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24º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

VI-032 – MÉTODO DA LAVAGEM QUÍMICA COMO FORMA DE


TRATAMENTO DE ODORES PRODUZIDOS POR UMA ESTAÇÃO DE
TRATAMENTO DE ESGOTO

Almira dos Santos França(1)


Engenheira Civil pela Escola Universidade Federal do Ceará (UFC). Mestre em Engenharia Civil, Área de
Concentração em Saneamento Ambiental pela Escola Universidade Federal do Ceará (UFC). Engenheira Civil
da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE).
Claudiane Quaresma Pinto Bezerra
Engenheira Civil pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e Mestre em Engenharia Civil, Área de
Concentração - Saneamento Ambiental, pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Engenheira da
Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE).
Marisete Dantas de Aquino
Doutor em Meio Ambiente/Recursos Hídricos. Professora Adjunta do Departamento de Engenharia
Hidráulica e Ambiental do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará

Endereço(1): Rua Marco, 293 – Bom Futuro - Fortaleza - CE - CEP: 60425-150 - Brasil - Tel: (85) 3491-0463 / 9944-
1127 - e-mail: almiraf@cagece.com.br

RESUMO
As estações de tratamento de esgotos (ETE) sanitários, em virtude das condições operacionais utilizadas e dos
processos empregados, podem provocar a geração de maus odores. Por conseqüência, estas instalações
tornam-se indesejáveis às suas vizinhanças, além de ser potencialmente perigoso para os operadores em
virtude da sua elevada toxicidade. Estes fatos justificam a implementação da gestão das emissões odorantes,
seja na adoção de medidas de prevenção na sua produção, ou na ação de tratamento de gases. O presente
trabalho tem por objetivo apresentar as diversas técnicas empregadas para tratamento de gases odorantes,
gerados por estações de tratamento, apresentando um estudo comparativo entre os vários métodos existentes,
mostrando suas vantagens e desvantagens e identificando o método mais eficiente e com menor custo
benefício para as companhias de saneamento. Os métodos de tratamento estudados foram a lavagem de gases,
que se fundamenta na transferência de um gás para uma fase líquida e é recomendado quando o gás a ser
tratado é estável e a aplicação de nitrato de sódio, recomendada para evitar a formação dos sulfetos. Para se
atingir os objetivos propostos, fundamentou-se este trabalho em uma ampla revisão bibliográfica, estudando
as diversas alternativas empregadas pela ETEs brasileiras e em ouros países, para o tratamento dos odores por
elas produzidos e um estudo de caso. O sistema de tratamento em estudo utiliza como método de destino final,
a disposição oceânica. Assim, o tratamento do esgoto restringe-se a uma estação de pré-condicionamento de
esgoto - EPC. Durante o processo de pré-condicionamento, são liberados os maus odores, que provocam
grande desconforto às populações circunvizinhas. Surgindo a necessidade da implantação de uma estação de
tratamento de odores - ETO no local. O método empregado pela estação de pré-condicionamento de esgoto -
EPC em estudo, para o tratamento dos odores por ela produzidos, foi a Lavagem Química, que se mostrou a
mais eficiente para o tratamento.

PALAVRAS-CHAVE: Odor, ETE, Lavagem Química.

INTRODUÇÃO
Em virtude das condições operacionais utilizadas e dos processos empregados, as estações de tratamento de
esgotos (ETE) sanitários podem provocar a geração de maus odores.

Os compostos odorantes estão associados com biosólidos, adubos e outras matérias orgânicas, com emissões
voláteis geradas da decomposição microbiológica e química de nutrientes orgânicos. Quando inalados estes
odores interagem com o odor do aparelho sensitivo (sistema olfatométrico) e o indivíduo percebe o odor
(EPA, 2000).

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Para Belli et all. (1999), os principais subprodutos que geram a emissão de odores são oriundos de uma
mistura complexa de moléculas de enxofre (H2S e mercaptanas), nitrogenadas (NH3 e aminas), fenóis,
aldeídos, álcoois, ácidos orgânicos, dentre outros.

