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Introdução aos Sinais e Sistemas

Apresentação
Seja bem-vindo!

Para onde quer que você olhe, vê sinais. Literalmente! As ondas eletromagnéticas do espectro
visível carregam informação que será processada pelo seu olho. No contexto desta disciplina, as
ondas eletromagnéticas são sinais, e seu olho é um sistema que processa essa informação. As
formas de representar informação como sinais, e compreender como estes são processados por
sistemas, origina a Teoria de Sinais e Sistemas.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o que é sinal e o que é sistema, além de
perceber como eles se relacionam.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir sinais.
• Interpretar os sistemas.
• Relacionar sinais e sistemas.
Desafio
É fundamental que um engenheiro compreenda o comportamento para descrevê-las graficamente.
Avaliar como sistemas processam sinais e entender sua dinâmica é muito útil. Isso permite
estabelecer um modelo aproximado para o sistema, projetar parâmetros desse sistema ou, ainda,
detectar mau funcionamento de algum componente.

Você já consegue representar graficamente sinais e compreender como um sistema simples


funciona?

Veja o diagrama esquemático da suspensão dianteira de uma motocicleta:

Frente a essa situação:

a) Trace um gráfico que represente a evolução dos sinais x e y em função do tempo (x(t) e y(t),
portanto).
Dica: Primeiro, descubra em quanto tempo você enfrentará o solavanco.

b) Teça comentários sobre o comportamento do sinal y(t) de acordo com as características da


suspensão da moto.
Dica: Pense em casos como mola muito rígida ou pouco rígida, amortecedor com muito ou pouco
efeito de amortecimento.

Para ajudar no seu raciocino, observe a evolução em três momentos distintos:


Infográfico
Um sinal é informação, e esta informação pode estar organizada e apresentada de muitas formas.

Veja no Infográfico a seguir.


Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Conteúdo do livro
A definição de sinais é extremamente ampla e abrangente. Um sinal é um conjunto de dados que
contém informação sobre algum fenômeno ou sobre algum objeto em estudo (LATHI, 2016). Esse
fenômeno ou objeto pode ser real ou abstrato.

No capítulo Introdução à sinais e sistemas, do livro Sistemas lineares, você vai reconhecer sinais em
seu dia a dia, além de compreender como esses sinais estão relacionados com os sistemas em nosso
cotidiano.
SISTEMAS
LINEARES

Renan Caron Viero


Introdução aos
sinais e sistemas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir sinais.
 Interpretar os sistemas.
 Relacionar sinais e sistemas.

Introdução
Você pode não perceber ainda, mas os sinais e os sistemas estão à sua
volta em todos os momentos da sua vida. Você provavelmente é acordado
por um sinal sonoro emitido de seu celular ou de seu despertador. Ao
tomar banho pela manhã, seu chuveiro esquenta a água de acordo com a
posição de uma chave ou de acordo com uma temperatura de referência
escolhida no aquecedor, que é, como você vai ver, um exemplo de sistema.
A área de sinais e sistemas modela virtualmente todas as informações
e fenômenos físicos de uso prático na engenharia e nas ciências exatas,
além de analisar como essas informações se relacionam entre si em
sistemas. Trata-se de uma área do conhecimento que serve como base
para que disciplinas e conteúdos específicos sejam desenvolvidos.
Neste capítulo, você vai estudar a definição básica de sinais e de
sistemas, além de avaliar exemplos de ambos e saber como eles se re-
lacionam entre si.

Sinais
A definição de sinais é extremamente ampla e abrangente. Um sinal é um
conjunto de dados que contém informação sobre algum fenômeno ou sobre
algum objeto em estudo (LATHI, 2006). Esse fenômeno ou objeto pode ser
real ou abstrato.
2 Introdução aos sinais e sistemas

Um sinal normalmente é descrito por uma função matemática de uma


ou mais variáveis independentes (OPPENHEIM; WILLSKY; NAWAB,
2010). Um tipo comum de sinal é aquele cuja variável independente é uma
função do tempo. Esses sinais — em grande parte — modelam fenômenos
físicos como temperatura, tensão elétrica, deslocamento e velocidade de
partículas, vazão de fluidos em tubulações, entre outros. Por exemplo, a
tensão elétrica na sua residência (medida entre os terminais da tomada) é
um sinal periódico senoidal cuja função matemática pode ser aproximada
pela equação 1.

