Você está na página 1de 52

Universidade Estadual de Santa Cruz

Departamento de Engenharias e Computação

Análise de Sinais e Sistemas

Sinais

Prof. Bruno Aguiar Santana


basantana@uesc.br
Definição

• Sinal é uma função de uma ou mais variáveis, a qual veicula


informação sobre a natureza de um fenômeno físico (Haykin e
Veen, 2001).

• Qualquer coisa que carregue informação pode ser considerado


um sinal (Chen, 2009).

• Um sinal é um conjunto de dados ou informação (Lathi, 2007).


Definição

• Sinais são representados matematicamente com funções de


uma ou mais variáveis independentes (Oppenheim e Willsky,
2010).

–𝑥(𝑡)

–𝑥(𝑡, 𝑠)
Classificação

• Unidimensional: função depende de uma única variável.


– Sinal de voz (amplitude de tensão em função do tempo).
Classificação

• Unidimensional: função depende de uma única variável.


– Batimento do coração (tensão apresentada em um
eletrocardiograma)
Classificação

• Unidimensional: função depende de uma única variável.


– Velocidade do vento em função da altura.
Classificação

• Multidimensional: função depende de duas ou mais variáveis


independentes.
– O brilho de uma foto é função de suas coordenadas espaciais.
Classificação

Escopo da disciplina limitado a sinais


unidimensionais em função do
tempo/frequência!
Classificação

• Outras classificações de sinais:


–Contínuos e discretos no tempo
–Analógicos e digitais
–Periódicos e não periódicos (aperiódicos)
–Determinísticos e aleatórios
–Causais e não causais
Sinal de tempo contínuo

• Um sinal contínuo no tempo é aquele que é definido para todo


tempo 𝑡 real
𝑥 𝑡 ∈ ℝ, ∀𝑡 ∈ ℝ
Sinal de tempo contínuo

• Um sinal contínuo no tempo é aquele que é definido para todo


tempo 𝑡 real

𝑡1 = 𝑡2 → 𝑥1 ≠ 𝑥2
𝑥 𝑡1 = 𝑥1
𝑥 𝑡2 = 𝑥2
𝑡1 = 𝑡2 → 𝑥1 = 𝑥2

Não é um sinal, pois não é uma função!


Sinal de tempo contínuo lim 𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑎)
𝑥→𝑎

• Sinal de tempo contínuo não implica em função contínua

lim− 𝑥(𝑡) ≠ lim+ 𝑥(𝑡)


𝑡→2 𝑡→2
Sinal de tempo contínuo

• Sinal de tempo contínuo não implica em função contínua

• Porém, todos os sinais do mundo real são funções contínuas


no tempo

• Ex.: voz, temperatura, velocidade dos automóveis etc.


Sinal de tempo discreto

• Um sinal discreto no tempo é definido apenas em


instantes discretos (amostras) de tempo
Sinal de tempo discreto

• Período de amostragem variável


– Ex.: Valores das ações da bolsa não são gerados
em finais de semanas e feriados.
Sinal de tempo discreto
• Período de amostragem fixo
–O sinal 𝑥(𝑡) pode ser especificado apenas nos
instantes de amostragem 𝑛𝑇
–Sinal de tempo discreto/discretizado: 𝑥 𝑛 , 𝑛 ∈ ℤ
Sinal de tempo discreto
𝑥 𝑛 ≔ 𝑥 𝑛𝑇 = 𝑥 𝑡 |𝑡=𝑛𝑇 , 𝑛 = 0,1,2, …

• 𝑇: período de amostragem

• 𝑛: índice de tempo

• Notação:
– 𝑥[𝑛], tempo discreto e 𝑛 ∈ ℤ
– 𝑥(𝑡), tempo contínuo e 𝑡 ∈ ℝ

• Outras notações usuais de tempo discreto:


– 𝑥𝑛 , 𝑥[k], 𝑥k
Sinal de tempo discreto
Sinais analógicos e digitais
• Um sinal analógico é aquele cuja amplitude pode assumir
qualquer valor em uma faixa contínua

• Um sinal digital é aquele cuja amplitude pode assumir


apenas um valor pertencente a um conjunto finito de valores
Sinais analógicos e digitais

• Sinal digital
–Sinal é definido apenas em determinados instantes de
tempo – como todo sinal de tempo discreto

–A amplitude do sinal assume apenas valores especificados.


