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Classificação de sinais

Apresentação
Sinais são funções matemáticas que carregam informações. Eles podem ser originados por fontes
naturais, como a temperatura de um corpo e a pressão atmosférica, ou ser artificialmente criados,
como os pulsos elétricos para transferir dados entre um computador e outro.

Ao caracterizar os sinais, muitas vezes é preciso determinar seu tamanho. Dependendo da função e
da característica do sinal, será preciso usar diferentes técnicas de mensuração de seu tamanho, o
que pode ser feito avaliando sua área, energia ou potência.

Durante o processamento e transmissão, o sinal original pode ter suas características alteradas.
Algumas dessas transformações são representadas por três operações básicas: escalamento,
deslocamento e inversão.

Nesta Unidade de Aprendizagem, além de conhecer as características das operações básicas entre
sinais, você vai aprender a classificar os sinais, considerando seu comportamento em relação ao
tempo, amplitude, periodicidade e outros fatores.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Caracterizar sinais.
• Identificar operações que se utilizam de sinais.
• Apresentar a classificação dos sinais.
Desafio
Dentre as muitas áreas em que os sinais são utilizados, está o processamento de áudio. O sinal
pode ser utilizado diretamente para transmitir uma música, uma mensagem ou qualquer outra
informação audível. Atividades ainda mais complexas podem envolver eliminação de ruídos,
equalização e reconhecimento de voz, entre outras.

Durante o desenvolvimento de equipamentos de som, como amplificadores e alto-falantes, deve-se


avaliar a quantidade de energia e potência que o equipamento é capaz de produzir ou utilizar sem
ser danificado.
Determine a potência e a energia consumidas pela carga em ambos os sinais e verifique se estão
dentro dos limites esperados.
Infográfico
Classificar um sinal pode ser algo complexo, especialmente porque várias características devem ser
analisadas.

Muitas vezes, um sinal pode ter um comportamento que se enquadra em mais de uma
característica, sendo necessário, portanto, restringir esse comportamento para melhor categorizá-
lo.

Neste Infográfico, veja três exemplos diferentes de sinais e como são classificados.
Aponte a câmera para o
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Conteúdo do livro
Os sinais traduzem informações a partir de variações de uma grandeza física em função de uma
variável independente, na maioria das vezes, o tempo.

Apesar de existirem inúmeras formas de sinais, maior ênfase é dada aos sinais eletromagnéticos,
que possibilitam a comunicação e o processamento de dados por máquinas modernas.

O capítulo Classificação de sinais, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, está dividido em
três partes. Na primeira delas, você conhecerá um pouco a respeito das características dos sinais e
formas de mensurar seu tamanho. Na segunda parte, são destacadas as três operações básicas
entre sinais: escalamento, deslocamento e inversão. Por fim, você verá como as características de
um sinal impactam sua classificação e por que são importantes, inclusive para se determinar
adequadamente o tamanho deste.

Boa leitura.
PRINCÍPIOS DE
COMUNICAÇÃO DE
DADOS
Classificação
de sinais
Maikon Lucian Lenz

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Caracterizar sinais.


>> Identificar operações que se utilizam de sinais.
>> Apresentar a classificação dos sinais.

Introdução
Os sinais se fazem presentes a todo momento, sendo muitas as suas fontes,
algumas naturais outras artificiais, mas para todos os casos há informação.
Quando relacionados a fenômenos naturais, os sinais tendem a ser contínuos,
tanto no tempo, apresentando um valor para qualquer intervalo, quanto em sua
amplitude, que pode ser mensurada em infinitas frações.
Alguns sinais, porém, são discretos, muito mais frequentes em sistemas de
comunicação e processamento, ainda que representem muitas vezes grandezas
ou fenômenos naturais.
Neste capítulo, você conhecerá as principais características que envolvem os
sinais e como elas contribuem para a sua classificação. Apesar de essa classifi-
cação ser muito abrangente, alguns fatores são recorrentes principalmente pela
facilidade de utilização em ou outro sistema, como temporalidade, amplitude,
periodicidade e o fato de um sinal ser analógico ou digital. Além disso, serão
abordadas as operações fundamentais entre sinais (p. ex., escalamento, desloca-
mento e inversão), e a avaliação do tamanho de um sinal a partir de três diferentes
métodos, calculando área, energia e potência.
2 Classificação de sinais

