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AS TEXTURAS DE ROCHAS SUB-VULCÂNICAS

Afonso Rodrigues de Almeida

A textura porfirítica é uma textura caracteristicamente formada por duas


populações de cristais. A primeira consiste de megacristais - cristais geralmente
euedrais ou subedrais, relativamente grandes, imersos em uma matriz de
granulação relativamente mais fina. Conceitualmente são chamados
megacristais aqueles que exibem tamanhos maior ou igual a cinco vezes o
maior tamanho daqueles que compõem a matriz. O termo megacristal é
descritivo pois o critério utilizado para sua caracterização é físico (tamanho).

Do ponto de vista genético os megacristais podem ser classificados em


Fenocristais e Xenocristais. Fenocristais são todos os cristais precoces que se
mostram em equilíbrio químico com a matriz. Desse ponto de vista, apatitas
(p.ex) que se mostram inclusas em fenocristais de olivinas são também
fenocristais, mas não são megacristais. Xenocristais são todos os cristais,
precoces ou não, que não se mostram em equilíbrio químico com a matriz.
Exemplos são os cristais de quartzo com manto de biotita e/ou anfibólio
(textura ocelar) observados em dioritos híbridos, com estrutura mingling,
decorrente da mistura heterogênea de magmas. São também xenocristais todos
os cristais restíticos (aqueles que resistiram ao processo de fusão parcial). Desta
forma é preciso tomar cuidado, por exemplo, quando trabalhamos com olivinas
e piroxênios em basaltos. Estes minerais tanto podem ser fenocristais como
xenocristais: Alguns cristais de olivina e/ou piroxênios podem ser restíticos e se
diferenciam dos fenocristais por se mostrarem deformados, imersos em uma
matriz com deformação ausente. Isso também pode ser observado em riolitos,
ou seja, cristais de K-feldspatos podem ser restíticos em riolitos. Veja que em
ambos os casos, K-feldspatos e olivinas mostram composições químicas
compatíveis com suas respectivas matrizes, mas nem por isso são fenocristais.

A matriz observada em rochas porfiríticas tanto pode ser afanítica


(cristais não individualizáveis a olho nú) quanto fanerítica (cristais
individualizáveis a olho nú). Se a matriz é afanítica, a rocha é classificada como
vulcânica, se fanerítica, a rocha é plutônica. É um dos critérios mais importantes
na distinção entre fácies magmáticas de facies piroclásticos, resedimentados
vulcanoclásticos e depósitos sedimentares volcanogênicos. Diz-se que uma
textura é Glomeroporfirítica quando um pequeno número de fenocristais se
mostra agrupado. Mais uma vez chamamos a atenção para a existência de
nódulos restíticos. Eles não podem ser confundidos com glomeropórfiros. O
critério, mais uma vez, é estrutural, ou seja, a presença ou ausência de
deformação.

A textura porfirítica geralmente é interpretada como formada a partir de


magmas que se resfriaram e se cristalizaram em duas etapas. Neste caso, os
fenocristais cresceram precocemente em um estágio intratelúrico que em função
da alta temperatura ambiente, propiciou um resfriamento mais lento do
magma. Quando o magma entra em erupção (alcança a superfície), ele traz
consigo estes cristais precoces imersos no líquido magmático. Após a erupção, a
solidificação relativamente rápida do líquido magmático resulta na formação da
matriz. Em alguns casos, o líquido magmático é resfriado tão rapidamente que
ao invés de cristalizar, consolida para formar vidro vulcânico, com ou sem
supressão de cristais “quenching”; caso contrário, o líquido magmático
cristaliza para um agregado finamente granulado de cristais interligados.

A abundância de fenocristais em rochas que compõem intrusões sub-


vulcânicas varia desde muito escasso (1 volume %) até cerca de 55% do volume.
A escala de tamanho destes cristais é igualmente ampla, desde cerca de 1 mm a
3 cm. Em corpos vulcânicos constituídos por um único fluxo de lava, a
mineralogia (assembleia de fenocristais), a abundância e a distribuição dos
fenocristais são, na maioria dos casos, razoavelmente constantes. Essas feições,
portanto, fornecem um meio de distinguir e mapear unidades diferentes, numa
sequência de lavas e são também a base mais confiável para estimar a
composição química primária dos magmas, no campo.
Porque os fenocristais crescem relativamente devagar e estão imersos em
líquido magmático, eles são tipicamente euédricos ou subédricos, inteiros e não
quebrados. No entanto, as formas originais dos fenocristais podem ser
modificadas se o ambiente químico ou físico muda. Os principais processos de
modificação de forma são a) a reabsorção parcial, que resulta em contornos
arredondados e embainhados e b) reação com o líquido magmático, o que gera
coroas (mantos) de minerais finamente granulados em torno dos fenocristais.
Fenocristais de quartzo em lavas silícicas e intrusões sub-vulcânicas
comumente mostram os efeitos da reabsorção. Eles em situação normal, se
mostram com um hábito prismático dihexagonal, mas ao sofrerem reabsorção
se exibem embainhados (golfos de corrosão) e parcialmente arredondados.
Durante a ascensão e a erupção do magma contendo fenocristais de quartzo, a
solubilidade SiO2 aumenta no líquido magmático à medida que a pressão
diminui e, consequentemente, os fenocristais de quartzo que estavam
inicialmente em equilíbrio com o líquido magmático são parcialmente
reabsorvidos, especialmente uando o líquido residual é rico em ácido
fluorídrico.

