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MÓDULO 3 - AULA 35
Objetivo
• Conhecer a integral de funções vetoriais;
Exemplo 35.1
Sabendo que uma partı́cula se move ao longo de uma curva no espaço, com
velocidade ~v = (2t, −4t, 1) e que a sua posição no intante t = 0 era (1, 1, 0),
o que podemos dizer sobre a sua posição num instante t > 0?
ds
Bem, sabemos que ~v (t) = s0 (t) = (t) e, portanto, gostarı́amos de
dt
dizer que Z
s(t) = ~v (t) dt
= (t2 + C1 , −2t2 + C2 , t + C3 ).
Para que s(t) satisfaça a condição inicial s(0) = (1, 1, 0) temos que
fazer C1 = 1, C2 = 1 e C3 = 0. Assim, a resposta à pergunta inicial é
s(t) = (t2 + 1, 1 − 2t2 , t).
211 CEDERJ
Funções vetoriais – Integrais
Observação:
Na verdade, a integral da função vetorial α(t), sobre um intervalo [a, b],
é definida em termos de somas de Riemann, nos mesmos moldes que se faz
no caso das funções reais, de uma variável real, tomando limite de somas
sobre as partições do intervalo. A única diferença é que lá fazemos somas de
números enquanto que aqui temos somas vetoriais.
Uma vez isto estabelecido, pode-se provar que a igualdade (I), que
usamos para calcular as integrais vetoriais, é verdadeira.
Antes de prosseguir, que tal você fazer uma tentativa? Aqui está:
Exercı́cio 1
A aceleração de uma partı́cula em movimento, no instante t ≥ 0 é dada
por
d~v
~a(t) = (t) = 12 cos 2t~i − 8 sen 2t ~j + 12t ~k.
dt
Sabendo que ~v (0) = ~0 e que s(0) = ~0, determine a velocidade e a
posição da partı́cula.
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Funções vetoriais – Integrais
MÓDULO 3 - AULA 35
Ele afirma que, para qualquer função contı́nua α(t), sobre um intervalo
[a, b], Z
b Z b
α(t) dt ≤ |α(t)| dt. (II)
a a
Exemplo 35.2
Vamos mostrar que a desigualdade (II) e estrita no caso em que α(t) = (1, t),
com t ∈ [0, 1].
Z 1
Primeiro, calculamos α(t) dt.
0
Z 1 Z 1 Z 1
1
α(t) dt = dt~i + t dt ~j = ~i + ~j.
0 0 0 2
Portanto, Z
1 r √
1 5
α(t) dt = 1 + = .
0 4 2
Para resolver esta integral
Agora, vamos calcular o outro termo da inequação. Ora, como
√ usamos a substituição
|α(t)| = 1 + t2 , temos trigonométrica t = tg θ.
Z 1 Z 1 √
|α(t)| dt = 1 + t2 dt
0 0
1 √ √ 1
= t 1 + t2 + ln |t + 1 + t2 | =
2
0
1 √ √
= 2 + ln (1 + 2) .
2
213 CEDERJ
Funções vetoriais – Integrais
Seja F~ (t) uma força que atua sobre uma partı́cula. Chama-se o impulso
de F~ no intervalo [t1 , t2 ] o vetor
Z t2
I = F~ (t) dt.
t1
Z t2 Z t2 Z t2
~ d~v
I = F (t) dt = m ~a(t) dt = m (t) dt =
t1 t1 t1 dt
t2
= m ~v (t) = m (~v2 − ~v1 ).
t1
Z bq
L = 1 + f 0 (x) 2 dx.
a
CEDERJ 214
Funções vetoriais – Integrais
MÓDULO 3 - AULA 35
α(tn−1 )
α(t0 )
α(tn )
α(t1 ) α(t3 )
α(t2 )
Como fizemos na aula 29, podemos usar o Teorema do valor médio para
garantir a existência de números ξi e ζi ∈ [ti−1 , ti ], tais que
Assim,
q 2 2
|α(ti ) − α(ti−1 )| = α10 (ξi ) (ti − ti−1 ) + α20 (ζi ) (ti − ti−1 ) =
q 2
= α10 (ξi ) + α20 (ζi ))2 |ti − ti−1 | =
q 2
= α10 (ξi ) + α20 (ζi ))2 ∆ti .