Sinais
Os sinais podem ser compreendidos como grandezas que variam em função de
outra variável e representam algum tipo de informação (GIROD; RABENSTEIN;
STENGER, 2003).
Por meio de sinais, conjuntos de dados podem ser transferidos de um
sistema para o outro. Os sinais representam grandezas em função de uma
variável em geral independente como o tempo (OPPENHEIM; WILLSKY; NAWAB,
2010). No entanto, existem alguns tipos de sinais capazes de ter outra variável
independente, como na densidade, em que os corpos se distribuem ao longo
de um espaço. Já os sistemas são os meios que conseguem extrair, processar
e manipular os sinais das mais diversas formas (ROBERTS, 2009).

Em um sistema de controle aéreo, existem diversos sinais: desde a


comunicação dos pilotos com a torre por meio de ondas de rádio
moduladas em frequências específicas até o monitoramento da posição das
aeronaves no radar. É por meio deste último que o sistema de controle aéreo
pode orientar o reposicionamento das aeronaves a fim de evitar futuras colisões.
Perceba que o sistema deve ser capaz de avaliar não apenas a posição atual, mas
também a velocidade, a altitude e a direção de cada objeto, além de projetar as
posições futuras antecipando eventuais riscos de colisão e permitindo que os
controles de voo orientem os pilotos da maneira mais adequada.

As características dos sinais influenciam diretamente a forma como estes


podem ser aproveitados ou manipulados para as mais diversas tarefas de
processamento e comunicação. É muito comum utilizar-se de elementos de
conversão de sinais, em que uma grandeza passa a ser representada por
outra, normalmente por meio de uma relação linear, por exemplo, quando
um elemento sensor converte a temperatura do ambiente em um sinal elé-
trico, variando a tensão de acordo com a variação da temperatura; ambos,
no entanto, são sinais cuja variável independente é, mais uma vez, o tempo.
O tamanho de um sinal pode ser avaliado de diferentes maneiras. Entre-
tanto, algumas medidas podem ser mais ou menos eficazes na comparação
e na compreensão dos sinais. Por exemplo, se considerada a área formada
pela amplitude (Equação 1) de um sinal variante no tempo como a medida de
seu tamanho, pode-se concluir que um sinal de grande amplitude absoluta,
mas que alterna entre valores positivos e negativos, tem um tamanho menor
que outro sinal de amplitude sempre positiva, o que nem sempre é verdade.

(1)
Classificação de sinais 3

Onde:

„„ x: função que define a amplitude da grandeza em cada instante de


tempo.
„„ t: tempo ou outra variável independente vinculada ao sinal.
„„ T: tamanho do sinal.
„„ a: limite mínimo da função.
„„ b: limite máximo da função.

Lathi (2006) apresenta a equação 1 na forma de um exemplo, em que, a


partir de uma função área ( ), é calculado o volume de um objeto. Nesse
caso, a função apresenta como variável independente a altura de um objeto.
A área muda de tamanho para cada nível diferente de altura e poderia ser
expressa como um gráfico bidimensional em que o eixo vertical fosse a área
e o horizontal, a altura. O resultado seria a área do gráfico do ponto de vista
do sinal, mas, em se tratando de uma função cujas instâncias representam
a área em determinada altura, pode-se dizer que a área do gráfico para a
função a(h) da Equação 2 representa, na verdade, o volume de um objeto,
como na Equação 3.

(2)

(3)

Onde:

„„ x: função que define a amplitude do sinal, ou área do objeto para


diferentes alturas.
„„ h: altura do objeto.
„„ A: área do sinal.
„„ r: raio do círculo.
„„ H: altura do objeto.
„„ V: volume do objeto.

