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Sinais e Sistemas

Bartolomeu F. Uchôa Filho


Danilo Silva
Richard Demo Souza

EEL7062 – Princípios de Sistemas de Comunicação

EEL / CTC / UFSC

Atualizada em 07-08-2023
Sinais
Definição

Um sinal é uma função de um ou mais parâmetros independentes, que


descreve as variações de algum fenômeno de interesse.

Consideraremos aqui principalmente:


▶ Sinais reais: x(t) ∈ R
▶ Sinais complexos: x(t) ∈ C
onde a variável independente t ∈ R representa tempo.

Obs: sinais com mais de um parâmetro independente (imagens, vídeos, etc)


são também relevantes para telecomunicações e podem ser estudados
generalizando-se a teoria apresentada aqui.

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Exemplo (sinal de voz)
1

0.8

0.6

0.4

0.2
x(t)

-0.2

-0.4

-0.6

-0.8
0.08 0.09 0.1 0.11 0.12 0.13 0.14 0.15 0.16 0.17
t (s)

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Alguns sinais úteis

Pulso retangular: (
1, |t| < 1/2
rect(t) =
0, |t| > 1/2

rect(t)
1

t
− 12 1
2

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Alguns sinais úteis

Impulso unitário (ou função delta de Dirac):


δ(t) = 0, ∀t ̸= 0
Z ∞ δ(t)
δ(t) dt = 1
−∞
Z ∞ t
x(t)δ(t) dt = x(0), ∀x(t)
−∞

Obs:
1
δ(t) = lim rect(t/τ )
τ →0 τ

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Alguns sinais úteis
Pulso sinc (ou função sinc):

sen πt
sinc(t) = (sinc(0) = 1)
πt

sinc(t)
1

t
−3 −2 −1 1 2 3
Atenção!
Alguns autores (ex: Lathi) definem sinc(t) = sen(t)/t, o que resulta em
cruzamentos de zero em instantes múltiplos de π .
Não utilizaremos essa notação.

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Alguns sinais úteis
Exponencial complexa:

ej2πf0 t = cos(2πf0 t) + j sen(2πf0 t)

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Energia e Potência
Energia e potência
Para um sinal x(t), define-se a energia do sinal
Z T /2 Z ∞
Ex = lim |x(t)|2 dt = |x(t)|2 dt
T →∞ −T /2 −∞

sua potência média (ou valor quadrático médio)


T /2
1
Z
Px = lim |x(t)|2 dt = |x(t)|2
T →∞ T −T /2

e seu valor rms (root-mean-square)


p
xrms = Px

Obs: esta terminologia se justifica quando x(t) é interpretado como um sinal


de tensão aplicado a uma resistência de 1 Ω. Assim, é comum usar o Watt
(W) como unidade de potência (a rigor, seria V2 ).

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Energia e potência

Se x(t) é periódico de período T0 , então:

1
Z
Px = |x(t)|2 dt
T0 T0

Portanto, todo sinal periódico não-nulo possui Px > 0 e Ex = ∞.

▶ Sinal de energia: Ex < ∞ ( =⇒ Px = 0)


▶ Sinal de potência: 0 < Px < ∞ ( =⇒ Ex = ∞)

Obs: sinais físicos tem duração limitada, são aperiódicos, de energia finita e
potência nula. No entanto, sinais periódicos são úteis como modelos para
sinais que se comportam dessa forma durante um intervalo finito
suficientemente longo.

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Exemplo
Seja x(t) = a cos(2πf0 t), onde f0 = 1/T0 . Temos:

(usando integral) (usando média temporal)


1
Z
Px = |x(t)|2 dt = |x(t)|2
T0 T0
1
Z
= a2 cos2 (2πf0 t)dt = a2 cos2 (2πf0 t)
T0 T0
a2 1 a2
Z
= (1 + cos (2π2f0 t)) dt = (1 + cos (2π2f0 t))
T0 T0 2 2
a2 a2 a2 a2
Z
= + cos (2π2f0 t)dt = + cos (2π2f0 t)
2 2T0 T0 2 2
a2 a2
= = .
2 2
Obs: Válido para x(t) = a cos(2πf0 t + ϕ) com qualquer f0 e ϕ.