215 CEDERJ
Funções vetoriais – Integrais
q 2
0
Como |α (t)| = α10 (t) + α20 (t))2 , a equação (III) nos motiva a
usar a seguinte definição para o comprimento do traço da curva α, sobre o
intervalo [a, b]:
Z b
L(α) = |α 0 (t)| dt.
a
Exemplo 35.3
Vamos calcular o comprimento da circunferência do cı́rculo de raio r.
√
= r2 sen2 t + r2 cos2 t = r.
Exercı́cio 2
Calcule o comprimento da curva α(t) = (cos t, sen t, t), com t ∈
[0, 2kπ].
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Funções vetoriais – Integrais
MÓDULO 3 - AULA 35
Z b
r
dr 2
L = + r2 dθ.
a dθ
Exemplo 35.4
Vamos calcular o comprimento da espiral de Arquimedes, dada pela equação
θ
r = 2π , quando θ ∈ [0, 2π].
dr 1
Veja que dθ
= 2π
. Portanto,
Z r
2π
1 θ2
L = + dθ =
0 4π 2 4π 2
Z 2π √
1
= 1 + θ2 dθ =
2π 0
√ √
1 + 4π 2 ln 2π + 1 + 4π 2
= + ≈ 3, 383044285.
2 Z 4π
√
Observe que para integrar 1 + θ2 dθ, usamos uma substituição tri-
gonométrica. De um modo geral, o cálculo do comprimento de curvas acaba
dando em integrais que demandam muito trabalho. No entanto, o próximo
exercı́cio não demandará muito esforço.
Exercı́cio 3
Use a fórmula do comprimento de curvas dadas em coordenadas polares
para calcular o comprimento da circunferência do cı́rculo de raio R.
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Funções vetoriais – Integrais
Este tema foge um pouco dos assuntos que estamos cobrindo mas é tão
bonito que vale a pena incuı́-lo. Além disso, à partir da próxima aula, nossos
temas mudarão completamente, de modo que, lá vai.
f (b)
Queremos uma fórmula que nos permita calcular a área de uma região
f (a)
limitada por uma curva dada em coordenadas polares, definida por
A
0 ≤ r ≤ r(θ) a < θ < b.
1
Ai = r(ξi )2 .
2
Z b
1
A = r(θ)2 dθ.
2 a
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Funções vetoriais – Integrais
MÓDULO 3 - AULA 35
Exemplo 35.5
(a) A região limitada pela curva r = 1 + cos θ, com θ ∈ [0, π], que a metade
de uma cardióide.
(b) A região limitada pela alça menor da limaçon r = 1 + 2 cos θ.
1 + cos θ
1 + 2 cos θ
Terminamos essa aula com um resumo das fórmulas que você aprendeu:
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Funções vetoriais – Integrais
Z Z
b b
α(t) dt ≤ |α(t)| dt
a a
Z b
L(α) = |α 0 (t)| dt.
a
Z b
1
A = r(θ)2 dθ
2 a
Z r
b
dr 2
L = + r2 dθ.
a dθ
Você pode usá-las para resolver a lista de exercı́cios a seguir, que começa
com as soluções dos exercı́cios propostos ao longo da aula.
Exercı́cios
Exercı́cio 1
A aceleração de uma partı́cula em movimento, no instante t ≥ 0, é dada
por
d~v
~a(t) = (t) = 12 cos 2t~i − 8 sen 2t ~j + 12t ~k.
dt
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Funções vetoriais – Integrais
MÓDULO 3 - AULA 35
Solução:
d~v d2 s
Veja, ~a(t) = (t) = (t).
dt dt2
Portanto, obtemos ~v (t) integrando ~a(t):
Z Z Z
~v (t) = 12 cos 2t dt~i − 8 sen 2t dt ~j + 12t dt ~k =
Z Z Z
s(t) = 6 sen 2t dt~i + (4 cos 2t − 4) dt ~j + 6t2 dt ~k =
Exercı́cio 2
Calcule o comprimento da curva α(t) = (cos t, sen t, t), com t ∈
[0, 2kπ].