Para WEF (1995), o odor é definido como uma sensação proveniente de um receptor com base no estimulo do
sistema sensorial olfativo na cavidade nasal.

As respostas humanas para avaliação de odor dependem da sensibilidade a ser medida, incluindo intensidade
de odor, características e tipo de odor. Pode-se afirmar que os odores não trazem danos físicos ou
enfermidades. O mau cheiro em si pode ser perturbador, no entanto os efeitos psicológicos do odor podem ser
surpreendentes, chegando a desencadear histeria coletiva por parte da vizinhança.

Certos odores estão associados com a operação de coleta de águas residuárias, tratamento e sistemas de
disposição. A maioria dos compostos odorantes encontrados no esgoto doméstico são resultantes de atividades
biológicas anaeróbias que consomem matéria orgânica, enxofre e nitrogênio encontrados nas águas
residuárias. Esgoto doméstico normalmente contém enxofre orgânico e sulfato inorgânico suficiente para
causar um problema de odor.

Compostos odoríferos abrangem moléculas orgânicas e inorgânicas. Os dois maiores odores inorgânicos são o
ácido sulfídrico e a amônia. Odores orgânicos são geralmente o resultante de atividade biológica que
decompõem a matéria orgânica e formam uma variedade imensa de gases mal odorantes inclusive indols,
escalotes, mercaptanas e aminas (WEF, 1999).

Estudos têm demonstrado que os compostos com enxofre, em especial o gás sulfídrico, possuem seus limites
de detecção e percepção olfativos com reduzidas concentrações, portanto, a sua predominância é a principal
responsável pelos maus odores.

A liberação de compostos fétidos para a atmosfera a partir de um líquido depende basicamente de três fatores:
concentração dos compostos no líquido, área superficial do líquido exposto à atmosfera e o grau de
turbulência do fluxo do líquido, além do pH do meio.

As estações de tratamento de esgotos sanitários (ETE’s) podem gerar odores em função dos processos
adotados e das condições operacionais empregadas. Por conseqüência, estas instalações tornam-se
indesejáveis às suas vizinhanças, conforme comentado acima, além de ser potencialmente perigoso para os
operadores em virtude da sua elevada toxicidade. Estes fatos justificam a implementação da gestão das
emissões odorantes, seja na adoção de medidas de prevenção na sua produção, ou na ação de tratamento de
gases.

De acordo com o guia de primeiros socorros para o sulfeto de hidrogênio da USEPA (2001), a toxicidade do
H2S ocorre inalação ou pelo contato com a pele e olhos. Os efeitos do odor na saúde são vários como:
exposição aguda (taquicardia, palpitações cardíacas, bronquites, edemas pulmonares) e efeitos neurológicos
(vertigem, irritabilidade, dor de cabeça). A exposição ao gás sulfídrico pode também provocar irritação na
pele, lacrimejamento, fotofobia e visão embaçada.

A amônia normalmente é encontrada nos esgotos em concentrações relativamente baixas. Pode ser produzida
pela quebra dos compostos orgânicos nitrogenados durante o tratamento anaeróbio de lodos.

O gás sulfídrico pode ser encontrado nos esgotos efluentes a ETE, quando o tempo de retenção no sistema
coletor for elevado ou existir forte contribuição de efluente industrial. É corrosivo tóxico e solúvel em águas
residuárias, resultando de redução de sulfato a gás sulfídrico pelas bactérias anaeróbias (TRUPPEL, 2002).

Os odores podem ser identificados através de análises físicos-químicas, olfatométricas, pela avaliação da
dispersão das emissões na atmosfera e nariz eletrônico. A análise química identifica e quantifica os compostos
responsáveis pelos odores. A olfatométrica qualifica e mostra as intensidades odorantes com seus níveis de
incômodo. Já a avaliação da dispersão é a combinação do resultado da concentração inicial de gases odorosos
na fonte emissora e sua diluição durante a trajetória na atmosfera. Quanto ao nariz eletrônico, este constitui
um sistema composto da união de detectores definidos e como sensores químicos e da interpretação dos sinais.

