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UBERLÂNDIA
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL
GCI021-Materiais de Construção Civil I
Profa. Leila A. de Castro Motta
Abril de 2023
Notas de aulas de GCI021-Materiais de Construção Civil I - Profa. Leila A. de Castro Motta 1
Sumário
.................................................................................................................................................................................0
SUMÁRIO ...............................................................................................................................................................1
1 MATERIAIS METÁLICOS ........................................................................................................................3
1.1 Introdução ................................................................................................................... 3
1.2 Obtenção...................................................................................................................... 3
1.2.1 Minério ............................................................................................................ 3
1.2.2 Mineração ........................................................................................................ 3
1.2.3 Metalurgia ....................................................................................................... 4
1.3 Constituição................................................................................................................. 5
1.3.1 Cristalização .................................................................................................... 5
1.3.2 Exame cristalográfico ...................................................................................... 5
1.3.3 Formação de grãos .......................................................................................... 6
1.3.4 Filme intercristalino ........................................................................................ 7
1.4 Características gerais ................................................................................................. 8
1.4.1 Forças de coesão metálicas.............................................................................. 8
1.4.2 Soluções sólidas .............................................................................................. 9
1.4.3 Falhas ou defeitos na malha cristalina........................................................... 10
1.4.4 Alotropia........................................................................................................ 11
1.4.5 Recristalização............................................................................................... 11
1.5 Ligas ........................................................................................................................... 13
1.5.1 Obtenção das ligas ......................................................................................... 13
1.5.2 Diagramas de equilíbrio ................................................................................ 14
1.5.3 Ligas de alumínio .......................................................................................... 18
1.5.4 Ligas de magnésio ......................................................................................... 18
1.5.5 Ligas de Titânio ............................................................................................. 18
1.5.6 Ligas de cobre ............................................................................................... 19
1.6 Processamento dos materiais metálicos .................................................................. 19
1.6.1 Conformação plástica .................................................................................... 19
1.6.2 Conformação via fundição ............................................................................ 22
1.6.3 Soldagem ....................................................................................................... 22
2 PRODUTOS SIDERÚRGICOS ................................................................................................................ 23
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1 Materiais metálicos
1.1 Introdução
O conceito comum e usual de metal se baseia nos atributos característicos tais como:
resistência mecânica relativamente alta, ductilidade, brilho, opacidade, condutibilidade térmica e
elétrica, dureza etc. Seu uso está muito ligado a essas propriedades. Os principais usos são como
materiais estruturais, condutores elétricos, materiais de acabamento e proteção. Um grupo muito
importante são os metais ferrosos, constituídos pelo ferro e ligas - aços e ferros fundidos - com
finalidade predominantemente estrutural: concreto armado, concreto protendido, estruturas
metálicas e máquinas.
Dentre os materiais não ferrosos, existem muitos outros com importância também
considerável na engenharia civil como o alumínio e suas ligas e o cobre e ligas.
1.2 Obtenção
1.2.1 Minério
A partir do minério, a obtenção de um metal passa por duas fases distintas: a mineração
e a metalurgia.
1.2.2 Mineração
A concentração é uma purificação do minério que tem por finalidade separar os minérios
utilizáveis dos economicamente pobres e eliminar a ganga (areia, argila, organismos etc.). A
concentração pode ser feita por processos mecânicos ou químicos. Os processos mecânicos
compreendem:
a) Fragmentação ou trituração: o minério é quebrado em pedaços menores;
b) Classificação: são separadas as pedras inúteis;
c) Levigação: o minério é posto em água corrente, como o metal é geralmente mais pesado que a
ganga, afunda, a ganga é recolhida na superfície;
d) Flotação: quando a ganga é mais pesada que o minério, são misturados com óleo e água, e
depois recebem uma insuflação de ar; forma-se uma espuma rica em minério, que é recolhida
na superfície, enquanto a ganga se deposita no fundo;
e) Separação magnética: o ímã, ao passar sobre os pedaços, atrai o metal e deixa as impurezas;
f) Lavagem simples, etc.
1.2.3 Metalurgia
A metalurgia tem por finalidade obter o metal puro, a partir do composto portador. O
metal puro é extraído do minério por um dos seguintes processos:
a) Redução: é o processo mais comum e é feito com o carbono ou óxido de carbono a altas
temperaturas, em fornos, e do qual resulta o metal puro ou quase puro, em estado de fusão.
b) Precipitação simples: este processo usa alguma reação simples, da qual resulte o metal puro.
c) Processo eletrolítico: este só pode ser empregado em minérios que possam ser dissolvidos na
água. A eletrólise é usada também para purificação (refinação) de metais quase obtidos por
alguns dos processos anteriores.
1.3 Constituição
1.3.1 Cristalização
Nos corpos sólidos, que é o caso dos metais no estado normal, os átomos podem agrupar-
se de maneira ordenada, e tem-se os corpos cristalinos, ou de maneira desordenada, e tem-se os
corpos amorfos. Todos os metais têm estrutura cristalina no estado sólido.
Os corpos amórficos são isotrópicos, isto é, suas propriedades físicas e mecânicas não
dependem da direção. Os corpos cristalinos são anisotrópicos: as propriedades variam com a
orientação dos cristais. Mas, como há muitos cristais, com direções de cristalização distribuídas
aleatoriamente (Figura 5), os metais apresentam uma “falsa isotropia”. Quanto menores os grãos,
maior a falta de orientação e, portanto, maior a falsa isotropia. As deformações a frio, nos metais,
tendem a orientar os grãos aumentando a anisotropia.
É possível determinar a estrutura cristalina de um metal com a análise de seu espectro aos
raios X. Os raios X mostram os planos de cristalização, o que permite medir o seu afastamento e
localizar os nós, onde estão os átomos. Com isso se tem a constante reticular.
Os metais comuns têm estrutura em rede cúbica de faces centradas (Figura 1), é uma rede
composta de quatorze átomos. Há exceções, para os alcalinos e alcalino-terrosos, e para o ferro na
temperatura de forja, a disposição é a de cúbico centrado (Figura 2), com nove átomos. E há
também, em certos estados alotrópicos, a rede hexagonal compacta (Figura 3), com os átomos nos
vértices de um prisma hexagonal, mais um no centro de cada topo, e mais três átomos presos no
interior do conjunto.
Os átomos se reúnem formando as células cristalina, que é a unidade que se repete nos
cristais, estas células cristalinas que são pequeníssimas, não visíveis, agrupam-se entre si,
formando os grãos ou dendrites, que, em certos casos, já são visíveis a olho nu.
Seja um metal em fusão, que é depositado num recipiente à temperatura normal. Devido
ao fato de as correntes de esfriamento (tendência a estabelecer-se o equilíbrio térmico entre o
conteúdo e o recipiente) terem direção perpendicular à superfície de contato, numa primeira etapa
os primeiros grãos que se resfriam formam agulhas no sentido normal à parede (Figura 4-a). Por
terem esfriado, essas agulhas geram novas correntes de esfriamento, agora perpendiculares a si, e
aparecem ramificações como se vê na Figura 4-b. As novas ramificações irão sucessivamente
formando outras, de maneira a dar uma aparência geral de árvore (Figura 4-c), até os pontos em
que cada dendrite encontra as ramificações da dendrite vizinha e não há mais metal a solidificar
(Figura 4-d). Entre as dendrites se estabelece uma separação que é chamada filme ou película
intercristalina, que tem bastante importância na resistência do metal.