A quantidade de valores é 2B (B é o número de bits);

–Amostrar um sinal CT leva a um sinal DT. Codificar (binário)


um sinal DT leva a um sinal digital

–Todos os sinais processados/armazenados em


computador são digitais
Sinais analógicos e digitais

• Processamento digital
Sinais analógicos e digitais
• Sinal discretizado

• Sinal digital de 3 bits


Interpolação

• Construção de um sinal CT a partir de um sinal DT


Processamento
em tempo real
Interpolação
• Exemplo: 𝑥 𝑡 = 4𝑒 −0.3𝑡 cos(4𝑡) , 𝑡 ∈ [0,5)

–Não é possível armazenar uma função em tempo contínuo


no computador
• Infinitos números no intervalo real [0, 5)
–Solução: aproximar 𝑥(𝑡) utilizando um período de
amostragem 𝑇
𝑥 𝑡 =𝑥 0 , 𝑡 ∈ [0, 𝑇)
𝑥 𝑡 =𝑥 𝑇 , 𝑡 ∈ [𝑇, 2𝑇)

–Cria-se a função 𝑥𝑇 𝑡 = 𝑥 𝑛𝑇 , 𝑡 ∈ [𝑛𝑇, 𝑛 + 1 𝑇)
𝑛 = 0,1,2, … 𝑇>0
Interpolação
• Aproximação por função escada

– Ex.: 𝑥 𝑡 = 4𝑒 −0.3𝑡 cos(4𝑡) , 𝑡 ∈ [0,5)

𝑇 = 0.3
Interpolação
• Aproximação por função escada

– Ex.: 𝑥 𝑡 = 4𝑒 −0.3𝑡 cos(4𝑡) , 𝑡 ∈ [0,5)

𝑇 = 0.1
Interpolação
• Aproximação por função escada

– Ex.: 𝑥 𝑡 = 4𝑒 −0.3𝑡 cos(4𝑡) , 𝑡 ∈ [0,5)

𝑇 = 0.001
Interpolação
• Aproximação por função escada

– A função escada (tempo contínuo) anterior é definida para todo


𝑡 ∈ [0,5). Porém muda a amplitude apenas em tempos
específicos 𝑛𝑇

– A aproximação de 𝑥(𝑡) por 𝑥𝑇 (𝑡) é chamada de PAM (pulse-


amplitude modulation)

– Outros tipos de aproximações: PCM (pulse-code modulation),


PWM (pulse-width modulation), PPM (pulse-position
modulation)
Interpolação
• Aproximação por função escada

– Ex.: 𝑥 𝑡 = 4𝑒 −0.3𝑡 cos(4𝑡) , 𝑡 ∈ [0,5)

𝑥𝑇 𝑡 = 𝑥 𝑛𝑇 , 𝑡 ∈ [𝑛𝑇, 𝑛 + 1 𝑇)

• 𝑇: período de amostragem;
• 𝑛𝑇: tempos de amostragem;
• 𝑛: índice de tempo;
• 𝑥(𝑛𝑇): valores amostrados;
• 1/𝑇 ≔ 𝑓𝑠 [𝐻𝑧]: frequência ou taxa de amostragem.
Interpolação
• Sinal DT Scilab/Matlab
Sinais periódicos e aperiódicos

• Um sinal 𝑥(𝑡) é periódico se para alguma constante positiva 𝑇0

𝑥 𝑡 = 𝑥 𝑡 + 𝑇0 , ∀𝑡

• Se o sinal 𝑥(𝑡) não for periódico, ele é aperiódico


Sinais determinísticos e aleatórios

• Um sinal determinístico é aquele cuja descrição física é


completamente conhecida, seja através de um gráfico ou
através de uma expressão matemática

• Por outro lado, um sinal aleatório admite apenas uma descrição


probabilística (momentos, fdp, fda, etc.)

