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Introdução à Geofísica Experimental

Book · April 2011


DOI: 10.13140/2.1.3631.5522

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Marco Ceia
Universidade Estadual do Norte Fluminense
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CENTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA-CCT
LABORATÓRIO DE ENGENHARIA E EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO-LENEP

Apostila de Métodos Geofísicos


Experimentais

Introdução à Geofísica
Experimental

Apostila para a disciplina de Métodos Geofísicos


Experimentais – Curso de Graduação em Engenharia e
Exploração de Petróleo.

VOL. I - FUNDAMENTOS DE AQUISIÇÃO DE DADOS GEOFÍSICOS,


GPS, MAGNETOMETRIA, ELETRO-RESISTIVIDADE.

Prof. Marco Antônio Rodrigues de Ceia

Macaé abril de 2011

1
Sumário

Introdução 3
Fundamentos de Aquisição de dados Geofísicos 4
Posicionamento 11
Sistema de Posicionamento Global 20
Magnetometria 32
Eletro-resistividade 47

2
1-Introdução

A Geofísica é uma das atividades de investigação da sub-superfície que tem por


finalidade produzir imagens baseadas no mapeamento de certas propriedades físicas na
superfície, cujos valores refletem a influência das propriedades físicas características de
cada camada ou estrutura em sub-superfície.
Na exploração de recursos naturais, as imagens obtidas pelos Métodos Geofísicos
possibilitam a identificação, a delimitação e a quantificação de jazidas ou reservas naturais.
Estes métodos também são empregados no monitoramento de reservatórios de petróleo
durante ao longo do tempo de produção, no mapeamento de plumas de contaminação, na
localização de objetos enterrados e muitas outras aplicações.
O objetivo deste trabalho é proporcionar aos alunos da disciplina de Métodos
Geofísicos Experimentais um texto que sumariza os conceitos abordados nas disciplinas
pré-requisito (Métodos Geofísicos I, II e III), porém com enfoque mais prático, de modo a
auxiliá-los na execução das tarefas pertinentes a disciplina. Desta forma são abordados, os
métodos geofísicos como: Magnetometria e Eletro-resistividade, as técnicas de campo, os
equipamentos e noções de controle de qualidade, processamento e interpretação de dados
geofísicos. Além disso, noções de posicionamento das estações utilizando o sistema de
posicionamento global, também são abordadas.
Recomenda-se aos alunos a leitura dos textos de referências para um conhecimento
mais aprofundado dos temas aqui abordados.

3
2-Fundamentos de Aquisição de dados Geofísicos
Nos levantamentos geofísicos as medições são efetuadas em pontos na superfície do
terreno. Estes pontos de medidas são usualmente chamados de estações (Fig. 1). Um
conjunto de estações alinhados numa mesma direção é chamado perfil ou linha de medida
(Fig. 2). Um conjunto de perfis ou um agrupamento de estações que cubram uma
determinada área é chamado de malha (ou “grid”), conforme pode ser observado na Fig. 3.

9999
9999 9999 9999

Figura 1 – Estação de Medida Figura 2 – Perfil geofísico

9999 9999 9999 9999 9999

9999 9999 9999 9999 9999

9999 9999 9999 9999 9999

Figura 3 – Malha

Planejamento das Estações

O planejamento da localização das estações de medidas deve obedecer alguns


critérios:
1. A orientação geralmente é transversal a direção do alinhamento das estruturas
(“strike”) a serem observadas. Isto é feito tendo como base informações pré-
existentes (mapas geológicos, levantamentos geofísicos anteriores, topografia, etc.).
2. O espaçamento entre as estações deve ser tal que se consiga observar as
descontinuidades ou estruturas isoladas (e de interesse) na sub-superfície.
3. Acessibilidade. As estações devem ser colocadas em lugares em que é possível o
acesso.
4. As estações de ser colocadas longe de fontes de ruído.

4
A Fig. 4 ilustra um exemplo de posicionamento de estações em sentido transversal ao
“strike”.

L1 * * * * * * * * *
L2 * * * * * * * * *
L3 * * * * * * * * *

Strike
Figura 4 - exemplo de posicionamento de estações em sentido transversal ao “strike”
geológico.

Quanto maior o número de estações, mais detalhada será a imagem da sub-


superfície, entretanto mais demorado será o levantamento de dados (trabalho de campo).
Como pode ser observado na Fig. 5, se este parâmetro não for bem estimado, determinadas
estruturas podem não ser percebidas durante o levantamento.

Distância Distância
* * * * *
Profundidade

Profundidade

o
Observado
Observado

o o o o

Figura 5 – Ilustração da influência da escolha do número de estações no detalhamento das


estruturas em sub-superfície.

Deve-se lembrar que em alguns casos o ponto de medida é exatamente onde estão
situados os instrumentos de medição, como no caso da magnetometria, em outros, o ponto
de medida situa-se a meio caminho entre os instrumentos de medição, que é o caso da
reflexão sísmica, onde o ponto de medida situa-se equidistantemente entre a fonte
(transmissor) e o geofone (receptor), como mostrado na Figura 6.

5
* *

9999

Figura 6 – Ilustração da posição do ponto de medida. Na figura da esquerda o ponto situa-


se exatamente onde está o instrumento de medição (magnetometria) enquanto que na figura
a direita o ponto situa-se equidistantemente entre a fonte (transmissor) e o geofone
(receptor) (reflexão sísmica).

Profundidade de Investigação
Depende das propriedades físicas das estruturas em sub-superfície, das
características do método e do tipo de equipamento utilizado (Ex. potência da fonte,
sensibilidade do receptor, etc.).

Etapas da Prospecção Geofísica

•Caracterização Geológico-Geofísica do Alvo


Estudos Geofísicos •Propriedades físicas dos materiais
Preliminares •Razão Sinal-Ruído
•Condições Operacionais

Planejamento •Preparação da Área e estratégia de medição

Aquisição de Dados

Processamento de Dados

Interpretação de Dados

6
Ruídos
Consideram-se ruídos sinais indesejáveis que se somam ao sinal medido e que podem
resultar em interpretações errôneas dos dados adquiridos. Os ruídos podem ser classificados
da seguinte forma:

Instrumentais: Devidos a erros nos instrumentos. Ex. ruídos elétricos, eletrônicos,


partes mecânicas descalibradas, etc.
Operacionais: Erros na observação das leituras. Não cumprimento de exigências do
método. Frequentes em regiões de topografia acidentada ou vegetação densa.
Terreno: Contribuição de heterogeneidades do subsolo sem importância para a
campanha (ruídos geológicos e topográficos).
Parasitários: Produzidos por ventos, campos naturais e obras humanas (ruídos
culturais ou humanos).

Uma medida pode ser descrita como uma função do sinal (S) e do ruído (R). Quanto
maior a razão S/R, melhor a qualidade dos dados. Uma razão S/R baixa pode impossibilitar
a aplicação dos métodos Geofísicos, pois as medidas se mostrarão como um amálgama de
efeitos indistinguíveis (Luiz & Silva, 1995).
Durante os levantamentos de campo, deve-se tomar cuidado para minimizar estes
ruídos. Esta tarefa começa já na escolha do equipamento mais adequado, o qual deve ter o
mínimo de ruído eletrônico possível. Instrumentos com partes mecânicas têm que estar
calibrados. Deve-se observar as exigências operacionais do método utilizado, com atenção
na leitura dos dados. Fontes de ruídos parasitários devem ser evitadas, tanto quanto
possível. Um exemplo é afastar-se de linhas de transmissão, no caso dos métodos
eletromagnéticos.

