Você está na página 1de 37

Qualidade da

Imagem Radiológica
Formação da imagem

A imagem radiológica médica é formada a partir da atenuação de forma


diferenciada
das partes anatômicas distintas do paciente que se precisa irradiar. Cada tipo de
material atenua de forma diferente a radiação X, o que permite a formação de uma
imagem. O diagrama esquemático mostra o caminho percorrido para a formação e
manuseio de uma imagem radiológica.
Após interagir com o objeto de interesse, a radiação X forma uma imagem
latente,de acordo com a atenuação causada em seu caminho.

Figura 2 - Atenuação diferenciada de objetos com diferentes características de espessura e


densidades
Essa imagem latente é coletada por um detector de raios X que pode ser:

❑ filmeradiológico (utilizado em radiologia de écran-filme),


❑ fósforo fotoestimulável (utilizado em radiologia computadorizada),
❑câmara CDD, silício amorfo (a-Si) e respectivo sistema eletrônico que captura essa
informação (utilizados em radiologia digital).

Depois de avaliada, essa imagem é armazenada, em


forma de filme ou arquivo, de acordo com o formato
em que a imagem foi adquirida.
Os fenômenos físicos e químicos envolvidos na formação da imagem radiológica
dependem do tipo de detector de que se utiliza - o que vai priorizar a
visualização de
determinado parâmetro de imagem. Isso ocorre porque os sinais que formam
uma
imagem estão relacionados à variação espacial da energia absorvida no detector.

Os conceitos básicos que podem descrever uma imagem são:

❑Contraste;
❑Resolução espacial;
Contraste

O contraste em uma imagem está relacionado ao brilho ou escurecimento na


imagem entre uma área de interesse e sua vizinhança de fundo.
CONTRASTE RADIOGRÁFICO:
❑está relacionado à região anatômica a ser irradiada e depende de suas características
físicas, das diferenças de atenuação dos fótons de raios X entre cada parte e suas
vizinhanças.
❑Ao se selecionar uma tensão (kVp) no equipamento de raios X e a filtração total do
feixe (espectro de raios X) que passa pelo paciente, haverá uma determinada
atenuação, caracterizada pelo coeficiente de atenuação daquela parte irradiada, que
fornece a quantidade de fótons que são absorvidos por aquele material e que
influenciarão a imagem a ser formada.
❑ Os valores dos coeficientes de atenuação em geral diminuem com o aumento da
CONTRASTE DO DETECTOR:
❑ está associado à habilidade do receptor de imagem em converter o sinal que incide sobre
ele em imagem, e depende de suas propriedades químicas, físicas, espessura entre outras.

A Tabela 1 resume as influências que


cada um destes contrastes sofre, de
acordo com as propriedades das partes
anatômicas ou detectores.
Uma maneira de otimizar o contraste final é entender como a radiação X interage com as partes
anatômicas de interesse e com o receptor de imagem. Com isso, pode-se obter o melhor
contraste com a dose de radiação mais baixa ao paciente.

Percebe-se que tanto com alto


quanto com baixo contraste há
perda de informação.

A Figura 4 ilustra como a variação de contraste pode influenciar a visualização de


detalhes na imagem. A Figura 4, a foto A possui alto contraste, a foto B possui um
contraste ótimo para a visualização de um observador e a foto C possui baixo
contraste.
Meios de contraste

❑ Um recurso muitas vezes utilizado para melhorar o contraste entre estruturas com
coeficientes de atenuação muito próximos, é a utilização de meios de contraste.
❑ Estes são materiais introduzidos na região a ser estudada, que possui um coeficiente
de atenuação diferente da região vizinha da área de interesse, aumentando o
contraste radiográfico.
❑ Isso ocorre, por exemplo, em estudos do sistema circulatório, quando um médico
intervencionista quer obter imagens dos vasos sanguíneos, por exemplo.
❑ Neste caso pode-se utilizar contraste iodado para que o sangue possa ter seu
coeficiente de atenuação aumentado e permitindo ao médico uma melhor
visualização do vaso. O bário pode ser outro meio de contraste, e pode ser utilizado
no trato gastrointestinal, por exemplo.
As bordas do trato gastrointestinal podem ser visualizadas com maior contraste, permitindo a
identificação de ulcerações ou quaisquer rupturas que possam estar presentes.

Outro meio de contraste que pode aumentar a atenuação dos fótons de raios X é o ar, que também
pode ser utilizado em estudos do trato gastrointestinal.

Um dos fatores que torna o ar um bom meio de contraste é o fato de possuir baixa densidade, o que
pode auxiliar em muitos exames. Assim, o meio de contraste deve ser escolhido de acordo com a
vizinhança que será inserida
Representação da matriz de uma imagem digital
Alguns fatores podem influenciar a faixa dinâmica do detector, como por exemplo, o aumento do
número de bits por pixel, em uma imagem digital aumenta a faixa dinâmica da imagem.