O filme intercristalino não é ausência de matéria. É uma fina película que, tendo sido
solicitada simultaneamente pelas duas dendrites vizinhas, se solidificou de forma amorfa, não
cristalina. Em geral, o filme tem constituição química diferente, é nele é que se localizam as
impurezas e substâncias estranhas.
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As forças de coesão metálicas são devidas ao agrupamento dos átomos de forma tal que
os elétrons da última camada são compartilhados entre os diversos átomos. A disposição é, então,
de átomos sem esses elétrons, ou seja, íons, dispostos ordenadamente, com uma espécie de nuvem
de elétrons com uma certa liberdade de movimentação entre esses íons. A interação entre essa
nuvem eletrônica e os íons faz com que o sistema se mantenha em equilíbrio.
As forças de coesão devidas a esse mecanismo são adirecionais, o que faz então com que
o arranjo dos átomos seja o mais compacto possível. Esse tipo de disposição ordenada dos átomos
e elétrons é responsável por uma série de propriedades dos metais como:
1) Condutibilidade elétrica: nos metais é grande devido à mobilidade dos elétrons, que se
deslocam com grande facilidade sob a ação de campos elétricos;
2) Condutibilidade térmica: os elétrons absorvem com facilidade a energia térmica, através do
aumento da própria energia cinética e que é transmitido também facilmente aos demais elétrons
da núvem eletrônica;
3) Opacidade: os elétrons absorvem com facilidade a energia incidente quando esta é luminosa,
é absorvida loga nas primeiras camadas, não conseguindo atravessar o material;
4) Ductibilidade: devida à disposição compacta dos átomos, quando o material é submetido a um
esforço externo deformando-o (pequena deformação), é encontrada uma nova posição de
equilíbrio (Figura 6).
5) Sistema cristalino: devido à adirecionalidade das forças de coesão metálicas, o sistema
cristalino dos metais deve ser o mais compacto possível, ou seja, o cúbico de face centrada ou
o hexagonal compacto.
Em muitos metais as forças de coesão não são puramente metálicas, mas parcialmente,
também de covalência. Assim esses metais terão características mais ou menos diferentes das
mencionadas. Por exemplo, a prata é um metal cujas forças de coesão são praticamente só do tipo
metálico ao passo que no caso do ferro, parte dessas forças são de covalência. A prata é muito mais
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dúctil do que o ferro, tem condutibilidade térmica e elétrica muito maiores do que o ferro e o
sistema cristalino da prata é o cúbico de face centrada, ao passo que o do ferro é o cúbico centrado,
o que explica a sua menor ductibilidade. Mas acima de 723 o C, o ferro se transforma no
denominado ferro- que se cristaliza no sistema cúbico de face centrada, que é bem mais dúctil:
essa é a razão porque se aquece o ferro para torná-lo mais maleável (trabalho a quente).
Solução intersticial: solução sólida em que os átomos de uma substância se alojam entre
os átomos da estrutura cristalina do que seria o solvente.
Os átomos quando não constituem solução sólida, são precipitados formando pequenos
núcleos do material estranho distribuídos pela massa do que seria o solvente. Esses nódulos
constituem um obstáculo à deformação do material, modificando, portanto, as propriedades. Essas
precipitações são bem distribuídas por toda a massa do material fazendo com que as propriedades
modificadas também se distribuam uniformemente.
A formação dos núcleos é feita através da movimentação de átomos pelo interior da malha
cristalina, que é tanto mais intensa quanto mais alta for à temperatura. Portanto, a tendência é de
se terem núcleos maiores de precipitados quando a temperatura for mantida elevada por um tempo
maior. Aquecendo-se ou resfriando-se de forma controlada, podem-se modificar as propriedades
dos materiais através do tamanho dos núcleos de precipitado obtidos.
Ao se formar, uma malha cristalina pode ter alguns defeitos ou falhas devidos a diversos
fatores como, por exemplo, pequenos teores de impurezas, junção de dois cristais com pequena
diferença de orientação, que se unem, mas permanece uma falha.
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O estudo das falhas é muito amplo e complexo, limitar-se-á aqui a mencionar os seus
efeitos que pode ser, por exemplo, facilitar a deformação do material.
1.4.4 Alotropia
Vários materiais, isto não ocorre só com metais, podem se apresentar em mais de uma
forma, cristalina ou não. Esse fenômeno é denominado alotropia e as transformações de uma para
a outra forma de transformações alotrópicas.
De certa forma, a mudança de estado pode também ser considerada como uma
transformação alotrópica, pois quando uma substância se apresenta, por exemplo, líquida a uma
certa temperatura e pressão é porque nessas condições a energia livre correspondente ao estado
líquido é menor do que as correspondentes aos estados sólido ou gasoso.
É importante o fato de que se uma substância A se dissolve em outra B numa certa forma,
a presença da substância A tende a aumentar o intervalo de temperatura em que essa forma aparece
na substância B. Quando duas ou mais substâncias são solúveis (ou miscíveis) no estado líquido e
não no sólido, uma mistura das duas em geral terá ponto de fusão mais baixo do que qualquer uma
delas. A proporção de mistura que tem ponto de fusão mais baixo é denominada mistura eutética
ou liga eutética ou simplesmente eutético.
1.4.5 Recristalização
Os cristais plasticamente deformados têm mais energia que os cristais não deformados,
pois estão cheios de discordâncias e outras imperfeições. Havendo oportunidade, os átomos desses
cristais se reacomodarão de forma a se ter um arranjo perfeito e não deformado. Tal oportunidade
ocorre quando os cristais são submetidos a temperaturas elevadas, através de um processo
denominado de recozimento. A agitação térmica mais elevada do reticulado em temperaturas altas
permite o rearranjo dos átomos em grãos menos deformados. A Erro! Fonte de referência não
encontrada. mostra o progresso desta recristalização, incluindo o subsequente crescimento dos
grãos.
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fusão, dependem das forças que mantém os átomos unidos. Então, é de se esperar que haja alguma
correlação entre a temperatura de recristalização e de fusão. De fato, com algumas exceções, a
temperatura de recristalização está entre um terço e metade da temperatura de fusão.
1.5 Ligas
Geralmente os metais não são empregados puros, mas fazendo parte das ligas. Liga é a
mistura de aspecto metálico e homogêneo, de um ou mais metais entre si ou com outros elementos.
Deve ter constituição cristalina e comportamento como metal.
Os processos gerais de obtenção das ligas são: fusão, pressão, eletrólise, aglutinação e
metalurgia associada.
Mas há ligas em que esses processos não são aplicáveis, ou porque antes da solidificação
há separação, ou porque os pontos de solidificação são muito diferentes, ou porque há decantação
rápida.
No caso de metais que se misturam bem a altas temperaturas e mal a temperaturas baixas,
formam-se, na solidificação, dois tipos de cristais, em que os menores enchem os espaços dos
maiores. É um caso normal, visto que só na liga eutética a solidificação é simultânea. É bastante
comum que, nos casos não eutéticos, a liga resultante tenha maior porcentagem, nas camadas
externas, do metal que se solidifica primeiro.
Quando isto ocorre, são usados os outros processos de formação de ligas. No processo de
pressão, os dois metais são pulverizados, misturados e martelados, até formarem um corpo único.
O processo de aglutinação é semelhante, mas a ligação é assegurada por um cimento qualquer. O
processo de eletrólise é bastante conhecido. Na metalurgia associada se purifica minério já
composto dos metais de que se quer fazer a liga, ou a mistura de seus minérios.