Sinais
Na maior parte dos levantamentos geofísicos, os sensores registram a propriedade
física correspondente ao método utilizado e fornece com saída um sinal elétrico,
correspondente a medida efetuada. Muitas vezes a quantidade de medidas de campo é
muito grande e as operações com as mesmas são complexas, sendo necessário, para realizar
estas operações de modo efetivo, rápido e econômico, a utilização de computadores
digitais. As medidas registradas analogicamente devem, portanto, ser convertidas em sinal
digital, numa operação chamada DISCRETIZAÇÂO ou DIGITALIZAÇÂO (Fig. 7).
As principais características de um sistema de digitalização são: a precisão de
amostragem (faixa dinâmica) e a freqüência de amostragem. A faixa dinâmica (“dynamic
range”) é uma expressão da razão entre a maior amplitude e a menor amplitude
mensuráveis (Kearey et al., 2009). A frequência de amostragem (“sampling frequency”) é o
número de pontos de amostragem por unidade de tempo ou de distância. O inverso da
freqüência de amostragem chama-se intervalo de amostragem.
Pode-se reconstruir digitalmente um sinal analógico, sem perda de informação,
desde que a freqüência de amostragem seja muito maior que a freqüência mais alta da
função amostrada. Entretanto se houverem freqüências acima da freqüência de Nyquist no

7
sinal amostrado, isto resultará numa séria forma de distorção chamada de falseamento
(“aliasing”).

fN 1 2 t
Onde:
fN =Freqüência de Nyquist;
t =Intervalo de Amostragem.

Figura 7 – Ilustração do processo de digitalização ou discretização de um sinal analógico.


Modificado de Luiz & Silva, 1995.

Exibição de Dados Geofísicos

Os dados geofísicos podem ser exibidos de diversas maneiras. Por exemplo, dados
relativos a uma única estação podem ser exibidos como curvas da propriedade física
medida ao longo do tempo ou da freqüência. Geralmente, este tipo de gráfico está associado
a: verificação da qualidade do sinal ou análise de variações em profundidade da
propriedade estudada. Variações laterais das propriedades físicas podem ser analisadas
através da plotagem das informações de diferentes estações ao longo de um perfil. Outra
forma de exibição consiste em utilizar mapas de contorno de curvas de iso-valores, obtidas
através dos dados das estações. Este tipo de exibição é conveniente para se obter a
delimitação 2D das variações da propriedade física estudada. Por último, a visualização 3D,
possibilita a exata delimitação 3D das variações da propriedade física estudada, sendo
extremamente útil para a quantificação de jazidas ou reservas.

8
Perfil 0

60
50
40
g (mGal)

30
20
10
0
0 2 4 6 8 10 12

Distância (m)
Distâ ncia (m)

40 40 30

Perfil 1 40 40 40
60
50
50 40 40
40
g (mGal)

30 50 50 50 30
20
10
0
50 50 50 40
0 2 4 6 8 10 12
Distâ ncia (m) 50 50 50 40

Perfil

Figura 8 – Painel Esquerdo – Perfis gravimétricos exibidos individualmente e em mapas de


iso-valores. Painel Direito - Mapa de contorno obtido a partir da interpolação dos dados dos
perfis.

Em relação aos mapas de contorno, estes podem ser exibidos em diversas escalas de
cores (Fig. 9). O objetivo das escalas de cores é sempre facilitar a interpretação dos dados
associando a variação da propriedade física estudada ao contaste entre as cores de uma
determinada escala.

Figura 9 – Painel
Esquerdo: Mapa de
contorno em escala de
cinza. Painel Direito:
Mapa de contorno em
escala de cores
(“rainbow”)

9
Operações de Campo

As operações de campo, por vezes, constituem-se em atividades perigosas e com


condições insalubres, podendo ocorrer em locais inóspitos ou de ocupação humana sub-
regular. Convém-se atentar para as normas de segurança pertinentes a cada metodologia,
bem como a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI), como: botas, camisas
de manga comprida, calças compridas, óculos de proteção (principalmente em locais com
vegetação densa), óculos de sol (locais abertos com forte exposição solar), perneiras,
repelentes e capacetes. Recomenda-se estar com os esquemas de vacinação atualizados, em
especial contra: febre amarela, tétano e difteria.
Em relação à forma de levantamento de dados, estes podem ser terrestres (com
deslocamentos a pé ou por veículos), marítimos ou aéreos. Alguns destes métodos podem
ser empregados em poços, numa operação denominada de Perfilagem de Poços (também
chamada de Geofísica de Poço).

IMPORTANTE: Nas atividades de campo da disciplina de Métodos Geofísicos


Experimentais, recomenda-se a utilização de calças compridas, bonés, botas ou tênis
fechados e a aplicação de protetor solar.

Métodos Geofísicos

Os principais métodos geofísicos podem ser classificados nas seguintes áreas:

Métodos Sísmicos: Refração, Reflexão, VSP, etc.


Métodos Potenciais: Gravimetria, Magnetometria e Radiometria.
Métodos Elétricos e Eletromagnéticos: Geo-radar (GPR), LOTEM,
Magnetotelúrico.

Nesta apostila serão abordados alguns dos métodos geofísicos referentes aos experimentos
a serem realizados durante as aulas.

10
3-Posicionamento

A relevância do posicionamento das estações de medida pode ser entendida pela


frase abaixo:

“A melhor e mais acurada medida geofísica não serve para nada se não se souber aonde ela
foi realizada”

O conhecimento da localização precisa das estações é parte crucial das operações de


campo, uma vez que auxiliam na integração dos dados de diversas estações e/ou perfis,
resultando numa interpretação mais acurada das estruturas em sub-superfície. Também é
essencial na locação de poços, na delimitação e na quantificação de jazidas ou
reservatórios.
As estações de medida costumam ser plotadas em mapas (Fig. 10), desta forma a
utilização de um sistema de coordenadas se faz necessário.
O exemplo da Fig. 10 utiliza um sistema local de coordenadas, a partir de um
determinado ponto de referência. Na prática costuma-se utilizar as coordenadas do ponto
em latitude e longitude, ou outros sistemas de coordenadas de aceitação internacional.

0 50 100
0

10 * * * * * * * * *
20 * * * * * * * * *
*
30 * * * * * * * * *

Ponto de Origem = Referência

Figura 10 – Exemplo de mapa de localização de estações de medidas.

O sistema de coordenadas geográficas, onde as latitudes e longitudes são expressas


em graus, minutos e segundos, tem como base, a representação da Terra como uma esfera
(Fig. 11).

11
Localização absoluta – LAT/LONG (Graus, Min.,Seg.)
Coordenadas Geográficas

Figura 11 – Ilustração dos sistemas de coordenadas geográficas

No sistema de coordenadas geográficas, a representação das estações em mapas 2D


exige que se utilize uma projeção das coordenadas esféricas num plano cilíndrico (Fig. 12).
Isto acarreta distorções, principalmente nos pólos.
Uma desvantagem de se utilizar o sistema de coordenadas geográficas em mapas 2D
é que a distância entre as estações não é facilmente mensurável utilizando-se uma régua ou
escala. Normalmente, cálculos mais complicados precisam ser efetuados.
Outro sistema de coordenadas bastante utilizado para localização das estações de
medidas é o sistema UTM (“Universal Transverse Mercator” ).

Equador

Greenwich
Projeção Cilíndrica

•Grande distorção nos pólos.


•Maior distorção no eixo N-S.

Figura 12 – Ilustração da Projeção cilíndrica dos das coordenadas geográficas.

12
Uma vantagem do sistema UTM é que ele é expresso em metros, facilitando o
cálculo das distâncias em mapas 2D. Este sistema utiliza 60 projeções de rotação do
cilindro ao longo do equador (zonas UTM) de modo a diminuir a distorção no eixo N-S
(Fig. 13). Cada zona UTM equivale a 6º de longitude.