Mas, o que são bits e pixels?


❑A cada elemento de imagem (Picture elements – pixel) dessa matriz é atribuído um valor
numérico que lhe confere um nível de cinza; e alguns parâmetros da imagem digital vão depender
do tamanho desta matriz, considerando-se o tamanho deste pixel e os espaçamentos entre eles
(pitch).

❑A menor unidade da informação que pode ser armazenada ou transmitida é chamada bit (BInary
digiT), com os possíveis valores 0 e 1.

❑Um conjunto de 8 bits é chamado byte. Assim, as tonalidades de cinza nos pixels são
representadas pelas diferentes configurações dos bytes.
Resolução
espacial

❑O conceito de resolução espacial é definido como a habilidade do sistema em


distinguir duas estruturas adjacentes que podem ser visualizadas separadas em uma
imagem.
❑Esta não é melhorada com o aumento da radiação aplicada ao detector; por outro lado,
a radiação espalhada ou mesmo fótons de luz podem afetála, de maneira a reduzir a
1) Movimento,
clareza da imagem. 2) Fatores característicos do
❑Um fator que afeta a resolução é o borramento da imagem, objeto,
3) Tamanho do ponto,
que ocorre devido à falta de definição da borda da estrutura 4) Focal do tubo de raios X,
de interesse e sua vizinhança. Isso faz com que a imagem 5) Radiação espalhada
6) Limitações do receptor
perca a definição e pode ser causado por:
Mostra, a partir de uma imagem normal (a) a variação de borramento
devido à perda de resolução em uma imagem.
Borramento devido ao
receptor

Sistemas écran filme

Os filmes radiográficos possuem alta resolução espacial, especialmente aqueles


dedicados a mamografia, pois possuem grãos da emulsão do filme menores.
Porém, em sistemas écran-filme, os raios X interagem com o écran inicialmente,
que converte os fótons de raios X em fótons de luz. Essa luz é difusa, o que
causa aumento do tamanho do sinal, resultando em borramento na imagem
formada no filme
Sistemas de imagem digital

❑Em radiologia digital, além dos fatores comuns ao sistema écran-filme, como
movimento, tamanho do ponto focal e radiação espalhada, a resolução espacial é
limitada pelo tamanho mínimo do pixel.

❑ De acordo com o Teorema de Nyquist, dado um tamanho de pixel x, a máxima


resolução espacial alcançável seria x/2. Assim, o tamanho do pixel pode dificultar
a visualização da imagem.
Mostra as imagens com tamanhos de pixel variável: os maiores, como mostrado em a, b, e c, por
exemplo, a identificação do objeto torna-se difícil. Conforme o tamanho do pixel vai reduzindo,
os detalhes da imagem passam a ser visualizados.
Ruído

O ruído de uma imagem radiográfica pode ser definido como a quantidade de


informação indesejável, isto é, que não é útil ao diagnóstico, uma vez que interfere na
avaliação do observador. Este ruído ou mottle é uma variação aleatória indesejável do
sinal incidente ao receptor de imagem.
Ruído em sistemas écran-filme
Em sistemas écran-filme, as principais fontes de ruído radiográfico incluem:
❑Quantum mottle: causado pela variação aleatória de fótons de raios X absorvidos pelo receptor de
imagem.
Os sistemas mais rápidos são mais eficientes em absorver os fótons de raios X e transformar em
determinada densidade óptica. Já os sistemas mais lentos, uma quantidade menor de fótons é
utilizada para formar a imagem o que permite uma flutuação na imagem, tornando-a mais ruidosa;
❑ Estrutura do écran: o aumento da sensibilidade do écran aumenta o ruído inerente, fazendo com
que ocorram flutuações estatísticas da quantidade de luz produzida quando um fóton de raios X é
absorvido;
❑Grãos do filme: o aumento da sensibilidade do filme aumenta a absorção de luz produzida pelo
écran, incluindo as flutuações estatísticas;
❑ Artefatos devido ao processamento de filme;
❑ Ruído de conversão de fótons de raios X em fótons de luz.
Ruído em sistemas que produzem imagens digitais

O ruído pode ser definido como a incerteza ou imprecisão com que o sinal é
gravado. Uma imagem que é gravada com poucos fótons de raios X geralmente tem
um alto grau de incerteza e é muito ruidosa, enquanto que muitos fótons tornam a
imagem mais precisa1. Porém, muitos fótons podem estar associados com altas
doses de radiação X.
Fatores que alteram a
qualidade de imagem

A imagem radiológica pode ser afetada por uma quantidade grande de fatores
que
podem reduzir sua capacidade de fornecer um bom diagnóstico. Alguns
fatores
serão descritos aqui e outros podem ser percebidos na prática e são peculiares
do
1. Tensão do tubo de raios X:
O aumento da tensão (kVp) pode provocar:

• Redução do contraste;
• Ampliação da latitude em filmes,
• Aumento da radiação espalhada
• Menor dose de radiação ao paciente