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Decibel (dB)
Unidade muito usada para comparar valores. Por exemplo:
   
P1 P1
= 10 log10
P2 dB P2

onde P1 e P2 são valores de potência.

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Decibel (dB)
Unidade muito usada para comparar valores. Por exemplo:
   
P1 P1
= 10 log10
P2 dB P2

onde P1 e P2 são valores de potência.


Exemplos:
P1
▶ P1 = 1000P2 =⇒ =
P2

13 / 62
Decibel (dB)
Unidade muito usada para comparar valores. Por exemplo:
   
P1 P1
= 10 log10
P2 dB P2

onde P1 e P2 são valores de potência.


Exemplos:
P1
▶ P1 = 1000P2 =⇒ = 30dB
P2
P1
▶ P1 = 2P2 =⇒ ≈
P2

13 / 62
Decibel (dB)
Unidade muito usada para comparar valores. Por exemplo:
   
P1 P1
= 10 log10
P2 dB P2

onde P1 e P2 são valores de potência.


Exemplos:
P1
▶ P1 = 1000P2 =⇒ = 30dB
P2
P1
▶ P1 = 2P2 =⇒ ≈ 3dB
P2

Atenção!
É comum utilizar a definição 20 log10 (V1 /V2 ) para determinar o ganho de um
sistema, uma vez que P1 /P2 = (V1 /V2 )2 . No entanto, é errado utilizar o fator
20 para converter em dB uma razão entre potências!

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dBW e dBm

O decibel também pode ser usado para descrever valores absolutos, quando
comparados com algum valor de referência. Nesse caso, a unidade é
alterada para indicar o valor de referência.
▶ Potência em dBW (referência de 1 W):
 
P
(P )dBW = 10 log10
1
▶ Potência em dBm (referência de 1 mW):
 
P
(P )dBm = 10 log10
10−3

Obs:
(P )dBm = 30 + (P )dBW

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Exemplo

▶ Um sinal com potência média de 1 mW é amplificado em 30 dB e


transmitido por um canal que introduz atenuação de 100 dB. Determine
a potência do sinal recebido, em dBm.

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Exemplo

▶ Um sinal com potência média de 1 mW é amplificado em 30 dB e


transmitido por um canal que introduz atenuação de 100 dB. Determine
a potência do sinal recebido, em dBm.

▶ Resposta:

Ps = 1 mW = 0 dBm

15 / 62
Exemplo

▶ Um sinal com potência média de 1 mW é amplificado em 30 dB e


transmitido por um canal que introduz atenuação de 100 dB. Determine
a potência do sinal recebido, em dBm.

▶ Resposta:

Ps = 1 mW = 0 dBm
Ptx = 0 dBm + 30 dB = 30 dBm

15 / 62
Exemplo

▶ Um sinal com potência média de 1 mW é amplificado em 30 dB e


transmitido por um canal que introduz atenuação de 100 dB. Determine
a potência do sinal recebido, em dBm.

▶ Resposta:

Ps = 1 mW = 0 dBm
Ptx = 0 dBm + 30 dB = 30 dBm
Prx = 30 dBm − 100 dB = −70 dBm

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Exercício
Faz sentido realizar cada uma das operações abaixo? Em caso positivo,
forneça um exemplo concreto e determine a unidade resultante. Em caso
negativo, justifique.
(a) Somar duas grandezas em dB;
(b) Somar a uma grandeza em dBm uma grandeza em dB;
(c) Somar duas grandezas em dBm;
(d) Subtrair de uma grandeza em dBm uma grandeza em dB;
(e) Subtrair de uma grandeza em dBm uma grandeza em dBm.