Transversal ao plano
do equador

•Menor distorção na direção N-S.


•Usa 60 projeções de rotação do cilindro ao longo do equador (zonas UTM).
•Cada zona UTM = 6º

Figura 13 – Ilustração do conceito dos sistemas de coordenadas UTM.

•Imagine a Terra como uma laranja, com pólos, linha do equador,


paralelos e meridianos desenhados sobre ela.

• Imagine usar uma faca e retirar dois pequenos círculos no pólo


norte e no pólo sul. Fazendo um corte na casca da laranja na direção
norte-sul e repetindo este corte norte-sul a intervalos iguais, obter 60
zonas ou fusos destacados.

•Cada uma destes fusos formará a base de uma projeção de um


mapa. O achatamento necessário para projetar a superfície curva da
casca da laranja em uma superfície plana pode ser visualizado
forçando esta tira de casca laranja nesta superfície.

•Comprimindo seu centro, podemos forçar a casca a ficar plana até


tocar totalmente a superfície lisa. Esta ação de planificação resulta
em uma distorção leve das características geográficas dentro deste
fuso. Mas, sendo o fuso relativamente estreito, a distorção é
pequena e pode ser ignorada pela maioria dos usuários de mapas.

Figura 14 – Conceito do sistema de coordenadas UTM.


13
Figura 15 – Zonas UTM.

Características da Zona UTM

Meridiano Central - meridiano intermediário aos dois meridianos secantes ao


cilindro. No meridiano central, o fator de redução de escala (ko) é de 0,9996
originado pela particularidade da secância do cilindro e elipsóide.
As coordenadas UTM são expressas em metros.

Eastings (E)
Northings (N)

14
Figura 16 – Ilustração das características das coordenadas UTM.
Mapas – UTM

Para evitar coordenadas negativas, é atribuído o valor 500.000 m (“false easting”)


ao meridiano central. Assim, para os 6° de amplitude do fuso, o eixo E varia de
aproximadamente 160.000 m até 840.000 m para cada fuso.
Para o eixo N, a referência é o equador e o valor atribuído depende de hemisfério.
Quando tratamos de regiões no hemisfério norte, o equador tem um valor de N igual
a 0 m.
No hemisfério sul, o equador tem um valor N (false northing) igual a 10.000.000
m.

Elipsóide/Datum

-Elipsóide de Revolução: Superfície adotada como referência para os cálculos de posição,


distâncias, direções e outros elementos geométricos da cartografia.

a = semi-eixo maior do elipsóide


b = semi-eixo menor do elipsóide
f = achatamento do elipsóide = [(a-b)/a]

Figura 17 – Ilustração de elipsóide de revolução.

Na tabela abaixo são mostrados alguns dos principais elipsóides utilizados no


Brasil:

ELIPSÓIDE a f
South American 1969 6378160 298.25

WGS 84 6378137 298.257223563

Hayford 6378388 297.0

Tabela 1 – Elipsóides de revolução.

15
Elipsóides & Geóides

A aproximação da forma da terra por um elipsóide é matematicamente simples,


todavia não reproduz a realidade. Modelos matemáticos mais complexos são utilizados para
incorporar as distorções devido à topografia e ao formato irregular da superfície terrestre.
Estes modelos são chamados de geóides (Fig. 18). Em geral eles conseguem ajustar as
superfícies topográficas relativas às grandes cadeias de montanhas e depressões, porém
nem sempre conseguem ajustar as variações da topografia local.

Figura 18 – Exemplos da superfície do elipsóide, do geóide e da topografia real.

Transformação de Coordenadas

- Coordenadas Cartesianas (x,y,z)


- Superfície de Referência: Elipsóide de Revolução;

Figura 19 – Equações para transformação de coordenadas.


16
Segue abaixo uma lista com “websites” onde podem ser encontrados programas para a
conversão de coordenadas. Alguns deles permitem executar programas online.

• http://www.resurgentsoftware.com/geomag.html
• http://www.epa.gov/athens/learn2model/part-two/onsite/ll-dms.htm
• http://www.eosgis.com/
• ftp://ftp.unb.br/pub/download/ig/util/gencoord.zip
• http://www.oasisphoto.com/navigation/convert_form.php

Determinação do Meridiano Central da UTM

A Fig. 20 mostra um mapa de zonas UTM correspondentes ao território brasileiro e


os respectivos meridianos centrais de cada uma dessas zonas.

Figura 20 - Mapa de zonas UTM correspondentes ao território brasileiro e os respectivos


meridianos centrais.

Exemplo de Mapa UTM

A Fig. 21 mostra um mapa magnético da região norte fluminense, com as


coordenadas tanto geográficas quanto UTM. Neste exemplo pode-se facilmente determinar
a distância entre Campos dos Goytacazes (RJ) e Farol de São Tomé (RJ) com base nas
coordenadas UTM.

17
Pavie G., 2001

Figura 17 – Mapa magnético de parte da região norte fluminense. Notar que as coordenadas
estão tanto em UTM quanto no sistema geográfico.

Referências
Luiz, J.G. & Silva, L. M. C. 1995. Geofísica de Prospecção. Vol. I. Editora Universitária
UFPA. Belém-PA.

Kearey, P., Brooks, M. & Hill, I. 2009.Geofísica de Exploração. Ed. Oficina de Textos. Sob
licença da Blackwell Publishing Company (UK).

http://www.gpsglobal.com.br/Artigos/Cartografia/Proj_utm.html

http://www.colorado.edu/geography/gcraft/notes/mapproj/mapproj_f.html

http://www.mundogps.com/cartografia/articulos.asp?id_articulo=249&pagina
=1

18
http://exchange.manifold.net/manifold/manuals/5_userman/mfd50Projections
_Tutorial.htm

19
4-Sistema de Posicionamento Global

Atualmente na maioria dos levantamentos geofísicos, o posicionamento das


estações de medida é feito utilizando-se os equipamentos de GPS (“Global Positioning
System”) ou Sistema de Posicionamento Global.

O que é o GPS?

É um sistema de radio-navegação desenvolvido pelo Departamento de defesa dos EUA,


com o intuito de ser o principal sistema de navegação das forças armadas norte-americanas.

Como funciona?

Através da captação sinais de rádio emitidos por uma constelação de satélites artificiais que
giram em torno da Terra, é possível determinar as distâncias entre a antena receptora e estes
satélites, de modo que, conhecendo-se as coordenadas dos satélites em um sistema de
referência apropriado, pode-se calcular as coordenadas da antena receptora no mesmo
sistema de referência.

Curiosidades

•Foi concebido pelo Departamento de Defesa dos EUA no início da década de l960, sob o
nome de 'projeto NAVSTAR'.
•O sistema foi declarado totalmente operacional apenas em l995.
•Seu desenvolvimento custou 10 bilhões de dólares.
•Testes realizados em 1972 mostraram que a pior precisão do sistema era de 15 metros. A
melhor, 1 metro.
•Preocupados com o uso inadequado, os militares americanos implantaram duas opções de
precisão: para usuários autorizados (eles mesmos) e usuários não-autorizados (civis).
•Nos anos 70, os soviéticos desenvolveram seu próprio sistema chamado: GLONASS.