À medida que se vai aquecendo um metal, vai aumentando a sua atividade orbital, até que
chega a um ponto em que começa a fusão. Enquanto toda a massa não está fundida, a temperatura
permanece constante; depois da fusão total, a temperatura recomeça a ascensão (Figura 8-a). O
mesmo fenômeno acontece quando há esfriamento: a temperatura permanece estável durante a
solidificação (Figura 8-b).
Figura 9: Diagramas de esfriamento para a liga chumbo-antimônio. Fonte: Van Vlack (1970).
55% Cu). Essas duas retas são verticais interceptando a horizontal correspondente à temperatura
t2 e as duas linhas do diagrama nos pontos S e T. Nota-se que abaixo da linha inferior só existe
sólido e acima da superior só líquido, razão pela qual elas são denominadas, respectivamente,
Solidus e Liquidus. A proporção de sólido e de líquido nessa situação é dada por uma espécie de
lei de alavanca (ver Figura 11).
Figura 10: Diagrama de equilíbrio CuNi, solubilidade completa. Fonte: Van Vlack (1970).
Figura 11: Determinação da fração líquida e sólida. Fonte: Van Vlack (1970).
RT RS
A fração líquida é igual a e a sólida igual a , o que é fácil de entender, pois
ST ST
quanto maior, por exemplo, o segmento RT , mais próximo da curva Líquidus estará o ponto R e,
portanto, maior será a fração líquida.
No caso do exemplo, o ponto T corresponde a 71% de Ni e o ponto S a 45%, a proporção
60 − 45 15
de sólido no sistema à temperatura t2 será, então: = 57 ,7% , e a de líquido, portanto,
71 − 45 26
100 − 57 ,7 = 42,3% .
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Evidentemente a fase sólida é mais rica em Ni do que a mistura inicial e a fase líquida é
mais rica em Cu. Nota-se que entre a Liquidus e a Solidus, existem duas fases: uma líquida e uma
sólida.
• Caso de solubilidade no estado líquido e insolubilidade no estado sólido: neste caso o diagrama
tem a forma dada pela Figura 12.
Figura 12: Diagrama de equilíbrio - insolubilidade no estado sólido. Fonte: Van Vlack (1970).
No caso das duas substâncias A e B, fictícias, as linhas sólidus e líquidus têm a forma
indicada. A liga indicada pela linha MN é a denominada eutética e, como se vê, tem um ponto de
fusão bem mais baixo do que A e B. Suponhamos uma liga representada pela linha PQ, e que
começamos a resfriá-la do ponto Q, onde só existe líquido. Ao chegar no ponto R existirão duas
fases, uma sólida, constituída pela substância B, e uma líquida com a composição correspondente
à linha ST . À medida que progride o resfriamento, a composição da fase sólida continua sendo a
da substância B e a da fase líquida vai se aproximando da do eutético. Se o resfriamento for lento,
ao chegar à temperatura eutética, tem-se uma fase sólida constituída pela substância B e uma fase
líquida com a composição do eutético.
Baixando um pouco mais a temperatura, o eutético se solidifica separando-se as duas
fases, substâncias A e B, mas em geral com uma estrutura em lamelas finas, que pode ser
considerada como uma fase à parte. Então, na região abaixo da sólidus pode-se dizer que se tem
duas fases, A e B, ou uma fase que pode ser A ou B e o eutético. Evidentemente, no caso da linha
MN, só aparece a estrutura do eutético.
• Caso real - solubilidade parcial no estado sólido: nos casos reais, em geral, há uma pequena
solubilidade sólida, de A em B e de B em A de modo que o diagrama tem o aspecto dado pela
Figura 13. É o caso, po exemplo, da liga Sn-Pb.
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Figura 13: Diagrama de equilíbrio - solubilidade parcial no estado sólido (Sn-Pb). Fonte: Van Vlack (1970).
Nota-se que neste diagrama a fase na verdade não é Pb puro, mas sim Pb com um pouco
de Sn dissolvido. Observa-se também que a solubilidade de Pb em Sn é bem menor do que de Sn
em Pb.
Latões → Ligas de cobre mais comuns onde o zinco atua como soluto substitucional
predominante.
Bronzes → Ligas de cobre com elementos como estanho, alumínio, silício e níquel.
• Conformação plástica
• Forjamento (quente/frio)
• Laminação (quente/frio)
• Extrusão
• Trefilação
• Estampagem
• Outros processos
• Soldagem
A laminação é o processo de deformação que consiste em passar uma peça de metal entre
2 rolos; uma redução na espessura resulta a partir de tensões compressivas exercidas pelos rolos.
A laminação a frio pode ser usada na produção de chapa, tira e lâmina com alta qualidade de
acabamento superficial. Formas circulares maciças bem como vigas em “H”, “I”, “U” e trilhos de
ferrovias são fabricados usando se de rolos com ranhuras.
A massa de material metálico é forçada a passar por um orifício de forma cônica, onde a
força é aplicada por tração. A trefilação é utilizada para a produção de objetos longos e com seção
geométrica simétrica (círculo, quadrado entre outros) como fios, hastes e tubulações, resultando
na redução da seção transversal.
A conformação via fundição é um dos processos mais antigos para produção de objetos
metálicos, podendo ser via molde de areia, cera perdida, molde e lingotamento.
1.6.3 Soldagem
Processo de união de materiais usado para obter coalescência (união) localizada de metais
e não metais, produzida por aquecimento até uma temperatura adequada, com ou sem a utilização
de pressão e/ou material de adição.
sensível a falha, podendo causar também distorções e tensões residuais. Sua execução requer
habilidade do operador e pode exigir operações auxiliares, como tratamentos térmicos posteriores.
2 Produtos siderúrgicos
Esta é a denominação genérica do ferro e suas ligas. Têm-se várias formas de se classificar
os aços, por exemplo, pela liga (outros componentes adicionados), pelo tratamento sofrido (aços
temperados, galvanizados etc.), os cristais existentes etc. A classificação tradicional do ferro e suas
ligas tem sido pelo teor de carbono:
a) aço doce: quando tem na sua composição menos de 0,2% de carbono;
b) aço ao carbono: quando esse teor fica entre 0,2 e 1,7%;
c) ferro fundido: quando esse teor se situa entre 1,7 e 6,7%.
O ferro puro a temperaturas até 910o C (ver Figura 16) se apresenta no sistema cúbico
corpo centrado ou simplesmente cúbico centrado denominando-se ferro- ou ferrita. As forças de
coesão são parcialmente metálicas e parcialmente de covalência.
Nesta forma o carbono é muito pouco solúvel, formando solução intersticial, dissolvendo-
se até cerca de 0,008% à temperatura ambiente e chegando a 0,025% a 723 o C, caindo a
praticamente zero a 910o C. A ferrita é, portanto, ferro cúbico centrado puro ou com pouquíssimo
carbono dissolvido.
A 910o C o ferro se transforma em ferro- ou austenita que tem a forma cúbica de faces
centradas e, nessa forma o carbono é bastante solúvel, podendo conforme a temperatura chegar até
2,06%.
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Figura 18: Diagrama Fe-C mostrando as fases observáveis. Fonte: Van Vlack (1970).
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Na Tabela 1 estão mostradas as faixas de teores de carbono para as ligas de aço das
principais aplicações como materiais de construção civil e outras utilizações.
Tabela 1: Teores de carbono nos aços usados como materiais de construção e outros
2.2 Aços-liga
Além do carbono, o ferro pode ser associado a muitas outras substâncias, com alterações
pronunciadas nas propriedades.
