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Espetroscopia e Fluorescência

Pedro Pedrosa
9 de dezembro de 2022

Resumo
Neste trabalho procedeu-se ao estudo de espetros óticos gerados por diferentes tipos de
fontes (1ª parte), à medição da refletância R(λ) e transmitância T (λ) de diferentes amostras (2ª
parte) e à caracterização da emissão por decaimento de fluorescência de um cristal (3ª parte).
Na primeira parte mediu-se assim os espetros de emissão para os seguintes elementos: Na,
He, Hg, Ar, Kr e Ne; identificando para cada um os vários comprimentos de onda associados às
suas riscas (ver tabelas em 3.1).
Na segunda parte mediu-se a transmitância para três filtros: preto, verde e colorido identifi-
cando claramente os diferentes comportamentos para cada um, verificando-se ainda o fenómeno
de dispersão da luz no último.
Por fim na terceira parte obtivemos para o material em causa um tempo de fluorescência
característico de τ = (1.42 ± 0.09) ms.

1 Introdução
Esta atividade realizou-se dia 27/10/2022, como parte da unidade curricular Laboratórios de Física III integrada
na Licenciatura em Física da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

1.1 Espetros e interação luz-matéria


Como sabemos os materiais podem ou não absorver/emitir radiação eletromagnética de forma seletiva, dando
origem aos espetros de absorção/emissão. Existem vários tipos de espetros, de entre os quais:

• Espetros contínuos - Este espetro é caracterizado, tal como o nome indica, por um espectro cuja distribuição
energética é contínua numa gama específica;

• Espetros de riscas - Um espetro de riscas é apresentado por um conjunto de riscas sobrepostas num espetro
contínuo e uniforme, resultante da emissão ou absorção de luz numa gama fixa de valores. Em contraste com
o descrito anterior este é talvez o exemplo mais comum de um espetro discreto, visto que a emissão/absorção
de luz para um certo átomo está exatamente quantificada e depende apenas de que átomo temos em causa.
Nesta situação a uma transição ∆E = hf temos que o comprimento de onda em causa associado é λ = ∆E hc
.

• Espetros de bandas - Por último um espetro de bandas é o nome dado a um conjunto de riscas agrupadas
suficientemente próximas umas das outras tal que o grupo aparente formar uma banda.

Sendo que em particular estes serão identificados e estudados no decurso desta atividade.

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1.2 Espetrómetros

1.2 Espetrómetros
Um espetrómetro é um aparelho utilizado para separar e medir componentes espetrais de um certo fenómeno físico,
ou, por outras palavras, um aparalho capaz de medir uma variável contínua de um fenómeno onde as componentes
espectrais se encontram misturadas, sendo que nesta atividade recorremos a espetrómetros óticos, cujo sinal de
entrada é a luz proveniente de uma dada fonte.
São normalmente caracterizados tanto pela sua gama de comprimentos de onda onde operam, como pelo seu poder
de resolução, associado à menor diferença de comprimento de onda detetável, associada a uma dada configuração.
Nesta atividade recorremos a dois espetrómetros SpectraScan: UVVis (Ultraviolet-Visible) e VISNir (Visi-
ble–Near–Infrared) que realizam a aquisição de dados automática, sendo que a diferença entre estes é exatamente
esta gama de comprimento de funcionamento, sendo que atuam, como as designações indicam, respetivamente, na
gama do ultravioleta até ao visível (λ ∈ [100, 700] nm) e na gama do visível até à zona de infravermelho próximo
(λ ∈ [400, 1000] nm). Além disso, o poder de resolução de ambos era cerca de ∆λ = 0.408nm, valor este que estará
por detrás das incertezas dos comprimentos de onda aquando se caracterizarem os espetros dos vários elementos.
Aparte destes também utilizamos nesta atividade um espetrómetro manual, em particular um espetrómetro de
desvios constantes, funcionando com o fenómeno de dispersão cromática, pois tem por base a variação do índice de
refracção de materiais ópticos com o comprimento de onda. Em síntese este espetrómetro trabalha com um prisma
muito específico (prisma de Pellin-Broca) que permite para cada ângulo de incidência de um feixe de luz neste o
feixe refratado saia desviado de 90° relativamente à direção inicial, o que permite a variação do comprimento de
onda desviado com a rotação deste (o que permite assim identificarmos o espetro com esta variação de λ).