Segmentos GPS

A metodologia do GPS baseia-se em 3 segmentos: Espacial, de Controle e de


Usuários. O segmento espacial (Fig. 18) constitui-se da rede de satélites em órbita da Terra.
Esta rede constitui-se de 24 satélites distribuídos em 6 planos orbitais, igualmente
espaçados, com 4 satélites em cada plano numa altura aproximada de 20.200 Km e com
uma inclinação de 55º. Estes satélites (Fig. 19) possuem relógios atômicos de césio e
rubídio (precisão de 1 bilionésimo de segundo) e completam 1 órbita terrestre em cada 12
hrs.
O segmento de controle (Fig. 20) é formado por um Grupo de 5 estações terrestres
que registram os sinais GPS. Estas estações efetuam medidas meteorológicas e enviam os
dados para a estação principal. A estação principal re-calcula as EFEMÉRIDES e os
coeficientes de correção dos relógios e transmite novamente para os satélites, com
informações para correção de órbita e do seu sistema de tempo.

20
Figura 18 – Ilustração do segmento espacial do GPS. Uma rede de 24 satélites ao redor da
Terra.

Figura 19 – Ilustração de um satélite GPS. Estes satélites possuem relógios atômicos de


césio e rubídio.

Figura 20 – Localização das estações terrestres do segmento de controle.

21
O segmento de usuários (Fig. 21) é composto por receptores civis e militares que
podem registrar as medidas de pseudo-distâncias com base nas duas frequências L1 e L2,
disponíveis no sinal GPS.

Figura 21 – Ilustração do segmento de usuários GPS.

Os sinais GPS

Os satélites emitem sinais de rádio codificados.


Consistem de ondas portadoras de L1 (1575,42 MHz) e L2 (1227,60 MHz).
Cada satélite emite um sinal que contem: códigos de precisão (P); código geral
(C/A) e informação de status, modulados em fase sobre a portadora.

Figura 22 – Ilustração de um sinal GPS.

Código P – Usado pelos sistemas militares. Tem precisão de 1 m.


Código C/A – Usado pelos sistemas civis.
Disponibilidade Seletiva (Selective Availability (SA)) - interferência deliberada
introduzida pelo Departamento de Defesa dos EUA. Os civis desconhecem o valor
do erro, que é alterado aleatoriamente e está entre 15 e 100 metros. Os receptores
militares não são afetados.
Em 1/05/2000, o Pres. Bill Clinton desativou a SA. A acurácia do código C/A caiu
para 6-12 m.

22
Partes do sinal GPS:

1.Parâmetros de correção do relógio. (6s)


2.EFEMÉRIDES – Informações de status dos satélites. (6s)
3.EFEMÉRIDES – Informações de status dos satélites. (6s)
4.Coeficientes para a correção de retardo na ionosfera e coeficientes para a conversão de
GPST (“GPS Time”) em UTC (“Universal Time Coordinate”). (6s)
5.ALMANAQUE – Informações de localização (constelação) e status dos satélites
transmitida por cada satélite e coletada pelo receptor. (6s)

Cálculo da Posição

1. Medida da distância em relação aos satélites.


o Distância = velocidade x tempo
Velocidade = vel. da luz
Tempo = tempo de trânsito do sinal
o Medição do tempo de trânsito
O receptor gera os mesmos códigos dos satélites.
Mede a diferença de tempo (delay) entre os códigos provenientes dos
satélites e os auto-gerados.
Distância = vel. da luz x delay

2. Obtenção das posições dos satélites.


o O dado orbital (EFEMÉRIDE) está inserido nas mensagens dos dados dos
satélites.
o A EFEMÉRIDE contém os parâmetros que descrevem o caminho elíptico do
satélite (órbita).
o O receptor usa este dado para calcular a posição do satélite (X,Y, Z).

3. Cálculos de Triangulação
Se a posição de um determinado ponto A é conhecida, e a distância ao ponto A
também é conhecida. A posição desejada cai em algum lugar ao longo de um
círculo. Se as distâncias a 2 pontos são conhecidas. A posição desejada é um dos
dois pontos de interseção entre os círculos (Fig. 23). Todavia, se as distâncias a 3
pontos são conhecidas, a posição desejada é a interseção entre os três círculos (Fig.
24). Isto se observarmos de uma maneira bi-dimensional. Considerando um espaço
tri-dimensional, i.e., incluindo a altura, precisa-se saber as distâncias a 4 pontos para
obter-se um ponto de interseção único (Fig. 25), que determinará a posição
desejada.

23
Figura 23 – Ilustração do cálculo de triangulação em 2D.

Figura 24 – Ilustração do cálculo de triangulação em 2D.

Figura 25 – Ilustração do cálculo de triangulação em 3D.

24
4. Ajuste do erro do relógio local

4 satélites são necessários para se determinar fielmente 1 ponto em 3D.


A partir daí, é possível determinar o tempo de trânsito correto e assim
encontrar o fator de correção a ser aplicado aos relógios do receptor.
Esta diferença de tempo (“clock bias”) é comum a todos os satélites.
O fator de correção é aplicado aos dados dos satélites e a partir daí, todas as
outras medidas estarão corrigidas.

Erros nas medições GPS

TROPOSFERA (0-50 Km) – Meio não-dispersivo. Refração independe da


frequência.
IONOSFERA (50-1000 Km) – Meio dispersivo. Refração depende da frequência.
Portadora sofre avanço de fase e modulada (códigos) sofre retardo.
MULTI-CAMINHAMENTO – Sinal GPS refletido em construções ou montanhas,
por exemplo.
ERRO NO RELÓGIO DO RECEPTOR – Uma vez que esses relógios não são
relógios atômicos, pode haver erros de sincronização.
ERROS ORBITAIS – Quando existe erro nas informações de posicionamento dos
satélites.

Figura 26 – Ilustração do erro de multi-caminhamento.

NÚMERO DE SATÉLITES VISÍVEIS – Quanto maior o número de satélites rastreados


pelo receptor, melhor a acurácia da medida. Construções, terrenos, interferência eletrônica
ou mesmo uma densa folhagem das árvores ao redor, podem obstruir o sinal GPS. Quanto
mais clara for a “visão” dos satélites, melhor a recepção. O GPS não funciona direito em
ambientes interiores, subaquáticos ou subterrâneos.

ERRO DE GEOMETRIA/SOMBREAMENTO – Refere-se a posição relativa dos


satélites num dado intervalo de tempo. A geometria ideal dos satélites ocorre quando eles

25
estão localizados em ângulos relativamente largos entre eles. Uma geometria pobre existe
quando os satélites rastreados estão localizados em linha ou num agrupamento.

DEGRADAÇÃO INTENCIONAL DO SINAL DO SATÉLITE – Disponibilidade


Seletiva. Criada para previnir que militares inimigos usam-se os sinais GPS de alta
precisão. Desligada em maio de 2000.

Dados de saída do receptor

Posição (LAT/LONG ou UTM) e Altitude (WGS1984)


Tempo (UTC) – Data e Hora
Velocidade (“Speed”)
Direção (“Heading”)

Figura 27 - Ilustração da tela de um receptor GPS.

A Diluição da Precisão (Dilution of Precision – DOP), expressa o erro equivalente do


usuário:

DOP = (desvio padrão da posição)/(desvio padrão da observação)

Tipos de DOP
–HDOP (Horizontal DOP)
–VDOP (Vertical DOP)
–PDOP (3-D positioning DOP)
–TDOP (Time DOP)
–GDOP (Geometrical DOP)

É comum que o receptor GPS mostre as informações de GDOP. Quanto menor for
este valor, melhor é a acurácia, significando que os satélites captados estão distantes um

26
dos outros e juntos cobrem uma área mais abrangente. Recomenda-se não trabalhar com
valores de PDOP ou GDOP acima de 7.

GDOP Ruim GDOP bom

Figura 28 – Ilustração de DOP (“Dilution of Precision”).