(1)

Funções que descrevem sinais cujas variáveis independentes são contínuas são repre-
sentadas utilizando parênteses: f(t), z(x,y), G(d), etc.
Sinais que são funções de uma variável são conhecidos como sinais unidi-
mensionais, enquanto sinais que dependem de mais de uma variável são ditos
multidimensionais.

A frequência f utilizada no sistema brasileiro é 60 Hz, e a amplitude da


onda, Vm, depende da região e de outros fatores. Na Figura 1, você pode ver
a tensão de uma fase medida na região metropolitana de Porto Alegre (RS)
juntamente ao modelo matemático do sinal descrito por (1). Note que o sinal
medido se aproxima muito da função matemática. As diferenças entre o sinal
medido e o modelo matemático são causadas pela presença de harmônicas de
frequência elevada na corrente devido a cargas não lineares (especialmente
retificadores). Essas harmônicas de corrente produzem quedas de tensão que
acabam deformando o sinal.
Introdução aos sinais e sistemas 3

Figura 1. Tensão de uma fase na região metropolitana de Porto Alegre.

Os valores do sinal no eixo das ordenadas (eixo vertical) normalmente


recebem o nome de amplitude. Note que a amplitude máxima desse sinal de
tensão é de aproximadamente 180 volts.
Embora esse sinal possa facilmente ser aproximado e modelado por uma
função matemática, alguns sinais são mais complexos, e muitas vezes uma
representação matemática não é de fácil obtenção. Por exemplo, a Figura 2
apresenta um sinal de áudio obtido gravando o bumbo de uma bateria. No eixo
das ordenadas, esse sinal contém informação sobre o nível de pressão sonora,
enquanto o eixo das abscissas contém, novamente, o tempo.

Figura 2. Variação na pressão sonora (som) quando um baterista


toca o bumbo.
4 Introdução aos sinais e sistemas

Observe atentamente o sinal apresentado na Figura 2. Fica claro que sua


descrição matemática em função do tempo é muito mais complexa do que no
caso da Figura 1. Existem, porém, muitas ferramentas alternativas na análise
de sinais que permitem representar matematicamente de uma maneira mais
conveniente esse tipo de sinal. Entre essas ferramentas você pode considerar
a transformada de Fourier e a transformada de Laplace. Essas representações
são utilizadas amplamente na área de sinais e sistemas. Mas isso é conversa
para outro momento. Um sinal muito conhecido é o sinal gerado por eletro-
cardiogramas, como os sinais apresentados na Figura 3.

Figura 3. Sinais de eletrocardiograma apresentando um quadro saudável e dois


quadros com alterações (isquemia e infarto).
Fonte: Adaptada de Vector FX/Shutterstock.com.

Gráficos de funções cuja variável independente é contínua geram curvas contínuas.


Em outras palavras, para todos os valores da variável independente, a amplitude será
definida.
Introdução aos sinais e sistemas 5

Um sinal um pouco diferente dos dois exemplos anteriores é apresentado na


Figura 4. Esse gráfico contém o número de nascimentos em função da idade
da mãe (de 15 até 45 anos) em 2016, no Brasil, segundo estatísticas do registro
civil (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2016,
documento on-line).

Figura 4. Número de nascimento por idade da mãe no Brasil durante 2016.


Fonte: Adaptada de Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2016, documento on-line).

É possível simbolizar esse sinal como uma função. Conside que n é a


variável independente (a idade da mãe). A ordenada associada a um valor de
n pode ser simbolizada por x, assim x[n] é o número total de nascimentos para
mães com aquela idade. Você pode conferir no gráfico que x[23] é aproxima-
damente 140 mil, assim como x[37] é aproximadamente 60 mil.
Perceba que esse sinal é muito diferente dos sinais abordados anterior-
mente. Esse sinal não é definido para valores de n que não sejam inteiros.
Dito de outra maneira, a variável independente da função assume valores
discretos.