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O presente trabalho tem por objetivos apresentar as diversas técnicas empregadas para tratamento de gases
odorantes, gerados por estações de tratamento de esgotos (ETEs), apresentando um estudo comparativo entre
os vários métodos existentes, mostrando suas vantagens e desvantagens e identificando o método mais
eficiente e com menor custo benefício para as companhias de saneamento.

Para a escolha da tecnologia empregada para o tratamento de gases odorantes proveniente de ETEs, alguns
fatores devem ser considerados, como: os custos de investimento, operação e manutenção

Os métodos de tratamento estudados foram: a lavagem de gases, que se fundamenta na transferência de um


gás para uma fase líquida e é recomendado quando o gás a ser tratado é estável e a aplicação de nitrato de
sódio, recomendada para evitar a formação dos sulfetos.

MATERIAIS E MÉTODOS
Para se atingir os objetivos propostos, fundamentou-se este trabalho em uma ampla revisão bibliográfica,
estudando as diversas alternativas empregadas pela ETEs brasileiras e em outros países, para o tratamento dos
odores por elas produzidos e um estudo de caso.

O sistema de tratamento em estudo utiliza como método de destino final, a disposição oceânica. Assim, o
tratamento do esgoto restringe-se a uma estação de pré-condicionamento de esgoto – EPC.

A EPC é constituída de um rastelo e de sete peneiras rotativas e de grande porte, que separam os resíduos
sólidos menores, as areias, além dos plásticos, metais, madeira, graxa e óleos derivados de petróleo.

Durante este processo de pré-condicionamento, são liberados os maus odores, que provocam grande
desconforto às populações circunvizinhas à EPC. Surgindo a necessidade da implantação de uma estação de
tratamento de odores – ETO no local.

O método empregado pela estação de pré-condicionamento de esgoto - EPC em estudo, para o tratamento dos
odores por ela produzidos, foi a Lavagem Química.

RESULTADOS OBTIDOS
Foram pesquisados e estudados diversos métodos para o tratamento dos maus odores, dentre eles podemos
destacar os métodos físico-químicos e os biológicos. O processo de tratamento de odores pelo método físico-
químico pode se dar por absorção ou adsorção.

O método da absorção fundamenta-se na transferência de um gás para uma fase líquida. Segundo Belli et al
(2001), este processo deve ser aplicado quando o composto gasoso a ser tratado é estável. Um exemplo de
absorção é a lavagem ácido-básica, a qual consiste numa operação de transferência de massa, seguida de uma
reação química de dissociação em formas iônicas. Outro exemplo são as lavagens oxidantes, onde a destruição
do poluente pelo oxidante não somente regenera continuamente a solução de lavagem, como pode aumentar
igualmente a taxa de transferência. Em alguns casos podem-se utilizar os dois tipos de reações
simultaneamente.

Um exemplo de equipamento utilizado no método da absorção pode ser visto da Figura 1a seguir.

Adsorção é um dos processos de tratamento mais empregados, compreendendo a transferência de um gás para
um meio sólido. É realizada de forma instantânea, sendo um fenômeno com baixa energia.

O tratamento biológico também é chamado de biodesodorização. Seu princípio reproduz os processos que são
realizados naturalmente nos solos e nas águas. Os processos biológicos consistem na transferência de
compostos voláteis para uma fase líquida e, em seguida, na degradação, por meio de microrganismos. Este
processo é aplicado para produtos biodegradáveis e relativamente solúveis em soluções aquosas.

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Fonte: BELLI ET AL, 1999.


FIGURA 1 - Esquema de torre de absorção com material de enchimento.

O tratamento biológico de odores pode ser realizado através dos seguintes equipamentos: biofiltros,
biolavadores e biopercoladores. As figuras 2, 3 e 4 mostram exemplos destes equipamentos.

Fonte: MARTIN, 1991 APUD BELLI ET AL, 1999.


FIGURA 2 - Esquema de um biofiltro.

Fonte: LAPLANCHE, 1999 APUD BELLI ET AL, 1999.


FIGURA 3 - Esquema de um biopercolador.

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Fonte: LAPLANCHE, 1999 APUD BELLI ET AL, 1999.