Tipos de Receptores GPS

GPS de mão (“handheld GPS”)

O GPS de mão (“handheld GPS”) (Fig. 29) é um equipamento leve, de baixo custo,
portátil, que fornece medidas absolutas do posicionamento em 3 dimensões. Atualmente
sua acurácia pode chegar a 1m. É muito utilizado para navegação, devido à possibilidade de
se observar à variação do posicionamento num mapa exibido na tela do receptor, em tempo
real. Isto permite que facilmente se encontre a localização no campo de coordenadas
previamente gravadas (“waypoints”) (geralmente oriundas do planejamento do
levantamento geofísico). Além da navegação, este equipamento também possibilita a
gravação das rotas (“routes”) percorridas e a gravação das coordenadas de um determinado
ponto no campo, o que é útil para o posicionamento de estações que por motivos
operacionais tiverem que ser deslocadas no campo.

Figura 29 – Fotografia de um GPS de mão.

27
GPS Diferencial (“Differential GPS” - DGPS)

Este equipamento (Fig. 30) consegue determinar a posição de uma determinada


estação com precisão milimétrica. Isto ocorre porque se utilizam dois receptores GPS,
sendo que um deles é mantido fixo (Fig. 31), sendo denominado como estação base. Desta
forma, alguns tipos de erros como, por exemplo, erros devido à propagação dos sinais na
troposfera e na ionosfera podem ser minimizados, já que se soubermos a posição precisa da
estação base, qualquer medida que resulte numa posição diferente será atribuída como erro
e poderá ser descontada também das medidas com o outro receptor, denominado móvel
(“rover”).

Figura 30 – Fotografia de um equipamento de GPS diferencial.

Estação Base = Ponto cujas coordenadas sejam conhecidas

Figura 31 – Ilustração do funcionamento do GPS diferencial.

28
Operações com o DGPS

Existem 3 tipos básicos de levantamentos com o DGPS: Estático, Stop-and-go e


Cinemático.

Modo Estático

A estação móvel permanece fixa no ponto a ser medido durante um certo tempo
maior ou igual a cinco minutos, conforme mostrado na Fig. 32.

...

Estação-Base Estação-Móvel
(Referência) (Rover)

Modo Distância da Base Tempo de Observação


Estático Rápido Até 5 Km 5-10 min
Estático Rápido 5-10 Km 10-20 min
Estático Rápido 10-15 Km >20 min
Estático 15-30 Km 1-2 hrs

Figura 32 – Ilustração do modo de operação estático do DGPS. A tabela no painel inferior


mostra as diferentes características do modo estático em função das condições operacionais.

Modo Stop-and-Go

Neste modo, o primeiro ponto, ou seja, a primeira estação é feita com o modo
estático (com duração da aquisição de dados de pelo menos 1 h), e as subseqüentes são
realizadas com a permanência de apenas 20 s na estação.

Modo Cinemático

Neste modo, o primeiro ponto, ou seja, a primeira estação é feita com o modo
estático (com duração da aquisição de dados de pelo menos 1 h), e as subseqüentes são
realizadas com a permanência de apenas 1 s na estação, ou seja, na prática, não há parada, o
GPS móvel se move continuamente ao longo das estações. É ideal para levantamentos
aéreos e marítimos.

29
...
Estação-Base Ponto de
(Referência) Inicialização

Parte Inicial Parte Móvel

Modo Distância da Base Tempo de Observação

Stop-and-Go Até 15 Km 20 segundos por ponto


Cinemático Até 15 Km 1 segundo por ponto

Figura 33 – Ilustração dos modos de operação stop-and-go e cinemático do DGPS. A tabela


no painel inferior mostra as diferentes características do modo estático em função das
condições operacionais.

Modo Precisão
Horizontal
Estático (Static) 5-10 mm

Stop-and-Go 10-30 mm

Cinemático 10-50 mm

Tabela 2 – Comparação entre as acurácias dos diferentes modos de operação DGPS.

Modo Vantagem Desvantagem

Estático Melhor Precisão Demora muito


Perda de ciclos não afeta
muito
Stop-and-Go Rápida aquisição de dados Perda de ciclos faz
Pode-se voltar ao ponto com que seja necessária
anterior se houver perda de uma nova cadeia.
ciclos
Cinemático Rápida aquisição de dados Perda de ciclos faz
Pode-se voltar ao ponto com que seja necessária
anterior se houver perda de uma nova cadeia.
ciclos

Tabela 3 – Características dos modos de operação DGPS.

30
Referências

•http://www.ccg-gcc.gc.ca/dgps/guide/guide2_e.htm

•http://www.trimble.com

•http://www.garmin.com

•Monico, J.F. G. – Posicionamento pelo Navstar-GPS, Descrição, fundamentos e


aplicações. Ed. UNESP

31
5-Magnetometria

O método magnetométrico baseia-se na medição do campo magnético em diversos


pontos ao longo de um perfil ou dentro de uma malha (Fig. 34), de modo que após as etapas
de processamento de dados, possam ser confeccionados mapas de contorno dos valores do
campo magnético e derivados que possam refletir as variações de susceptibilidades
magnéticas associadas às variações na litologia.

9999 9999 9999 9999 9999

9999 9999 9999 9999 9999

9999 9999 9999 9999 9999

Figura 34 – Ilustração dos fundamentos do método magnetométrico.

Os principais minerais magnéticos responsáveis pelas distorções no campo


magnético terrestre são (Luiz & Silva, 1995): a magnetita, a pirrotita e a ilmenita. Além de
permitir a localização de minerais de grande importância econômica, este método pode ser
utilizado também na identificação de contatos geológicos e de estruturas geológicas (falhas
e dobras), que possam, inclusive, ter servido para abrigar acumulações de petróleo e gás.
Diques e soleiras também costumam ser bem mapeados com este método.

O Campo Magnético Terrestre

A principal teoria para a origem do campo magnético terrestre é a Teoria do


Dínamo, na qual o campo magnético é produzido por correntes elétricas que circulam no
núcleo líquido da Terra, o qual se acredita que seja constituído principalmente por ferro
(Luiz & Silva, 1995). Este campo magnético é chamado de campo magnético principal
(Fig. 35).
Superpõe-se ao campo principal, as contribuições devidas a campos produzidos por
fontes externas a Terra (Fig. 36). A causa destes campos externos é devido às correntes
elétricas que fluem na ionosfera decorrentes da interação entre o campo magnético
principal, a magnetosfera, a ionosfera e o vento solar. Além dessas também podemos

32
destacar, as contribuições de caráter local, oriundas das concentrações de minerais
magnéticos e que costumam ocorrer nos primeiros 5 Km da crosta (Fig. 37); e a
contribuição devido a ruídos, como por exemplo, ondas eletromagnéticas produzidas
artificialmente como as geradas por torres de celular, estações de rádio e linhas de energia.

Campo Principal

Figura 35 – Campo Magnético Principal da Terra.

Figura 36 – Campo Magnético Externo.

33
Outras fontes

Descargas Elétricas
Anomalias
Campos Artificiais

Figura 37 – Outras contribuições ao campo magnético da Terra.

A variação do campo magnético principal ocorre ao longo de séculos e são


chamadas de variações seculares, enquanto que a variação do campo magnético externo
ocorre ao longo de um dia, por isso estas são chamadas de variações diurnais, que podem
chegar a amplitudes máximas em torno de 50-80 nT. Já as contribuições das anomalias de
caráter local, provenientes das litologias e dos objetos enterrados, são constantes ao longo
do tempo.