Funções que descrevem sinais cuja variável independente é discreta são representadas
utilizando colchetes: x[n], f[k], etc. Gráficos dessas funções são muitas vezes represen-
tados por barras ou apenas pontos.
6 Introdução aos sinais e sistemas

Outro exemplo de sinal cuja variável independente é discreta é a evolução


do montante em uma poupança. A função matemática que relaciona o montante
acumulado até o mês n é apresentada na equação 2:

(2)

Na equação (2), S é o montante acumulado em n meses, P é o montante


inicial, i é a taxa mensal de juros e n é o número de meses. Considerando que
P é 100 unidades monetárias e uma aplicação cujo rendimento mensal é de
5%, pode-se reescrever (2) substituindo os valores sugeridos. O sinal S[n] para
esse caso é apresentado na equação 3:

(3)

No primeiro mês, você terá S[1] = 100 ∙ 1,05 = 105, no segundo


S[2] = 100 ∙ (1,05)² = 110,25 e assim por diante. O gráfico desse sinal é
apresentado na Figura 5.

Figura 5. Evolução do montante em uma conta bancária com rendimentos mensais de 5%.

Perceba que em apenas 14 meses o montante nessa conta dobra. É uma


pena que os investimentos não tenham taxas de rendimento tão boas, não é?
Existem sinais que não dependem somente de uma variável. Por exemplo,
a irradiância (ou iluminância) é uma grandeza que indica qual fluxo luminoso
atravessa determinada superfície (SPIE, 2011, documento on-line). A irradiân-
cia é inversamente proporcional à distância d da fonte luminosa. Considerando
que o brilho (intensidade luminosa) de uma lâmpada incandescente é função
do valor eficaz de tensão aplicado à lâmpada, para um observador posicionado
a uma distância d da lâmpada, a intensidade luminosa percebida será uma
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função da tensão elétrica e da distância d. Ou seja, ela não depende somente


de uma, mas de duas variáveis, sendo um sinal multidimensional.
Você pode pensar em muitos outros exemplos de sinais, porém antes é
interessante conhecer o conceito de sistemas.

Sistemas
A definição de sistemas é tão genérica e abrangente quanto a definição de
sinais. Sistemas são entidades que processam sinais de entrada produzindo
sinais de saída. Além disso, é impossível dissociar um sinal de um sistema,
afinal o sistema existe para processar e gerar sinais (HAYKIN, 2001). Os
sistemas aparecem nas mais variadas formas, podendo ser entidades reais
(objetos físicos e palpáveis) ou abstrações matemáticas que apenas modelam
o comportamento e a relação entre os sinais.
Na natureza existem infindáveis exemplos de sistemas. Neste exato mo-
mento, células de seus olhos estão processando um sinal eletromagnético (luz)
e o convertendo em impulsos eletroquímicos que estão sendo transmitidos
para seu cérebro. Outro exemplo é um aparelho de rádio, que transforma sinais
eletromagnéticos (novamente) em sinais sonoros. Sistemas mecânicos estão
a todo momento convertendo sinais de força em aceleração e deslocamento e
vice-versa. Além disso, a suspensão de automóveis é um belo exemplo de como
irregularidades do terreno são suavizadas, fazendo seu passeio muito mais suave.

No link a seguir, você pode acessar um vídeo em que o funcionamento de uma


suspensão é explicado. Não se esqueça de ativar as legendas!

https://goo.gl/urwvoe

Atualmente, sistemas são projetados para conferir aos sinais de saída um


comportamento desejado de acordo com uma referência. A essa área da enge-
nharia dá-se o nome de sistemas de controle. Esses sistemas são amplamente
utilizados, desde o simples controle de sua torradeira até o controle de satélites
usando rodas de inércia (também chamadas de rodas de reação).
8 Introdução aos sinais e sistemas

No link a seguir, você pode conferir um vídeo em que o sistema de controle por rodas
de reação é apresentado em um exemplo. Esse sistema visa a controlar o equilíbrio
do cubo, o mantendo no prumo. Muitos são os sinais utilizados e processados nesse
sistema. Em especial, sensores chamados acelerômetros detectam variações de acele-
ração linear, e giroscópios detectam variações de aceleração angular em vários eixos.
Não se esqueça de ativar as legendas do vídeo!

https://goo.gl/n5dzWw

Sistemas complexos podem ser desenvolvidos totalmente em software.


Esses sistemas processam sinais digitais e discretos que foram obtidos a
partir de sinais contínuos por um processo conhecido como amostragem. A
área de conhecimento que lida com esse tipo de sistema é conhecida como
processamento digital de sinais, ou DSP (Digital Signal Processing), e en-
globa desde processamento de imagens utilizando filtros e equações simples
até estimações complexas fazendo uso de inteligência artificial, algoritmos
genéticos e lógica difusa (lógica Fuzzy).

