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Curso: Medicina Veterinária

Disciplina: Anatomia II

Anatomia do Sistema
Digestório

Professora: Karen Mascaro Gonçalves da Silva


Digestão
Nome que se dá ao processo de divisão,
degradação e absorção dos alimentos pelo
organismo.

Absorção
Processo de passagem pelo epitélio intestinal.
Classificação dos animais quanto
ao hábito alimentar
➢ Carnívoros (carne – proteína animal. Ex.: cães,
gatos);

➢ Herbívoros (vegetais – proteína vegetal. Ex.:


bovinos, equinos);

➢ Onívoros (carnes e vetegais. Ex.: suínos)


Importância do Sistema Digestório
Prepara o alimento para que este seja utilizado na
formação e substituição das células e dos tecidos
próprios do corpo, assim como para disponibilizar
a energia necessária.
Peritônio
Membrana serosa lisa que reveste a região
abdominal.

➢ Parietal ➢ Visceral
→ Mesentério: dobras do peritônio que conectam
as porções parietais e viscerais desse peritônio.

Ex.: Mesogástrio, mesométrio...


➢Funções:

* Ingestão;
* Mastigação;
* Digestão;
* Absorção dos alimentos;
* Eliminação dos resíduos sólidos.
Composição do Sistema Digestório
1. Boca;
2. Faringe;
3. Esôfago;
4. Estômago;
5. Intestinos: delgado e grosso;
6. Glândulas acessórias (fígado e pâncreas);
7. Ânus
1. BOCA
Funções:
→ apreensão,
→ mastigação e insalivação;
→ agressão e defesa.
Mucosa bucal possui grandes
papilas pontiagudas conferindo
proteção aos animais cujo
alimento é seco e duro (ex.:
ruminantes).
Elementos Anexos:
1.1 Lábios: órgãos de sucção, apreensão
do alimento
1.2 Bochecha:
São mais amplas nos herbívoros;
O músculo bucinador funciona para retornar o
alimento para a cavidade central.
1.3 Palato: a parede dorsal da cavidade bucal
compreende o palato duro rostralmente e o palato
mole caudalmente.

* Palato duro - formado por ossos incisivos, maxilar e


palatino, e sua membrana mucosa espessa envolvente é
caracterizada por pregas transversais proeminentes
denominadas rugas palatinas.
* Palato mole - lâmina musculomucosa que se estende
em direção à base da epiglote. Separa a nasofaringe da
orofaringe.

Esquema de paciente
braquicefálico, com palato
mole alongado. Em a -
palato mole (até seu limíte
ideal); b - epiglote; c -
palato mole alongado,
ultrapassando o limíte ideal
(imposto pela epiglote).
1.4 Dentes – Incisivos, caninos, molares e
pré-molares:
Organizados em dois arcos dentais, um associado à
mandíbula e outro aos ossos incisivo e maxilar.

➢ Funções:

C *Reduzem o tamanho das partículas do alimento;


*Promovem aumento da superfície de contato do alimento para ajudar na
degradação química e microbiológica.
1.4.1 Particularidades dos Dentes:

Projeta-se além do
alvéolo.
Área de união
entre coroa e
raiz.
Contida no
alvéolo dentário.
1.4.2 Estrutura dos Dentes:
a
b

a – substância mais dura do corpo e forma uma fina camada sobre a


superfície do dente;

b – forma a maior parte do dente e tem semelhança ao osso na sua


composição;

c – cobre apenas as raízes dos dentes simples e nos outros pode estender-se
sobre a coroa.
1.4.3 Classificação dos Dentes:

 Heterodontes: cada dente possui uma característica;

 Difiodontes: possuem um conjunto temporário de dentes que


irrompe no princípio da vida e é substituído por um conjunto
permanente.
1.5 Língua:
Órgão musculoso que preenche a cavidade oral quando ela está
fechada.

Funções: captação de água e alimento, condução do alimento na


deglutição e como órgão sensorial (gustação).
A amilase salivar (pitialina) é uma enzima que digere o
amido e converte-o em maltose (função energética).

Divisões: ápice, corpo e raiz.


Superfície da língua: possui papilas que se diferenciam nas espécies
domésticas, em tamanho, número e classificação.