FIGURA 4 - Esquema do princípio de um biolavador.

Um método bastante viável, segundo Alves et al (2004) é o da precipitação química. A precipitação química
ocorre através da inserção de um produto capaz de, em contato com o enxofre do gás sulfídrico, reagir com o
mesmo, formando um precipitado estável que fica retido no efluente final, reduzindo a concentração de gás
sulfídrico que é eliminado para a atmosfera. Podem ser utilizados para este fim sais ou óxidos de ferro, como
por exemplo, o cloreto férrico e o cloreto ferroso. No entanto a utilização do cloreto férrico possui restrições
tanto econômicas quanto técnicas. O uso do cloro gasoso poderia ser uma alternativa mais econômica,
contudo, traz alguns inconvenientes operacionais no fator segurança. A grande preocupação apontada por
alguns especialistas da área ambiental com relação a cloração tem sido a formação de organo-clorados,
apontados como nocivos à saúde humana por possuírem potencial carcinogênico.

Encontram-se também na literatura atualmente algumas alternativas para reduzir a emissão de gás sulfídrico
para a atmosfera. Entre elas, podemos citar: queima do biogás (conversão em óxidos de enxofre); adsorção
com carvão ativado; adsorção com líquido pouco volátil (torres empacotadas e torres de bandeja); filtros
biológicos (torres empacotadas) e biofiltros; precipitação química (selo hídrico resultando FeS); filtro químico
(a exemplo do ferro metálico tipo esponja de aço utilizado na ETE Santa Quitéria).

Já para o gás sulfídrico dissolvido no efluente algumas alternativas são (Chernicharo, 1997): cobertura do
reator; pós-tratamento por precipitação química, oxidação química ou bioquímica; sistema de captação
submersa do efluente (águas em calmaria).

Para a escolha do método mais apropriado, foram realizados vários testes em vários pontos ao longo do
sistema de esgotamento sanitário, com a implantação de uma unidade piloto, antes da escolha do método que
promoveu maior eficiência.

O ponto inicial onde foi instalada a unidade piloto foi na descarga das bombas na área da EPC, a qual ficou
em funcionamento durante 8 dias. A realização do monitoramento se deu através de inúmeros ensaios,
variando o uso de produtos químicos, do tempo de operação da unidade piloto, para que fossem atingidos
resultados representativos.

No término desse período de 8 dias, a unidade piloto foi transferida para o ponto das grades da EPC,
permanecendo neste ponto por dois dias, onde foram realizados experimentos com solução de permanganato
de potássio e hipoclorito de cálcio para a lavagem dos gases.

Em seguida, a unidade piloto foi deslocada para o ponto da torre de equilíbrio da EPC, realizando-se teste
durante dois dias, utilizando-se soluções de permanganato de potássio e hipoclorito de cálcio.

Para cada teste realizado com a unidade piloto na EPC, coletou-se uma amostra composta de esgoto sanitário,
e duas amostras de emissões gasosas, nos pontos de entrada e saída do sistema de lavagem dos gases, para o
cálculo da eficiência da remoção.

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Os testes foram realizados da seguinte forma;

Teste 1:

Adicionou-se solução de cloreto férrico 0,1% e água, nos tanques numerados como 01 e 02 respectivamente.

Teste 2:

Realizou-se ensaio somente com solução diluída de hipoclorito de cálcio no tanque 02.

Teste 3:

Aplicou-se solução diluída de Ca(OCl2) no tanque 01 e solução concentrada no tanque 02.

Teste 4:

Solução concentrada de hipoclorito de cálcio nos dois tanques, utilizando-se Ca(OCl2) granulado.
Teste 5:

Solução de hipoclorito de cálcio nos dois tanques, utilizando-se hipoclorito de cálcio granulado, ou seja,
duplicada do teste 04.

Estão apresentados a seguir, nas Tabelas 1, 2 e 3, resultados analíticos da emissões gasosas, encontrados
durante a realização dos testes na unidade piloto.