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Exercício
Faz sentido realizar cada uma das operações abaixo? Em caso positivo,
forneça um exemplo concreto e determine a unidade resultante. Em caso
negativo, justifique.
(a) Somar duas grandezas em dB;
R: Sim. Amplificadores em cascata: G dB = G1 dB + G2 dB
(b) Somar a uma grandeza em dBm uma grandeza em dB;
(c) Somar duas grandezas em dBm;
(d) Subtrair de uma grandeza em dBm uma grandeza em dB;
(e) Subtrair de uma grandeza em dBm uma grandeza em dBm.

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Exercício
Faz sentido realizar cada uma das operações abaixo? Em caso positivo,
forneça um exemplo concreto e determine a unidade resultante. Em caso
negativo, justifique.
(a) Somar duas grandezas em dB;
R: Sim. Amplificadores em cascata: G dB = G1 dB + G2 dB
(b) Somar a uma grandeza em dBm uma grandeza em dB;
R: Sim. Amplificação de um sinal: P2 dBm = P1 dBm + G dB
(c) Somar duas grandezas em dBm;
(d) Subtrair de uma grandeza em dBm uma grandeza em dB;
(e) Subtrair de uma grandeza em dBm uma grandeza em dBm.

16 / 62
Exercício
Faz sentido realizar cada uma das operações abaixo? Em caso positivo,
forneça um exemplo concreto e determine a unidade resultante. Em caso
negativo, justifique.
(a) Somar duas grandezas em dB;
R: Sim. Amplificadores em cascata: G dB = G1 dB + G2 dB
(b) Somar a uma grandeza em dBm uma grandeza em dB;
R: Sim. Amplificação de um sinal: P2 dBm = P1 dBm + G dB
(c) Somar duas grandezas em dBm;
R: Não faz sentido físico, pois equivale a multiplicar duas potências.
(d) Subtrair de uma grandeza em dBm uma grandeza em dB;
(e) Subtrair de uma grandeza em dBm uma grandeza em dBm.

16 / 62
Exercício
Faz sentido realizar cada uma das operações abaixo? Em caso positivo,
forneça um exemplo concreto e determine a unidade resultante. Em caso
negativo, justifique.
(a) Somar duas grandezas em dB;
R: Sim. Amplificadores em cascata: G dB = G1 dB + G2 dB
(b) Somar a uma grandeza em dBm uma grandeza em dB;
R: Sim. Amplificação de um sinal: P2 dBm = P1 dBm + G dB
(c) Somar duas grandezas em dBm;
R: Não faz sentido físico, pois equivale a multiplicar duas potências.
(d) Subtrair de uma grandeza em dBm uma grandeza em dB;
R: Sim. Atenuação de um sinal: P1 dBm = P2 dBm − G dB
(e) Subtrair de uma grandeza em dBm uma grandeza em dBm.

16 / 62
Exercício
Faz sentido realizar cada uma das operações abaixo? Em caso positivo,
forneça um exemplo concreto e determine a unidade resultante. Em caso
negativo, justifique.
(a) Somar duas grandezas em dB;
R: Sim. Amplificadores em cascata: G dB = G1 dB + G2 dB
(b) Somar a uma grandeza em dBm uma grandeza em dB;
R: Sim. Amplificação de um sinal: P2 dBm = P1 dBm + G dB
(c) Somar duas grandezas em dBm;
R: Não faz sentido físico, pois equivale a multiplicar duas potências.
(d) Subtrair de uma grandeza em dBm uma grandeza em dB;
R: Sim. Atenuação de um sinal: P1 dBm = P2 dBm − G dB
(e) Subtrair de uma grandeza em dBm uma grandeza em dBm.
R: Sim. Cálculo de ganho: G dB = P2 dBm − P1 dBm

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Transformada de Fourier
Transformada de Fourier

A transformada de Fourier de um sinal x(t) é definida como:


Z ∞
X(f ) = F{x(t)} = x(t)e−j2πf t dt.
−∞

O sinal x(t) pode ser recuperado a partir da transformada inversa:


Z ∞
−1
x(t) = F {X(f )} = X(f )ej2πf t df.
−∞

Notação para um par transformado: x(t) ←→ X(f ).