Ainda, é possível comparar os sinais por meio de outras medidas, como a


energia, em que a área formada pelo quadrado da amplitude é considerada
o tamanho do sinal. Porém, nessa medida ocorre o problema de a grandeza
variar de acordo com a carga em que o sinal é aplicado, embora se possa
utilizar a energia normalizada como uma maneira de avaliar a capacidade de
4 Classificação de sinais

energia que um sinal pode oferecer a uma carga unitária. Nesse caso, ainda
que o sinal alterne entre valores positivos e negativos, a intensidade absoluta
(sempre positiva) será considerada como na Equação 4 (LATHI, 2006).

(4)

Onde:

„„ E: energia do sinal.

Ainda mais importante, em algumas situações, são as medidas de potência,


pois simplificam a avaliação do sinal quando de uma fonte de energia não
finita ou de duração indeterminada (LATHI, 2006). Isso porque, para calcular
a energia de um sinal, deve-se fazer a amostragem da amplitude ao longo de
toda a sua duração, o que pode ser impossível em alguns casos. Já a potência
pode ser restrita a um período de amostragem e faz menção à taxa com que
ocorre essa mudança de energia, como na Equação 5.

(5)

Onde:

„„ T: período da amostragem.
„„ P: potência do sinal.

Observe que todas as expressões demonstradas até aqui lidam com fun-
ções contínuas em relação à sua variável independente. No entanto, cada uma
delas pode muito bem ser utilizada também para funções do tipo discreta,
em que a variável independente não dispõe de infinitos valores, mas apenas
finitas instâncias de amostragem de determinada grandeza (OPPENHEIM;
WILLSKY; NAWAB, 2010). Assim, as expressões gerais, dadas pelas Equações
1, 4 e 5, podem ser representadas no tempo discreto pelas Equações 6, 7 e
8, respectivamente.

(6)

(7)

(8)
Classificação de sinais 5

Onde:

„„ N: total de amostras.
„„ –N: primeira amostra.
„„ +N: última amostra.
„„ x[n]: n-ésima instância.

Por fim, pode-se ainda avaliar a qualidade de um sinal, comparando o


tamanho entre o sinal enviado e o sinal recebido. É comum que os sinais
sejam afetados pelo meio que os cerca, sejam ruídos que se somam a eles,
sejam atenuações de meios que não facilitam a sua propagação. Assim,
avaliar a potência do sinal no envio e na recepção, bem como a potência
do ruído presente, pode servir de parâmetro para verificar a qualidade da
transmissão (LATHI, 2006).

Um sinal de energia jamais poderá ser um sinal de potência, e vice-


-versa. Isso porque, essencialmente, um sinal de potência consiste
no cálculo da média de um sinal considerando um período infinito. Assim, caso
o sinal tenha um início e um término definidos, a potência tenderá a zero. Da
mesma forma, a duração infinita de um sinal de potência produzirá sempre uma
quantidade de energia infinita (LATHI, 2006).

O Exemplo 1 mostra como calcular a área e energia de um sinal.

Exemplo 1
Dado o sinal do gráfico a seguir, pode-se identificar a função que o descreve
separando o sinal em partes.
6 Classificação de sinais

Como se vê, o sinal tem três padrões distintos:

1. É nulo quando menor que 0 ou maior que 2.


2. É igual à variável independente (x(t) = t) quando t for maior ou igual a
0, mas menor que 1.
3. É igual a 1 entre t igual a 1 e 2.

Matematicamente, podemos descrever o sinal pelo seguinte conjunto de


funções:

Pode-se calcular a área e a energia do sinal por meio das Equações 1 e 4,


respectivamente.
Classificação de sinais 7

Uma vez que as funções utilizadas para calcular o tamanho do sinal, seja
em função da área, energia ou potência, são resultado de uma soma de cada
fração do sinal, pode-se facilmente subdividir sinais complexos em partes
representadas por funções mais simples limitadas pela região em que a
função corresponde exatamente ao especificado, conforme demonstrado
no Exemplo 1.
Entretanto, não basta apenas conhecer as características dos sinais e ser
capaz de compará-los. Muitas vezes, é preciso utilizar operações específicas
capazes de alterar o seu comportamento, como será visto na próxima seção.