1.3 Medidas espectrais - Transmitância e Refletância


Na segunda parte, de modo a caracterizar espetros, são necessários uma fonte de luz, uma amostra a caracterizar,
e um espectrómetro. Neste trabalho as nossas amostras consistirão em vários filtros, e sendo estas amostras não
luminescente, não possuindo luz própria requerem então o uso de uma fonte de luz estável que proporcione iluminação
adequada à amostra, como lasers ou lâmpadas de descarga eléctrica. Em particular como para esta parte é de grande
interesse medir quantidades como a transmitância T (λ) e refletância R(λ) (que como o nome indica dão informação
sobre o quão um certo comprimento de onda é transmitido ou não pela amostra e caracterizam-nos assim a assinatura
espectral) é importante termos uma fonte de luz de espetro contínuo, sendo que neste caso utiliza-se uma lâmpada
de halogéneo.
Estas quantidades são definidas do seguinte modo:

IT (λ) − Idark (λ)


T (λ) =
IRef (λ) − Idark (λ)

IR (λ) − Idark (λ)


R(λ) =
IRef (λ) − Idark (λ)
Onde IT e IR são, respetivamente, as intensidades das radiações transmitida e refletida, IRef a intensidade
característica de emissão da fonte de luz em causa e Idark a intensidade da radiação de fundo.

1.4 Decaimento fotoluminescente


A fotoluminescência é definida como a emissão de luz devido à energia de excitação proveniente de uma radiação
absorvida. Nesta atividade iremos focar-nos num tipo em particular de fotoluminescência - a fluorescência: associada
à emissão de luz de vida curta (compreendida entre 10−9 a 10−3 s). Verifica-se que após extinta a iluminação
associada à excitação da amostra, a intensidade da radiação fluorescente segue um decaimento exponencial:
t

I(t) = I0 e τ

Analisando a intensidade em função do tempo a partir deste ponto de extinção é possível determinar assim o
tempo característico de fluorescência associado a uma amostra específica (no nosso caso um vidro dopado com iões
de crómio).

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2 Método experimental
2.1 Parte 1 - Determinação de espetros I(λ) vários elementos
Para a primeira parte temos como objetivo principal a medição dos espetros de emissão para vários elementos:
Na, He, Hg, Ar, Kr e Ne.
Para tal usamos assim os três tipos de espetrómetros disponíveis, tanto o manual de desvios constantes,
(acompanhado da implementação prática em laboratório) como o UVVis e VISNir da SpectraScan, correspondendo
estes às seguintes montagens, respetivamente:

Figura 1: Esquema - Espetrómetro de Desvios Constantes

E quanto aos espetrómetros SpectraScan:

Figura 2: Esquema - Espetrómetros SpectraScan

Para a obtenção de dados, primeiramente para o espetrómetro de desvios constantes partimos então do princípio
que à medida que rodamos o prisma (através do controlador) iremos variar o comprimento de onda desviado,
permitindo-nos registar os comprimentos de onda associados a cada risca.
No entanto dado que o fundo era completamente negro optámos por adaptar o esquema pois nestas condições
com o olho humano a identificação de um comprimento de onda para uma risca ficava comprometida porque em
algumas situações era difícil, por exemplo, a identificação do ponto exato onde o indicador coincidia com a risca.
Assim sendo optou-se por adaptar um esquema colocando uma câmara (recorreu-se a um telemóvel) em frente à
abertura de modo a minimizar o erro do associado à nossa visão.

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2.1 Parte 1 - Determinação de espetros I(λ) vários elementos

Figura 3: Espetrómetro de Desvios Constantes - Adaptado com Câmara

Ainda assim procedeu-se a outra adaptação, para resolver completamente a situação do indicador coincidir ou
não com a risca (por este ser negro, como o fundo, às vezes tinha-se problemas) optou-se por colar uma fita no
telemóvel de modo a ser possível marcar (utilizou-se um marcador vermelho) o ponto exato do centro do indicador,
fazendo com que alinhando este ponto com a risca nos associasse o comprimento de onda da risca em questão.
Este comprimento de onda vem claro com uma incerteza associada, que foi calculada fazendo a diferença exata ou
aproximada entre os comprimentos de onda do limite direito e esquerdo da risca (apesar de a risca ser fina esta
incerteza era sempre não nula).

Figura 4: Telemóvel (usado como câmara) com marca para minimizar erros na identificação das riscas

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2.2 Parte 2 - Caracterização de assinaturas espectrais

Por fim a implementação final em laboratório ficou como (exemplo da lâmpada do Neon):

Figura 5: Espetrómetro de Desvios Constantes e Lâmpada de Neon - Laboratório

(Sendo que o telemóvel não está presente no suporte pois está a ser utilizado para registar a fotografia)
Já quanto aos espetrómetros SpectraScan que fazem aquisição de dados automática teve-se o cuidado de aproximar
os sensores a uma distância equilibrada; isto no sentido em que se os aproximássemos demasiado da fonte os espetros
obtidos encontravam-se totalmente saturados, porém se estivessem demasiado longe logicamente apenas obteriamos
aproximadamente rúido, pelo que tinhamos necessidade de encontrar um balanço entre os dois.
É de realçar ainda que na interface do software tinhamos controlo sobre alguns parâmetros que nos ajudavam
por exemplo no controlo da saturação das intensidades, ou sobre o número de médias que faziamos para a obtenção
de dados. Relativamente ao primeiro ponto para alguns casos elementos extrairam-se os dados tanto saturados como
não saturados, isto porque os saturados ajudam-nos a identificar as riscas de menor intensidade relativa, que de
outro modo não seriam detetáveis (ver exemplo do sódio - UVVis).