Tabela 1 – Monitoramento dos gases na descarga das bombas na EPC – Testes 01 e 02

Teste 01 Teste 02

Gás Gás
Parâmetros Gás Bruto Remoção Gás Bruto Remoção
Tratado Tratado

Odor 11915 intenso - 11915 intenso -

Ácidos Voláteis, μg/m³ 218044 - - 218044 - -

Gás Sulfídrico, μH2S/m³ 30 177204 18,70% 30 177204 0,187

Temperatura, ºC 30 - 30,0 -

Tabela 2 – Monitoramento dos gases na descarga das bombas na EPC – Testes 03 e 04

Teste 03 Teste 04

Gás Gás
Parâmetros Gás Bruto Remoção Gás Bruto Remoção
Tratado Tratado

Odor intenso presente - intenso fraco -

Ácidos Voláteis, μg/m³ 10059 8777 12,70% 12578 4358 65,3%

Gás Sulfídrico, μH2S/m³ 43576 36386 16,50% 56579 33004 41,6%

Temperatura, ºC 31,2 31,2 - 30,0 30,0 -

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Tabela 3 – Monitoramento dos gases na descarga das bombas na EPC – Testes 05

Teste 05

Gás
Parâmetros Gás Bruto Remoção
Tratado

Odor intenso fraco -

Ácidos Voláteis, μg/m³ 14630 3966 72,8%

Gás Sulfídrico, μH2S/m³ 49454 22479 54,5%

Temperatura, ºC 30,8 30,8 -

Os testes de números 06, 07, 08 e 09 foram realizados com a unidade piloto instalada na grade e na torre de
equilíbrio, utilizando as soluções de Ca(OCl2) no tanque 01 seguido de solução de permanganato de potássio
no tanque 02.

Tabela 4 – Monitoramento dos gases nas grades da EPC

Teste 06 Teste 07

Gás Gás
Parâmetros Gás Bruto Remoção Gás Bruto Remoção
Tratado Tratado

Odor intenso fraco - intenso fraco -

Ácidos Voláteis, μg/m³ 13463 1558 88,40% 15861 4820 69,6%

Gás Sulfídrico, μH2S/m³ 33939 21121 37,70% 33465 5454 83,7%

Temperatura, ºC 32 32 - 30,8 30,8 -

Tabela 5 – Monitoramento dos gases na torre de equilíbrio da EPC

Teste 08 Teste 09

Gás Gás
Parâmetros Gás Bruto Remoção Gás Bruto Remoção
Tratado Tratado

Odor intenso fraco - intenso fraco -

Ácidos Voláteis, μg/m³ 9479 1391 85,30% 15679 1658 89,4%

Gás Sulfídrico, μH2S/m³ 77890 36511 53,10% 62117 34181 44,9%

Temperatura, ºC 31,5 31,5 - 32,0 32,0 -

As poucas alternativas viáveis identificadas ressaltaram o pós-tratamento do efluente e a técnica escolhida foi
a Lavagem Química.

A companhia de saneamento em estudo, para o controle dos maus odores agressivos produzidos pela sua
estação de pré-condicionamento de esgoto, executou a montagem de uma estação de tratamento de odores,
cujo processo consiste nas seguintes etapas:

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• Realização do confinamento, através da cobertura das áreas da EPC que exalam maus odores,
utilizando painéis fabricados em PVC.
• Sucção e transporte dos gases através de tubulações, até um sistema de lavagem química dos odores
agressivos.
• Execução da lavagem dos gases, que se processa em duas etapas:
• 1ª Etapa: Os gases são submetidos a uma solução clorada no Lavador de Gás Primário.
• 2ª Etapa: Logo após receber a solução clorada, os gases são encaminhados ao Lavador de Gás
Secundário, onde são submetidos a uma outra solução, composta de Permanganato de Potássio e
Hidróxido de Sódio, completando o processo de oxidação dos gases agressivos, que são lançados
na atmosfera de forma inodora sem causar impacto ao meio ambiente.

O confinamento dos gases através da total cobertura do sistema de tratamento de esgoto é imprescindível,
quando a alternativa empregada é o pós-tratamento dos gases odorantes.

