta sua área
superficial e sua capacidade de absorver água, por isso apresenta altos índices de plasticidade.
Esse mesmo raciocínio vale para a ilita e caulinita. Como a ilita é intermediária, seus índices de
plasticidade são intermediários. Já a caulinita tem baixos índices de plasticidade.
Esse monte de íons na montmorilonita gera tanta interação com água que é difícil sua
defloculação. Os íons também afetam a temperatura de sinterização, quanto mais íons Na, K,
Ca, Fe... Menor será a temperatura de sinterização.
Acima foi abordado, alguns tipos de argilominerais que compõem as argilas. “A complexidade e
variabilidade das argilas deve-se à variação qualitativa e quantitativa dos minerais argilosos e
não argilosos que as constituem, à variação da distribuição dimensional das partículas minerais
que as formam e às suas características texturais.” (MEIRA, J.M.L., 2001).
CAULIM
Caulim é um termo que se originou a partir de uma mina localizada em uma colina chamada
Kao Ling na China. Essa mina explorava material para fabricar as famosas porcelanas chinesas.
O argilomineral presente em maior quantidade no caulim é a caulinita. Por ser composta
majoritariamente por caulinita, esta é uma argila mais refratária e a sua coloração após a
queima é branca ou quase branca.
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Além da caulinita, o caulim contém quartzo, feldspatos, micas e outros minerais. Ao analisar as
composições da rocha caulim, assim, como encontrada na natureza, pode ser que o teor de
caulinita no caulim seja inferior a 20%. Por isso, é preciso fazer o seu beneficiamento,
separando a caulinita dos outros minerais, chegando a percentuais de 80 a 90% de caulinita
(MEIRA, J.M.L., 2001) e, assim, tornando-o apto para ser vendido às indústrias cerâmicas, de
papel e muitas outras que usam esse material.
São compostas essencialmente por caulinita e por quantidades variáveis de quartzo, mica,
diquita, ilita, montmorilonita, interestratificados de ilita -montmorilonita e matéria orgânica
(MEIRA, J.M.L., 2001).
“Existem outras argilas ainda mais refractárias1 que as fire clays - as refractory clays – que
compreendem a flint clay e a semiflint clay . Estas argilas são mais cauliníticas e mais
aluminosas, contendo hidróxidos de alumínio como a gibsite e a boemite 2(*).” (MEIRA, J.M.L.,
2001).
Essa alta plasticidade é devida a sua composição e a seus tamanhos de partículas bem pequenos
(predominantemente com diâmetros esféricos equivalente inferiores a 1 mícron). Também
apresenta muita caulinita em sua composição, mas além desse argilomineral é composta por
hidromica e quartzo finamente divididos, clorita, montmorilonita, interestratificados ilita
1
em português do Brasil: refratárias
2
em português do Brasil: gibbsita e boehmita
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BENTONITA
“A bentonite 3 é uma designação genética e comercial atribuída a uma argila rica em minerais do
grupo da montmorilonite” 4
(MEIRA, J.M.L., 2001). Essa composição gera propriedades
reológicas interessantes. Assim, um de seus primeiros usos foi como lama de furos de sondagem
em pesquisa e produção de petróleo nos Estados Unidos (MEIRA, J.M.L., 2001). A lama deste
grupo de argila quando a broca está movimento apresenta viscosidade baixa e ajuda a deslizar e
resfriar a broca. Quando a broca para de girar, a viscosidade aumenta, a argila endurece,
fechando naturalmente o poço. Depois, ao movimentar novamente, a viscosidade diminui
novamente.
“A bentonite 3
é uma argila residual proveniente da alteração de cinzas ou tufos vulcânicos
ácidos, de granulometria muitíssimo fina que, geralmente, aumenta de volume de modo
substancial em meio aquoso, cor variada e baixa refractaridade 5.” (MEIRA, J.M.L., 2001).
As bentonitas podem ser de duas categorias: uma se expande ao entrar em contato com água e a
outra é não expansiva. As bentonitas expansivas são formadas basicamente por montmorilonita
e as não expansivas apresentam interestratificados ilita-montmorilonita. (MEIRA, J.M.L., 2001).
ARGILAS FIBROSAS
Este grupo se caracteriza por conter argilominerais com partículas de formato mais alongado
numa direção, tal qual uma fibra. Devido a esse formato, as argilas fibrosas “são caracterizadas
3
em português do Brasil: bentonita
4
em português do Brasil: montmorilonita
5
em português do Brasil: refratariedade
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por desenvolver alta viscosidade nas suspensões ou dispersões aquosas em que participam”
(MEIRA, J.M.L., 2001).