No vídeo disponível no link a seguir, você pode ver uma introdução sobre sistemas
baseados em lógica Fuzzy. Como sempre, ative as legendas!

https://goo.gl/6tg3Ux

Normalmente, os sistemas são modelados por leis matemáticas que re-


lacionam um ou mais sinais de entrada com um ou mais sinais de saída.
A representação simbólica de um sistema que possui múltiplas entradas e
múltiplas saídas é apresentada na Figura 6.
Introdução aos sinais e sistemas 9

Figura 6. Sistema com múltiplas entradas e múltiplas saídas.

Um caso muito comum ocorre quando o sistema apresenta apenas um sinal


de entrada e um sinal de saída. Esse tipo de sistema é apresentado na Figura 7.

Figura 7. Sistema com uma entrada e uma saída.

Sistemas com múltiplas entradas e múltiplas saídas são conhecidos como sistemas
MIMO (do inglês Multiple Inputs, Multiple Outputs). Sistemas com apenas uma entrada
e uma saída são chamados sistemas SISO (Single Input, Single Output).

Um exemplo comum de sistema SISO é o motor elétrico de corrente con-


tínua, que converte um sinal elétrico de tensão em um sinal mecânico (velo-
cidade no eixo da máquina). Um analisador de qualidade de energia elétrica
é um exemplo de sistema MIMO, uma vez que necessita ao menos dos sinais
(corrente e tensão) para poder calcular parâmetros de qualidade como a taxa
de distorção harmônica ou o fator de potência.
10 Introdução aos sinais e sistemas

A seguir, você pode ver alguns exemplos matemáticos de sistemas para compre-
ender como um sistema altera os sinais de entrada para gerar sinais de saída. Não
se preocupe caso você não consiga entender como algumas relações matemáticas
foram obtidas. O objetivo deste material e de toda a teoria de sinais e sistemas não
é abordar a modelagem de sistemas, e sim permitir a compreensão de como os
sinais estão relacionados no sistema e analisar o modelo já estabelecido a priori.

Existem três grandes áreas de estudo na engenharia: modelagem, análise e projeto. A


modelagem de sistemas é uma área que depende de um conhecimento específico e
matemático. Por exemplo, para modelar circuitos elétricos é necessário conhecer as
Leis de Kirchhoff. Para modelar sistemas mecânicos, utilizam-se as Leis de Newton. A
análise de sistemas tem como objetivo encontrar a resposta dos modelos. Por fim, o
projeto de sistemas exige que você saiba analisar um sistema para projetá-lo de maneira
a obter um comportamento desejado para sua saída, de acordo com sinais de entrada.
A área de sinais e sistemas tem como foco o estudo da representação de sinais e a
análise de sistemas, independentemente de sua natureza, de maneira a encontrar sua
resposta a partir do modelo obtido previamente.
Atualmente, uma quarta área tem se destacado: a identificação de sistemas. Nessa
área, os sinais de entrada e saída do sistema são avaliados de maneira a se obter um
modelo equivalente do sistema apenas baseado em dados (não baseado nas leis
matemáticas). Essa abordagem é especialmente útil em sistemas complexos em que
modelos matemáticos são de difícil obtenção.

Um sistema elétrico muito simples e útil pode ser construído com dois
resistores. Trata-se do divisor de tensão, circuito extensivamente utilizado
em engenharia elétrica, que você pode ver na Figura 8.

Figura 8. Divisor de tensão.


Introdução aos sinais e sistemas 11

O divisor da Figura 8 é modelado pela equação 4:

(4)

Nesse sistema, a tensão vo(t) sobre o resistor R2 é o sinal de saída, enquanto


a tensão vi(t) sobre a associação em série de resistores é o sinal de entrada. A
saída é relacionada com a entrada por uma equação matemática muito simples,
e a obtenção da tensão de saída é muito fácil. Por exemplo, para resistores
com mesmo valor, a amplitude da tensão de saída nesse sistema sempre será
a metade da amplitude da tensão de entrada.
Os sistemas de controle de nível em tanques são muito utilizados na in-
dústria química. Neles, a altura de líquido é a variável de saída do sistema,
e as vazões de líquido são as entradas. Uma fotografia e uma representação
esquemática desse tipo de sistema são apresentadas na Figura 9.