Podem-se citar os elementos que se seguem como usados para fazer liga com o ferro e
aços, seja propositadamente, seja por impurezas no minério.
a) O silício (aço-silício) torna o aço mais macio, com grande elasticidade e quase sem perda de
resistência, daí sua preferência para molas;
b) O oxigênio torna o aço mais frágil e, por isso, difícil de trabalhar;
c) O nitrogênio aumenta a dureza e a fragilidade dos aços;
d) O enxofre e o fósforo, embora danosos para os aços, tornam-nos mais fáceis de usinar,
diminuindo o desgaste das ferramentas empregadas e tornando mais polidas as superfícies. O
fósforo, embora aumente a dureza, rebaixa o ponto de fusão, diminui a plasticidade e a
resistência ao choque. O enxofre torna os aços frágeis a temperaturas elevadas e inadequados
para a laminação a quente;
e) O manganês, na proporção de 0,25 a 1%, aumenta a resistência aos esforços e ao desgaste e a
capacidade de soldagem. Acima de 13% aumenta tanto a dureza que o aço não pode mais ser
trabalhado a frio;
f) O cromo na proporção de 2 a 3% dá grande dureza, resistência à ruptura e à oxidação;
g) O níquel, em proporção abaixo de 7%, dá grande elasticidade, resistência ao choque e à flexão.
Entre 7 e 15%, torna o aço muito friável, e não é recomendado. Acima de 15% torna o aço
inoxidável;
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h) Aços rápidos é o nome dado às ligas de aço com tungstênio, molibdênio e vanádio, porque sua
dureza permanece mesmo a elevadas temperaturas. Por esta razão são usados em ferramentas
de corte rápido, em que a alta velocidade produz calor.
A ABNT NBR NM 172: 2000 classifica os aços de acordo com a composição química da
liga. Os aços são numerados de acordo com uma tabela dada pela norma. Por exemplo, o aço
ABNT 5120 deve ter teor de C entre 0,17 e 0,22, de Mn entre 0,70 e 0,90, de Si entre 0,20 e 0,35,
de Cr entre 0,70 e 0,90, um máximo de 0,035 de P e um máximo de 0,040 de S.
Quanto à presença de outros elementos diferentes do carbono na liga, os aços podem ser
classificados em:
Os aços carbono e de baixa liga possuem preço moderado devido à ausência de grandes
quantidades de elementos de liga, são suficientemente dúcteis para serem conformados e o produto
final é forte e durável.
• Aços ferramenta → aços com dureza suficiente para aplicações de usinagem, são usados
para cortar, conformar e modelar outro material. Atingem dureza necessária com
tratamentos térmicos simples e a mantém em temperaturas operacionais mais altas. Os
principais elementos usados são o tungstênio, molibdênio e cromo;
• Super ligas → ligas com estabilidade em aplicações de alta temperatura como motores a
jato de aeronaves.
O ferro fundido é uma liga Fe-C com 2,5% a 4,0% de carbono. Tem baixo ponto de fusão,
por isso é muito usado para quadros de montagem de máquinas, certas engrenagens, peças para
resistência a abrasão etc. É bem resistente à compressão, mas é baixa a resistência à tração. No
diagrama tensão-deformação do ferro fundido não há proporcionalidade entre tensão e deformação
em trecho algum do diagrama. Tem-se o ferro fundido cinzento e o branco.
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O ferro gusa branco é duro e quebradiço. Não se deixa limar, furar, forjar ou laminar. É
geralmente impuro, não uniforme. Funde-se aos 1100o C, mas fica pastoso e impróprio para
moldagem. Tem coeficiente de ruptura entre 100 e 160 MPa para a tração e 600 e 800 MPa para a
compressão.
Esse é o princípio do tratamento térmico: elevação da temperatura até que haja uma
determinada transformação seguida de um resfriamento controlado com o objetivo de se obter uma
determinada estrutura.
- Melhora da ductilidade;
- Melhora da usinabilidade;
Antes de serem definidos os vários tratamentos térmicos, será feito um rápido comentário
sobre os diversos fatores que devem ser levados em conta na sua realização. Representando o
tratamento térmico um ciclo tempo - temperatura, os fatores a serem inicialmente considerados
são: aquecimento, tempo de permanência à temperatura e resfriamento. Além desses, outro de
grande importância é a atmosfera do recinto de aquecimento, visto que a sua qualidade tem grande
influência sobre os resultados dos tratamentos térmicos.
2.4.1.1.1 Aquecimento
O caso mais frequente de tratamento térmico do aço é alterar uma ou diversas de suas
propriedades mecânicas, mediante uma determinada modificação que se processa na sua estrutura.
Assim sendo, o aquecimento é geralmente realizado a uma temperatura acima da crítica, porque
então se tem a completa austenização (transformação em ferro gama) do aço, ou seja, total
dissolução do carboneto de ferro gama: essa austenização é o ponto de partida para as
transformações posteriores desejadas, as quais se processarão em função da velocidade de
esfriamento adotada. Na fase de aquecimento, dentro do processo de tratamento térmico, devem
ser apropriadamente consideradas a velocidade de aquecimento e a temperatura máxima de
aquecimento.
2.4.1.1.3 Resfriamento
Este é o fator mais importante, pois é ele que determinará efetivamente a estrutura e, em
consequência, as propriedades finais dos aços. Pela variação da velocidade de resfriamento pode-
se obter desde a perlita grosseira de baixa resistência mecânica e baixa dureza até a martensita que
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é o constituinte mais duro resultante dos tratamentos térmicos. Por outro lado, a obtenção desses
constituintes não é só função da velocidade de resfriamento, dependendo também da composição
do aço (teor em elemento de liga, deslocando a posição das curvas em C), das dimensões (seção)
das peças etc. Os meios de resfriamento usuais são: ambiente do forno, ar e meios líquidos. O
resfriamento mais brando é, evidentemente, o realizado no próprio interior do forno e ele se torna
mais severo à medida que se passa para o ar ou para um meio líquido, onde a extrema agitação dá
origem aos meios de esfriamento mais drásticos ou violentos. Na escolha do meio de resfriamento,
o fator inicial a ser considerado é o tipo de estrutura final desejada a uma determinada
profundidade.
2.4.1.2.1 Recozimento
resfriamento do forno ou desligando-se o mesmo e deixando que o aço resfrie ao mesmo tempo
que ele.
2.4.1.2.2 Normalização
2.4.1.2.3 Têmpera
Têmpera por indução: o calor para aquecer a peça pode ser gerado na própria peça por
indução eletromagnética. O controle da profundidade de aquecimento é seguido jogando-se as
variáveis: forma da bobina, espaço entre a bobina de indução e a peça, taxa de alimentação de
força, frequência e tempo de aquecimento.
2.4.1.2.4 Revenido
2.4.2.1 Cementação
Muitas peças de mecânica necessitam ter elevada dureza externa para resistirem ao
desgaste; entretanto, internamente precisam permanecer “moles”, para suportarem solavancos.
A cementação é feita aquecendo-se a peça de aço de baixo teor de carbono, junto com um
material rico em carbono (carburante). Quando a peça atinge alta temperatura (750ºC a 1.000ºC)
passa a absorver parte do carbono do carburante. Quanto mais tempo a peça permanecer aquecida
com o carburante, mais espessa se tornará a camada.
Os carburantes podem ser sólidos (grãos ou pós), líquidos ou gasosos. A qualidade dos
carburantes influi na rapidez com que o tratamento é processado.