Tempestades Magnéticas – São decorrentes de emissões intensas de plasma solar e a sua


interação com o campo principal da Terra. Este fenômeno pode acarretar em variações
superiores a 1000 nT, e geralmente as medidas magnetométricas para fins de prospecção
são interrompidas durante as tempestades, uma vez que a qualidade das mesmas passa a ser
duvidosa. A duração destas tempestades é aleatória, podendo durar desde frações de
segundo até vários dias. Em geral elas são aperiódicas, podendo acontecer a qualquer
momento, porém existem algumas que são cíclicas.

Determinação do Campo Magnético Principal

Para esta finalidade utiliza-se o Campo Geomagnético de Referência Internacional


(“International Geomagnetic Field Reference-IGRF”), que é um modelo matemático
baseado nas medidas de uma rede de observatórios magnéticos espalhados pelo mundo.
Existem “websites” onde é possível calcular-se o valor do IGRF, a partir das coordenadas,
altitude e data da medição. Alguns deles são listados abaixo:

Cálculo do IGRF
http://www.ngdc.noaa.gov/IAGA/vmod/igrf.html
34
http://swdcwww.kugi.kyoto-u.ac.jp/igrf/
http://www.ava.fmi.fi/MAGN/igrf/applet.html
http://www.geomag.bgs.ac.uk/gifs/igrf_form.shtml

Determinação do Campo Magnético Externo

O método mais comum consiste em se usar 2 magnetômetros, sendo que um deles


permanece fixo numa determinada posição durante todo o período do levantamento
(magnetômetro base ou estação base), desta forma qualquer alteração no campo magnético
registrado no magnetômetro base pode ser atribuído ao campo externo, já que o campo
magnético principal é praticamente constante ao longo de um dia e as anomalias locais são
sempre constantes. Supõe-se não haver fontes de ruídos.

Campo Magnético Total (CMT)

CMT=Campo Principal + Diurnal + Anomalia + Descargas Elétricas

•Campo Principal IGRF


•Diurnal Medida numa estação fixa
•Descargas Elétricas Podem ser filtradas, usando algum tipo de algoritmo ou
simplesmente eliminadas, submetendo-se os dados posteriormente a uma
interpolação.

Anomalia = CMT – Diurnal – IGRF

Magnetômetros

Magnetômetro de Saturação (“Fluxgate”)

O princípio básico de funcionamento do magnetômetro de saturação é ilustrado na


Fig. 38. Este magnetômetro possui dois núcleos de material ferromagnético (um-metal,
ferrite, etc.) de elevada permeabilidade magnética. Os núcleos são dispostos paralelamente
e, cada um, é envolvido por uma bobina primária e uma secundária, que são iguais, porém
foram enroladas em sentido oposto. As bobinas primárias são ligadas em série e recebem
uma corrente alternada de baixa freqüência. Já as bobinas secundárias são conectadas a um
voltímetro. O campo magnético produzido nas bobinas primárias é suficiente para
magnetizar a saturação dos núcleos ferromagnéticos. Se não houver campo magnético
externo o voltímetro registrará zero, uma vez que os campos induzidos nas bobinas
secundárias são iguais, porém de sentidos contrários. No caso de um campo magnético
externo, este se somará vetorialmente ao campo que existe em um dos núcleos, saturando-o
mais cedo, enquanto que a saturação do outro núcleo ocorrerá posteriormente. Nesta
situação, haverá uma voltagem induzida nas bobinas que será proporcional à intensidade do
campo externo.
Este tipo de magnetômetro pode ser utilizado tanto para se medir o campo
magnético total, como apenas algumas de suas componentes (horizontais ou verticais).

35
Figura 38 – Princípio de funcionamento de um magnetômetro de saturação (fluxgate): (a)
Curva de Histerese dos dois núcleos; (b) enrolamentos dos núcleos; (c) fluxo magnético nos
núcleos na ausência de um campo externo; (d) voltagens induzidas (V1 e V2) nas bobinas
secundárias na presença de um campo externo (CMT); (e) voltagem resultante (V1 + V2)
registrada no voltímetro.

Magnetômetro de Prótons (Precessão Nuclear)

Atualmente é o magnetômetro mais utilizado, tanto para trabalhos de levantamento


quanto para monitoramento em observatório (Kearey at al., 2009). O dispositivo sensor do
magnetômetro é um recipiente preenchido com um líquido rico em prótons, como
querosene (mais utilizado), água ou hexano. Este recipiente é envolto por uma bobina.
Os núcleos de hidrogênio exibem um momento angular, o qual produz um momento
de dipolo resultante. Este tenderá a alinhar-se com algum campo externo. Se houver alguma
variação do campo magnético externo, o próton irá precessar (Fig. 39) para alinhar-se ao
novo campo. A freqüência de precessão, chamada também de Freqüência de Larmor,
depende da intensidade do campo externo.

Figura 39 – Ilustração do movimento de precessão dos núcleos de hidrogênio.


36
Freqüência de Larmor

F0
p

Onde:
=Freqüência Angular de Precessão;
p =Razão giromagnética do próton (aproximadamente 267,54 MHz/Tesla);
F0 =Campo Magnético Total.

A Fig. 40 ilustra na prática o funcionamento de um magnetômetro de prótons. Na


situação (A) os prótons estão originalmente alinhados com o Campo Magnético Total.
Quando se pressiona o botão do magnetômetro para iniciar a medida, uma corrente
contínua começa a fluir pela bobina externa, resultando num forte campo magnético B que
alinha os prótons (B). Depois de um certo tempo, o equipamento corta esta corrente, de
modo que os prótons começam a precessar para se alinharem novamente com o campo
externo (C). Quando isto ocorre, uma corrente alternada é induzida na bobina receptora,
cuja freqüência é a freqüência de Larmor. Quanto mais forte o campo magnético da Terra,
maior será a freqüência desta corrente.
Uma vantagem deste equipamento é que o sensor não precisa estar orientado,
embora idealmente, ele devesse fazer um ângulo apreciável com o vetor de campo total
(Kearey et al. 2009). Desta forma pode-se tomar leituras por sensores rebocados atrás de
navios ou aeronaves sem a necessidade de mecanismos de orientação. Por outro lado como
as leituras não são contínuas em razão do período finito do ciclo, isto pode representar uma
desvantagem em relação aos levantamentos aeromagnéticos. Isto porque pequenas
anomalias podem ser ignoradas, uma vez que uma aeronave percorre uma distância
significativa entre as medidas discretas, espaçadas por intervalos de poucos segundos.

Figura 40 – Ilustração do princípio de funcionamento do magnetômetro de prótons.

37
Efeito Overhouser – Muitos magnetômetros de prótons modernos fazem uso deste efeito.
Para isto, adiciona-se ao fluido do sensor um outro líquido contendo alguns elétrons livres
em órbitas “não pareadas” (Kearey et al. 2009). Os prótons são polarizados indiretamente,
usando-se energia de radiofreqüência, próxima a 60 MHz. Uma vantagem é que este tipo de
equipamento consome apenas cerca de 25 % dos magnetômetros de prótons convencionais.
Além disso, o sinal gerado pelo fluido é cerca de 100 vezes mais forte, sendo o ruído, muito
mais baixo; a tolerância do gradiente é melhor e as taxas de amostragem são maiores, i.e.,
aquisições mais rápidas.

