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Apresentação
Objetos gráficos, ao serem rasterizados, frequentemente apresentam padrões contendo altas
frequências espaciais, que se manifestam como oscilações em regiões em que as variações de
intensidade entre pixels ocorrem de modo mais abrupto. Em geral, essas oscilações estão
associadas aos detalhes contidos na imagem, de modo que a perda de resolução pode implicar em
distorções nas regiões da imagem que sejam ricas em detalhes, efeito chamado de serrilhado
(aliasing).
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer abordagens práticas para a redução do efeito
de serrilhado, que podem ser necessárias durante a rasterização de objetos ou ao manipulá-los na
correspondente matriz de pixels. Além disso, vai compreender as situações em que cada abordagem
é aplicável ou recomendada, utilizando exemplos práticos como referência.
Bons estudos.
Identifique, ainda, a etapa da solução descrita por você que seu colega, provavelmente, não
considerou, levando-o a obter o resultado indesejado.
Infográfico
A realização de objetos tridimensionais, como sólidos e superfícies, além de representações
aramadas, pode envolver várias etapas distintas, desde a modelagem até a rasterização de formas
projetadas e a obtenção da representação matricial. Há, em geral, diferentes escolhas de
abordagem para a aplicação de métodos antialiasing, de acordo com a conveniência e a
necessidade.
No Infográfico a seguir, você vai ver possíveis abordagens envolvendo o antialiasing para a
obtenção de formas tridimensionais suaves.
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Conteúdo do livro
O efeito de serrilhado (aliasing) está presente em diversos contextos que envolvem a criação e
manipulação de objetos gráficos. Em geral, apresenta-se como artefatos, como linhas ou contornos,
indesejáveis. A depender de sua severidade, pode afetar a inteligibilidade do que se observa, pela
desintegração de texturas ou surgimento de padrões artificiais em regiões de imagens que
contenham muitos detalhes.
No capítulo Serrilhado (aliasing), base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender a
identificar e descrever esse fenômeno, bem como compreender as principais técnicas para reduzi-
lo.
Boa leitura.
COMPUTAÇÃO
GRÁFICA E
PROCESSAMENTO
DE IMAGENS
Serrilhado (aliasing)
Thiago Raposo Milhomem de Carvalho
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Os processos de criação e manipulação matemática de objetos gráficos podem
envolver de modo geral diversas etapas em que realizamos transformações
de diferentes naturezas: sobre a geometria, sobre o brilho ou sobre as dimen-
sões ou resolução da matriz de pixels em que uma cena é representada. Não
é incomum que, após a aplicação de alguma dessas transformações, efeitos
indesejados, chamados de artefatos, surjam na matriz de pixels em que os
objetos gráficos foram rasterizados. Um dos principais artefatos presentes em
imagens é o efeito de serrilhado (aliasing), que pode ser ou não visualmente
perceptível.
Neste capítulo, você vai aprender a identificar e descrever o fenômeno
de serrilhado, compreendendo suas causas mais comuns e como podemos
minimizar esse efeito ao criar e manipular objetos gráficos representados em
matrizes de pixels.
2 Serrilhado (aliasing)
Compreendendo o fenômeno
No uso corriqueiro de nossos equipamentos eletrônicos que contêm telas
de visualização (celulares, tablets, computadores etc.), frequentemente ma-
nuseamos imagens com o objetivo de, por exemplo, reduzir seu tamanho,
aumentá-las para observar detalhes ou rotacionar objetos gráficos. Ao rea-
lizarmos uma dessas ações — desde o simples ajuste de tamanhos de figuras
em documentos aos já comuns gestos de arrastar nossos dedos sobre a
superfície da tela de um telefone celular, por exemplo — exigimos de nosso
dispositivo eletrônico uma razoável sequência de operações matemáticas
para a readequação dos objetos gráficos à nova disposição geométrica de-
sejada. Essas operações, em geral, envolvem procedimentos de interpolação
sobre os pixels da imagem em que os objetos gráficos são mostrados, para
que novos pixels sejam estimados a fim de preencher áreas inexistentes de
uma imagem que foi dilatada, por exemplo. Tais operações também podem
envolver a suavização de contornos, bordas e detalhes dos objetos gráficos,
antes de diminuirmos o tamanho da imagem que os contêm (AZEVEDO; CONCI;
VASCONCELOS, 2022).