2.4.2.2 Nitretação
2.4.2.3 Galvanização
Na zincagem por imersão a quente, também conhecida como zincagem a fogo, a peça
pré-aquecida e limpa é submersa num banho de zinco fundido entre 450 e 480° C e este adere e se
difunde no metal de base que normalmente é aço ou ferro fundido. A difusão promove
transformações, gerando camadas intermetálicas com teores crescentes de zinco até a superfície,
onde permanece uma camada de zinco puro. O controle das condições de entrada, permanência e
saída do banho desta galvanização permitem obter a espessura de revestimento desejada. O
tratamento posterior é normalmente constituído por uma passivação em banho adequado ou por
uma operação de aplicação de um óleo. Ambos os tratamentos se destinam a proteger a superfície
revestida, quer durante a armazenagem, quer durante o transporte.
No cátodo (parte negativa) é colocado a peça a ser beneficiada. No ânodo (parte positiva)
é colocado o metal, que fornecerá os íons (cátions) para a solução eletrolítica. O metal (estado
neutro) se dissocia através da alta corrente elétrica (2000A) ou dissolução química em cátions,
carregados positivamente. Esses cátions ficam dispersos na solução eletrolítica e através de
Notas de aulas de GCI021-Materiais de Construção Civil I - Profa. Leila A. de Castro Motta 36
Um material metálico pode ser submetido a um tratamento mecânico a frio que altere a
sua estrutura cristalina, deformando-a.
Essas deformações criam tensões internas que tornam o material mais difícil de ser
novamente deformado. Os cristais deformados tendem a voltar a condição inicial, mas são
impedidos pela pequena mobilidade devida à temperatura baixa, de modo que essa condição passa
a ser permanente. Naturalmente, o recozimento do material fará com ele se recristalize.
Na Figura 30 tem-se:
P: força aplicada;
Neste tratamento ocorre uma deformação dos grãos por meio de tração, compressão ou
torção, e resulta no aumento da resistência mecânica e da dureza, e diminuição da resistência à
corrosão e da ductilidade, ou seja, decréscimo do alongamento e da estricção. O processo é
realizado abaixo da zona de temperatura crítica (720 °C). Os grãos permanecem deformados e diz-
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se que o aço está encruado. Nesta situação, os diagramas de tensão-deformação dos aços não
apresentam patamar de escoamento definido (Figura 21), torna-se mais difícil a solda e, à
temperatura da ordem de 600°C, o encruamento é perdido. Está incluído neste grupo o aço CA-
60.
P: força aplicada;
2.5.1 Oxidação
Oxidação é o ataque provocado por uma reação gás-metal, com formação de uma película
de óxido. Este tipo corrosão é extremamente lento à temperatura ambiente e não provoca
deterioração das superfícies metálicas. Este fenômeno ocorre durante a fabricação de fios e barras
de aço. A película que se forma sobre as superfícies das barras é compacta, uniforme e pouco
permeável, podendo servir de proteção às armaduras contra corrosão úmida posterior de natureza
Notas de aulas de GCI021-Materiais de Construção Civil I - Profa. Leila A. de Castro Motta 39
eletroquímica. A oxidação é o fenômeno pelo qual o metal reage diretamente com o oxigênio do
ar com o qual está em contato direto.
A reação química que ocorre pode ser representada como mostra a equação (1):
metal + O2 → óxido metálico (1)
Essa difusão é mais intensa se o volume de óxido formado for menor do que o do metal
que se oxidou, o que faz com que a camada seja porosa. Se essa camada for pouco porosa e
firmemente aderente ao metal, o óxido protege eficientemente o restante do metal. É o que ocorre,
por exemplo, com o alumínio e o cromo e é chamada de passivação ou oxidação passiva.
Por outro lado, quando o volume do óxido formado for maior do que o do metal de
origem, surgem tensões de compressão nas camadas de óxido que provocam seu desprendimento,
com a exposição de porções de superfície ainda não atacada, tornando o processo de oxidação mais
rápido. O aumento de temperatura favorece a oxidação devido ao aumento da reatividade do metal
e do oxigênio e aumento da velocidade de difusão através da camada de óxido.
Ocorre também em alguns casos a denominada oxidação seletiva, que consiste em que
um dos componentes de uma liga tende a se combinar mais intensamente com o oxigênio. Isto é
vantajoso, no caso, por exemplo, dos aços inoxidáveis (aço-cromo-níquel) em que o cromo se
oxida formando uma camada de óxido que protege o restante do material. Já no caso de aços
carbono expostos a temperaturas elevadas, esse fenômeno é desvantajoso, pois o carbono se oxida,
formando CO2 que se desprende, reduzindo, portanto, o teor desse elemento no aço, que se torna
mais mole na superfície. Esse fenômeno é denominado descarbonação do aço.
2.5.2 Corrosão
A corrosão é o processo pelo qual partes de um material são removidas devido a uma
reação química. A substância do material reage com uma substância do meio e é removida como
parte de um composto químico resultante. A própria oxidação dá origem a um processo de corrosão
conforme já foi visto. Ataque químico direto, por exemplo, de peças de aço expostas a
determinados ácidos resulta em corrosão dessas peças. Nesses casos o meio possibilita a ionização
do metal, que se torna assim mais fácil de ser removido.
Quando o ferro entra em contato com a água dissolvem-se alguns íons Fe2+ e Fe3+
deixando uma sobra de elétrons no metal (cargas negativas). Se um outro metal for colocado em
contato com a mesma água também se formarão íons, mas não na mesma quantidade. Por exemplo,
se o outro metal for cobre, a quantidade de íons é bem menor.
Quando o ferro entra em contato com a água dissolvem-se alguns íons Fe2+ e Fe3+ segundo
as reações:
Fe Fe 2+ + 2e −
(2)
Fe Fe 3+ + 3e −
Suponhamos que nessa mesma água seja colocado um outro metal “M”, cujos íons se
formam em menor quantidade.
Notas de aulas de GCI021-Materiais de Construção Civil I - Profa. Leila A. de Castro Motta 41
O elemento que forma mais íons e que fornece elétrons para o circuito externo é
denominado anodo e o que recebe elétrons do circuito é chamado catodo.
A presença de uma substância que, dissolvendo-se na água, forma íons, embora não seja
uma causa necessária, intensifica o processo de corrosão.
Quando se colocam em um meio aquoso dois metais diferentes como no exemplo dado,
aquele que forma mais íons terá mais elétrons livres e terá, portanto, um potencial elétrico maior
do que o outro. Essa diferença de potencial permite ordenar os materiais segundo a denominada
série eletroquímica (Tabela 3). Para isso são determinados os potenciais em relação ao hidrogênio
que é considerado elemento de referência. Em um par de elementos desta série, o mais
eletropositivo é que sofre corrosão e será o anodo.
Assim, por exemplo, em uma chapa de ferro galvanizado (coberta com zinco), se a
camada de zinco se rompe deixando aparecer o ferro, o zinco vai sofrer ataque. No caso de ferro
estanhado, se romper a camada de estanho, o ferro é que sofrerá corrosão.
Nos casos reais não é necessário que haja dois metais diferentes para que se estabeleça a
diferença de potencial que dá origem à corrosão, vários outros fatores podem dar origem a essa
condição como:
1) Diferença de composição: duas fases diferentes compondo o mesmo material como, por
exemplo, a ferrita (ferro-) e a cementita (Fe3C) têm tendências diferentes na formação de íons,
Notas de aulas de GCI021-Materiais de Construção Civil I - Profa. Leila A. de Castro Motta 42
no caso a ferrita é o anodo e a cementita é o catodo. Então não existem propriamente anodo e
catodo e sim regiões catódicas e regiões anódicas.