Magnetômetros de Bombeamento Ótico (Vapor alcalino)

Na presença de um campo magnético externo, como o campo magnético da Terra,


por exemplo, os elétrons de valência de um elemento têm o seu nível estável de energia
separado em dois sub-níveis: um deles corresponde ao estado em que o momento
magnético devido ao spin do elétron é paralelo ao campo magnético (estado paralelo) e o
outro, em que ele é anti-paralelo (Luiz & Silva, 1995). A excitação destes elétrons por uma
radiação produz dois novos sub-níveis de energia, que correspondem aos estados paralelo e
anti-paralelo descritos. A intensidade do campo magnético será proporcional a diferença de
energia entre os sub-níveis estáveis ou entre os sub-níveis excitados.
No magnetômetro de bombeamento ótico, os elétrons do nível de energia mais
externo são excitados por meio de uma fonte luminosa especial, de modo a deslocar
(bombear) elétrons de um dos sub-níveis estáveis para o correspondente sub-nível excitado.
A principal aplicação deste tipo de magnetômetro é na técnica de gradiometria (a ser
explicada mais adiante), principalmente onde haja a presença de elevados gradientes
magnéticos (comuns sobre depósitos de ferro).

Tipo Sensibilidade Faixa de Medidas


Fluxgate 1 nT +/- 100.000 nT
Precessão de Prótons 1 nT 20.000-100.000 nT
Bombeamento Ótico 0,01 nT 20.000-100.000 nT
Tabela 4- Comparação entre os diversos tipos de magnetômetros.

Existem outros tipos de magnetômetros, mas os descritos anteriormente são os mais


utilizados nos trabalhos de campo.

Aquisição de Dados

Figura 41 – Ilustrações de levantamentos magnetométricos: em terra, ar e mar.


38
Nas atividades práticas da disciplina de Métodos Geofísicos Experimentais, serão
efetuados levantamentos terrestres, utilizando um magnetômetro de prótons (ENVIMAG),
conforme mostrado na Fig. 42.

Sensor

Console

Figura 42 – Fotografia do magnetômetro de prótons ENVIMAG.

Uma seta marcada no sensor indica que esta deva ser apontada para o norte
magnético (Fig. 43). Isto resultará em melhores medidas do campo magnético, uma vez que
nesta direção será o sinal será captado de mais intensamente.

Figura 43 – Ilustração do magnetômetro de prótons com uma seta indicativa no topo do


sensor, que deve apontar para o norte magnético.

39
Técnicas de Levantamento

Medidas de Campo Magnético Total – Consistem em utilizar 2 magnetômetros (Fig. 44),


um permanece fixo num determinado ponto durante todo o levantamento (Magnetômetro
Base ou Mag_Base), e serve para registrar a variação dirunal. Um outro magnetômetro
(móvel ou “rover”) é utilizado para adquirir os dados de Campo Magnético Total nas
estações, sendo deslocados de uma a uma. Quando há disponibilidade de mais
magnetômetros pode-se utilizá-los para acelerar a aquisição dividindo-se as estações a
serem medidas entre os equipamentos disponíveis. Neste caso, recomenda-se que em pelo
menos uma estação, haja medições com todos os magnetômetros móveis utilizados, de
modo a se verificar se há algum tipo de diferença entre as medidas devido aos diferentes
equipamentos.

Estação Base

9999

Estação Móvel
9999

5m 10m 15m 20m

Figura 44 – Ilustração da aquisição de medidas de CMT.

Medidas de Gradiometria (Gradiente Vertical) – Consistem em utilizar um console e dois


sensores separados por uma certa distância na vertical (Fig. 45). O gradiente vertical é
determinado através da razão entre a diferença dos valores de CMT medidos em cada um
dos sensores e a distância entre eles. Uma vantagem desta técnica é que dispensa a correção
de diurnal, uma vez que o efeito é o mesmo nos 2 sensores e é eliminado na diferença entre
os campos.

40
Estação Móvel
9999

5m 10m 15m 20m

Figura 45– Ilustração da aquisição de medidas de Gradiente Vertical (Gradiometria).

CMT1 CMT2
Gradiente
Espaçamento

Figura 46 – Equipamento para gradiometria.

41
Processamento de Dados

As principais etapas do processamento de dados magnetométricos estão listadas


abaixo:

1. Correção do Diurnal
2. Filtragem
3. Remoção do IGRF
4. Correção Topográfica

Correção de Diurnal – Consiste em utilizar as informações do magnetômetro de base para


remover a variação diurnal dos dados.

CMTcorr CMTMóvel CMTbase CMTbase

Diurnal

Exemplo:
Horário: 10:00
CMTmóvel = 20.507 nT
CMTbase = 20.502 nT
CMTbase
= 20.500 nT
CMTcorr = 20.505 nT

Filtragem – Ruídos provenientes de descargas elétricas (raios) são caracterizados por serem
intensos, porém de curta duração. Tais eventos são facilmente observados nos gráficos de
CMT em função do tempo. Desta forma esses dados podem ser removidos manualmente ou
através da utilização de filtro passa-baixa, e posterior interpolação do restante dos dados.
Outros tipos de ruídos aleatórios também podem ser removidos desta maneira.

Remoção do IGRF – Esta etapa tem como base, a remoção do campo magnético principal.
O procedimento é simples, primeiro calcula-se o valor do IGRF para a estação em questão,
utilizando programas específicos, alguns podem ser utilizados na Internet de maneira “on-
line”. Os dados de entrada são as coordenadas, a altitude e a data do levantamento. A etapa
seguinte é remover este valor dos dados, tal qual mostrado abaixo. O resultado é chamado
de residual e refere-se a contribuição das anomalias, i.e., estruturas em profundidade, que
42
podem ser objetos enterrados, diques, soleiras, jazidas minerais ou a topografia do
embasamento.

Cálculo do IGRF (Software).


Residual = CMTcorr – IGRF.

Correção Topográfica - O campo magnético é inversamente proporcional ao cubo da


distância, desta forma é necessário corrigir os efeitos da topografia, uma vez que diferenças
nos valores de CMT medidos podem ser devidas apenas ao desnivelamento entre as
estações.

Subprodutos

Em geral, além da apresentação dos mapas de CMT, costuma-se apresentar mapas


de combinações matemáticas dos valores medidos, tais como: primeira derivada vertical,
segunda derivada vertical e sinal analítico.

Primeira derivada vertical – Enfatiza as feições mais próximas à superfície.


Pode ser medido diretamente (gradiente vertical) ou computado a partir dos
dados.
Segunda derivada vertical – Enfatiza os contornos das zonas de interesse ou
alvos.
Sinal Analítico – È uma combinação de derivadas. Também enfatiza os
contornos das zonas de interesse ou alvos, porém o formato é independente da
inclinação/declinação do campo induzido.

Equação do Sinal Analítico

1
2 2 2 2
F x, y F x, y F x, y
A x, y
x y z

43
CMT 1ª Der. Vert. Sinal Analítico
Figura 47 – Mapas de Campo Magnético Total (CMT), Primeira derivada (Gradiente)
vertical e Sinal Analítico. (Modificado de Pavie, 2004).

Estimativa de Profundidade

Existem métodos de interpretação direta da profundidade como a deconvolução de


Euler (Kearey et al., 2009) e métodos de interpretação indiretos, no qual é feita uma
tentativa de igualar a anomalia observada à calculada por um modelo, por meio de ajustes
iterativos. Estes podem ser manuais (modelagem direta) quanto automatizados (modelagem
inversa).

Observado
Calculado

Figura 48 – Modelagem direta de um perfil de CMT entre Farol de São Tomé e Campos,
RJ. Ver mapa de CMT da Fig. 47 (Pavie, 2004)
44
Aplicações

Exploração – Mapeamento da topografia do embasamento e intrusões


magmáticas (diques, soleiras, etc).
Engenharia - Localização de tubulações e outros artefatos metálicos enterrados.
Mineração – Localização de jazidas minerais.