2.2 Parte 2 - Caracterização de assinaturas espectrais


Para esta parte o objetivo principal era caracterizar as assinaturas espetrais associadas a filtros óticos de várias
cores. Para tal utilizou-se uma lâmpada de halogéneo como fonte, por esta possuir um espetro contínuo (idealmente
uniforme gama de comprimentos de onda em causa, mas veremos mais à frente que tal não se verifica). Para termos
esta caracterização necessitamos da transmitância ou refletância. Isto porque é equivalente tratar T (λ) ou R(λ),
pelo que nesta atividade tratar-se-á especificamente a transmitância, sem perda de generalidade.
Porém para obtermos cada uma destas grandezas, como podemos ver pelas forma como estas estão definidas em 1.3
independentemente da amostra precisaremos sempre de Idark (λ) e IRef (λ), que vão ser os mesmos independentemente
do filtro com o qual trabalhamos, pelo que a obtenção destes foi a primeira etapa para atingirmos o nosso objetivo
desta parte.
No entanto para isto tivemos de fazer a montagem do esquema Fonte - Filtro - Sensores - PC, sendo que este
último tem como objetivo claro a apresentação e armazenamento de dados. Esta segue abaixo. É importante realçar

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2.3 Parte 3 - Decaimento fluorescente

que o bom alinhamento do filtro com a fonte é de especial importância visto que pode haver dependências do espetro
registado com o ângulo verificado entre a normal do filtro e a da fonte (este aspeto é discutido adiante).

Figura 6: Espetrómetros SpectraScan prontos a medir espetros I(λ) de filtros

Feita esta etapa de "calibração"1 para obtenção de T (λ) resta-nos agora obter os espetros obtidos para cada
filtro, algo que é feito automaticamente pelo software. Pôsto isto estamos em posição de calcular e analisar os
resultados desta grandeza.

2.3 Parte 3 - Decaimento fluorescente


Por fim para esta etapa de modo a obtermos o tempo de fluorescência característico para a amostra pretendida,
(vidro dopado com iões de crómio, para simular um rubi) utiliza-se a seguinte montagem:

Figura 7: Esquema Decaimento Fluorescente (Fonte: Protocolo da atividade)

Esta montagem já se encontra feita em laboratório e encontra-se quase pronta a utilizar. Uma vez que a aquisição
de dados é feita de modo automático, desta vez através do software LABView, apenas temos de manipular os
parâmetros de aquisição no software desenvolvido (tempo de excitação, frequência de amostragem e nº de pontos a
adquirir) de modo a visualizarmos corretamente a curva da intensidade da radiação fluorescente com o tempo.
Depois, registando-se os dados será possível a realização de um ajuste exponencial a estes na região de interesse
(após extinção do estimulo inicial) de modo a cumprir o objetivo desta parte: determinar o tempo de fluorescência
característico τ (cujas incertezas são obtidas da função utilizada para fazer o ajuste, pois esta determina u(τ )).

1 Ambos estes espetros constantes (com a substituição dos filtros) foram obtidos com o VISNir.

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3 Análise e discussão dos resultados experimentais
3.1 Parte 1 - Análise de espetros de emissão
Nesta parte apresentar-se-á cada conjunto de dados relativamente a cada lâmpada (ambos os espetros) seguido
da análise destes.
Para cada lâmpada apresenta-se assim abaixo tanto a tabela que se obteve da análise de cada elemento com o
espetrómetro de desvio constante, munida também incertezas relativas e comprimento de onda tabelado, bem como
o espetro obtido recorrendo ao espetrómetro VIS-NIR.

3.1.1 Lâmpada de Sódio


Começando primeiramente para o caso do sódio (este caso vai ser um pouco mais extenso que os restantes por
ser o primeiro, a maior parte da análise entre elementos revelou-se comum), obtemos os seguintes dados:

Figura 8: Espetro I(λ) UVVis - Saturado - Na Figura 9: Espetro I(λ) UVVis - N. Saturado - Na

Figura 10: Espetro I(λ) VISNir - Saturado - Na Figura 11: Espetro I(λ) VISNir - N. Saturado - Na

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3.1 Parte 1 - Análise de espetros de emissão

Int. Rel. λt (nm) λe (nm) inc (nm) ϵrel (%)


32 589.00 594.00 10 0.85
16 497.86 497.00 6 0.17
11 449.77 446.00 10 0.84

Tabela 1: Tabela comprimentos de onda tabelados e do espetrómetro de desvios constantes - Na