Atenção!
Muitos autores utilizam a notação X(ω) ou X(jω), onde ω = 2πf é a frequência
angular, em rad/s. No entanto, em comunicações, a frequência temporal f , em Hz,
tem maior significado prático. Além disso, a expressão com X(f ) apresenta maior
simetria (não há o fator de 1/2π ), sendo assim mais fácil de usar e memorizar.

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Exemplo (sinal de voz)

0.06

0.05

0.04
|X(f)|

0.03

0.02

0.01

0
-2000 -1500 -1000 -500 0 500 1000 1500 2000
f (Hz)

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Propriedades da transformada de Fourier

ax1 (t) + bx2 (t) ←→ aX1 (f ) + bX2 (f ) Linearidade


X(t) ←→ x(−f ) Dualidade
 
1 f
x(at) ←→ X Dilatação no tempo
|a| a
x1 (t) ∗ x2 (t) ←→ X1 (f )X2 (f ) Convolução
x1 (t)x2 (t) ←→ X1 (f ) ∗ X2 (f ) Multiplicação
R∞ 2
R∞ 2
−∞ |x(t)| dt = −∞ |X(f )| df Teorema de Parseval
x∗ (t) ←→ X ∗ (−f ) Simetria conjugada

Em particular, se x(t) é real, então:


▶ X(−f ) = X ∗ (f )
▶ Se X(f ) = |X(f )|ej∠X(f ) , então |X(f )| é par e ∠X(f ) é ímpar.

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Alguns pares transformados importantes

δ(t − t0 ) ←→ e−j2πf t0
ej2πf0 t ←→ δ(f − f0 )
cos(2πf0 t) ←→ 21 δ(f + f0 ) + 12 δ(f − f0 )
1 1
sen(2πf0 t) ←→ − 2j δ(f + f0 ) + 2j δ(f − f0 )
rect(t) ←→ sinc(f )
sinc(t) ←→ rect(f )
rect(t/τ ) ←→ τ sinc(f τ )
sinc(t/τ ) ←→ τ rect(f τ )
P P
n δ(t − nT0 ) ←→ (1/T0 ) k δ(f − k/T0 )

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Exemplos

▶ rect(t/τ ) ←→ τ sinc(τ f )

rect(t/τ ) τ sinc(τ f )
1 τ
←→

t f
τ 1 2
2 τ τ

Dica
O parâmetro mais importante do pulso retangular é a largura do pulso,
enquanto o parâmetro mais importante da função sinc é o intervalo entre
cruzamentos de zero. Nos pares transformados entre rect() e sinc(), um
parâmetro é sempre o inverso do outro.

22 / 62
Teorema de Parseval

▶ Para sinais de energia:


Z ∞ Z ∞
Ex = |x(t)|2 dt = |X(f )|2 df
−∞ −∞

▶ Para sinais periódicos:


T /2 ∞
1
Z X
Px = lim |x(t)|2 dt = |Xk |2
T →∞ T −T /2 k=−∞

onde Xk são os coeficientes da série de Fourier de x(t).

23 / 62
Sistemas LIT
Sistemas lineares invariantes no tempo

Seja h(t) = S{δ(t)} a resposta ao impulso do sistema:

δ(t) S{·} h(t)

Então:

y(t) = x(t) ∗ h(t)


Y (f ) = X(f )H(f )

onde
h(t) ←→ H(f )
|{z} | {z }
resposta ao impulso resposta em frequência

25 / 62
Filtros ideais

Filtros são sistemas destinados a remover ou atenuar alguma componente de


um sinal. Alguns filtros ideais importantes são:
▶ Filtro passa-baixas FPBf0 {·}, com frequência de corte f0 :

FPBf0 {·}
1

f
−f0 f0

A largura da faixa de passagem (medida apenas em f > 0), W = f0 , é


também chamada de largura de banda do filtro.