O emprego da cloração de esgotos tem despertado grande preocupação por parte dos especialistas da área
ambiental, devido à provável formação dos THMs (trihalometanos), que apresentam grande potencial
carcinogênico.

CONCLUSÕES
Dentre as alternativas existentes para o tratamento dos gases produzidos por estações de tratamento de
esgotos, deve-se buscar aquela que represente menor custo operacional, dentro do conceito de racionalização
de recursos, ponto fundamental a ser considerado por uma empresa de saneamento, uma vez que estas devem
ter seus esforços voltados para a melhoria de seus processos sem ônus adicional para seus clientes.

De um modo geral, os métodos para tratamento de controle de sulfetos em sistemas de tratamento de esgotos
podem ser resumidos em: controle da temperatura, controle da DBO, controle do pH, controle dos sulfatos,
injeção de ar, injeção de oxigênio, uso de amônia e introdução de substâncias oxidantes.

Através da análise dos diversos testes realizados, chegou-se à conclusão de que o uso das soluções de
hipoclorito de cálcio (0,2 de cloro ativo), na primeira torre de lavagem e da solução de permanganato de
potássio (0,5%) na segunda torre, produziram as maiores eficiências de remoção dos gases.

O menor custo operacional, assim como a melhor oxidação dos gases foram promovidos, através da utilização
do permanganato de potássio e hipoclorito de cálcio.

Constatou-se, também, que uma eficiência de 90% já garante a ausência de odores na saída do lavador, uma
vez que o odor é descaracterizado.

Os resultados das pesquisas realizadas com a técnica de cloração de efluente não apontaram a formação de
THMs, demonstrando a elevada reatividade do hipoclorito com os sulfetos comparada à baixa reatividade com
os compostos orgânicos (ALVES et al, 2004).

Novos estudos para a busca de aperfeiçoamento das técnicas existentes, assim como o desenvolvimento de
novas técnicas no campo do tratamento de odores gerados por ETEs, devem ser realizados e incentivados,
principalmente, pelas companhias de saneamento, que devem ser a principais interessadas em sanar tal
problema.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ALVES, H. B.; MICHIDA, G. A.; DA CRUZ, G. J. G.; DUMA, M.; GOMES, C. S. - Precipitação química
e cloração para combate a maus odores em estações de tratamento de esgoto anaeróbias. Sanare, vol. 21, pág.
19-32, Curitiba, 2004.
2. BELLI FILHO, P.; LISBOA, H. M. Odor e desodorização de estações de tratamento de efluentes
líquidos. In: 20. º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL,
1999, RIO DE JANEIRO, 1999.

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3. BELLI FILHO, P.; COSTA, R. H. R.; GONÇALVES, R. F.; CORAUCCI FILHO, B.; LISBOA, H. M.
- Tratamento de odores em sistemas de esgotos sanitários. In: EQUIPE PROSAB/FINEP/CNPQ. (Org.).
Pós-tratamento de efluentes de reatores anaeróbios. 1.ª ed. Belo horizonte: SEGRAC editora e gráfica,
2001, v. 1, p. 455-490.
4. CHERNICHARO, C. A. L. – Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias – Reatores
Anaeróbios – 2ª ed. – DESA – Belo Horizonte, 1997.
5. EPA U.S. Environmental Protection Agency. Guide field storage o biosolids and other organic by-
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2 – Odor. Capturado em 01 de dezembro de 2001, Online. Disponível na Internet http: //
www.epa.gov/owm/bio/fsguide/appa.pdf.
6. TRUPPEL, A. – Redução de odores de uma lagoa de estabilização de esgoto sanitário e avaliação da
qualidade de seu efluente - 2002. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) - Universidade
Federal de Santa Catarina.
7. USEPA (United States Environmental Protection Agency). Supplemental Guidance for Developing
Soil Screening Levels for Superfund Sites – Peer Review Draft. Washington DC. 2001.
8. WATER ENVIRONMENT FEDERATION (WEF). Industrial wastes. Multimedia pollution control &
prevention. WEF. 1995.
9. WATER ENVIRONMENT FEDERATION (WEF). Hazardous waste treatment processes. MOP FD-
18. 2. Ed. WEF. 1999.

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