Figura 9. Exemplo de sistema fluidomecânico para controle de nível em tanques: fotografia


real e diagrama equemático utilizado para obtenção do modelo.
Fonte: p_saranya/Shutterstock.com.

Supondo que a área da seção horizontal do tanque seja constante, a altura


de líquido nesse tanque se relaciona com as vazões Q1(t) e Q2(t) por meio da
equação 5:

(5)
12 Introdução aos sinais e sistemas

Perceba que o sistema é muito mais complexo, uma vez que é necessário
solucionar uma equação diferencial para que a resposta do sistema para uma
dada entrada seja obtida. A Figura 10 apresenta uma simulação desse sistema,
considerando que a vazão Q2(t) é mantida zerada e a vazão Q1(t) é regulada em
2 ml/s de 5 segundos até 40 segundos. A área da seção horizontal do tanque é
de 40 cm2. A altura h(t) e as vazões Q1(t) e Q2(t) são apresentadas na Figura 10.

Figura 10. Sinais de entrada e de saída do sistema fluidomecânico da Figura 9.

Ambos os exemplos apresentados são de sistemas que processam sinais


contínuos, mas existem inúmeros sistemas que processam sinais discretos. O
processo de pré-ênfase em sistemas digitais de verificação de locutor consiste
na aplicação de um filtro digital passa-altas aos arquivos de áudio a serem
processados, uma vez que a maior parte da informação de interesse está
contida em frequências mais elevadas (IRELAND; EDLUND; LAWDAY,
2008, documento on-line). Um exemplo desse tipo de sistema é apresentado
na equação (6), onde x[n] é o sinal de entrada do filtro e y[n], o sinal de saída.

(6)

Note que, para obter o valor do sinal y para um dado valor de n é necessária
a diferença entre dois valores do sinal x. Para calcular y[3], por exemplo, é
necessário x[3] e x[2]. Por esse motivo, as equações que modelam sistemas
discretos são conhecidas como equações de recorrência. A Figura 11 apresenta
a resposta desse sistema para uma entrada x[n] senoidal.
Introdução aos sinais e sistemas 13

Figura 11. Resposta de um filtro digital aplicado a um sinal de áudio.

Você deve ter notado nos exemplos que sistemas complexos são compostos
por subsistemas menores interconectados. Por exemplo, um segway, utiliza
sensores para manter o equilíbrio do veículo. Um sistema de controle processa
esses sinais em conjunto com os comandos do motorista e gera sinais elétricos
que acionam motores. Os motores produzem um torque no eixo das rodas,
esse torque produz uma aceleração linear de acordo com as características
mecânicas do sistema (peso do motorista, inclinação da pista, etc.) e final-
mente o veículo se movimenta. São muitos sinais envolvidos e vários sistemas
operando conjuntamente.
Com esse exemplo, se encerra essa breve discussão sobre o que são
sinais e o que são sistemas. Lembre-se de que, em qualquer direção que
você olhe, sinais e sistemas estão presentes. Na próxima vez que você
acordar pela manhã, lembre-se de que o som do despertador que você
ouve é, na verdade, resultado do processamento de um sinal elétrico para
gerar um sinal mecânico por um sistema simples: um alto-falante. E sem
demora você será capaz de encontrar a resposta desse sistema para os mais
variados sinais de entrada.
14 Introdução aos sinais e sistemas

HAYKIN, S. Sinais e sistemas. Porto Alegre: Bookman, 2001.


INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estatísticas do registro civil: tabela
2679: nascidos vivos, por ano de nascimento, idade da mãe na ocasião do parto, sexo
e lugar do registro. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.
br/tabela/2679>. Acesso em: 11 jun. 2018.
IRELAND, D.; EDLUND, G.; LAWDAY, G. Introduction to a signal integrity engineer’s
companion. InformIT, 26 jun. 2008. Disponível em: <http://www.informit.com/articles/
article.aspx?p=1220611&seqNum=3>. Acesso em: 11 jun. 2018.
LATHI, B. P. Sinais e sistemas lineares. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
OPPENHEIM, A. V.; WILLSKY, A. S.; NAWAB, S. H. Sinais e sistemas. 2. ed. Cambridge:
Pearson, 2010.
SPIE. Basic quantities in illumination. Bellingham, 2011. Disponível em: <http://spie.org/
samples/FG11.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2018.