Onde λt ≡ comprimento de onda tabelado, λe ≡ comprimento de onda medido experimentalmente e inc ≡


incerteza em percentagem.
Primeiramente desta tabela obtida por medição direta do comprimento de onda associado às riscas de emissão no
espetrómetro de desivo constante apenas retirámos 3 riscas, uma vez que as outras ou tinham uma grande incerteza
(associada a uma grande largura) ou eram muito pouco intensas, pelo que a sua medição seria muito pouco precisa.
Não obstante, escolhendo então 3 riscas intensas (relativamente às outras) pudemos efetivamente determinar o
comprimento de onda associado a estas com uma grande precisão, quando comparado com os valores tabelados (ver
protocolo da atividade) - evidenciado por um erro relativo inferior a 1% nos 3 casos.
As incertezas tidas em conta para cada caso foram precisamente tendo em conta os limites esquerdo e direito das
riscas (diferença dos comprimentos de onda a estes associados).
Pôsto isto estamos agora em posição de analisar os espetros obtidos automaticamente. Neste caso o espetro
UVVis não saturado apenas nos dá informação sobre a risca mais dominante pois as restantes que ainda têm alguma
relevância encontram-se fora da sua gama.
Porém podemos notar que através da extração dos máximos locais, considerando uma combinação dos dados
do espetro obtido com o UVVis (saturado) bem como do VISNir, podemos caracterizar bem o comprimento de
onda associado às riscas no espetro de emissão, isto porque tendo em conta que cada um opera melhor numa
certa gama de comprimentos de onda os dados resultantes da junção fornecerão melhor informação sobre os picos
existententes ou não para um dado comprimento de onda. Deste análise podemos sumarizar os comprimentos de
onda que procurávamos, munidas das respetivas incertezas, na seguinte tabela:

Int. Rel. λt (nm) λe (nm) inc (nm) ϵrel (%)


32 589.00 589.35 0.40 0.09
8 616.07 616.11 0.40 0.01
4 780.98 767.09 0.40 1.78
9 819.48 820.02 0.40 0.07

Tabela 2: Tabela comprimentos de onda extraídos da combinação dos dados dos espetrómetros UVVis e VISNir - Na

Quanto à análise dos espetros obtidos do UVVis e do VISNir: Como referido anteriormente far-se-á sempre a
análise da combinação dos dois, fazendo então com que a determinação dos comprimentos de onda associados às
riscas seja mais preciso.
Neste caso do sódio podemos comprovar realmente a qualidade destes espetrómetros: para intensidades relativas
suficientemente boas obtemos quase o valor exato, chegando a ter um erro tão pequeno quanto 0.01%!
Não obstante, no caso da 3ª risca dado a sua baixa intensidade relativa a sua deteção é algo mais difícil visto
que caso intensidade absoluta seja pequena o suficiente pode ser ofuscada pela radiação de fundo, algo que pode
justificar o erro de ≈ 2% e o facto de a incerteza não abranger o valor tabelado.
Quanto às incertezas para este caso tomou-se neste caso (como referido anteriormente) sempre o valor de λ
incrementado de ponto para ponto, que corresponde a cerca de ∆λ ≈ 0.408 nm, associado ao poder de resolução do
espetrómetro. No entanto mais à frente em alguns casos específicos esta incerteza pode alterar quando por exemplo
um máximo resultar da média de mais do que um ponto (por exemplo resultante da convergência de medições entre
o UVVis e VISNir saturado ou não - no mínimo consideramos sempre 2 conjuntos de dados, no máximo 4 - como no
caso do sódio).
É de realçar ainda um comportamento notável no espetro I(λ) (melhor visível com o VISNir - Saturado), quando
nos aproximamos do comprimento de onda associado à risca mais intensa não observamos propriamente um pico

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3.1 Parte 1 - Análise de espetros de emissão

discreto como esperávamos: de facto vemos na verdade uma espécie de bossa inicial antes de termos um pico
acentuado para o máximo da intensidade medida, sendo esta explicada pela existência de riscas vizinhas mais fracas
porém adjacentes e muito próximas desta nossa risca mais intensa.
Para as restantes lâmpadas faz-se então uma análise essencialmente equivalente.

3.1.2 Lâmpada de Hélio


Analisamos agora o espetro do hélio.