Cão
De acordo com a função, as papilas
podem se diferenciar

➢ Papilas Mecânicas:
* cônicas;
* filiformes;
➢ Papilas Gustativas:
* fungiformes; valadas; lenticulares; folheadas
Cão bebendo água
https://www.youtube.com/watch?v=6LfSGJe1rPw
1.6 Glândulas Salivares da Cavidade Oral: suas
secreções são contínuas e atuam nos processos da digestão e do
controle do pH do alimento ingerido.

Glândulas Salivares Menores:


* encontram-se em grande número na mucosa dos lábios, bochechas,
língua e gengivas;

Glândulas Salivares Maiores:


* glândula parótida;
* glândula mandibular;
* glândula sublingual – constituída de partes:
• monostomática: drenada por um único ducto;
• polistomática: abre-se por vários ductos pequenos.
Glândula Parótida:
* Órgão pareado;
* Situada entre a cabeça e o pescoço;
* Ventralmente à cartilagem auricular na fossa retromandibular;
* O ducto parotídeo se abre no vestibulo oral, entre o terceiro e quinto
dente pré-molar
Glândula Mandibular:
* Órgão pareado;
* Situada próxima ao ângulo da mandíbula, parcialmente coberta pela gl.
parótida;
* Sua secreção é através do ducto mandibular que passa ventral à
mucosa do assoalho da cavidade oral até a
carúncula sublingual
Glândulas Salivares Sublinguais:
* Consistem em duas gl. em cada lado – exceção são os equinos
que não possuem a monostomática;
* Monostomática: situada mais caudal, um único ducto de drenagem –
compartilha com o ducto mandibular projetando a partir da parte pré-frenular do
assoalho da cavidade oral.
* Polistomática: situada mais rostral, abre por meio de
diversos ductos menores, essas aberturas se
localizam em uma prega longitudinal nos recessos
sublinguais laterais – bovinos é acima das
Papilas cônicas.

Gl. salivar Gl. salivar


sublingual sublingual
monostomática polistomática
2. FARINGE
É a cavidade comum através da qual passam o ar (conectando-se à
laringe) e o material ingerido (conectando-se ao esôfago).

Segmentos da Faringe: 1 Base


Parte nasal: desde as coanas até o óstio intrafaríngeo;
Parte oral: porção ventral do palato mole;
Parte laríngea: comum às duas partes.

2 Faces
Atrial (direita)
Auricular orofaringe
(esquerda)
3. ESÔFAGO
É o canal alimentar entre a faringe e o estômago.
1 Base
Localização:
* início: dorsal à cartilagem cricóide,
dorsal à traqueia até o terço médio
(segmento cervical);
2 Faces
* segue a traqueia pelo lado esquerdo
até a entrada da cavidade Atrial (direita)
torácica
Auricular
onde volta a posicionar-se sobre a
(esquerda)
traqueia até sua bifurcação;
* segue ventralmente à aorta torácica
até o hiato esofágico do m. diafragma
(segmento torácico);
* penetra no estômago pelo cárdia
(segmento abdominal).
Constituição anatômica – da camada interna
para a externa:

4º -adventícia
Constituída de tecido
conjuntivo frouxo de
revestimento

Sistema nervoso
entérico

No esôfago, o alimento é movimentado através de ondas peristálticas


propulsivas. Nos ruminantes, surgem as ondas antiperistálticas na eructação,
regurgitação e nas espécies que realizam o vômito.
4. ESTÔMAGO
Representa um segmento dilatado do aparelho digestório
diferenciando-se, entre os animais domésticos, em sua forma e tipo de
1 Base
mucosa.

Localização:
* Entre o esôfago e o intestino delgato;

Capacidade de armazenamento:
* Carnívoros : 0,5 – 6,0 Litros
* Equino : 16 – 25 Litros
* Suíno : 20 Litros
* Bovino : 52 – 250 Litros
* Ovino e Caprino : 7 – 8 Litros
Quanto a forma:
* Estômago unicavitário
- carnívoros, suínos e equinos

Estômago pluricavitário
- ruminantes e aves

Estômago de ruminantes
Quanto ao tipo de mucosa interna:
* Simples – mucosa glandular
- carnívoros;
* Composta – mucosa glandular e aglandular
- equinos, suínos e ruminantes
4.1 ESTÔMAGO UNICAVITÁRIO

→ Forma
* Saco em forma de U, fortemente curvo e com 2 curvaturas

• Curvatura Menor:
• Côncava e curta;
• Incisura angular;
• Omento Menor.