26 / 62
Filtros ideais

▶ Filtro passa-altas FPAf0 {·}, com frequência de corte f0 :

FPAf0 {·}
1

f
−f0 f0

27 / 62
Filtros ideais

▶ Filtro passa-faixa FPFf1 ,f2 {·}, com frequências de corte (inferior) f1 e


(superior) f2 :

FPFf1 ,f2 {·}


1

f
−f2 −f1 f1 f2

A largura da faixa de passagem (medida apenas em f > 0), W = f2 − f1 , é


também chamada de largura de banda do filtro.

28 / 62
Causalidade e realizabilidade de sistemas

▶ Um sistema é causal se h(t) = 0, para t < 0. Um sistema é realizável


(pode ser implementado em tempo real) se e somente se é causal.

29 / 62
Causalidade e realizabilidade de sistemas

▶ Um sistema é causal se h(t) = 0, para t < 0. Um sistema é realizável


(pode ser implementado em tempo real) se e somente se é causal.

▶ Através do critério de Paley-Wiener, é possível mostrar que filtros ideais


(por possuírem transições abruptas e regiões nulas em um intervalo
contínuo) não são realizáveis.

29 / 62
Causalidade e realizabilidade de sistemas

▶ Um sistema é causal se h(t) = 0, para t < 0. Um sistema é realizável


(pode ser implementado em tempo real) se e somente se é causal.

▶ Através do critério de Paley-Wiener, é possível mostrar que filtros ideais


(por possuírem transições abruptas e regiões nulas em um intervalo
contínuo) não são realizáveis.

▶ Na prática, filtros realizáveis possuem, ao invés de transições abruptas,


transições entre amplitudes que ocorrem ao longo de uma faixa de largura
não-nula, chamada de região ou faixa de transição.

29 / 62
Exemplo de filtro realizável
Passa-baixa:

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Largura de Banda de Sinais
Sinal Absolutamente Limitado em Banda

Um sinal real x(t) ↔ X(f ) é dito ser de banda (absoluta) limitada se existem
0 ≤ f1 ≤ f2 < ∞ tais que X(f ) = 0 para todo f ∈ / [−f2 , −f1 ] ∪ [f1 , f2 ].

|X(f )|

−f2 −f1 f1 f2 f

Importante: A largura de banda de um sinal real é sempre medida a partir


dos valores positivos de frequência (f > 0) e sua definição depende se o
sinal é classificado como passa-baixa ou passa-faixa.

32 / 62
Sinal Passa-Baixa ou Sinal em Banda Base
Sinal passa-baixa ou sinal em banda base:
▶ f1 “pequeno”
▶ Largura de banda: B = f2
|X(f )|

f ···
−B B −f2 −f1

Exemplo: Sinal de áudio contido na faixa de 20 Hz a 20 kHz.


(a)
33 / 62
Sinal Passa-Faixa ou Sinal de Banda Passante
Sinal passa-faixa ou sinal de banda passante:
▶ f1 “grande”
▶ Largura de banda: B = f2 − f1
X(f )| |X(f )|

f ··· ··· f
B −f2 −f1 f1 f2

Exemplo: Sinal de Wi-Fi contido na faixa


(b) de 2402 a 2422 MHz.
34 / 62
Exercício

Considere os sinais m(t) = sinc(104 t) e x(t) = m(t) · 2 cos(2π105 t). Seja


y(t) a resposta a uma entrada x(t) de um filtro com resposta em frequência
H(f ) dada pela figura abaixo:
H(f )
1

98 102 112 116 f (kHz)


(a) Determine e esboce M (f ).
(b) Determine e esboce X(f ).
(c) Determine e esboce Y (f ).
(d) Determine a largura de banda de cada sinal m(t), x(t) e y(t).

35 / 62
Exercício

(a) M (f ) = 10−4 rect 10−4 f




(b) X(f ) = M (f )∗ δ(f − 105 ) + δ(f + 105 ) = M (f −105 )+M (f +105 )




M (f ) 10−4 X(f ) 10−4

-5 0 5 kHz 95 105 kHz

sinal passa-baixa sinal passa-faixa

36 / 62
Exercício

(c) Y (f ) = X(f )H(f )

Y (f ) 10−4

98 105 kHz

sinal passa-faixa

(d) Consideramos só o lado positivo do espectro:


▶ m(t) → 5 kHz
▶ x(t) → 10 kHz
▶ y(t) → 7 kHz

37 / 62
Largura de Banda e
Densidade Espectral
Princípio da Incerteza

Problema prático
Um sinal não nulo não pode ser, simultaneamente, limitado no tempo e
absolutamente limitado em banda.