Figura 12: Espetro I(λ) UVVis - Saturado - He Figura 13: Espetro I(λ) UVVis - N. Saturado - He

Figura 14: Espetro I(λ) VISNir - He

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3.1 Parte 1 - Análise de espetros de emissão

Int. Rel. λt (nm) λe (nm) inc (nm) ϵrel (%)


20 706.52 701.00 4 0.78
10 667.82 668.00 2 0.05
50 587.56 592.00 12 0.76
10 501.57 500.00 18 0.41
2 492.19 490.00 8 0.44
3 471.31 469.00 6 0.60
20 447.15 446.00 4 0.26

Tabela 3: Tabela comprimentos de onda tabelados e do espetrómetro de desvios constantes - He

Primeiramente analisando a tabela obtida do espetrómetro de desvio constante obtemos novamente uma muito
boa correspondência entre λt e λe , (a única coisa que pode por isto em causa são as relativas altas incertezas,
que foi novamente calculada com os limites descritos anteriormente - talvez foi sobreestimada em alguns casos...)
inclusivamente para intensidades relativas muito baixas!
Agora relativamente à tabela obtida dos espetrómetros:

Int. Rel. λt (nm) λe (nm) inc (nm) ϵrel (%)


20 706.520 706.750 0.288 0.03
10 667.820 668.028 0.288 0.03
50 587.560 587.474 0.288 0.01
10 501.570 501.722 0.408 0.03
2 492.190 492.263 0.407 0.01
3 471.310 471.464 0.408 0.03
20 447.150 447.36 0.407 0.05

Tabela 4: Tabela comprimentos de onda extraídos da combinação dos dados dos espetrómetros UVVis e VISNir - He

Neste caso como visível pela tabela conseguimos abranger uma maior gama de comprimentos de onda que
anteriormente, obtendo não só erros relativos muito baixos claramente abrangidos na incerteza.
É de notar ainda que aqui temos um dos casos onde a nossa incerteza é menor que o habitual, dado que temos
valores apresentados resultantes da média de valores de conjuntos de dados distintos, como referido anteriormente.
Relativamente aos espetros I(λ) em si não há nenhum comportamento de particular importância, porém pode-se
notar que para este caso o espetro UVVis consegue abranger bem não só a sua parte como a do VISNir, pelo que
este último apenas teve como funcionalidade reforçar as medições para maiores comprimentos de onda, na gama do
visível-infravermelho (por isso é que as 3 riscas de maior comprimento de onda têm menor incerteza).

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3.1 Parte 1 - Análise de espetros de emissão

3.1.3 Lâmpada de Mercúrio


Passamos agora ao caso do mercúrio.

Figura 15: Espetro I(λ) UVVis - Hg

Figura 16: Espetro I(λ) VISNir - Hg

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3.1 Parte 1 - Análise de espetros de emissão

Int. Rel. λt (nm) λe (nm) inc (nm) ϵrel (%)


2.5 708.19 700.00 24 1.21
0.6 585.93 585.00 18 0.20
11 546.07 550.00 14 0.61
0.8 491.61 448.00 10 0.87
40 435.83 438.00 6 0.40
18 404.66 405.00 4 0.11

Tabela 5: Tabela comprimentos de onda tabelados e do espetrómetro de desvios constantes - Hg

Relativamente ao mercúrio temos uma situação idêntica ao caso anterior: obtemos um número satisfatório de
riscas porém com alguma incerteza inerente à sua espessura. Ainda assim apresentamos erros na ordem de 1%. Neste
caso, temos 3 riscas de intensidade relativa bastante reduzida, porém conseguimos na mesma sempre um λe próximo
do tabelado (como mostrado anteriormente isto é um bom exemplo da forma como o nosso procedimento se revelou
útil, uma vez que este ajudou imenso na medição de comprimentos de onda associados a riscas pouco intensas).
Já quanto aos espetrómetros automáticos temos então a tabela:

Int. Rel. λt (nm) λe (nm) inc (nm) ϵrel (%)


2.5 708.190 707.320 0.408 0.12
0.6 585.930 578.74 0.408 1.23
11 546.070 546.37 0.408 0.06
40 435.830 435.875 0.408 0.01
18 404.660 404.645 0.407 0.01
28 365.020 365.253 0.407 0.06

Tabela 6: Tabela comprimentos de onda extraídos da combinação dos dados dos espetrómetros UVVis e VISNir - Hg

Tal como anteriormente notamos um erro relativo muito pequeno na maior parte dos casos, sendo que a maior
falha vem da risca de menor intensidade relativa, tal como anteriormente se tinha verificado no sódio.
Aparte disto, os espetros apresentados não demonstram nada anormal: tal como anteriormente notamos que
efetivamente os espetrómetros complementam-se, operando cada um na sua gama específica, sendo claramente visível
aqui que têm ambos em comum apenas a porção da radiação visível.
De aqui em diante já não temos dados retirados do espetrómetro de desvio constante: não só se revelava-se
imprático medir estas neste espetrómetro devido a questões de tempo, visto que poderiamos assim comprometer a
realização das restantes partes da experiência, como os espetros dos elementos analisados em seguida apresentavam
riscas bastante sobrepostas, o que resultaria numa perda de qualidade dos dados recorrendo a este espetrómetro.
Notar também que não estando tabelados os valores dos comprimentos de onda associados às riscas para os
seguintes gases nobres (Neon, Argon e Krypton) foi necessário encontrar outras fontes que não o protocolo para
estas, tendo-se utilizado tanto a tabela "Tables of Spectral-Line Intensities Arranjed by Elements - U.S. Department
of Commerce/National Bureau of Standards"como a ferramenta "AtomTrace".

