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MECÂNICA DOS SOLOS

Mineraisss

Prof. Paulo J. R. de Albuquerque

Fevereiro / 2001
SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO....................................................................................................................3

2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...............................................................................................4

2.2 – Minerais.....................................................................................................................4
2.2.1 – Conceituação......................................................................................................4
2.2.2 – Formação............................................................................................................4
2.2.3 – Classificação......................................................................................................5
2.2.4 – Propriedades.......................................................................................................6
2.2.4.1 – Propriedades Físicas....................................................................................6
2.2.4.2 – Propriedades Químicas..............................................................................10

3 – CARACTERÍSTICAS A SEREM OBSERVADAS NA AMOSTRA..........................................10


1 – Introdução
Desde o início da sua existência na Terra, percebe-se o interesse do ser humano
pelas substâncias naturais no tocante ao seu conhecimento e sua utilização.
Sua maior atenção fixou-se nos minerais e rochas, já que estes podiam servir para
suas necessidades cotidianas, sendo modelados de forma rudimentar.
Posteriormente, quando foram descobertos os metais (ouro, ferro, cobre, etc.), deu
início à investigação e experimentação de todas as rochas que os continham.
Descobertas arqueológicas revelam que povos antigos como Babilônios, Celtas e
Gregos praticavam a extração mineral, porém o grande desenvolvimento em todos os
domínios das ciências geológicas e, conseqüentemente, da mineralogia, data do século
XVIII.
Nas obras de engenharia os solos e as rochas constituem os elementos de
fundações, túneis, galerias, etc.
A pedra britada, o saibro (forma natural); rochas para revestimento (beneficiadas) e
o cimento (industrializada) também são utilizados como materiais de construção.
Assim, na Engenharia, trabalha-se com uma grande variedade de tipos rochosos.
Cada tipo rochoso tem suas características que devem ser conhecidas para que as obras
sejam planejadas e executadas com menor custo e maior segurança.
Deve-se enfatizar que os estudos petrográficos1, quando aplicados à Geologia de
Engenharia, compreendem, além da determinação mineralógica e correta classificação da
rocha, o fornecimento de informações detalhadas sobre sua granulometria, tipo de
alteração (hidrotermal, intempérica) e sua intensidade, presença de minerais secundários,
estado microfissural, microtectônica, etc.
O desempenho dos diferentes tipos rochosos e as condições de uso a que serão
submetidos visa a importância do conhecimento dos minerais formadores de rochas.

2 – Revisão Bibliográfica
2.1 – Mineralogia

1
Petrografia – Ciência que estudas as rochas.
" É a ciência que se ocupa dos minerais, da sua morfologia, da sua composição,
das suas propriedades físicas e químicas sem esquecer as condições de sua “formação.”2

2.2 – Minerais

2.2.1 – Conceituação
Os minerais são combinações químicas naturais, ou, por vezes, mais raramente,
elementos simples (Au, Ag, C), ou ligas que se formam no decurso dos processos
geológicos. A maior parte dos minerais é de composição inorgânica, tendo
excepcionalmente combinações de origem orgânica.
Quando o mineral é formado sob condições favoráveis, adquire uma estrutura
atômica característica, o que condiciona na sua forma cristalina e suas propriedades físicas.
Os minerais devem ser ainda fisicamente homogêneos.
Alguns minerais são amorfos (não têm forma própria) devido ao fato de não
apresentarem estrutura interna definida. Minerais não amorfos ocorrem como cristais, que
são corpos com forma geométricos, limitados por faces, arranjadas de maneira regular e
relacionadas com a orientação da estrutura atômica.
Encontram-se na natureza mais de 3000 espécies de minerais. Os mais abundantes
pertencem à classe dos silicatos. Os mais freqüentes quantitativamente na crosta terrestre
são os minerais constituintes das rochas (quartzo, o feldspato, a mica, a calcita, entre
outros).
Os únicos minerais líquidos considerados são o mercúrio metálico e a água.

2.2.2 – Formação
O estudo da origem dos minerais está intimamente ligado ao da origem das rochas,
já que estas são formadas por minerais. São poucos os minerais que se formam livremente,
em cavidades ou veios, ou pela sublimação de gases encanados dos vulcões. Alguns
minerais podem ter mais de uma forma de origem, aparecendo em circunstâncias bem
diferentes na crosta terrestre.
De uma maneira geral, os minerais podem ser formados pelo resfriamento do
magma, resfriamento de soluções ou gases magmáticos, reações entre substâncias e
intemperismo.