39 / 62
Exemplo
x(t) X(f )

F{·}
1 T

F −1 {·}

t f

T T 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5
− − − − − −
2 2 T T T T T T T T T T

x(t) X(f )

F{·}
1
2B

F −1 {·}

t f

5 4 3 2 1 1 2 3 4 5
− − − − − −B B
2B 2B 2B 2B 2B 2B 2B 2B 2B 2B

40 / 62
Princípio da Incerteza

Problema prático
Um sinal não nulo não pode ser, simultaneamente, limitado no tempo e
absolutamente limitado em banda.

Solução
Flexibilizar o conceito de largura de banda, considerando a distribuição de
energia/potência ao longo espectro.
(Contribuições muito pequenas podem ser desprezadas.)

41 / 62
Exemplo

42 / 62
Densidade Espectral de Energia
A densidade espectral de energia (DEE) de um sinal de energia x(t) é

Ψx (f ) ≜ |X(f )|2

Propriedades
▶ Energia do sinal: Z ∞
Ex = Ψx (f )df
−∞
▶ DEE do sinal filtrado:
Ψy (f ) = |H(f )|2 Ψx (f )

▶ Energia contida entre as frequências f1 e f2 :


Z −f1 Z f2 Z f2
Ex [f1 , f2 ] = Ψx (f )df + Ψx (f )df = 2 Ψx (f )df
−f2 f1 f1

43 / 62
Critérios Alternativos de Largura de Banda

▶ Fração de energia contida: Largura da faixa que contém (1 − ϵ) · 100% da


energia do sinal, i.e., valor de B tal que
Z B
Ex [0, B] ≜ 2 Ψx (f )df = (1 − ϵ)Ex
0

Exemplos: ϵ = 10%, 1%.

▶ Atenuação em relação ao centro: Largura da menor faixa fora da qual a


DEE possui atenuação de pelo menos L dB em relação ao centro da faixa,
 
Ψx (f )
10 log10 ≤ −L para todo |f | > B.
Ψx (0)

Exemplos: L = 3 dB, 30 dB, 50 dB.

▶ Nulo-a-nulo: Largura do lóbulo principal (quando aplicável)

44 / 62
Exemplo

45 / 62
Exemplo

45 / 62
Extensões

Os critérios alternativos de largura de banda definidos anteriormente podem


ser facilmente estendidos para:
▶ Sinais de potência: substituindo a DEE pela DEP
▶ Sinais de banda passante: considerando a banda em torno de f = fc
ao invés de a partir de f = 0

46 / 62
Densidade Espectral de Potência
A densidade espectral de potência (DEP) de um sinal de potência x(t) é
definida como
1
Sx (f ) = lim |F {x(t) rect(t/T )} |2
T →∞ T

Propriedades
▶ Potência do sinal: Z ∞
Px = Sx (f )df
−∞
▶ DEP do sinal filtrado:
Sy (f ) = |H(f )|2 Sx (f )

▶ Potência contida entre as frequências f1 e f2 :


Z −f1 Z f2 Z f2
Px [f1 , f2 ] = Sx (f )df + Sx (f )df = 2 Sx (f )df.
−f2 f1 f1

47 / 62
Distorção e Ruído
Sistema de Transmissão
s(t) r(t)
TX canal RX
fonte destino

O modelo de canal pode incluir o efeito de distorção e ruído.

Vamos considerar distorção linear e ruído térmico, que são os efeitos mais
básicos e comuns.