Leitura recomendada
ROBERTS, M. J. Fundamentos em sinais e sistemas. São Paulo: McGraw-Hill, 2009.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Dica do professor
Sistemas são entidades que processam sinais de entrada produzindo sinais de saída.

É importante que você entenda como representar os sinais e como analisar os sistemas para que,
futuramente, possa projetá-los. Mas antes, é preciso que você compreenda o que são sinais e
sistemas.

Assista à esta Dica do Professor.

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Exercícios

1) Qual das alternativas apresenta um exemplo de Sistema?

A) O ângulo dos ponteiros do relógio variando em função do tempo.

B) A cancela de um estacionamento.

C) Um arquivo de texto.

D) O extrato de uma conta bancária.

E) A magnitude aparente de estrelas cefeídas.

2) Qual o objetivo principal da área de sinais e sistemas?

A) Projetar sistemas de controle.

B) Diferenciar sinais e sistemas contínuos de sinais e sistemas discretos.

C) Modelar e obter as relações matemáticas de sistemas de qualquer natureza.

D) Projetar filtros para processamento digital de imagens.

E) Analisar sistemas e modelar informações como sinais.

3) Qual dos sinais a seguir é um sinal multidimensional discreto?

A) Um sinal de áudio de um canal.

B) Uma imagem armazenada em seu computador.

C) O sinal z(x,y)=xy2

D) Sua altura em função de sua idade.

E) A temperatura da água quando você toma banho.

4)
Qual dos sinais a seguir é um sinal contínuo?

A) A pontuação por grande prêmio de Niki Lauda na temporada de 1975 de Fórmula 1.

B) O número de quilômetros caminhados a cada dia.

C) A evolução da taxa de juros anual no Brasil.

D) A velocidade do foguete Falcon Heavy durante o primeiro minuto de seu voo inaugural.

E) A taxa de mortalidade em função do tamanho da população dos municípios no Brasil.

5) Entre os sistemas descritos a seguir, qual deles é um sistema MIMO?

A) Um amplificador de áudio que dobra a amplitude de um sinal de entrada.

B) O LM32, dispositivo eletrônico que converte um sinal de temperatura em tensão.

C) Um painel fotovoltaico, onde a potência de saída depende da temperatura e da irradiância


incidente no painel.

D) Um sistema de captação de água, onde a quantidade de água acumulada depende da


precipitação incidente no telhado do imóvel.

E) Uma função em um software que conta o número de espaços em uma string.


Na prática
Quando você edita alguma imagem no seu celular ou até mesmo quando adiciona algum filtro a
imagens no Instagram, sistemas processam a imagem original de maneira a gerar uma imagem de
saída com o efeito desejado.

Um dos exemplos mais comuns é o efeito de borrar (ou esmaecimento) a imagem. A maneira mais
simples para realizar isso é fazer com que o sinal de saída seja uma média dos valores do sinal de
entrada, como no sistema modelado pela equação a seguir.

y[n]= ( x[n+1]+x[n]+x[n-1] ) / 3

Note que y[10], por exemplo, é a média dos valores x[11], x[10] e x[9]. Considerando que a variável
n seja uma das dimensões da figura (linha ou coluna), isso faz com que a cor ou o tom do pixel da
nova imagem seja uma média dos pixels vizinhos da imagem original.

Veja um exemplo da aplicação do filtro às linhas de uma imagem:

Sistemas como esse recebem o nome genérico de filtros e encontram aplicação para os mais
variados tipos de sinais nas mais variadas áreas, como telecomunicação, controle de sistemas,
processamento de áudio, vídeo, imagens, etc. O projeto desses filtros exige um conhecimento de
como os sistemas processam os sinais de entrada.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Sinais e Sistemas Lineares


Leitura obrigatória na área de sinais e sistemas, além de conter uma ótima revisão sobre conceitos
matemáticos muito importantes utilizados no curso, como números complexos.

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Fundamentos em Sinais e Sistemas


Este livro tem o objetivo de motivar o leitor por meio das demonstração da presença dos sinais e
sistemas no cotidiano e a importância de compreendê-los. Este livro é uma introdução aos
conceitos gerais envolvidos na análise de sinais e sistemas.

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Introdução aos Sinais e Sistemas - Sinais e Sistemas


Este vídeo explica um pouco mais sobre o tema.

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