2
Conceito de mineralogia fornecido pela " A Grande Enciclopédia dos Minerais ", pag.08.
Através do processo magmático, formam-se os minerais a partir de silicatos
incandescentes em fusão (o magma), ricos em componentes voláteis. Os magmas contêm,
às vezes, quantidades consideráveis de água, que além de lhes conferir maior mobilidade,
permitindo que os cristais adquiram volumes avantajados, toma parte da composição de
muitos minerais formados.
No estágio final de solidificação do magma, produz-se freqüentemente a separação
de silicatos sob a forma de corpos irregulares, de lentículas e de veios de aspecto
granuloso, os pegmatitos. A estes pegmatitos estão associados numerosos minerais com
grande importância econômica. Neste estágio ocorrem os feldspatos, os quartzos, as micas,
alguns minerais opacos (magnetita e hematita), etc.
Algumas vezes, os minerais destacam-se diretamente dos gases e vapores
incandescentes, a esta formação se dá o nome de pneumatolítica. Por esse processo se
formam o topázio, a turmalina, a fluorita e outros.

2.2.3 – Classificação
É necessário classificar os minerais conforme um sistema que possibilite compará-
los entre si e identificá-los. A classificação dos minerais se dá segundo a sua composição
química e estrutura interna.
Os minerais que têm em comum a composição química, a estrutura interna e as
propriedades físicas constituem a mesma espécie mineral. Os minerais que contêm uma
reduzida quantidade de outro elemento ou aqueles que, embora possuindo a mesma
composição química e a mesma estrutura cristalina, diferem exteriormente da espécie
considerada são referidos como variedades dessa espécie.
Tendo como base esses critérios, os minerais conhecidos são distribuídos por
classes.
Em 1970, Strunz distribuiu os minerais em 9 classes de acordo com o Quadro 2.1.
Quadro 2.1 – Classes de classificação dos minerais segundo Strunz.
1 – Elementos

2 – Sulfaretos (Selênio, telúrio, arsênico, antimônio, bismuto)

3 – Halogenetos

4 – Óxidos e hidróxidos

5 – Nitratos, carbonatos, boratos

6 – Sulfatos (cromatos, molibdatos, volframatos)


7 – Fosfatos, arsenatos, vanadatos

8 – Silicatos

9 – "minerais" orgânicos
Sendo essas classes divididas em subclasses, grupos, subgrupos, espécies e
variedades.

2.2.4 – Propriedades
As propriedades físicas dos minerais, muito importantes para a sua determinação,
serão apresentadas de maneira resumida, na ordem que aparecem nos tratados de
mineralogia.

2.2.4.1 – Propriedades Físicas

 Clivagem – é a propriedade de um mineral se fragmentar segundo direções


determinadas. A clivagem faz parte do grande conjunto de características que
determinam a coesão do mineral. Esta propriedade é uma boa característica de
identificação, pois nem todos minerais apresentam clivagem. Os planos de clivagem
são orientados na direção de menor coesão, ou seja, na direção das ligações mais fracas
entre cada unidade da estrutura cristalina. Ex: Calcita.

 Fratura – é a superfície irregular que alguns minerais apresentam quando rompidos sob
a ação de uma força, diferente do plano de clivagem ou de partição. Os termos usados
mais comumente para exprimir o tipo de fratura são: concóide ou conchoidal, fibrosa
ou estilhaçada, serrilhada, desigual ou irregular. Ex: Quartzo (conchoidal).
 Dureza – é a resistência que oferece à penetração de outro corpo, ou seja, é a
resistência oferecida por uma superfície lisa do mineral ao ser riscado. Na prática,
utilizam-se escalas comparativas, relativas, representadas por certos minerais. A mais
utilizada é a escala de Mohs que comporta dez graus e é constituída apenas por
minerais que, quando pulverizados deixam um pó branco. Para determinação
aproximada, utiliza-se uma escala prática, indicada no Quadro 3.2.
Quadro 3.2 – Determinação da dureza de um mineral.

Mohs Mineral típico Determinação da dureza no campo Escala prática


1 talco material dureza
2 gipso unha 2,5
3 calcita Riscado pela
unha moeda 3,0
4 fluorita Riscado canivete 5,0
pela Riscado pelo
5 apatita moeda quartzo
vidro 5,5
6 ortoclásio Riscado pelo
canivete
porcelana 6,0
7 quartzo quartzo 7,0
8 topázio Riscado pelo
vidro e porcelana
 Tenacidade – é a resistência oferecida pelo mineral ao ser rasgado, moído, dobrado ou
9 coríndon
10triturado.diamante
Também é ima propriedade relacionada com a coesão. Segundo tal
propriedade os minerais podem ser:
 Friáveis – facilmente rompidos e que se reduzem com facilidade a pó. (galena,
pirolusita)
 Maleáveis – possível de ser cortado por uma lâmina de aço. (ouro, cobre)
 Dúcteis – minerais que como o ouro e a prata são redutíveis a fios.
 Plásticos – possível de ser dobrado, mas não volta a forma original, terminada a
tensão que o deforma. (gesso, clorita)
 Elásticos – recupera a forma primitiva, ao cessar a tensão que o deforma, desde que
não tenha atingido o limite de ruptura. (mica)
 Peso específico – corresponde ao peso do mineral em relação ao peso de igual volume
de água, calculado através :