2) Estado de tensão diferente: o estado diferente de tensão cria regiões anódicas nas regiões mais
deformadas pois os átomos, em geral, estão em posições fora do equilíbrio e tendem mais a se
dissolver na forma de íons. Em uma barra de armadura, por exemplo, nas dobras formam-se
regiões tanto mais anódicas quanto maiores as curvaturas. Em um prego, por exemplo, a cabeça
e a ponta são regiões anódicas.
Tabela 3: Série eletroquímica: potenciais de eletrodo de metais (25o C)
3) Diferença existente entre o interor e a superfície dos cristais: nas bordas dos cristais há uma
certa desordem dos átomos, onde, por esta razão, tendem a formar íons com mais facilidade do
que no interior, onde os átomos estão melhor arranjados. Por isso as superfícies ou bordas dos
cristais são regiões anódicas.
4) Diferença de concentração de elementos dissolvidos: a diferença de concentração de
substâncias dissolvidas também tem influência porque, possivelmente, nas regiões de maior
concentração há uma menor tendência de dissolução de íons formando-se, portanto, uma região
catódica.
5) Diferença de temperatura ou de iluminação: a ionização dos átomos é tanto maior quanto mais
alta for a temperatura, formando-se portanto, regiões anódicas onde a temperatura for mais
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elevada. A energia luminosa ativa a ionização e, embora o efeito seja bem menos intenso, as
regiões mais iluminadas tendem a se tornar anódicas.
6) Existência de correntes elétricas no meio.
Portanto, para que haja corrosão basta a existência de duas substâncias ou duas regiões
com tendências diferentes de formação de íons. O contato elétrico sempre existe, pois trata-se do
mesmo material ou quando muito outro material em contato direto. Basta, portanto, a condição de
contato com água (umidade) para que a corrosão se manifeste.
A formação de uma célula de corrosão ou pilha pode ocorrer como indicado na Figura 22
que explica graficamente o fenômeno. Como qualquer outra célula, há um anodo, um catodo, um
condutor metálico e um eletrólito. Qualquer diferença de potencial entre as zonas anódicas e
catódicas acarreta o aparecimento de corrente elétrica. Dependendo da magnitude dessa corrente
e do acesso de oxigênio, poderá ou não haver a corrosão.
generalizada. Quando os anodos são de dimensões reduzidas e estáveis, podem produzir a chamada
corrosão localizada, intensa e perigosa.
A corrosão das armaduras devido à ação dos cloretos é uma das principais causas de
deterioração das estruturas de concreto. Segundo Helene (1993), a ação destes íons é especialmente
agressiva, pois a despassivação da armadura pode ocorrer mesmo com pH elevado. Seu pequeno
raio atômico facilita a penetração na camada de passivação, originando uma corrosão pontual,
porém bastante intensa, reduzindo a seção resistente do aço. A corrosão das armaduras induzida
por íons cloretos é a maior causa de deterioração e degradação prematura de estruturas de concreto
construídas em ambientes carregados de sais, sendo, portanto, a penetração dos cloretos
reconhecida como uma propriedade intrínseca do concreto.
A presença deste íon pode ser explicada através da utilização de matérias –primas
contaminadas durante a mistura do concreto, como agregados, principalmente em regiões
litorâneas, águas salobras ou excessivamente cloradas, aditivos aceleradores de endurecimento ou
de pega, que possuem cloreto de cálcio (CaCl 2) em sua composição, e até mesmo cimentos, pois
os cloretos melhoram as resistências iniciais destes (HELENE, 1993).
Entretanto, em concreto armado podem tornar-se avassaladores. Estes íons são capazes
de destruir a camada passivadora do aço mesmo em ambientes com alta alcalinidade (Figura 23).
Os íons cloretos podem estar presentes no concreto por duas formas. Na forma fixa, quimicamente
combinados com as fases alumino-ferríticas para formar os cloroaluminatos, ou adsorvidos às
paredes dos poros na estrutura espacial do silicato de cálcio hidratado (C-S-H), e na forma livre,
precipitados ou dissolvidos na fase aquosa do concreto.
Notas de aulas de GCI021-Materiais de Construção Civil I - Profa. Leila A. de Castro Motta 46
Fe³+ + Fe²+ + 6Cl- → FeCl3 + FeCl2 ( hidrólise) → 6Cl- + Fe(OH)2 + Fe(OH)3 (11)
Analisando estas reações, verifica -se o fato destas não consumir os íons cloretos,
entendendo-se o porquê, que pequenas quantidades de cloretos podem ser responsáveis por
grandes taxas de corrosão (HELENE, 1986). Normalmente, a corrosão por íons cloretos provoca
o desenvolvimento de uma rede de microfissuras, as quais facilitam ainda mais a penetração
adicional destes íons, culminando no lascamento do recobrimento do concreto (Figura 24), devido
a forças expansivas resultantes da formação da ferrugem, expondo ainda mais a estrutura a este
agente nocivo.
Este é um parâmetro de grande importância para o concreto, pois tem influência direta
sobre a formação da sua microestrutura e da rede de poros, sendo o tamanho e a interconectividade
dos poros os principais fatores controladores do ingresso de cloretos, a umidade, o dióxido de
carbono, pois facilitam ou impedem o deslocamento destes íons no interior do concreto
(PEREIRA, 2001).
De modo geral, a relação água aglomerante (a/ag) possui relação inversa com a resistência
à penetração de cloretos, ou seja, quanto maior a relação a/ag menor será a resistência do concreto
à penetração de cloretos, devido ao aumento da porosidade da pasta do concreto.
Verificou-se que a velocidade de difusão dos íons cloretos aumenta de 4 a 5 vezes com
um aumento da relação a/ag de 0,4 a 0,6. A relação a/ag é o parâmetro principal que influencia a
penetração de cloretos no concreto, devido ao refinamento da porosidade capilar que se obtém
com baixas relações de a/ag. Nestes concretos, os íons cloreto são obrigados a se difundir por
caminhos mais tortuosos e desconectos, o que dificulta seu ingresso para o interior do concreto. O
aumento na penetração de cloretos com a elevação da relação água/cimento para os mais variados
tipos de concretos foi observado por diversos pesquisadores. Pereira (2001), por sua vez, constatou
que, quanto maior a relação água/cimento, maior será a carga total passante, como pode ser visto
na Figura 25.
Notas de aulas de GCI021-Materiais de Construção Civil I - Profa. Leila A. de Castro Motta 48
Figura 25 - Efeito da relação água/cimento sobre a carga total passante. Fonte: Pereira (2001)
2.5.3.3 Temperatura
A temperatura tem papel duplo nos processos de deterioração. Por um lado, o aumento
de temperatura estimula a mobilidade das moléculas, favorecendo seu transporte através da
microestrutura do concreto (HELENE, 1993). Já a sua diminuição pode dar lugar a condensações
no concreto, ocasionando um aumento da umidade do material. No processo de penetração de
cloretos, a temperatura exerce um papel crucial, um aumento de 15ºC para 30ºC praticamente
duplica o coeficiente de difusão de cloretos. Tutti (1982) examinou os efeitos da temperatura a -
20ºC e os resultados sugerem que a velocidade de corrosão é reduzida 10 vezes a cada redução de
temperatura de 20 graus abaixo de 0ºC.