“As argilas fibrosas são constituídas, basicamente, por minerais argilosos fibrosos do grupo da
paligorsquite e sepiolite6, umas vezes ricas em paligorsquite outras vezes ricas em sepiolite. A
atapulgite7 é a designação comercial de uma argila fibrosa constituída à base de paligorsquite.”
(MEIRA, J.M.L., 2001).
6
em português do Brasil: paligorsquita e sepiolita
7
em português do Brasil: atapulgita
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BRICK CLAY
Brick clay são argilas usadas na fabricação de tijolos, telhas e outros produtos estruturais da
construção civil. São baratas, as temperaturas de queima são relativamente baixas e sua
composição varia muito dependendo do local da jazida.
“A argila para tijolo é uma argila grosseira possuindo quantidades apreciáveis de silte e areia e
cores variadas. O teor em fracção argilosa é baixo mas suficiente para permitir o
desenvolvimento da plasticidade necessária à moldagem dos corpos cerâmicos. A plasticidade
cresce, obviamente, com a razão minerais argilosos/minerais não argilosos... Na sua
composição, para além dos minerais argilosos, participam quartzo, micas, fragmentos de rocha,
carbonatos em grão ou concreções, sulfatos, sulfuretos, óxidos e hidróxidos de ferro e matéria
carbonácea.”(MEIRA, J.M.L., 2001).
No Brasil, geralmente estão associadas a óxidos e hidróxidos de ferro e potássio que geram cor
avermelhada após a queima. Nos Estados Unidos e Europa, as argilas para fabricar tijolos
contêm calcário (SANTOS, 1989).
Exemplo, no interior do Estado de São Paulo ocorre uma formação geológica de argila que
contém ilita (como principal argilomineral), quartzo, feldspatos, hidróxido e óxidos de ferro e
titânio e, em menor proporção, caulinita e/ou montmorilonita e/ou interestratificados. As
quantidades relativas dos minerais presentes nessa argila a fazem ser a matéria-prima única de
no maior pólo da América Latina que fabrica pisos e revestimentos cerâmicos.
Outras argilas com maiores teores de argilominerais e/ou argilominerais mais plástico são
usadas na fabricação de cerâmicas artísticas.
E outras entram na composição de produtos cerâmicos feitos pelo processo de colagem, assim
como vasos sanitários, xícaras e jarras.
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GRANULOMETRIA
“As argilas são materiais geológicos finamente divididos. Os minerais argilosos seus
constituintes têm cristais de pequeníssimas dimensões, em regra com diâmetro esférico
equivalente inferior a 2 micron.” (MEIRA, J.M.L., 2001).
“A granulometria é uma das características mais importantes dos minerais argilosos e que
domina muitas das suas propriedades. Na cerâmica estão dependentes da dimensão, da
distribuição e da forma do grão, propriedades tais como a plasticidade das pastas, a
permeabilidade e a resistência em verde e em seco dos corpos cerâmicos.” (MEIRA, J.M.L., 2001).
A figura 6 traz uma imagem obtida em microscopia eletrônica de transmissão (MET) que mostra
no item (a) cristais de caulinita e em (b) montmorilonita. Na figura 5.a, é possível tanto
visualizar o formato em folhas hexagonais, como que as maiores dimensões dos cristais têm
aproximadamente 800 nanômetros (nm) = 0,8 micrômetros (µm). As partículas de
montmorilonita são ainda menores em torno de 400 nanômetros (nm) = 0,4 micrômetros (µm),
também tem formato de placas, porém são mais irregulares.
SUPERFÍCIE ESPECÍFICA
“A superfície específica de uma argila é definida como a (área da superfície externa)+(a área da
superfície interna das partículas constituintes), por unidade de massa, expressa em m2/g.”
(MEIRA, J.M.L., 2001).
É preciso sempre saber a correlação correta que quanto MENORES forem os tamanhos de
partícula, MAIOR será a soma da área superficial de todas essas partículas. Portanto, as “argilas
possuem elevada superfície específica, muito importante em certos usos industriais em que a
interação sólido - fluido depende diretamente da superfície específica do sólido: cerâmica,
catálise, branqueamento de óleos, etc.” (MEIRA, J.M.L., 2001).
“A superfície específica exprime o teor em fracção argilosa ou o teor relativo de finos, médios e
grossos bem como o grau de dispersão/agregação das partículas constituintes de argila. Todavia,
o valor da superfície específica não oferece uma representação ou imagem da dispersão
dimensional do grão, uma vez que argilas com superfície específica igual ou semelhante podem
proporcionar comportamentos muito distintos face a determinadas propriedades tecnológicas.”
(MEIRA, J.M.L., 2001).