• Curvatura Maior: Ligamento


porta-hepático
• Convexa e extensa; Incisura angular
• Omento Maior.
OMENTO
Mesotélio amplo que se dispões entre duas vísceras cuja
função é comprimir e conter as vísceras abdominais
mantendo-as em posição

→ Omento menor
* Entre o fígado e a curvatura
menor do estômago e a primeira
porção do duodeno

→ Omento maior
* Vai da curvatura maior do
estômago ao diafragma, baço e
cólon transverso
→ Regiões Anatômicas
•Cárdia:
• Região de junção com o esôfago;
• Espaço: óstio cárdico – esfíncter ;

• Região Pilórica:
• Região de junção com o duodeno -
esfíncter;
• A direita do plano mediano;

• Fundo:
• região de acúmulo de gases do processo
digestivo. Contém glândulas gástricas;

• Corpo:
grande concentração de glândulas gástricas.
a
b
c

→ Glândulas do Estômago

• Cárdicas (a) e Pilóricas (b):


• secretam muco para proteção da mucosa contra o ác. clorídrico;

• Fúndicas ou própria (c):


• secretam ác. clorídrico e enzimas (pepsina e lipase).
a

b d
c

Equinos possuem região aglandular (a), glandular


cárdica e pilórica (b), fúndica (c) e pilórica (d)
Divertículo
gástrico a d

b
c

Toro pilórico

Suínos possuem região aglandular (a),


glandular cárdica (b), fúndica (c) e
pilórica (d)
→ Constituição da Parede do Estômago

•Túnica mucosa:
• onde estão localizadas as glândulas;

• Túnica submucosa:
• possui grandes vasos sanguíneos, plexo nervoso, tecido adiposo,
fibras colágenas e elásticas;

• Túnica muscular:
• proporciona mistura e progressão
do conteúdo gástrico;

• Túnica serosa:
• porção externa.

Úlcera gástrica
4.2 ESTÔMAGO PLURICAVITÁRIO

→ Compartimentos (4)
➢ Pré-estômagos ou pro-ventrículos – mucosa aglandular (digestão
enzimática e mecânica)

• Rúmen – fermentação microbiana


• Retículo – fermentação microbiana cárdia
duodeno
• Omaso – comprime o alimento e
absorção de água Saco ventral do
rúmen

➢ Estômago - glandular
• Abomaso – digestão química
Saco dorsal do
rúmen

* Compartimento rumenorreticular
• Rúmen e retículo formam uma
cavidade comum, separados pela
prega rumenorreticular.
→ Rúmen

•localizado no lado esquerdo e


ocupando maior porção da
cavidade abdominal;
•vai do diafragma até a entrada
da cavidade pélvica;
•mucosa apresenta papilas
grandes e cônicas;
•internamente há um orifício
comunicando-o com o retículo –
orifício ruminoreticular
→ Retículo
•localizado entre o diafragma
e o rúmen;
•funciona como uma bomba
que envia o alimento para a
boca;
•mucosa em formato de favo
de mel;
•internamente há o sulco
reticular que vai do cárdia até
o óstio reticuloomasal –
primeira parte da goteira
esofágica.
→ Omaso
•internamente apresenta
pregas longitudinais e um sulco
omasal que se estende do
orifício reticuloomasal até o
orifício omasoabomasal –
segunda parte da goteira
esofágica
→ Abomaso
•é o mais distal e considerado
o estômago verdadeiro;
•tem formato de saco curvo;
•apresenta mucosa glandular
com glândulas cárdicas,
fúngicas e pilóricas;
•o piloro se relaciona com o
duodeno
Estômago
dos
Ruminantes
•goteira esofágica – conduz líquido diretamente do
esôfago até o abomaso sendo importante durante a
amamentação.
5. INTESTINOS
É a parte caudal do canal alimentar que se estende desde o orifício
pilórico do estômago até o ânus 1 Base

5.1 Intestino Delgado:


* Duodeno;
* Jejuno;
* Íleo.