Solução:
Esta curva é uma helicóide que, quando t percorre o intervalo [0, 2kπ],
gira k voltas sobre seu eixo de rotação.
Para calcular o comprimento desta curva, calculamos inicialmente a
norma de sua derivada:
p √
|α0 (t)| = (− sen t)2 + (cos t)2 + 12 = 2.
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Funções vetoriais – Integrais
Exercı́cio 3
Use a fórmula do comprimento de curvas dadas em coordenadas polares
para calcular o comprimento da circunferência do cı́rculo de raio R.
Solução:
A equação do cı́rculo de raio R em coordenadas polares é r = R (isto
é, o raio é uma constante). Para completar a circunferência temos que fazer
θ ∈ [0, 2π].
dr
Portanto, = 0 e o comprimento fica
dθ
Z 2π √ Z 2π
L = 2 2
0 + R dθ = R dθ = 2π R.
0 0
Exercı́cio 4
Calcule a integral das seguintes funções vetoriais sobre os correspon-
dentes intervalos.
√ √
(a) α(t) = (t 1 + t, 1 + t), t ∈ [0, 1];
t t2
(b) β(t) = (t e , t e ), t ∈ [−1. 1];
(c) γ(t) = (cos 2πt, sen 2πt, t), t ∈ [0, 1/2];
Exercı́cio 5
Uma partı́cula de massa m descreve um movimento circular uniforme
sobre o cı́rculo de raio 1 e centro na origem. A equação da aceleração do
movimento é
~a(t) = 4π 2 (− cos 2πt, − sen 2πt).
Sabendo que ~v (0) = (0, 2π) e que s(0) = (1, 0), mostre que a velocidade é
ortogonal à posição e que a aceleração tem a mesma direção que a posição
mas aponta no sentido contrário que esta.
Calcule o impulso da força centrı́peta F~ = m ~a, atuando na partı́cula
nos intervalos de tempo [0, 1/2], [0, 1] e [0, 2].
Exercı́cio 6
Uma partı́cula de massa 1 unidades de peso desloca-se num plano de-
vido a ação de uma força F~ (t) = 3t2 ~i + t cos πt ~j. Sabendo que velocidade
e a posição da partı́cula no instante t = 0, são iguais a ~0, calcule a velocidade
no instante t. Calcule o impulso da força F~ no intervalo de tempo [0, 1].
Sugestão: Use a fórmula F = m a.
CEDERJ 222
Funções vetoriais – Integrais
MÓDULO 3 - AULA 35
Exercı́cio 7
Calcule o comprimento das curvas a seguir, nos correspondentes inter-
valos.
(a) α(t) =
(4t, 3t), t ∈ [a, b];
(b) β(t) (sen πt, cos πt, et ),
= t ∈ [0, 2]
(c) γ(t) =
(1, t, ln t), t ∈ [1, e]
(d) δ(t) (t − sen t, 1 − cos t), t ∈ [0, 2π];
=
et + e−t
(e) µ(t) = t, , t ∈ [−1, , 1].
2
x 1
Sugestão para o item (d): use a identidade cos2 = (1 + cos x).
2 2
Exercı́cio 8
Calcule o comprimento das curvas a seguir, dadas em coordenadas po-
lares, nos correspondentes intervalos.
(a) r(θ) = sen θ, θ ∈ [0, π];
(b) r(θ) = 1 + cos θ, θ ∈ [0, π/2]
(c) r(θ) = e−θ , θ ∈ [0, kπ]
(d) r(θ) = e−θ , θ ∈ [0, ∞).
Exercı́cio 9
A curva definida pela equação α(t) = (cos3 t, sen3 t) é chamada de
hipociclóide. Seu traço pode ser visto na figura. Calcule o seu comprimento.
Exercı́cio 10
Esboce a região definida em coordenadas polares pela inequação
1 ≤ r ≤ 2 cos θ.
223 CEDERJ
Funções vetoriais – Integrais
Exercı́cio 11
A equação r = cos 2θ define uma rosácea de quatro pétalas. Veja a
figura. Calcule a área de uma de suas pétalas.
Exercı́cio 12
A equação r = 1 + 3 sen θ define uma limaçon. Veja a figura. Calcule
a área entre a alça maior e a alça menor desta limaçon.
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