A figura 7 mostra a estrutura da montmorilonita, onde observa-se que os íons que estão
localizados à sua superfície são íons de oxigênio com carga negativa (O-2). Esta carga negativa
superficial atrai moléculas polares (como a água) e íons dissolvidos (como Na+, Ca+2, Li+...) nela
para perto da superfície do argilomineral. Quanto maior a ocorrência de substituições
isomórficas e a área superficial do argilomineral (partículas pequenas), maior é o seu
desequilíbrio eletrônico; o que faz que sua carga elétrica superficial seja alta e atrai mais água e
mais íons dissolvidos.
Estes íons podem ser trocados por outros. Os íons fixados em sua superfície exterior ou que
estão nos entre as camadas estruturais ou localizados noutros espaços interiores acessíveis
podem ser trocados por outros íons. A troca de íons é um processo estequiométrico: um íon
adsorvido pelo mineral argiloso provoca a liberação de um íon anteriormente fixado (MEIRA,
J.M.L., 2001). Considerando que quanto maior o desequilíbrio eletrônico do argilomineral, mais
íons estão adsorvidos em suas superfícies, mais íons podem ser trocados.
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Figura 7. Estrutura da montmorilonita e os íons atraídos por sua superfície que são permutáveis.
Os íons trocáveis são mantidos em torno das arestas laterais das partículas (20%) e nos próprios
planos basais (80%).
Esta troca é dimensionada pela propriedade capacidade de troca iônica. Como esses íons
geralmente apresentam carga positiva, essa propriedade também é conhecida como capacidade
de troca catiônica (CTC). A CTC de um argilomineral é resultado do desequilíbrio de cargas
resultantes da:
A troca iônica não requer somente um meio líquido para ocorrer: pode acontecer entre faces
adjacentes, ou ainda entre partículas do argilomineral e outro mineral qualquer.
VISCOSIDADE
“O modo como o sistema ?argila?água? flui sob a acção duma força tem muita importância na
indústria cerâmica. A moldagem ou formação dos corpos cerâmicos através de processos
variados (extrusão, prensagem por via seca ou húmida, trabalho e alambugem8) requer bons
conhecimentos das propriedades reológicas da pasta ou barbotina.” (MEIRA, J.M.L., 2001). O
objetivo é fazer uma suspensão fluida o suficiente (defloculada) com o maior conteúdo de
sólidos possível, aliando processabilidade e produtividade.
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alumbagem significa colagem
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Quanto maior o conteúdo de sólidos, maior é a viscosidade (figura 8). Espera-se que o conteúdo
de sólidos seja em torno de 60 a 75%. Em relação ao tamanho e distribuição do tamanho de
partículas, procuraram-se distribuições amplas, pois estas geram melhor empacotamento.
Também na figura 8, percebe-se que para cada linha de quantidade em pesos de sólidos, há um
mínimo da viscosidade gerado em certa quantidade de partículas grossas.
Partículas com forças de atração maiores que repulsão tendem a aglomerar, passando a se
comportarem como grandes partículas. A tendência à aglomeração ou à dispersão depende do
balanço das forças. Este é o principal motivo que suspensões que contenham quantidades
apreciáveis de argilominerais com altíssima carga superficial, como as montmorilonitas,
apresentam dificuldade de fluidez. Em contrapartida, suspensões com caulinita apresentam
facilmente viscosidades compatíveis com o processamento (moagem, transporte, colagem) dos
materiais cerâmicos.
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Substâncias conhecidas como defloculantes são ricas nestes cátions Assim, os defloculantes são
eletrólitos (ânion e cátion contribuem para a estabilidade coloidal das partículas) e são usados
na indústria cerâmica para controlar a reologia de suas suspensões. A influência na viscosidade
com a adição de defloculante depende da composição do mesmo (figura 9).
Também é feita a adição de substâncias de grande volume que podem ser absorvidas pela
superfície das partículas, evitando fisicamente a aproximação (estérica), frequentemente, estes
aditivos também possuem cátions que aumentam a repulsão das partículas.
Naturalmente, algumas matérias-primas têm mais facilidade de defloculação que outras. Ex.
partículas com cargas superficiais cálcicas tem tendência a flocularem com facilidade.
O uso de sais defloculantes que apresentam efeito de aumentar a repulsão das partículas em
suspensões cerâmicas é comum. Os principais defloculantes usados são silicato de sódio,
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carbonato de sódio, fosfatos, poliacrilatos que fornecem íons à solução de sódio, lítio, amônia...
que aumentam as forças repulsivas entre as partículas, facilitando a defloculação. Também é
usado aditivos que alteram o pH da solução a fim de se obter o ponto isoelétrico.
PLASTICIDADE
Plasticidade é a propriedade que um sistema possui de se deformar pela aplicação de uma força
e de manter essa forma quando essa força é retirada. O formato dos argilominerais em camadas
facilita o deslizamento entre estas quando em contato com a água. Nas argilas, a plasticidade é
resultante das forças de atração entre partículas de argilominerais e a ação lubrificante da água
entre as partículas anisométricas lamelares.