Operações
Operações como soma e subtração podem ser aplicadas da mesma forma entre
sinais, bastando que, instância a instância, sejam efetuadas essas operações.

Alguns sinais podem ser considerados ortogonais entre si. A orto-


gonalidade ocorre quando a soma entre os sinais e suas potências
têm o mesmo resultado (LATHI, 2006).

Porém, existem operações diretamente vinculadas aos sinais em si, sendo


as mais comuns as de deslocamento, escalamento e inversão (LATHI, 2006).
A operação de deslocamento consiste em avançar ou atrasar um sinal
em função da sua variável independente. Para os sinais variantes no tempo,
os mais frequentes, avançar um sinal é o equivalente a mover cada medida
de amplitude alguns instantes de tempo à frente e oposto para um atraso.
O deslocamento pode ser expresso matematicamente pela Equação 9,
em que, além da variável independente (entre parênteses) na definição da
função, consta um valor de deslocamento.

(9)

Onde:

„„ T: fator de deslocamento.

Na Figura 1, a partir de um sinal qualquer (Figura 1a), são demonstrados


os resultados obtidos a partir de operações de deslocamento, tanto para o
atraso (Figura 1b) quanto para o avanço de um sinal (Figura 1c).
8 Classificação de sinais

Figura 1. (a) Sinal original. (b) Sinal atrasado. (c) Sinal adiantado.
Fonte: Lathi (2006, p. 81).

Para sinais periódicos, é comum se referir a esses deslocamentos como


um avanço ou um atraso de fase. Nesse caso, em virtude da periodicidade
do sinal, a função pode ser referida em termos de ângulo, no lugar de tempo.
O redimensionamento escalar, ou simplesmente escalamento, por sua vez,
consiste na expansão ou contração do sinal ao longo de sua variável inde-
pendente (ROBERTS, 2009). Matematicamente, essa função é expressa por um
fator de multiplicação ou divisão da variável independente (entre parênteses).
A Equação 10 denota a aplicação do escalamento a uma função qualquer.
Importante destacar que o fator a de escalamento pode tanto ser um número
maior que 1, contraindo o sinal, quanto menor que 1 (p. ex., uma fração),
expandindo o sinal.

(10)

Onde:

„„ a: fator de escalamento.
Classificação de sinais 9

A Figura 2 mostra como um sinal (Figura 2a) fica ao ser contraído por
um fator 2 de escalamento (Figura 2b) e ao ser expandido pelo mesmo fator
(Figura 2c).

Figura 2. (a) Sinal original. (b) Sinal comprimido. (c) Sinal expandido.
Fonte: Lathi (2006, p. 83).

Pode-se, ainda, inverter o sinal em função da sua variável independente, o


que equivale a rotacionar em 180° o sinal em relação à vertical (LATHI, 2006).
A Equação 11 descreve a operação de inversão. Como se vê, todos os va-
lores menores que 0 da variável independente serão associadas aos valores
positivos dessa mesma variável, e vice-versa.

(11)

A Figura 3 demonstra o efeito obtido a partir da operação de inversão.


10 Classificação de sinais

Figura 3. (a) Sinal original. (b) Sinal invertido.


Fonte: Lathi (2006, p. 85).

É possível, também, inverter o sinal em função da variável dependente,


caso em que a expressão é dada pela Equação 12.

(12)

Tem-se novamente uma rotação de 180°, ou um espelhamento do sinal,


mas agora em relação ao eixo horizontal. O efeito de inversão horizontal é
visto entre os sinais das Figuras 4a e 4b.
Classificação de sinais 11

Figura 4. (a) Sinal original. (b) Sinal invertido em função da variável dependente.
Fonte: Lathi (2006, p. 86).

Por fim, é possível combinar as três operações em uma única expressão,


como na Equação 13.

(13)

Na Equação 10, o fator a expressa o escalamento, o fator T o deslocamento


e a variável t pode ser negativa caso seja necessário inverter o sinal em função
da variável dependente.