Em todos esses casos, o que se almeja é reduzir o artefato de serrilhado
(aliasing), efeito normalmente indesejado que costuma surgir após realizarmos
diversos procedimentos de modificação em escala, rotações e alterações de
resolução espacial na matriz de pixels de uma imagem. Esse efeito consiste
essencialmente numa distorção nas altas frequências espaciais — níveis de
detalhes — de uma imagem, ou seja, implica numa perda de informações,
sobretudo em regiões de imagens que contenham muitas variações locais
de brilho, tais como bordas, pequenas oscilações, pontilhados, traços finos
etc., que são relativamente mais suscetíveis a distorções após a realização
de transformações nas dimensões e na forma da imagem (FOLEY et al., 2013).
Os casos mais comuns desse efeito em situações práticas, portanto, ocorrem
ao realizarmos:
Figura 2. Efeito serrilhado nas bordas de um triângulo (arestas de comprimento igual a 67,
88 e 97 pixels) representado no espaço tridimensional.
Para além do mero efeito de linha serrilhada que o nome sugere, o artefato
de serrilhado (aliasing) é um fenômeno que se manifesta de diversas maneiras.
Em todas elas, informações de detalhes — altas frequências espaciais — são
perdidas ou distorcidas, incluindo a possibilidade de falhas e descontinui-
dades em contornos, linhas e bordas, desintegração de texturas, etc. Uma
situação comum em que falhas e descontinuidades em linhas e contornos
são produzidas é, por exemplo, na ausência de algum método antialiasing
previamente à redução do tamanho de objetos gráficos. A Figura 3 ilustra essa
situação com um círculo rasterizado em duas dimensões. A figura mostra o
objeto originalmente rasterizado e o resultados obtido após reduzi-lo pela
metade sem aplicação de nenhum método prévio que minimize o aliasing, isto
é, após a simples eliminação de linhas e colunas da imagem para reduzi-la.
Figura 3. Aliasing em formas geométricas simples: círculo com raio de 80 pixels (à esquerda)
e após sua redução pela metade (à direita) pela simples eliminação de linhas e colunas da
matriz de pixels. Após a redução, há falhas perceptíveis em seu traço.
6 Serrilhado (aliasing)
Técnicas antialiasing
De modo geral, os métodos antialiasing podem ser aplicados: simulta-
neamente ao processo de rasterização dos objetos gráficos ou após esse
processo, sobre a representação matricial obtida com a construção dos
objetos gráficos na matriz de pixels. No primeiro caso, o objetivo é cons-
truir o objeto já visualmente livre do artefato de serrilhado, utilizando-se
algum método que produza linhas, bordas e contornos com algum grau de
suavidade, de modo a reduzir a percepção visual de serrilhados e falhas nos
objetos gráficos resultantes. Nesse contexto, normalmente aplicamos os
procedimentos chamados pré-filtragem e pós-filtragem, que abordaremos
em seguida. No segundo caso, a posteriori, o objetivo é atenuar o efeito de
serrilhado que eventualmente esteja presente numa imagem já construída,
após os procedimentos de rasterização. Em circunstâncias assim, o efeito
serrilhado tipicamente ocorre após a realização de alguma transformação
espacial sobre a imagem que acaba modificando as formas ou os tamanhos
dos objetos gráficos nela contidos. Nessa situação, o procedimento mais
realizado é a filtragem linear, feita geralmente via operação de convolução,
da qual também trataremos mais adiante. Antes, porém, examinemos mais
a fundo os dois métodos recém-citados.
Pré-filtragem e pós-filtragem
No procedimento de pré-filtragem, consideramos cada pixel como uma uni-
dade de área de uma imagem. Dessa forma, ao traçarmos um segmento na
Serrilhado (aliasing) 7
Figura 4. Ilustração do processo de pré-filtragem: área de uma linha a ser traçada (indicada
pelo retângulo inclinado) sobreposta às áreas dos pixels correspondentes. A intensidade
de cada pixel é proporcional à sobreposição entre sua área e a área da linha a ser traçada.
(Neste exemplo, pixels mais escuros representam intensidades mais altas.)
Figura 7. Exemplo de aplicação de pós-filtragem com filtro gaussiano (acima) e filtro de média
(abaixo) para rasterização de escrita à mão livre. Da esquerda para a direita, para ambos
os filtros: sem pós-filtragem e pós-filtragem com fatores de superamostragem iguais a 3,
5 e 7. A ordem do filtro em cada caso foi tomada como igual ao fator de superamostragem.
Figura 8. Segmento de reta antes (esquerda) e depois (direita) da aplicação de filtro antia-
liasing gaussiano. O filtro foi aplicado ao segmento já rasterizado.
Figura 9. Efeito de ajuste de foco com filtro antialiasing para suavização de bordas e borra-
mento de objetos de modo que pareçam desfocados. À esquerda, cena tridimensional sem
ajuste de foco. À direita, cena obtida com o ajuste de foco.
Fonte: Azevedo, Conci e Vasconcelos (2022, p. 328).