(2.1)

onde:
Par = peso do mineral no ar;
Págua = peso do mineral imersa na água.
O resultado deve ser obtido com precisão de duas casas decimais, para auxiliar a
identificação do mineral. Como o resultado tem relação com a composição e a estrutura
cristalina, o valor é constante para cada tipo de mineral. O peso específico normalmente se
encontra entre 2 e 4, quando encontrado acima de 4, os minerais são denominados pesados.

Propriedades que dependem da luz


 Brilho – é a propriedade que os minerais possuem de refletir a luz. O brilho é
dependente de vários fatores, entre os quais o índice de refração, absorção de luz, as
características da superfície estudada (lisa ou rugosa). O brilho de um mineral aumenta
com a elevação do índice de refração, diminui com a absorção da luz e com a rugosidade
da superfície. O brilho não depende da cor, podendo o mineral apresentar brilho metálico
ou não metálico.Ex: Pirita (ouro de tolo)
 Cor – importante característica de identificação dos minerais, estando relacionada com
defeitos estruturais, composição química ou impurezas contidas no mineral.
Segundo a origem da respectiva cor, a mineralogia separa os minerais em 4 grupos.
1. Incolores (acromáticos) – os raios luminosos atravessam-nos sem absorção na parte
visível do espectro. (diamante, cristal de rocha).
2. Coloridos (idiocromáticos) – a cor resulta da presença de átomos de um dado
elemento próprio do mineral. (azurita – azul devido ao Cu, rodonita – rosa devido
ao Mg)
3. Cor adquirida (alocromáticos) – a cor resulta da presença de átomos de um
elemento que o mineral contém vestígios, como acontece, por exemplo, com certas
variedades de quartzo, de halita, de turmalina, etc. A coloração pode ser
proveniente da presença de núcleos coloridos produzidos por um defeito na
estrutura cristalina sem mistura de outros elementos. (quartzo fumado, ametista,
diamante, fluorita)
4. Aparentemente coloridos (pseudocromáticos) – produzem-se efeitos coloridos no
cristal na seqüência de fenômenos ópticos. (fratura, refração, curvatura, dispersão
ou interferência dos rios luminosos)
 Traço (cor do pó) – é uma excelente característica de identificação para distinguir os
minerais coloridos dos de cor adquirida. O pó pode ser obtido riscando o mineral com
um objeto acerado, ou para uma determinação mais precisa, friccionando-o num
pedaço de porcelana branca dura e não vidrada. Nos minerais opacos de brilho metálico
(óxidos e sulfetos), esta é uma das propriedades avaliadoras para a identificação da
espécie.
 Refração – propriedade que alguns minerais possuem de deixar passar a luz (de um
meio menos denso para outro mais denso); diminuindo a velocidade quando a mesma
atravessa o mineral e muda de direção, obtendo-se deste modo o índice de refração.
Cada mineral apresenta um índice de refração. Sendo esta propriedade utilizada
somente em minerais transparentes. (calcita, diamante, topázio)
 Magnetismo – existem materiais que naturalmente apresentam magnetismo, com a
magnetita e em grau menor a pirrotita; ambos contêm alto teor de ferro em sua
composição sendo desta maneira afetados por um campo magnético, podendo ser
atraídos por um ímã.

2.2.4.2 – Propriedades Químicas


É a propriedade química que determina a classificação dos minerais no sistema
mineralógico.
Quanto às propriedades químicas, é feito apenas um teste utilizando ácido
clorídrico (HCl) diluído. Quando ocorre efervescência ao pingar uma gota do ácido no
mineral, conclui-se que o mesmo é um carbonato.

3 – Características a serem Observadas na Amostra


Para que uma amostra seja identificada macroscopicamente, devem ser feitas as
observações abaixo na seguinte seqüência;
a) Reconhecer o tipo de brilho do mineral: se é metálico ou não metálico;
b) Reconhecer a cor do mineral;
c) Determinar a dureza: é uma propriedade relativa, devendo o mineral ser
enquadrado entre certos valores na Escala de Mohs. Como escala prática usar:

Quadro 3.1 – Escala de Mohs.