Classificação dos sinais


Os sinais podem ser classificados de muitas formas de acordo com as caracte-
rísticas que apresentam. Os critérios mais comuns utilizados na classificação
são apresentados no Quadro 1.
12 Classificação de sinais

Quadro 1. Critérios de classificação de sinais

Tempo contínuo Tempo discreto

Amplitude contínua Amplitude discreta

Analógico Digital

Valores reais Valores complexos

Unidimensional Multidimensional

Domínio finito Domínio infinito

Determinístico Estocástico

Fonte: Adaptado de Girod, Rabenstein e Stenger (2003, p. 3).

Para melhor compreender o significado de cada classificação, os critérios


serão analisados individualmente.
As variáveis do sinal podem ser do tipo contínua ou discreta. No primeiro
caso, podem ser amostradas em intervalos cada vez menores, enquanto, no
segundo , existe uma quantidade finita de valores possíveis.
A diferenciação entre contínuo e discreto (Figura 5) pode se dar em qualquer
uma das variáveis envolvidas. Um sinal pode ser contínuo em função da sua
variável independente, mas discreto em razão da sua variável dependente.
A temperatura em um termômetro de mercúrio, por exemplo, varia de forma
contínua em função do tempo (variável independente), mas a amplitude
(variável dependente), apesar de também ser continuamente variável, somente
pode ser lida e corretamente interpretada de acordo com a quantidade de
marcações existentes no termômetro e o espaço entre elas. Em outras pa-
lavras, apesar de a temperatura variar em frações extremamente pequenas,
em geral só conseguimos diferenciar mudanças próximas de 0,1 °C em razão
da escala de comparação do termômetro.
Em outros casos, os sinais podem ser tanto as variáveis independentes
quanto dependentes discretas. Independentemente do sensor associado à
entrada analógica de um microcontrolador, por exemplo, terá a leitura de
valores restrita pelo módulo de conversão analógico-digital. E, por conta
disso, tanto a quantidade de leituras está restrita pelo tempo de conversão
quanto a amplitude do sinal é classificada de acordo com um entre os níveis
detectáveis pelo circuito.
Classificação de sinais 13

Figura 5. Sinal contínuo (à esquerda) e sinal discreto (à direita).


Fonte: Lathi (2006, p. 4).

Com base nessas diferenças de continuidade, os sinais são classificados


entre analógicos e digitais. Cabe destacar, no entanto, que os sinais digitais
podem ser ainda mais complexos do que a simples amostragem e discretização
de sinais originalmente analógicos (mais comuns de forma natural). O que se
convencionou chamar de digital reside em uma codificação do valor analó-
gico dentro de um trem de pulsos binários, ou seja, com apenas dois valores
definidos: verdadeiro (máximo) ou falso (mínimo). Nesse caso, afirma-se que
a grandeza está codificada no tempo, já que o grupo de pulsos verdadeiros
e falsos, em uma quantidade predeterminada e na ordem correta, define o
valor da grandeza. Já os sinais analógicos são similares àqueles mais próximos
da nossa realidade natural: temperatura, pressão, velocidade, entre outros.
Os sinais podem ter amplitudes reais, como os vistos até agora, ou com-
plexos, como o caso de sinais de corrente alternada em que acumuladores
de energia estão presentes. Nessa situação, os acumuladores, sendo os mais
comuns o capacitor e o indutor, criam deslocamentos temporais, atrasando
ou avançando o sinal da fonte de energia a qual estão conectados. Em geral, a
presença de um número complexo representa uma rotação, e não um aumento
ou diminuição da amplitude de maneira direta.
Em alguns casos, o sinal pode ter mais de uma variável independente,
situação em que é classificado como multidimensional, por exemplo, as
imagens bidimensionais, já que cada pixel tem uma posição definida pelos
eixos X e Y a que está associada determinada cor (HAYKIN; VEEN, 2003).
Outra diferenciação importante consiste na restrição do domínio de um
sinal. Um sinal cuja variável independente é finita tem um início e um fim bem
delimitados. Já os sinais de domínio infinito não dispõem dessas limitações.
A classificação se dá ainda em sinais determinísticos, em que a variável
dependente é expressa de maneira exata ou próximo disso, ou como sinais
estocásticos (aleatórios como na Figura 6), cujos valores somente são conhe-
14 Classificação de sinais

cidos após a ocorrência do sinal, não sendo possível prevê-lo ou repeti-lo


(GIROD; RABENSTEIN; STENGER, 2003).