Por outro lado, reentrâncias de reabsorção (Golfos de corrosão) e bordas


de reação podem também ser interpretadas como o reflexo do desequilíbrio
entre cristais restíticos e o líquido magmático e são especialmente importantes
no reconhecimento de xenocristais. Estes são cristais que não cristalizaram a
partir do magma hospedeiro, mas acidentalmente foram incorporados de uma
fonte externa, como p. ex. as paredes das rochas encaixantes. Xenocristais
podem compreender fases minerais incompatíveis com ou atípicas na
composição do magma hospedeiro. Mistura de magmas porfiríticos, pouco
antes da erupção podem resultar também em texturas de desequilíbrio,
assembleias complexas de fenocristais e distribuições heterogêneas de
fenocristais.

Em lavas e intrusões não deformadas, os fenocristais são às vezes


fraturados e quebrados. Os fragmentos derivados de um fenocristal comumente
formam um cluster que exibe uma textura jigsaw-fit (fragmentos angulosos
cimentados por material magmático, como se fora fragmentos de casca do ovo
mergulhados na clara/gema), embora alguns fragmentos podem ser girados e
separados do resto. O fraturamento dos fenocristais imersos em magmas pode
resultar de cisalhamento durante o fluxo; vesiculação rápida de líquido
magmático adjacente, ou descompressão durante a subida e erupção.
Fragmentação in situ de fenocristais também pode ser causada por quenching e
hidratação do magma adjacente.

Na maioria dos casos, a textura porfirítica pode ser reconhecida com


confiança no campo, em amostras de mão e em pequenos afloramentos e
prontamente confirmada pelo exame de secção delgada. No entanto, é
imperativo incluir todas as informações disponíveis sobre o litofacies antes de
concluir que uma amostra porfirítica pertence a um corpo de magma seja ele
uma intrusão ou fácies autoclástico relacionado. Fenocristais euédricos,
aparentemente uniformemente distribuídos também ocorrem em algumas lava
e depósitos piroclásticos reomorphicamente soldados (Henry et al., 1988).
Embora produzidos por erupções piroclásticas, a textura vitroclástica nestes
depósitos é quase completamente superimposta por desvitrificação e soldagem
de componentes vítreos de alta temperatura. Rochas piroclásticas são
conhecidas apenas em seqüências vulcânicas subaérea. Muitos exemplos têm
composições peralcalinas e/ou podem ser inferidos ter erupcionado em
temperatura anormalmente alta. Textura porfirítica aparente também pode
ocorrer em depósitos de pedra-pomes - não soldados - em que a alteração e
compactação diagenética máscara os contornos dos clastos nos pedra-pomes
porfiríticos.

Para a análise de uma rocha com textura porfirítica sugerimos a


descrição de 1°) A assembleia de fenocristais dando sua ordem de cristalização

Textura Vesícular
Vesículas resultam da ex-solução de compostos voláteis a partir de
lavas, intrusões rasas e tufos densamente soldados e se acumulam em bolhas,
que foram permanentemente aprisionadas durante na solidificação e
preservadas. Vesículas também são formadas por bolhas de vapor dentro de
alguns depósitos de cinzas finamente granuladas, úmidas, geradas por
erupções explosivas (Lorenz, 1974; Rosi, 1992). Amígdalas são vesículas antigas
que foram parcialmente ou completamente preenchidas com minerais
secundários.

Vesículas são comuns em fluxos de lava silícicas, intermediária e máficas,


em ambiente subaéreos e subaquáticos. Variações no tamanho, forma e
abundância nas lavas refletem a interação de vários controles, incluindo
conteúdo voláteis do magma original e viscosidade, taxas de descompressão e
difusão, coalescência e interferência de vesículas adjacentes e deformação
durante o fluxo. Alguns fluxos basálticos subaéreos consistem em uma zona
superior e às vezes uma inferior rica em vesiculas, separada por um zona
interemediária pouco vesiculada. A zona superior do derrame é mais ampla,
mais vesicular e contém bolhas maiores do que a zona inferior, provavelmente
como resultado da coalescência de bolhas ascendentes durante a solidificação
(Sahagian et al., 1989).

Dimroth et al. (1978) observou um aumento equivalente em


vesicularidade nos topos dos fluxos subaquáticos basálticas no Arqueano do
Quebec, Canadá. Um padrão diferente ocorre em " lavas pahoehoe esponjosas"
(Walker, 1989b): aí as vesículas são esféricas e aumentam de tamanho e
abundância simetricamente para dentro, ou seja, das margens aos centros de
unidades de fluxo de lava (19,6). Esta distribuição é interpretada resultar do
crescimento de vesículas e coalescência em lava estática, que tem uma
apreciável coesão interna (viscosidade) e é principalmente desenvolvida em
partes distal medianas dos fluxos basálticos subaérea. Vesículas tubulares são
cavidades cilíndricas delgadas de até vários milímetros de diâmetro e dezenas
de centímetros de comprimento (16.1, 17,2). Eles são comumente encontrados
perto das bases dos fluxos de lava pahoehoe subaéreas (Waters, 1960);

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