49 / 62
Sistema (canal) sem distorção
Dizemos que um sistema é sem distorção se possui resposta ao impulso e
resposta em frequência dadas por

h(t) = αδ(t − t0 )
H(f ) = αe−j2πf t0

onde α ̸= 0, isto é, o sistema aplica apenas possivelmente um ganho (ou


atenuação) e um atraso.
Nesse caso, H(f ) deve ter magnitude constante e fase linear.
|H(f )| 2π 6 H(f )
α 1
t0
f
f − t10
−2π

Note que a saída de tal sistema tem a mesma forma da entrada.


50 / 62
Tipos de distorção

No uso do termo distorção, normalmente está implícito que se trata de uma


perturbação invariante no tempo.
▶ Linear:
▶ Caracterizada por uma resposta em frequência H(f )
▶ Divide-se em distorção de magnitude e distorção de fase
▶ Incapaz de introduzir novas frequências
▶ Pode ser compensada por meio de equalização

▶ Não-linear:
▶ Exemplo: y(t) = x(t)2
▶ Difícil de estimar e caracterizar se não for conhecida a priori
▶ Difícil de compensar em geral (mesmo que perfeitamente conhecida)
▶ Pode introduzir novas frequências
▶ Uma medida popular é a distorção harmônica total (THD)

51 / 62
Exemplo

52 / 62
Ruído

Ruído é qualquer sinal indesejado que interfere na comunicação ou na


medição de outro sinal.

Classificação (quanto à origem)


▶ Ruído externo:
▶ Ruído atmosférico
▶ Ruído solar
▶ Ruído cósmico
▶ Ruído interno:
▶ Ruído térmico
▶ Ruído de contato (flicker noise)
▶ Ruído pipoca (burst/popcorn noise)

Obs: Distorção é diferente de ruído (embora possa ser tratada como)

53 / 62
Modelo Matemático do Ruído

Ruído aleatório x(t) pode ser modelado matematicamente como um


processo estocástico, caracterizado principalmente por dois parâmetros:
▶ A distribuição de probabilidade de suas amplitudes, pX (x)
▶ Ex: ruído Gaussiano, uniforme, etc
▶ Sua densidade espectral de potência (DEP), Sx (f )
▶ Ex: ruído branco

Os parâmetros podem ser deduzidos a partir de princípios físicos ou


estimados através de medições. Assume-se que as propriedades estatísticas
do ruído não variam ao longo do tempo (ergodicidade).

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Ruído Térmico

Provocado por agitação de elétrons livres em um condutor.


Pode ser modelado como um processo estocástico Gaussiano de média nula
e DEP dada por:
h|f |/2
Sw (f ) = h|f |
e kT − 1
onde
▶ h é a constante de Planck, h = 6.63 × 10−34 W/Hz2
▶ k é a constante de Boltzmann, k = 1.38 × 10−23 W/Hz/K
▶ T é a temperatura absoluta, em Kelvin (= 273 + ◦ C).

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Ruído Térmico
Para f ≪ kTh ≈ 6 THz (em temperatura ambiente), o ruído térmico tem DEP
plana ou branca

Sw (f ) ≈ N0 /2, N0 = kT ≈ 4 · 10−21 W/Hz ≈ −174 dBm/Hz.

Sw (f )
N0
2
··· ···

Podemos determinar a potência contida em qualquer faixa de frequências


[f1 , f2 ] de largura B = f2 − f1 calculando:

N0
Pw [f1 , f2 ] = · 2B = N0 B.
2

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dBm/Hz?

▶ A interpretação convencional da operação de divisão (sugerindo uma


operação inversa de integração/multiplicação) somente é correta na
unidade W/Hz:
P (W) = N0 (W/Hz) · B (Hz)
▶ Para realizar cálculos em escala logarítmica, é necessário primeiramente
converter a largura de banda para a unidade “dBHz”:

10 log10 (P ) = 10 log10 (N0 ) + 10 log10 (B)


| {z } | {z } | {z }
dBW dBW/Hz dBHz
−3 −3
10 log10 (P/10 ) = 10 log10 (N0 /10 ) + 10 log10 (B)
| {z } | {z } | {z }
dBm dBm/Hz dBHz