Figura 6. Exemplo de sinal estocástico.


Fonte: Lathi (2006, p. 4).

Por fim, os sinais podem ser periódicos, quando repetem o mesmo formato
e amplitude após um período específico, como na Figura 7. Do contrário, os
sinais são ditos não periódicos.

Figura 7. Exemplo de sinal periódico.


Fonte: Lathi (2006, p. 77).

Vale lembrar que mesmo um ruído, que se sobrepõe aos sinais “esperados”
em um sistema, também é um sinal em si, embora não disponha de informação
útil, motivo pelo qual é considerado indesejado (ROBERTS, 2009).
Saber classificar adequadamente o sinal é importante inclusive para con-
seguir calcular o tamanho deste. Por exemplo, o sinal da Figura 7 apresenta
área nula em virtude da simetria em relação ao eixo horizontal e, se consi-
derarmos que ele continua se repetindo para além do tempo demonstrado
no gráfico, será impossível determinar a sua energia. No entanto, é um sinal
claramente periódico, já que, como observado, ele se repete de tempos em
Classificação de sinais 15

tempos (a cada 2 segundos), o que permite calcular a potência mesmo sem


que se conheça o início ou fim dele, como feito no Exemplo 2.

Exemplo 2
Um sinal periódico, como o da Figura 7, pode ter sua potência calculada
com facilidade, já que a potência em um único período será a mesma para o
restante do sinal. Sabe-se que a função da Figura 7 corresponde a:

Logo, sabendo que o período corresponde a 2 segundos (como pode ser


observado pelo início de um período no tempo –1 e término em 1), tem-se que:

Como destacado anteriormente, não é possível a existência de um sinal


de potência e energia ao mesmo tempo. A energia de um sinal de potência
tende ao infinito, enquanto a potência de um sinal de energia tende a zero.
Por fim, em se tratando de sinais discretos, deve-se executar os mesmos
procedimentos, com a diferença de que a integral pode ser substituída por um
somatório cuja finalidade é a mesma: amostrar todos os valores existentes
no período avaliado da função.
Conhecendo as categorias mais comuns de classificação de sinais, você
conseguirá analisar e compreender o comportamento tanto dos sinais quanto
16 Classificação de sinais

dos sistemas que os utilizam com mais facilidade, até mesmo para determinar
a forma adequada de se calcular o tamanho de um sinal, como já visto.
Ainda, as operações básicas dos sinais podem agregar informações impor-
tantes sobre o meio percorrido ou os sistemas em que o sinal está envolvido.
Isso lhe dará a habilidade de extrair informações adicionais do sistema como
um todo, além de possibilitar uma série de novas aplicações.

Referências
GIROD, B.; RABENSTEIN, R.; STENGER, A. Sinais e sistemas. Rio de Janeiro: LTC, 2003. 354 p.
HAYKIN, S.; VEEN, B. V. Sinais e sistemas. Porto Alegre: Bookman, 2001. 668 p.
LATHI, B. P. Sinais e sistemas lineares. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. 856 p.
OPPENHEIM, A. V.; WILLSKY, A. S.; NAWAB, S. H. Sinais e sistemas. 2. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2010.ROBERTS, M. J. Fundamentos em sinais e sistemas. Porto
Alegre: AMGH; Bookman, 2009. 764 p.

Leituras recomendadas
CARVALHO, J. M.; GURJÃO, E. C.; VELOSO, L. R. Introdução à análise de sinais e sistemas.
Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Telecomunicações; LTC, 2015. 280 p.
OLIVEIRA, H. M. Análise de sinais para engenheiros: uma abordagem via wavelets. Rio
de Janeiro: Sociedade Brasileira de Telecomunicações; Brasport, 2007. 268 p.