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3.1 Parte 1 - Análise de espetros de emissão

3.1.4 Lâmpada de Argon


Para o caso do argon obtemos então os seguintes espetros:

Figura 17: Espetro I(λ) UVVis - Saturado - Ar Figura 18: Espetro I(λ) UVVis - N. Saturado - Ar

Figura 19: Espetro I(λ) VISNir - Ar

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3.1 Parte 1 - Análise de espetros de emissão

Espetros dos quais se extraem os comprimentos de onda associados às riscas:

Int. Rel. λt (nm) λe (nm) inc (nm) ϵrel (%)


9.3 842.460 842.787 0.408 0.04
6.21 810.060 812.016 0.408 0.24
10 763.50 764.068 0.408 0.07
2.88 751.460 751.522 0.408 0.01
2.87 738.980 738.863 0.408 0.02
Tabela 7: Tabela comprimentos de onda extraídos da combinação dos dados dos espetrómetros UVVis e VISNir - Ar

Da tabela obtida resultante da comparação de 5 riscas obtemos uma muito boa correspondência em pelo menos
4 delas, o que assegura algum grau de confiança nos dados provenientes das fontes atrás mencionadas. A única
anomalia presente neste caso é a segunda risca de λt = 810.06 (nm), sendo que o resultado obtido neste caso é
desviado de cerca de ≈ 2 nm do tabelado na base de dados "Kurucz"(ver AtomTrace - Argon).

3.1.5 Lâmpada de Krypton


Já para o Krypton:

Figura 20: Espetro I(λ) UVVis - Kr

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3.1 Parte 1 - Análise de espetros de emissão

Figura 21: Espetro I(λ) VISNir - Kr

Podendo os comprimentos de onda associados âs riscas serem sumarizados na tabela:

Int. Rel. λt (nm) λe (nm) inc (nm) ϵrel (%)


2.2 785.480 785.125 0.408 0.05
1.1 769.440 769.734 0.408 0.04
1.4 768.520 768.644 0.408 0.02
10 760.140 759.820 0.721 0.04

Tabela 8: Tabela comprimentos de onda extraídos da combinação dos dados dos espetrómetros UVVis e VISNir - Kr

Já para o caso do Krypton nas fontes mencionadas as riscas deste revelam-se em menor número do que as de
facto verificadas com os nossos dados. Não obstante, a maior parte das suas riscas encontram-se presentes na gama
dos [750, 800] nm.
Aparte disso não há muito mais a adicionar, sendo que apesar de se usar então uma gama restrita no comprimento
de onda as riscas identificadas encontram-se abrangidos nos valores tabelados a menos da incerteza.

15
3.1 Parte 1 - Análise de espetros de emissão

3.1.6 Lâmpada de Neon


Por fim analisamos o caso do Neon.

Figura 22: Espetro I(λ) UVVis - Ne

Figura 23: Espetro I(λ) VISNir - Ne

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3.1 Parte 1 - Análise de espetros de emissão

Sendo as riscas sumarizadas na seguinte tabela:

Int. Rel. λt (nm) λe (nm) inc (nm) ϵrel (%)


1.6 671.700 668.283 0.408 0.51
4.2 650.640 650.859 0.871 0.03
10 640.220 640.617 0.408 0.06
1 616.340 614.909 0.723 0.23

Tabela 9: Tabela comprimentos de onda extraídos da combinação dos dados dos espetrómetros UVVis e VISNir - Ne

Por fim neste caso temos uma situação parecida ao elemento anterior, (Kr) na medida em que analisamos poucas
riscas.
Neste caso temos um desvio significativo em apenas 2 riscas, sendo que estas correspondem a riscas com
intensidade ≈10 vezes mais fraca que a máxima registada, pelo que se atribui a isto o motivo mais provável para este
desvio.

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3.2 Parte 2 - Transmitancia e refletância

3.2 Parte 2 - Transmitancia e refletância


Para a realização desta parte da experiência é importante escolher qual a lâmpada a usar (relacionada com Ir ef ).