Antes mesmo do seu lançamento na fôrma, o concreto está sujeito às ações do meio, tais
como as variações térmicas e de umidade. Depois de concluídas, as estruturas de concreto passam
por ciclos de temperatura diários (noite e dia) e sazonais. Estes ciclos, segundo Climent et al
(2002), influenciam a umidade relativa interna do concreto, bem como a taxa de corrosão da
armadura.
É considerada atmosfera rural, região ao ar livre, à grande distância das fontes poluidoras
de ar, que se caracteriza por um baixo teor de poluentes. Tal atmosfera tem fraca ação agressiva
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A atmosfera marinha, como o próprio nome sugere, é caracterizada pela região ao ar livre
sobre o mar e próximo da costa. Esse ambiente contém cloretos de sódio e de magnésio, em forma
de cristais ou em forma de gotículas de água salgada. Tais elementos são extremamente agressivos
e contribuem para a aceleração do processo de corrosão das armaduras no concreto, mesmo quando
em pequenas proporções (Figura 26). A velocidade de corrosão em atmosfera marinha é da ordem
de 30 a 40 vezes superior à que ocorre em atmosfera rural.
Existe uma quinta atmosfera, segundo HELENE (1986), a chamada atmosfera viciada,
ocorre em regiões em locais fechados com baixa renovação de ar. Nestes locais pode haver uma
intensificação da concentração e até geração de gases agressivos às armaduras de concreto. O
exemplo mais significativo é a ação do ácido sulfúrico, gerado em coletores e interceptadores de
Notas de aulas de GCI021-Materiais de Construção Civil I - Profa. Leila A. de Castro Motta 52
Como pode ser visto, a umidade relativa tem grande influência sobre o risco de corrosão
da armadura, pois se os poros estiverem saturados, o acesso de oxigênio será limitado e com baixos
valores de umidade a resistividade do concreto é aumentada, minimizando o risco de corrosão
(ANDRADE, 1992).
A resistência do concreto aos diferentes meios agressivos depende, entre outros fatores,
das práticas construtivas, da natureza e tipo dos seus materiais constituintes, assim como da
composição e dosagem do concreto, ou seja, depende do tipo e consumo de cimento e adições, da
relação a/ag e da natureza e diâmetro máximo dos agregados.
O concreto armado é a mistura de dois elementos estruturais, o concreto que tem elevada
resistência à compressão e o aço que resiste à tração. O concreto desempenha uma importante
Notas de aulas de GCI021-Materiais de Construção Civil I - Profa. Leila A. de Castro Motta 54
função na proteção das armaduras, daí o estudo e as normas indicando o correto posicionamento
da armadura dentro dos elementos de concreto.
A mistura de cimento com água gera reações de hidratação que formam conglomerados
sólidos. Devido à quantidade de água ser maior do que a necessária para hidratar o cimento, parte
da água em excesso fica no interior do concreto ou evapora deixando poros. Durante o processo
de mistura do concreto é incorporado ar no material que também vai propiciar vazios nas peças.
Estes poros são um emaranhado de canais e capilares interligados ou não, mas que fazem com que
o concreto apresente certa permeabilidade aos líquidos e gases.
presença de uma certa quantidade de oxigênio, o aço das armaduras encontra-se passivado, isto é,
recoberto de uma capa de óxidos transparentes, compacta e contínua que o mantém protegido por
períodos indefinidos, mesmo em presença de umidades elevadas no concreto.
Esses agentes podem estar contidos na atmosfera, em águas residuais, águas do mar,
águas industriais, dejetos orgânicos etc. O concreto não deve, tampouco, conter agentes ou
elementos agressivos internos, eventualmente utilizados no seu preparo por absoluto
Notas de aulas de GCI021-Materiais de Construção Civil I - Profa. Leila A. de Castro Motta 57
desconhecimento dos responsáveis, sob pena de perder, ou nem mesmo alcançar, essa capacidade
física de proteção contra a ação do meio ambiente.
Para atender aos requisitos estabelecidos na ABNT NBR 6118:2014 (Tabela 4), o
cobrimento mínimo da armadura é o menor valor que deve ser respeitado ao longo de todo o
elemento considerado e que se constitui num critério de aceitação.
a) cnom ≥ Ф barra;
Este ácido reage com alguns componentes da pasta de cimento hidratada e resulta em
água e carbonato de cálcio (CaCO3). O composto que reage rapidamente com (H2CO3) é o
hidróxido de cálcio (Ca(OH)2). O carbonato de cálcio não deteriora o concreto, porém durante a
sua formação consome os álcalis da pasta (ex: Ca(OH)2 e C-S-H) e reduz o pH.
A grande defesa da armadura e a garantia de que esta não sofrerá corrosão é a película
passiva (CASCUDO, 1997). Entretanto, esta camada pode ser perdida e, alguns fatores podem
aumentar o risco de corrosão das armaduras, como: solicitações mecânicas distintas no aço e no
concreto, diferenças na composição química e na superfície do aço e, também, diferenças de
aeração do concreto.
Muitas vezes essas descontinuidades não são suficientes para acarretarem corrosão
diretamente, mas elas contribuem para aumentar o risco de corrosão ou favorecem a aceleração de
uma corrosão já iniciada.
A proteção contra a corrosão pode ser conseguida evitando-se o contato da água com a
substância a ser protegida ou fazendo-se com que se crie um elemento galvânico no qual um metal
é protegido por se tornar catódico.
Este último não é o processo ideal pois poderá haver um esgotamento do material anódico
e ocorrer corrosão do metal que se deseja proteger. Por exemplo, no caso das chapas galvanizadas
a proteção se dá por cobertura com camada de zinco aplicada sobre o aço. Num risco, corte ou
dobra acentuada, rompe-se o zinco, expondo o aço e passa a haver corrosão do zinco. O zinco pode
ser consumido a ponto de deixar exposto o aço em áreas tais que seja possível a formação de
Notas de aulas de GCI021-Materiais de Construção Civil I - Profa. Leila A. de Castro Motta 61
regiões anódicas e catódicas passando a ser corroído. Mesmo o produto da corrosão do zinco pode
dar um aspecto desagradável, o que torna em certos casos desaconselhável o uso desses materiais,
embora em outros casos possa ser utilizado com vantagem. A proteção mais eficiente é obtida por
camadas protetoras que evitem o contato do metal com a água.
Isso pode ser conseguido por aplicação de tintas, vernizes ou esmaltes sobre a superfície
exposta do material, ou pela aplicação de outros materiais que protejam o metal e ao mesmo tempo
se autoprotejam por um mecanismo denominado passivação.
Pode-se fazer também uma proteção aplicando, em vários pontos da região a ser
protegida, peças de metal que devem funcionar como anodo. É o que se faz, por exemplo, em
cascos de navio, especialmente próximo à proa, onde as hélices, de bronze, passam a ser catodos
em relação ao aço do casco; a aplicação de lingotes ou placas de zinco nesta região oferece um
anodo mais ativo que vai ser corroído, poupando o casco, são os anodos de sacrifício.
Outro procedimento para evitar a corrosão consiste em aplicar uma diferença de potencial
entre o metal a ser protegido e o ambiente, de forma a impedir a movimentação de elétrons,
inibindo assim o processo de corrosão.