Escala Prática
Unha 2,5
Moeda 3,0
Canivete 5,0
Vidro 5,5
Porcelana 6,0
Quartzo 7,0
Obs.: A dureza do mineral será baixa quando estiver entre 1 – 2; média entre 3-5 e, alta,
acima de 5.

d) Reconhecer a cor do traço observado numa placa de porcelana opaca;


e) Identificar o hábito mineral, ou seja, a forma como ele normalmente se apresenta,
como por exemplo: lamelar, prismático, globular, granular, etc.
f) Observar outras propriedades tais como: magnetismo, flexiblilidade, maleabilidade,
clivagem, fratura, reação com ácido clorídrico diluído, etc.

Como os elementos acima obtidos, recorre-se a tabelas de determinação de


minerais, como aquelas em anexo, a fim de selecionar um ou mais minerais que possuam
propriedades semelhantes. Deve-se ter em mente que este é um processo de determinação
simplificado, que utiliza apenas propriedades macroscópicas e fáceis de serem observadas,
não requerendo praticamente equipamento algum. Para um trabalho mais rigoroso, faz-se
necessária à utilização de outras propriedades, como: ópticas, difração de raio X, peso
específico, composição química, etc.
Tabela Simplificada para Identificação de Minerais (Anexo 1)

Clivagem e Outras
Nº Traço Cor Brilho Dureza Nome e Fórmula Emprego
Fratura Propriedades
placas elásticas; Mica (muscovita) Isolante térmico e
1 Incolor incolor, transparente Não metálico 2,0 a 2,5 1 direção
lamelar; escamoso 2H2O.K2O.3Al2O3.6SiO2 elétrico
Mica (biotita)
placas elásticas; Isolante térmico e
2 Incolor Verde e preto Não metálico 2,0 a 3,0 1 direção (H,K)2.
lamelar; escamoso elétrico
(Mg,Fe)2.Al2(SiO4)3
Cosméticos; tintas;
branco; verde; branco lamelar; escamoso, Talco (pedra sabão)
3 Incolor Não metálico 1,0 a 1,5 1direção suporte de inseticida;
amarelado granular e fibroso H2Mg(SiO3)4
velas de motores
branco; incolor; cinza; romboédrico, reação Calcita
4 Incolor Não metálico 3,0 3 direções Fabrica de cimento
vermelho; amarelo com HCl CaCO3
incolor; amarelo;
Fratura prismático; maciço; Quartzo Cerâmica, abrasivos;
5 Incolor verde; fume; violeta; Não metálico 7,0
Conchoidal granular SiO2 vidro e eletrõnica
róseo
incolor; branco; cinza; prismáticos; granular, Gipsita (Gipso)
6 Incolor Não metálico 1,5 a 3,0 Perfeita Construção; gesso
amarelo; vermelho fibroso CaSO4.2H2O

Tabela Simplificada para Identificação de Minerais (Anexo 2)


Nº Traço Cor Brilho Dureza Clivagem e Outras Nome e Fórmula Emprego
Fratura Propriedades

Incolor; branco; cinza;


Clivagem Cúbico; ortaédrico Fluorita Fundente; cerâmica;
7 Incolor róseo; violeta; verde; Não metálico 4,0
perfeita granular; compacto CaF2 fluor
azul
Verde mar; verde
Fratura Prismático; tabular; Apatita
8 Incolor azulado; azul violeta e Não metálico 5,0
conchoidal globular; granular Ca(F,Cl,OH) Ca4(PO4)3
cinza e vermelho
Vermelho carne;
Clivagem em Prismático; maciço; Ortoclásio (feldspato)
9 Incolor incolor; branco; róseio Não metálico 6,0 Porcelana; vidro; cristal
duas direções granular; compacto KalSi3O8
pálido; cinza
Preto
esverdeado, Clivagem Cúbico; maciço; Pirita Minério de fabricação de
10 Amarelo latão pálido Metálico 6,0 a 6,5
preto indistinta granular FeS2 ácido sulfúrico
castanho
Cinza Fratura
Cristais cúbicos; Galena
11 escuro a Cinza chumbo Metálico 2,5 conchoidal a Minério de chumbo
granular; octaédrico PbS
preto plana
Vermelho a Hematita
12 Preta; cinza escuro Metálico 5,5 a 6,5 Tabular; granular Minério de ferro
marrom Fe2O3
Identificação de Minerais
Nome:_________________________________________________________________________________RA_____________Turma______

Clivagem e
Traço Cor Brilho Dureza Hábitos Nome e Fórmula Emprego
Fratura

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