– f.d.p.: função de densidade de probabilidade (variável contínua)

– f.d.a.: função de distribuição acumulada (variável discreta ou contínua)


Sinais causais e não causais

• Um sinal é causal se ele começar a partir do instante 𝑡 = 0

• Caso o sinal comece antes de 𝑡 = 0 e se estenda para 𝑡 > 0, o


sinal é chamado de não causal
Sinais causais e não causais

• Tempo 𝑡 = 0:

– Tempo convenientemente escolhido como referência

– Ex.:
Modelos úteis de sinais

• Na área de sinais e sistemas, as funções degrau, impulso e


exponencial são muito importantes

• Servem como base para a representação de outros sinais e


podem ser utilizadas para simplificar vários aspectos de sinais
e sistemas
Função degrau unitário

• O degrau unitário permite se ter uma representação compacta


para sinais causais
Função degrau unitário

• O degrau unitário permite se ter uma representação compacta


para sinais causais
Função impulso unitário

• A “função” impulso unitário denotada por 𝛿(𝑡) foi definida por


Dirac como

𝛿Δ (𝑡)
Função impulso unitário

• Uma definição matemática para o impulso pode ser dada em


termos de função generalizada
– Funções definidas por seu efeito em outras funções

• Usando essa definição, o impulso é definido através da


propriedade da amostragem:
Função impulso unitário

• Propriedade da amostragem
Função impulso unitário

• Mesmo que a função impulso não tenha uma existência física,


apenas uma idealização, podemos calcular a resposta h(t) de um
sistema a esta entrada, com o conhecimento de h(t), podemos
calcular a resposta do sistema a qualquer entrada arbitrária.

• O conceito da resposta ao impulso, portanto, fornecerá um resultado


intermediário para o cálculo da resposta do sistema a uma entrada
arbitrária.

• Além disso, a própria resposta h(t) ao impulso fornece muita


informação sobre o comportamento do sistema.
Integração por partes

Função impulso unitário

• A derivada do degrau unitário 𝑢(𝑡) é um impulso

• Como a derivada de 𝑢(𝑡) satisfaz a propriedade de


amostragem de 𝛿(𝑡), pode-se concluir no sentido generalizado
que
Função impulso unitário

• Como

• Consequentemente, tem-se que


Função impulso unitário

• Todas as funções derivadas da função impulso unitário (sucessivas


diferenciais e integrais) são chamadas de funções de singularidade

• Uma singularidade é um ponto no qual uma função não possui


derivada

• Cada uma das funções de singularidade (se não for a própria função,
então a função diferenciada um número finito de vezes) possui um
ponto singular na origem, sendo nula em todas as demais posições
Função exponencial complexa
• A exponencial complexa é definida por

• A variável 𝑠 = 𝜎 + 𝑗𝜔 é chamada de frequência complexa

• Usando a fórmula de Euler, pode-se mostrar que

• Ou seja, uma exponencial amortecida pode ser representada por uma


combinação de exponenciais complexas
Função exponencial complexa

• As seguintes funções são um caso especial ou podem ser


descritas em termos de 𝑒 𝑠𝑡 : 4

1, 2 3 4
Função exponencial complexa

• Senóides de frequência complexa 𝑠 = 𝜎 + 𝑗𝜔


Energia e potência de um sinal
• Quando se lida com sinais é necessário ter uma medida de
sua “força”
• Dependendo do tipo de sinal, pode-se utilizar a energia ou a
potência para indicar se ele é mais forte ou mais fraco
• Da eletricidade, sabe-se que

• Para uma carga resistiva


Energia e potência de um sinal
• Em sinais e sistemas considera-se uma carga normalizada
(𝑅 = 1Ω) e, desse modo, a energia de um sinal 𝑥(𝑡) pode ser
definida como

• A energia assim definida não representa a energia real de um


determinado sinal prático
• Se 𝑥(𝑡) for uma função complexa, a sua energia pode ser
definida como
Energia e potência de um sinal
• A potência de um sinal 𝑥(𝑡) pode ser definida como a energia
média em um dado intervalo de tempo:

• Se 𝑥(𝑡) for uma função complexa, a sua potência pode ser


definida como
Energia e potência de um sinal
• Pode-se mostrar que se 𝑥(𝑡) é um sinal periódico com período
𝑇0 , o cálculo da sua potência é bastante simplificado, ou seja:

• A integral acima pode ser calculada em qualquer intervalo de


tempo de comprimento igual a 𝑇0
Energia e potência de um sinal

Você também pode gostar