Assim, um estudo de otimização entre qualidade de imagem e dose ao paciente deve


considerar a tensão adequada de acordo com o equipamento em questão, ao exame a
ser realizado e ao paciente em particular.
2. Tempo de exposição

O tempo longo de exposição pode causar movimento do paciente e


consequentemente, borramento na imagem. De acordo com o exame, o melhor
tempo de exposição deve ser considerado para processos de otimização.
3. Corrente do tubo de raios X

Como a corrente do tubo de raios X é responsável pela intensidade de fótons no


feixe, podendo causar maior enegrecimento na imagem, deve ser o parâmetro
técnico a ser escolhido por último, para equilibrar o enegrecimento necessário.
4. Tamanho do ponto focal

O tamanho do ponto focal é responsável pela resolução espacial, pois quanto menor
ele for mais detalhes podem ser vistos na imagem. Em exames que precisam de
detalhes, como o de mamografia por exemplo, deve-se utilizar tubos de raios X que
possuam ponto focal de 0,3 mm ou menor.
5. Colimação do feixe

Quanto maior o tamanho do campo de radiação X, maior será o espalhamento e,


consequentemente, tanto o contraste quanto a resolução espacial da imagem pode
ser prejudicado. Além disso, a dose ao paciente também é maior devido à maior
quantidade de tecidos irradiados.
6. Grades

As grades são utilizadas para minimizar o espalhamento causado pelo paciente e


que prejudica tanto a resolução quanto o contraste da imagem. A conseqüência de
sua utilização é o aumento de dose ao paciente, pois se deve aumentar a corrente,
para aumentar os fótons produzidos pelo tubo de raios X, tentando compensar os
fótons absorvidos na grade.
7. Distância foco-filme

Quanto maior a distância foco-filme menores o borramento, magnificação e distorção


da imagem, e menor a dose no paciente. Isso pode levar a uma redução do
contraste.
8. Combinação écran-filme

Combinações de écran-filme rápidas, eficientes em converter fótons de raios X em


luz, minimizam a dose ao paciente, borramento por movimento e geométrico, porém
pode haver mais ruído. O écran sempre causa perda de detalhe, devido ao
espalhamento do sinal, então, caso se queira um detalhe muito fino, não se utiliza o
écran. Para obter uma imagem com qualidade diagnóstica, deve-se aumentar o mAs
aumentando a dose ao paciente.
9. Processamento de filmes

Todo o cuidado em adquirir uma imagem de boa qualidade pode ser perdido se o
último passo de formação da imagem não estiver controlado adequadamente. A
temperatura não deve variar, uma vez que o aumento da temperatura em uma
mesma velocidade de processamento pode reduzir o contraste. Um controle de
qualidade rigoroso deve ser implementado – diariamente - para garantir uma boa
imagem.
10. Placas de imagem em sistemas de radiologia
computadorizada
As placas de imagem (PI) devem ser manuseadas com cuidado, pois podem causar
artefatos devido à presença de poeira, riscos, rachaduras e problemas mecânicos.
Vários outros fatores também podem prejudicar a qualidade da imagem, como a
utilização de monitores que não são preparados para uso médico e, com as
características inadequadas à modalidade que se aplica ou mesmo a utilização de
doses inadequadas que prejudicam a qualidade da imagem.
A única maneira de se obter a melhor imagem radiológica, é aplicando processos de
otimização de imagem, onde os parâmetros mais adequados para cada
procedimento serão encontrados com a menor dose possível ao paciente.
A densidade de uma imagem é medida pelo enegrecimento do processo. Quanto mais escura e
quanto mais densa for a estrutura analisada, mais ressaltada essa característica estará nos
resultados. A densidade pode ser definida pela duração da descarga de radiação e pela distância
Fator – mAs
entre o foco e o objeto analisado.
Aumentar- enegrecimento
Abaixa- Clareia
O detalhe é definido pela nitidez das regiões a serem analisadas. Uma imagem com boa
nitidez permite aos profissionais da área visualizarem com precisão cada detalhe
anatômico e detectarem microfraturas, o que não é possível em uma imagem com um
nível alto de borramento.

Foco fino da mais detalhes - 150


O contraste se refere à diferença de densidade entre duas regiões adjacentes. O contraste
baixo é marcado por diversos tons de cinza semelhantes na imagem, enquanto o
contraste alto é composto pela interação entre a cor preta e branca, e a maneira como elas
ajudam um profissional a identificar diferentes áreas na imagem.

KV – Poder de penetração
A distorção diz respeito à reprodução errada dos tamanhos da área analisada.
Quando em demasia, ela inviabiliza a imagem radiográfica para o diagnóstico.
Para minimizar a distorção na imagem, é preciso atentar-se ao controle da distância
foco-filme. Aumentando distância foco-filme
Diminuindo distância objeto-
filme

Você também pode gostar