Devemos escolher uma lâmpada de espetro contínuo, em primeiro lugar, dado que uma com espetro discreto não
seria muito útil, dado que aparte pe pontos na vizinhança dos picos da intensidade, teriamos que a nossa intensidade
I(λ) emitida pela lâmpada seria muito pequena, de tal modo que no denominador da expressão de T (λ) ou R(λ)
teriamos possivelmente Iref − Idark → 0, resultando em divergências.
Deste modo o mais adequado é assim uma lâmpada com espetro contínuo e preferencialmente com uma intensidade
o mais uniforme possível na gama de estudo (mais precisamente na gama da radiação visível).
A lâmpada presente no laboratório e que utilizámos foi uma lâmpada de halogéneo, que cumpre até certo ponto
estes requisitos.
Primeiramente começou-se por obter então o espetro da radiação ambiente e o desta lâmpada:

Figura 24: Espetro I(λ) - Radiação de fundo

Figura 25: Espetro I(λ) VISNir - Lâmpada

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3.2 Parte 2 - Transmitancia e refletância

Como exemplo de uma fonte que não seria a melhor escolha para esta parte também se apresenta o espetro de
um LASER - que dá como sabemos um espetro discreto.

Figura 26: Espetro I(λ) VISNir - LASER

Quanto ao espetro da radiação ambiente este vai de encontro ao esperado, revelando-se essencialmente consistindo
de flutuações em torno de um valor médio de intensidade de ≈ 787W m−2 , apresentando ainda um pequeno pico
(notar a escala) para λ ≈ 600 nm.
Já quanto ao da lâmpada de halogéneo este é de facto contínuo, porém ao contrário do ideal é bastante localizado
numa região de novamente λ ≈ 600 nm (não tão mau como seria com o LASER, porém como referido não ideal).
Passando agora à medição de transmitância e refletância, de notar que nesta parte utilizamos sempre o mesmo
espetrómetro por priotizarmos a gama do visível, sendo que para estas medições se utilizou o esquema de montagem
respetivo a esta parte apontado anteriormente - sendo que um ponto importante a ter em conta aqui está associado
ao alinhamento e orientação do filtro ótico em relação ao resto da montagem, visto que se verificou em particular
para alguns filtros que o ângulo do filtro afeteva visivelmente o comprimento de onda da radiação detetada, ou
seja, formalmente estes filtros transmitem e refletem radiação de váris comprimentos de onda em direções distintas
(fenómeno da dispersão da luz - ilustrado abaixo num dos filtros utilizados). Deste modo teremos naturalmente
que o principal objetivo desta parte, a medição da transmitância e refletância, apresentem por sua vez uma forte
dependência com o ângulo que os filtros fazem com o resto da montagem.
Com isto em conta procurámos ter sempre a normal ao plano do filtro colinear com o detetor e a lâmpada de
halogéneo.

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3.2 Parte 2 - Transmitancia e refletância

Passando agora às medições em si apresenta-se agora os dados relativos à transmitância obtidos para os vários
filtros:

Figura 27: Transmitância T (λ) - Filtro Verde

Figura 28: Transmitância T (λ) - Filtro Preto

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3.2 Parte 2 - Transmitancia e refletância

Figura 29: Transmitância T (λ) - Filtro Colorido

Nota 1: Deu-se ênfase à transmitância porém sabemos sempre que T (λ) + R(λ) ≈ 1, desprezando absorção, pelo
que a análise para R(λ) é análoga, logo tratar uma ou outra é equivalente.
Nota 2: Abaixo apresenta-se como referido os gráficos da transmitância, calculados através da utilização dos
dados I( λ) obtidos para cada filtro, utilizados na expressão própria da transmitância T (λ).
Primeiramente analisamos os filtros preto e verde, dado serem os mais simples de analisar, uma vez não
apresentarem variabilidade nos seus espetros decorrente de dependências angulares.
Quanto ao filtro verde, vê-se que este apresenta um pico de transmitância para cerca de λ ≈ 520 nm, como seria
de esperar tendo em conta a cor do filtro (pois estamos precisamente a região do verde) e verifica-se também uma
transmitância quase nula na região das outras cores, caracterizada pelois dois vales. Aparte disto, também temos a
região λ < 410 nm ∪ λ > 760 nm, que é aproximadamente estável, correspondendo a regiões fora do nosso interesse,
(nomeadamente ultravioleta e infravermelho) que apesar de serem transmitidas pelo filtro não são detetadas pelo
olho humano.
Já quanto ao filtro preto algo muito semelhante acontece; fora flutuações atípicas verificadas na região fora do
visível, (caso a transmitância fosse baixa poderia ser problemas de subtração da radiação de fundo errada) que não é
o foco desta parte, verificamos claramente que a transmitância é muito próxima de 0 em toda a gama do visível,
caindo a pico para cerca de λ ≈ 410 e voltando a subir consideravelmente a partir de λ ≈ 710 nm.
Por fim quanto à análise dos dados relativos ao filtro colorido já foi possível identificar o fenómeno de dispersão
da luz. Quando se alterava um pouco o ângulo do filtro relativamente ao detetor notávamos que o espetro medido
era totalmente diferente! Isto era comprovado inclusivamente visualmente tendo em conta a posição a partir da qual
visualizávamos o filtro: a título de exemplificação neste filtro via-se mais amarelo quando se via de ângulos grandes
("das bordas") porém mais alaranjado para ângulos pequenos.
Em particular quando visto de um ângulo muito pequeno (aproximadamente da frente) via-se predominantemente
alaranjado/vermelho, que de facto (sendo a única disposição da qual se registaram medições) está em concordância
com o gráfico da transmitância, visto que na gama do visível temos que esta é máxima precisamente nesta gama
λ ∈ [600, 740] nm.