Os fios e barras redondas para Concreto Armado são normalizados pela ABNT NBR
7480: 2022. Nessa especificação a ABNT faz, inicialmente, a seguinte classificação:
1) De acordo com a apresentação:
a) Barras: são segmentos retos com comprimento normalmente compreendido entre 10 e 12
m de diâmetro nominal maior ou igual a 5,0 mm, obtidos exclusivamente por laminação a
quente;
b) Fios: são elementos de diâmentro nominal inferior ou igual a 10 mm, obtidos por trefilação,
estiramento ou processo equivalente.
2) De acordo com as características mecânicas, conforme a Tabela 6 de condições mínimas.
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Tabela 6: Condições mínimas para as características mecânicas de barras e fios de aço para CA (ABNT NBR 7480:
2022).
Ensaio de
Ensaio de tração (valores mínimos) Aderência
dobramento a 180ºC
Resistência Deformação em Coeficiente de
Limite de Diâmetro do pino
característica de conformação
Categoria
escoamento - fy
resistência - fst 10 (1) (mm)
superficial
mínimo para
kgf/mm2(MPa) kgf/mm2(MPa) (%) < 20 ≥ 20 ≥ 10 mm
CA-25 25 (250) 1,20 fy 18 2 4 1,0
(1) Por entende-se o diâmetro da seção transversal do fio ou da barra de aço, de seção circular, com peso por unidade
de comprimento igual ao da barra ensaiada – diâmetro nominal em milímetros.
As normas técnicas que especificam os tipos e condições dos aços destinados à armadura
de protensão são as seguintes: ABNT NBR 7482: 2020 - Fios de aço para estruturas de concreto
protendido-especificação e ABNT NBR 7483: 2021 - Cordoalhas de aço para estruturas de
concreto protendido-especificação.
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Conforme a resistência à tração são três categorias (150, 160 e 170 kgf/mm 2), os fios
classificam-se em duas categorias para cada diâmetro nominal (ver Tabela 7 e Tabela 8)
Portanto, os fios devem receber a designação conforme segue. Por exemplo: CP-150 RN
7 significa fio para concreto protendido (CP), categoria 150, relaxação normal (RN) e diâmetro de
7 mm.
Notas de aulas de GCI021-Materiais de Construção Civil I - Profa. Leila A. de Castro Motta 64
2.6.2.3 Encordoamento
A cordoalha de sete fios deve ter o fio central com diâmetro nominal pelo menos 2%
maior do que o dos fios externos. Os seis fios externos devem ser firmemente dispostos em torno
do fio central, com um passo de 12 a 16 vezes o diâmetro nominal da cordoalha.
A cordoalha de três fios deve ser produzida com fios do mesmo diâmetro nominal,
firmemente encordoados com um passo de 12 a 16 vezes o diâmetro nominal da cordoalha.
NOTA: O processo de fabricação da cordoalha de três e sete fios deve garantir que os fios
componentes da cordoalha, ao serem cortados com discos, não saiam de sua posição original ou,
caso saiam, possam ser reposicionados manualmente.
A tensão de tração que aparece na barra submetida a um esforço axial de tração é obtida
dividindo-se a força aplicada pela área inicial da seção transversal. Essa tensão determina aumento
de comprimento na barra, que é a deformação.
L − L0
100% (12)
L0
Onde L0 é a base de medida marcada no corpo de prova antes do ensaio e L é a distância entre
essas marcas, após a ruptura, uma vez reajustadas as duas partes da barra rompida da melhor
maneira possível.
Diagrama tensão-deformação
Segue-se um revigoramento; a linha se torna uniforme, mas curva. Neste trecho alcança-
se a tensão t mais alta do ensaio: é o limite de resistência. Finalmente em R o metal se rompe, é
a tensão de ruptura, que tem pequeno valor prático, porque normalmente é inferior à tensão
máxima.
2) Na maioria dos metais, entretanto, o diagrama tem a forma dada pela Figura 38. Nota-se aí o
trecho elástico OA, mas não aparece o escoamento. Convencionou-se, então, adotar para o
mesmo um valor n chamado limite n, obtido do seguinte modo: estabelece-se uma deformação
percentual n% e traça-se uma paralela à inclinação do período elástico passando por n% de
deformação. Esta reta vai cortar a curva em e que será tambem o limite de elasticidade, até o
qual as deformações não são permanentes. O valor n adotado normalmente é de 0,2% para os
aços.
De acordo com a ABNT NBR ISO 6892: 2018, a forma do corpo de prova varia conforme
se tratar de barras (ou de material usinado de seção circular), de chapas, arames ou tubos. As
medidas são normalmente baseadas no valor L0 inicial, chamado base de medida, que é o trecho a
ser submetido ao ensaio.
Preparado, o corpo de prova é levado a uma máquina de ensaios que permita tração axial,
com aplicação dos esforços progressivamente e sem golpes. Essa máquina deve ter dispositivos
que permitam a medida dos esforços, comando e regulagem. No corpo de prova é colocado
extensômetro que permita a leitura do alongamento para determinação da deformação. O ensaio
tem por finalidade determinar o limite de escoamento, o limite n, o alongamento e a estricção.
O ensaio de dobramento simples não tem relação com a fadiga. Só tem por finalidade
verificar a capacidade do metal em ser dobrado até um determinado ângulo sem romper. Nesse
ensaio, regulamentado pela ABNT NBR ISO 7438: 2022, o metal (barra ou chapa) é dobrado em
torno de um pino cilíndrico de diâmetro dado até as duas pontas ficarem paralelas, é o dobramento
de 1800. A amostra não deverá fissurar nem romper. É um ensaio de verificação.
A Figura 39 mostra um desenho esquemático de uma mesa de dobramento vista por cima
e descreve os elementos principais que a compõem, o que facilita o entendimento das tabelas em
seguida
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◦ Pinos suportes: Servem de apoio quando se faz força para dobrar a barra e impedem que
a mesma escape da mesa.
◦ Pino: É o ponto onde se faz o dobramento da barra; o diâmetro interno da dobra será
aproximadamente igual ao diâmetro do pino.
◦ Seta ou flecha: Indica o sentido em que se faz força para dobrar a barra.
A ABNT NBR 6118: 2014 determina as condições que devem ser obedecidas no projeto, na
execução e no controle de obras de concreto armado e nos seus itens 6.3.4.1 e 10.3 informa o
diâmetro mínimo do pino a se utilizar no dobramento de barras, como mostra a
Tabela 9.
Tabela 9 – Diâmetros de pinos utilizados para dobrar armaduras (ABNT NBR 6118: 2014).
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A barra com problema irá compor a armadura e ocorrendo alguma sobrecarga acidental
na estrutura a fragilização pode acontecer neste ponto. Outros cuidados são deixar uma folga entre
o pino de dobramento e os pinos suportes evitando amassar e estrangular o vergalhão durante a
execução da dobra e observar o diâmetro dos pinos suportes que não devem ser muito finos em
relação à bitola do aço a ser dobrado. Como as nervuras do CA50 são altas, estas podem “agarrar”
nos pinos suportes, quando finos, e travar ao fazer o dobramento; como a barra não desliza, podem
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Referências
CALLISTER Jr., W.D. Materials Science and Engineering-An Introdution. seventh Edition, John
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CLIMENT, M. A. et al. A test method for measuring chloride diffusion coefficients through
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HELENE, P.R.L. Manual para Reparo, Reforço e Proteção de Estruturas de Concreto 2ª edição.
São Paulo: PINI, 1992.
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VAN VLACK L.H. Princípios de Ciência dos Materiais, São Paulo: Edgard Blücher, 1970.