Figura 10. Cubo construído tridimensionalmente e projetado no plano por projeção paralela
ortográfica, sem (à esquerda) e com (à direita) pré-filtragem.
Figura 11. Forma tridimensional obtida por varredura rotacional de uma curva, a qual deter-
mina seu contorno. À esquerda, objeto projetado e rasterizado sem o uso de pós-filtragem;
à direita, com o uso do método para correção do efeito serrilhado sobre sua superfície.
Figura 12. Aplicação de filtro antialiasing em cena tridimensional: (a) cena tridimensional
em alta resolução; (b) após redução de resolução com aplicação de filtro antialiasing de
ordem zero (interpolação pelo vizinho mais próximo); (c) interpolação de ordem 1 (filtragem
trilinear); (d) filtragem anisotrópica.
Fonte: Adaptada de Shirley et al. (2009).
Referências
AZEVEDO, E.; CONCI, A.; VASCONCELOS, C. Computação gráfica: teoria e prática: geração
de imagens. Rio de Janeiro: Alta Books, 2022. v. 1.
BAKER, M. P.; CARITHERS, W.; HEARN, D. D. Computer graphics with Open GL. 4th ed.
New York: Pearson, 2014.
DINIZ, P. S. R.; SILVA, E. A. B.; NETTO, S. L. Processamento digital de sinais: projeto e
análise de sistemas. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
FOLEY, J. D. et al. Computer graphics: principles and practice. 3rd ed. New York: Addison-
-Wesley, 2013.
GOMES, J.; VELHO, L. Fundamentos da computação gráfica. São Paulo: IMPA, 2015.
GONZALEZ, R. C.; WOODS, R. E. Digital image processing. 4th ed. New York: Pearson, 2018.
SHIRLEY, P. et al. Fundamentals of computer graphics. 3rd ed. Natick: AK Peters, 2009.
SUETENS, P. Fundamentals of medical imaging. 2nd ed. Cambridge: Cambridge Uni-
versity, 2009.
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Leituras recomendadas
COHEN, M.; MANSSOUR, I. H. OpenGL: uma abordagem prática e objetiva. São Paulo:
Novatec, 2006.
CORRIGAN, J. Computação gráfica: segredos e soluções. Rio de Janeiro: Ciência Mo-
derna, 1994.
Nesta Dica do Professor, você vai aprender a reduzir artefatos oriundos do modelo de
sombreamento ou reflexão constante – que pode apresentar uma superfície de forma segmentada
por linhas –, utilizando técnicas antialiasing.
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Exercícios
I. Para reduzir as dimensões de uma imagem, deve-se aplicar algum filtro antialiasing após a
subamostragem da matriz de pixels.
III. Para aumentar as dimensões de uma imagem, deve-se aplicar algum filtro antialiasing
após a sobreamostragem, como forma de reduzir o possível efeito serrilhado resultante.
A) III.
B) I e II.
C) I e III.
D) II e III.
E) I.
I. Ao construir cenas a partir de projeções cônicas, regiões mais próximas ao(s) ponto(s) de
fuga são, em geral, mais afetadas pelo aliasing.
II. De modo geral, texturas contendo menos detalhes são menos distorcidas por filtros
antialiasing do que texturas que contenham mais detalhes.
A) I.
B) I e II.
C) I e III.
D) II e III.
E) III.
4) Ao construir objetos gráficos e cenas, técnicas antialiasing podem ser utilizadas durante a
rasterização – processo em que se atribuem os valores dos pixels na matriz de representação
– ou após, realizando-se a filtragem linear da matriz de pixels com a operação de
convolução. Entre as principais técnicas antialiasing utilizadas no processo de rasterização,
estão a pré-filtragem e a pós-filtragem.
5) Grande parte das técnicas antialiasing envolve uma etapa de filtragem linear, em que se
realiza uma convolução entre a imagem a ser suavizada e uma máscara espacial,
adequadamente escolhida. De modo geral, o aspecto da imagem resultante dependerá da
escolha da máscara espacial a ser utilizada.
Entretanto, será um problema para o Sr. Fulano, que, justamente hoje, precisa inserir sua assinatura,
em tamanho reduzido, em um documento, enquanto está em uma localidade isolada, dispondo
apenas de um antigo computador, cujo editor de imagens não parece ter recursos que o ajudem na
tarefa. Você vai ver, Na Prática, o que Sr. Fulano fez para resolver seu problema.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
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O filtro antialiasing
Veja, neste vídeo, o problema da reconstrução de sinais a partir de suas amostras e a importância
dos filtros antialiasing para a interpolação. Trata-se da teoria que embasa a amostragem em
imagens, quando aplicada em duas dimensões ou, alternativamente, em linhas e colunas de pixels.
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