Material Susceptibilidade x 10-3 (SI)

Ar ~0

Quartzo -0,01

Hematita 0,5-35

Magnetita 1200-19200

Calcário 0-3

Arenitos 0-20

Folhelhos 0,01-15

Granito 0-50

Basalto 0,2-175

Pirita 0,05-5

Peridotita 90-200

Tabela 5 – Susceptibilidade Magnéticas típicas de alguns materiais.

45
Referências

Cálculo do IGRF
o http://www.ngdc.noaa.gov/IAGA/vmod/igrf.html
o http://swdcwww.kugi.kyoto-u.ac.jp/igrf/
o http://www.ava.fmi.fi/MAGN/igrf/applet.html
o http://www.geomag.bgs.ac.uk/gifs/igrf_form.shtml

Software de gridagem
o SurGe (http://mujweb.cz/www/SurGe/)
o MATLAB

Luiz, J.G. & Silva, L. M. C. 1995. Geofísica de Prospecção. Vol. I. Editora Universitária
UFPA. Belém-PA.

Kearey, P., Brooks, M. & Hill, I. 2009.Geofísica de Exploração. Ed. Oficina de Textos. Sob
licença da Blackwell Publishing Company (UK).

Pavie, G.F. 2004. Análise Geofísica-Geológica Da Porção Emersa Da Bacia De Campos


Através De Uma Metodologia Integrada. Dissertação de Mestrado. UENF/LENEP.

46
6-Eletro-resistividade
É um método de investigação da resistividade elétrica do subsolo pela injeção de
corrente elétrica através de dois eletrodos (A e B) diretamente fincados no solo e a medição
da diferença de voltagem entre dois outros eletrodos (M e N).

i
v
+i -i
A M N B

Linhas de corrente Superfícies


eqüipotenciais

Figura 49 – Esquema do método de eletro-resistividade.

Corrente elétrica em um fio condutor

A
L
Figura 50 – Ilustração de um fio condutor de comprimento L e área da seção transversal ª

Da Lei de Ohm: V RI
onde a resistência R é dada por uma propriedade do material do qual o fio é feito (r,
resistividade) multiplicada por um fator geométrico (razão entre o comprimento L e a área
da seção reta A do fio):

L
R
A

Logo,
L
V I
A

47
Voltagem numa semi-esfera

A área de uma esfera é:

A 4 r2

e a diferença de potencial é :

I
V
4 r

Logo, no subsolo (semi-esfera), a voltagem induzida por um eletrodo de corrente é :

I
V
2 r

rr22
rr11
i
v
+i M N -i
A B

Figura 51 – Arranjo de eletro-resistividade.

Usando o arranjo mostrado na Fig. 51 temos que:

I r2 r1
V
2 r1 r2

48
Profundidade de investigação

A profundidade de investigação é controlada pela distância entre os eletrodos de


corrente AB (Fig. 52). Quanto maior o espaçamento AB, maior será a profundidade de
investigação.
Até a profundidade AB/2 passam 2/3 de toda a corrente, logo a resistividade medida
é representativa dessa zona.

A B11 B22

11

22

Figura 52 – Ilustração da profundidade de investigação em função do espaçamento AB.

Arranjos de campo

• WENNER: Nesse arranjo as distâncias AM, MN e NB são iguais. Uma desvantagem é


que é necessário mover os 4 eletrodos quando se deseja alterar o espaçamento AB.

i
v
+i a a -i
A M a N B

Figura 53 – Esquema do arranjo de campo do tipo WENNER. As distâncias AM, MN e NB


são iguais.

A resistividade é dada pela equação abaixo:


V
2 a
I
49
•SCHLUMBERGER: Mais simples de operar (AB 5 MN). Normalmente só é necessário
mover-se os eletrodos A e B, quando se deseja aumentar o espaçamento entre eles. Os
eletrodos M e N só precisam ser movidos quando o valor de voltagem registrado estiver
muito baixo, próximo do limite de sensibilidade do equipamento. A movimentação destes
eletrodos neste caso é chamada de EMBREAGEM.

i
v
+i -i
A M N B

Figura 54 - Esquema do arranjo de campo do tipo SCHLUMBERGER.

A resistividade neste arranjo é dada pela equação abaixo:

2
AB V
MN 2 I

• DIPOLO-DIPOLO: É usado principalmente em levantamentos de Polarização Induzida


(IP). Apresenta boa resolução horizontal, porém também apresenta relação sinal/ruído
pobre em relação a outros arranjos.

Figura 55 – Esquema de arranjo de campo do tipo dipolo-dipolo.

50
A resistividade neste arranjo é dada pela equação abaixo:

V
nn 1 n 2x
I

Técnicas de Investigação

Caminhamento Elétrico (CE) – Aplica-se principalmente quando o objetivo é verificar


descontinuidades laterais nos materiais geológicos, tal como: diques, soleiras, contatos
geológicos, fraturas, falhas, corpos mineralizados, plumas de contaminação, etc.

Sondagem Elétrica Vertical (SEV) – Aplica-se quando o objetivo é investigar as camadas


em profundidade, determinando suas espessuras, resistividades e/ou cargabilidades.

Perfilagem Elétrica (PERF) – É empregada em poços. O objetivo principal é estudar as


variações das propriedades físicas in-situ;

Figura 56 – Ilustração das diversas técnicas de aquisição de dados, (a) – Sondagem Elétrica
Vertical, (b) – Caminhamento Elétrico e (c) – Perfilagem Elétrica.

Equipamentos

Figura 57 – Painel esquerdo: linha de eletrodos. Painel Direito: Resistivímetro.

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Interpretação de eletroresistividade

A interpretação consiste primeiramente na associação das resistividades em função


do espaçamento AB ou AB/2.

A
A B11 B22

11

22

AB 1 AB 2

Figura 58 – Esquema de interpretação dos dados de eletro-resistividade (ER).

Posteriormente deve-se relacionar estas resistividades em função da profundidade.


Isto pode ser feito utilizando softwares de modelagem direta ou inversa, como o IP2WIN.
A Fig. 59 mostra um exemplo de aplicação deste programa na interpretação de dados de
uma SEV.

Figura 59 – Exemplo de modelagem direta utilizando o software IP2WIN para


interpretação dos dados de ER.

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A interpretação integrada dos resultados de várias estações é útil para averiguar a
geometria das estruturas em sub-superfície. A Fig. 60 mostra um exemplo de uma seção de
resistividade e sua interpretação. Os valores de resistividade elétrica são representados por
uma escala de cores.

Figura 60 – Seção de resistividade elétrica.

O aspecto trapezoidal da seção da Fig. 60 deve-se a utilização de uma técnica de


aquisição de dados chamada “roll-along”, na qual os eletrodos de um perfil/linha são todos
posicionados primeiramente e em seguida move-se apenas os cabos (Fig. 61) de modo a
poder efetuar um tipo de levantamento que é uma mistura do caminhamento elétrico e da
seção elétrica vertical (Loke, 2000). Esta técnica é utilizada para estender horizontalmente a
área de levantamento.

Figura 61 – Ilustração da técnica de levantamento “roll-along”.

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Material Resistividade (ohm.m)
Granito 5x10 3 - 106
Basalto 103 - 10 6
Arenito 8-4x10 3
Folhelho 20-2x103
Calcário 50-4x102
Argila 1-100
Água Doce 10-100
Água do Mar 0.2

Tabela 6 – Resistividades típicas de vários materiais.

Referências

Kearey, P., Brooks, M. & Hill, I. 2009.Geofísica de Exploração. Ed. Oficina de Textos. Sob
licença da Blackwell Publishing Company (UK).

Loke, D.H.M. – Electrical Imaging surveys for environmental and engineering studies. A
practical guide to 2-D and 3-D surveys. (Disponível em www.geometrics.com)

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