5.1 Intestino Grosso:


* Ceco;
* Cólon
5.1 Intestino Delgado:
* Segmento caudal do tubo intestinal;
* Mistura o conteúdo luminal com enzimas pancreáticas e
biliares.

➢ Função:
▪ digestão (degradação enzimática pelo pâncreas e
emulsificação das gorduras pela bile) e absorção (epitélio
mucoso – células colunares)

➢ Delimitação:
▪ piloro até a prega íleocecal;
Porção cranial
Flexura cranial do duodeno
Duodeno Parte descendente
Flexura caudal do duodeno
Parte ascendente
* Parte mais próxima do piloro Flexura duodeno jejunal

Duodeno ascendentes
Jejuno
* Forma a porção média do intestino delgado;
* Possui grande número de flexuras
Íleo
* Parte terminal do intestino delgado
5.1 Intestino Grosso:
* Principal região de diferenças anatômicas do tubo
digestório de animais domésticos.

➢ Função:
▪ absorção de água e eletrólitos;
▪ formação do bolo fecal;
▪ processo de fermentação – é mais disseminado no ceco e cólon de
herbívoros (o rúmen é o local mais importante, no caso dos ruminantes)

• ruminantes: digestão enzimática ocorre após a fermentativa;


• não-ruminantes: fermentação é pós-enzimática

➢ Delimitação:
▪ íleo até o ânus
Ceco
* Saco cego, muito pequeno nos carnívoros, pouco desenvolvido
nos ruminantes e suínos e bem desenvolvido nos equinos.
Ceco – Particularidade
* Tênias (cintas longitudinais formadas por fibras musculares na
superfície externa do ceco que facilitam a ação peristáltica do intestino
grosso além de formar o aspecto de saculação do intestino.
Cólon ascendente
Cólon transverso
Cólon Cólon descendente

3
2

1
ceco

Cólon
ascendente

Suíno Cão

Equinos

Ruminantes
8 4

3
9 5

2
1

Cólon maior ventral direito, flexura esternal, cólon maior ventral esquerdo,
flexura pélvica, cólon maior dorsal esquerdo, flexura diafragmática, cólon
maior dorsal direito, cólon transverso e cólon menor.

Equino https://www.youtube.com/watch?v=m8QEpecntOk
6. GLÂNDULAS ACESSÓRIAS –
FÍGADO E PÂNCREAS
1 Base
6.1 Pâncreas:
* Função: decompõe proteínas, carboidratos e
gorduras (suco pancreático – função exócrina); controlam os níveis de
açúcar na circulação (insulina, glucagon e somatostatina – função endócrina)
* Localização: intimamente ligado ao estômago e ao
duodeno;
* Divisão: corpo, lobo direito e lobo esquerdo
Duodeno
6.1 Pâncreas:
* Ducto pancreático maior: abre-se na papila duodenal maior
* Ducto pancreático acessório: abre-se na papila duodenal menor.

Lobo pancreático direito

Lobo pancreático
esquerdo
Cropo do pâncreas
6.2 Fígado:
1 Base
* Funções: exócrina - liberação de bile e ácidos biliares
(degradação de gordura);
endócrina - regula o açúcar no sangue,
estoque de vitaminas, minerais e ferro, ...

* Localização: região cranial do abdômen, interposto


entre o diafragma e o estômago

* 2 faces: - diafragmática
- visceral: visualização da vesícula biliar e
espaço porta hepático (hilo)
* Lobulação:
- Lobo hepático direito (lateral e medial em carnívoros)
- Lobo hepático esquerdo (lateral e medial em carnívoros)
-Lobo quadrado
- Lobo medial
-Lobo caudado (processo caudado e processo papilar em
carnívoros)
Cão
6.2 Vesícula Biliar:
1 Base
* Funções: - armazenamento da bile que foi
produzida no fígado
- abre-se no ducto cístico que recebe
os ductos hepáticos provenientes de cada lobo.
- ducto biliar comum despeja a bile no
duodeno (função exócrina).

* Localização: em uma fossa na face visceral do


fígado, próximo da porta hepática.

Inexiste no equino.
Cão
Literatura Complementar:

PIMENTA, M.M. et al., Estudo da ocorrência de


litíase renal e ureteral em gatos com doença
renal crônica. Pesq. Vet. Bras. v.34(6), p.555-
561. 2014
Agradeço a atenção

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