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3.3 Parte 3 - Tempo de fluorescência

3.3 Parte 3 - Tempo de fluorescência


Relativamente à montagem desta parte apesar de se encontrar atrás esta já estava feita, pelo que como experi-
mentalistas apenas tivemos de colocar os aparatos em posição e executar o programa pré-feito em "LABView"para
adquirirmos os dados, que se apresentam abaixo:

Figura 30: Decaimento da intensidade da radiação fluorescente com o tempo - ajuste no zero

Obtidos estes dados para podermos encontrar a constante de relaxação associada através de um ajuste exponencial
t
recorrendo à função I(t) = I0 e− τ , porém primeiramente é importante notar que aos dados inicialmente obtidos antes
de se proceder sequer à sua representação retirou-se o mínimo das intensidades a todas as ordenadas (Iast ≡valor
assintótico) de modo a que tenhamos a intensidade a ir para 0 com t elevado.
Mais concretamente a constante utilizada foi Iast = 0.556 ± 0.005 (onde a incerteza equivale a 2 vezes o desvio
padrão associado aos dados desta parte).

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3.3 Parte 3 - Tempo de fluorescência

Para confirmar o comportamento exponencial podemos ainda adotar uma representação logarítmica:

Figura 31: Representação logarítmica da intensidade da radiação fluorescente

Esta aparente ser linear até certo ponto, onde se nota que os dados se dispõe tipo degrau, comportando-se como
funções constantes.
Desde modo para fazer o ajuste aos dados I − Iast com I(t) procedi a para cada t definir um ∆t ≡ α ·
min(incremento entre t’s), (onde α foi escolhido como 25 pois dava o melhor ajuste) com o propósito de ao se incre-
mentar ∆t em ∆t reunir vários valores de intensidades correspondentes ao "mesmo"tempo (isto é uma aproximação,
na verdade são apenas muito próximos) para poder calcular o seu valor médio e associar a um t um valor específico
de I, para termos uma função de cariz exponencial que já se possa fazer o ajuste 2 .

2 Este ajuste foi realizado usando o módulo curve fit do scipy (mais precisamente da biblioteca scipy.optimize)

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3.3 Parte 3 - Tempo de fluorescência

Através disto obteve-se então o seguinte ajuste (note-se que o tempo também foi ajustado mas apenas por efeitos
de visualização):

Figura 32: Decaimento da intensidade da radiação fluorescente com o tempo e ajuste exponencial

Onde assim por fim para o tempo de fluorescência característico: τ = (1.42 ± 0.09)ms (incerteza obtida dos
parâmetros do scipy).

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4 Conclusões
Recapitulando, concluimos nesta atividade:

• Na primeira parte obtemos parcialmente os espetros de emissão dos elementos Na, He, Hg, Ar, Kr e Ne,
caracterizando as riscas no geral os comprimentos de onda associado às riscas de maior intensidade relativa
presentes nos espetros destes. Os resultados encontram-se sumarizados nas tabelas 1-9, sendo que importa
reiterar que para os 3 primeiros utilizou-se como referência o protocolo associado a esta atividade e para
os restantes utilizou-se o site "AtomTrace", que acopla diferentes bases de dados (NIST e Kurucz) para
apresentar os espetros dos elementos, ou a tabela "Tables of Spectral-Line Intensities Arranjed by Elements
- U.S. Department of Commerce/National Bureau of Standards"(obteu-se em regra geral concordância dos
nossos valores com os destas referências).

• Na segunda parte analisou-se as assinaturas espectrais de 3 filtros distintos: verde, preto e um colorido. Para
cada um deles obteve-se a transmitância T (λ) a ir de acordo com o esperado, apresentando cada um mínimos
e máximos de acordo com as cores que refletiam ou absorviam. No caso do filtro colorido identificou-se ainda
o fenómeno de dispersão da luz, porém este não foi explorado, visto que se manteve o ângulo da sua normal
com a fonte constante, de modo a obtermos apenas T (λ) para uma direção fixa, porém seria algo que talvez
fosse interessante estudar.

• Por fim na terceira parte determinou-se recorrendo à aquisição automática de dados pelo LABView um tempo
de fluorescência característico de τ = (1.42 ± 0.09) ms associada à nossa amostra.

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