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integralidade das informações referidas em tais links.
Dica do professor
Os sinais podem sofrer a alteração de ruídos que se somam a eles. Também podem ser atenuados
ou amplificados pelo meio ou pela passagem em sistemas diversos. Algumas dessas alterações são
artificialmente produzidas, outras, porém, ocorrem naturalmente.

Nesta Dica do Professor, serão analisadas com mais detalhes a importância das três operações
básicas dos sinais e como a operação de escalamento temporal está presente no efeito Doppler.

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Exercícios

1) Os sinais são classificados de acordo com múltiplas características. Uma das distinções
consiste na forma de avaliar o tamanho de um sinal. Assim, os sinais podem ser de energia
ou de potência.

Marque a alternativa que apresenta um sinal de potência.

A) A reação de um sistema mola-amortecedor após um veículo passar por uma lombada.

B) A transmissão de um arquivo por meio de um sinal elétrico.

C) A energia produzida por uma célula fotovoltaica no telhado de uma casa.

D) A radiação cósmica de fundo.

E) O disparo de uma bateria de fogos de artifício.

2) Há várias formas de se determinar o tamanho de um sinal. O cálculo da área, da energia e da


potência está entre as mais comuns.

Assinale a alternativa que representa a área aproximada para um sinal de 2 segundos dado
pela expressão:
x(t) = 4t2

A) 10,7.

B) 25,6.

C) 12,8.

D) 8,9.

E) 5,4.

3) A energia de um sinal corresponde ao somatório do quadrado das amplitudes em cada instante de


tempo. Determine a energia do sinal:

x(t) = 5e3t
cuja duração pode ser vista no gráfico da imagem:

A) 1,6 . 105.

B) 1,6 . 107.

C) 1,6 . 109.

D) 1,6 . 1011.

E) 1,6 . 1013.

4) Os sinais podem ser alterados por meio de operações de escalamento, deslocamento e inversão.

Com base nos gráficos da imagem, determine a expressão que identifica corretamente a operação
ocorrida.
A) x1(t) = x(t + 1).

B) x1(t) = x(t – 1).

C) x1(t) = x(2t).

D) x1(t) = x(t/2).

E) x1(t) = 2x(t).

5) Os sinais nem sempre se encontram em seu estado original, e podem sofrer interferências de
outros sinais ou sistemas que modifiquem seu comportamento, inclusive uma combinação
de transformações.

Marque a alternativa que representa a combinação das operações listadas:

1. Inversão em relação ao tempo.

2. Inversão em relação à amplitude.

3. Compressão por um fator de 3.

A) Confira a alternativa:
B) Confira a alternativa:

C) Confira a alternativa:

D) Confira a alternativa:

E) Confira a alternativa:
Na prática
Os sinais carregam informações que podem ser aproveitadas para analisar objetos e o ambiente ao
redor, além de serem usados para a comunicação entre pessoas ou outros sistemas.

No entanto, em determinadas situações, os sinais sofrem alterações de suas características que


podem ser, elas próprias, fontes de informação.

Veja, Na Prática, de que forma Joaquim e sua equipe foram capazes de projetar um sonar e
contornar a ocorrência de múltiplas reflexões.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Sinais contínuos e sinais discretos


Neste vídeo, veja uma comparação entre sinais contínuos e discretos, além de exemplos para
facilitar sua identificação.

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Transformação de sinais
Neste vídeo, veja alguns exemplos de operações de transformação de sinais.

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Sinais de energia e de potência


Neste vídeo, você verá com mais detalhes como diferenciar sinais de energia e de potência.

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Comunicação de dados e redes de computadores


O Capítulo 3 deste livro, intitulado "Dados e sinais", aborda com mais detalhes a composição de
sinais periódicos e faz uma comparação abrangente entre sinais analógicos e digitais.
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Processamento digital de sinais – projeto e análise de sistemas


O Capítulo 1 deste livro, intitulado "Sinais e sistemas no tempo discreto", aborda a teoria por trás
dos sinais de tempo discreto, sua definição e propriedades, e introduz o teorema de amostragem de
Nyquist.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

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