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Transmissão e Recepção de
Sinais
Sistema de Transmissão em Banda Base
s(t) r(t)
TX canal RX
fonte destino
▶ Canal “com fio” (condutor elétrico)

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Sistema de Transmissão em Banda Base
s(t) r(t)
TX Hc (f ) RX
fonte destino
▶ Canal “com fio” (condutor elétrico)
▶ Modelo matemático:
1. Resposta em frequência Hc (f ) que decai com a frequência (passa-baixa)
2. Atenuação com a distância Hc (0) = αc (dB/km)

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Sistema de Transmissão em Banda Base
s(t) r(t)
TX Hc (f ) + RX
fonte destino
n(t)

▶ Canal “com fio” (condutor elétrico)


▶ Modelo matemático:
1. Resposta em frequência Hc (f ) que decai com a frequência (passa-baixa)
2. Atenuação com a distância Hc (0) = αc (dB/km)
3. Ruído branco na entrada do receptor

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Sistema de Transmissão em Banda Base
s(t) r(t)
TX Hc (f ) + RX
fonte destino
n(t)

▶ Canal “com fio” (condutor elétrico)


▶ Modelo matemático:
1. Resposta em frequência Hc (f ) que decai com a frequência (passa-baixa)
2. Atenuação com a distância Hc (0) = αc (dB/km)
3. Ruído branco na entrada do receptor
▶ Soluções:
1. Equalização
2. Amplificação
3. Filtragem

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Razão Sinal-Ruído (SNR)
s(t) r(t)
TX canal RX
fonte destino
Sinal recebido:
r(t) = x(t) + n(t)
Razão (ou relação) sinal-ruído (signal-to-noise ratio, SNR):

Px potência da componente de sinal


SNR = =
Pn potência da componente de ruído

Em dB:

SNRdB = 10 log10 SNR = (Px )dBW − (Pn )dBW = (Px )dBm − (Pn )dBm

Potência Recebida: (Px )dBW = (Ps )dBW + (G)dB − (PL )dB


G são os ganhos no TX e RX e PL é a perda de propagação entre TX e RX.
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Razão Sinal-Ruído (SNR)

Quais operações podem alterar a SNR?

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Razão Sinal-Ruído (SNR)

Quais operações podem alterar a SNR?


▶ Amplificação ideal: não altera, pois amplifica tanto o sinal quanto o ruído

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Razão Sinal-Ruído (SNR)

Quais operações podem alterar a SNR?


▶ Amplificação ideal: não altera, pois amplifica tanto o sinal quanto o ruído
▶ Amplificação não-ideal: tipicamente acrescenta ruído (distorção
não-linear), reduzindo a SNR
▶ Figura de ruído (noise figure, NF): Fator de amplificação do ruído além do
ganho ideal do amplificador, expresso em dB
▶ Amplificador projetado para baixa NF: Low-Noise Amplifier (LNA)

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Razão Sinal-Ruído (SNR)

Quais operações podem alterar a SNR?


▶ Amplificação ideal: não altera, pois amplifica tanto o sinal quanto o ruído
▶ Amplificação não-ideal: tipicamente acrescenta ruído (distorção
não-linear), reduzindo a SNR
▶ Figura de ruído (noise figure, NF): Fator de amplificação do ruído além do
ganho ideal do amplificador, expresso em dB
▶ Amplificador projetado para baixa NF: Low-Noise Amplifier (LNA)
▶ Filtragem: pode aumentar a SNR, ao reduzir a largura de banda do ruído

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Sistema de Transmissão em Banda Passante
s(t) r(t)
TX canal RX
fonte destino
▶ Canal pode ser sem fio ou “com fio”
▶ Modelo matemático:
1. Resposta em frequência Hc (f ) concentrada em uma faixa (passa-faixa)
2. Atenuação com a distância Hc (0) = αc
▶ Para canais sem fio, tipicamente αc2 = d−e , 2 ≤ e ≤ 6
3. Ruído branco na entrada do receptor
▶ Soluções:
1. Equalização
2. Amplificação
3. Filtragem (passa-faixa)

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