- Limite de Plasticidade (LP): quantidade de água necessária para tornar uma argila
suficientemente plástica para ser moldada;
- Limite de Liquidez (LL): quantidade de água acima da qual a massa passa a ter
comportamento de líquido;
- Índice de Plasticidade (IP): é a diferença entre o Limite de Liquidez e Limite de
Plasticidade (IP = LL – LP).
Índice de Plasticidade
Massas cerâmicas conformadas por processos de conformação plástica (exemplo: extrusão) têm
que conter percentuais de água entre os limites de plasticidade e de liquidez, pois é nessa faixa
que a massa apresenta a característica de ser moldável e de antes sua forma após a força ser
retirada. Cada massa possui seus índices de plasticidade, então as fábricas devem fazer testes
com suas próprias massas.
Um outro cuidado é quando uma massa possui altos índices de plasticidade, o que significa que
grandes quantidades de água precisam ser adicionadas à massa para a mesma apresentar
plasticidade. Essa água evapora no processo de secagem, deixando espaços vazios que geram a
retração na peça e alta retração de secagem pode levar a trincas e defeitos.
Há duas formas da água interagir com as partículas de argila: (1) por meio de ligação por forças
de atração secundária (água dura); e (2) água que age como lubrificante facilitando o
deslizamento entre as partículas (água mole).
As argilas tendo sódio como cátion trocável (argilas sódicas) praticamente não apresentam
“água dura”, apenas “água mole” que exerce pouca força entre as partículas do argilomineral,
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portanto as argilas sódicas possuem menor plasticidade (absorvem menor quantidade de água)
que as argilas cálcicas.
Entretanto, o Na+ trocável tem outro efeito, quando livre, ele exerce efeito de defloculante
quebrando aglomerados ou provocando clivagem basal e aumentando a área específica e,
consequentemente, o limite de plasticidade.
Seu efeito pode ser benéfico, exemplo, devido a retração de secagem, a peça cerâmica
conformada por colagem se descola do molde gesso, facilitando sua retirada do molde. Mas, se a
retração for muito rápida ou não uniforme, é possível gerar trincas nas pecas.
“Os corpos cerâmicos secos adquirem certa resistência mecânica que permite a sua manipulação
no decurso do processo de fabricação. A resistência mecânica é maior ou menor em função de
parâmetros como sejam a forma e espessura do corpo cerâmico, tipo e teor de argila, bem como
finura e forma das partículas.” (MEIRA, J.M.L., 2001).
9
queima
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CONCLUSÕES
“A importância e diversidade de uso das argilas são consequência de características específicas
destes materiais. De entre estas características destacam-se a granulometria muito fina,
diversidade química e estrutural, grande e variada superfície específica, capacidade de troca
iónica, dispersão fácil em água e outros solventes proporcionando a formação de suspensões,
forte poder adsorvente, elevada plasticidade e dimensões apreciáveis e boa homogeneidade da
maior parte dos depósitos ou jazigos.” (MEIRA, J.M.L., 2001).
“É a elevada gama de valores apresentados pelas argilas, ou seja, pelos valores definidores das
suas propriedades que faz com que existam inúmeras variedades de argilas e,
consequentemente, inúmeras aplicações para estes materiais naturais.” (MEIRA, J.M.L., 2001).
“A Figura 10 mostra, em diagrama ternário, de forma sintética, uma classificação para a maior
parte das argilas utilizadas em cerâmica, com base na cor após queima em atmosfera oxidante.
São tidas em consideração argilas diversas com aplicações nas três indústrias seguintes:
cerâmica branca, cerâmica vermelha ou estrutural e refractários.” (MEIRA, J.M.L., 2001).
Figura 10. Diagrama ternário com regiões para usos de diferentes tipos de argila com base na cor
após queima a 950º C, 1250º C e 1450º C, em atmosfera oxidante.
“Em conclusão podemos dizer que uma argila é uma mistura natural poliminerálica mais ou
menos complexa e com textura própria, uma vez que cada espécie mineral possui cristais com
dimensão, hábito e formas próprias, características que são dependentes dos processos de
formação. A denominada fracção argilosa duma argila, ou dum material argiloso, compreende
um conjunto de partículas com diâmetro esférico equivalente inferior a 2 micron, estando
presentes mais do que uma espécie mineral que representam cristais com dimensão, hábito e
forma próprios, até os cristais da mesma espécie mineral apresentam maior ou menor
variabilidade de dimensão, hábito e forma e até organização estrutural.” (MEIRA, J.M.L., 2001).
BIBLIOGRAFIA
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1.