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1º/2016
Adução (C7): Para eliminar a gravidade o paciente em decúbito dorsal, com o antebraço fletido, faz
adução na horizontal. É como se o paciente tentasse tocar seu ombro oposto fazendo um arco no ar
durante o processo.
Flexão do cotovelo com antebraço em supinação (C5-C6; bíceps): Eliminação da gravidade: o paciente,
em decúbito dorsal e com o membro superior rente à maca, faz abdução do braço e flexão do cotovelo
com o antebraço entre pronação e supinação.
Extensão do punho (C6-C7; nervo radial): Para realizar contra a gravidade, o paciente deve estar
sentado, apoiar o antebraço pronado em sua coxa (do paciente, rs) e "levantar a mão". O examinador
aplica resistência, preferencialmente, fazendo o mesmo movimento (dorso da mão do examinador em
contato com o dorso da mão do paciente). Eliminação da gravidade: o antebraço do paciente deve
estar apoiado sobre sua coxa entre pronação e supinação; o movimento será como se o paciente
estivesse jogando a mão para fora.
Flexão do punho (C7-C8): Para realizar contra a gravidade, o paciente deve estar sentado, apoiar o
antebraço em supinação em sua coxa e "levantar a mão" (como se estivesse chamando alguém).
Eliminação da gravidade: o antebraço do paciente deve estar apoiado sobre sua coxa entre pronação
e supinação; o movimento será como se o paciente estivesse jogando a mão para dentro.
Flexão dos dedos (C8): Paciente sentado, com o antebraço apoiado em sua coxa em supinação. O
examinador pede para que feche os dedos. Grau 5 ou Grau 4? Colocar dois dedos na mão do paciente,
pedir para que aperte e tentar se soltar. Grau 2 ou Grau 1? Visualmente.
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Pinça (C8): Pedir que o paciente realize um movimento de pinça com o polegar e o indicador. O
examinador faz uma pinça dentro da pinça do paciente e puxa.
Abdução dos dedos (T1): Pedir que o paciente abra os dedos. Resistência - tentar unir os dedos do
paciente.
Abdução do polegar (T1): Contra a gravidade, a mão do paciente deve estar em supinação e o
examinador mostra realizando o movimento passivo no paciente; a abdução é feita perpendicular aos
demais dedos. Para eliminar a gravidade, bastar fazer o movimento na horizontal.
Reflexo Bicipital (C5): - Paciente sentado, com seu antebraço apoiado em sua coxa entre pronação e
supinação, com flexão próxima a 90º.
- Apalpar o tendão e fazer uma leve pressão com o polegar e percutir sobre esse dedo.
- Resposta esperada: contração do bíceps e flexão do cotovelo.
CAROLINE FELICIANO – MED 107
Reflexo braquiorradial ou supinador (C6): - Mesma posição do reflexo bicipital.
- Dividir o antebraço do paciente em 3 regiões; na intermédia achar o rádio e afastar 2 dedos
medialmente.
- O examinador fica com seus dedos indicador e médio na região e percute sobre eles.
- Resposta esperada: flexão e supinação do antebraço.
Grau III unilateral sugere lesão de neurônio motor superior, a qual é confirmada na presença de
grau IV (patologia do SNC). Já grau O e grau I unilateral são achados de lesão de neurônio motor
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inferior.
Importante:
Grau I e grau III podem ser achados normais se: (1) forem bilaterais (obrigatoriamente) e (2) não
vierem acompanhados de fraqueza muscular ou outro distúrbio relacionado. Quando o paciente tem
seu médico é fácil saber se tais graus são normais (o paciente sempre os teve) ou se são achados
anormais.
Os reflexos podem estar diminuídos ou ausentes quando há perda de sensibilidade, no caso de
lesão significativa de segmentos medulares ou comprometimento dos nervos periféricos. As doenças
musculares e das junções neuromusculares também reduzem os reflexos.
DESCOBERTA DO MEMBRO SUPERIOR III - AVALIAÇÃO DOS NERVOS DO PLEXO BRAQUIAL E PALPAÇÃO
DOS LINFONODOS AXILARES
Radiculopatia x Neuropatia
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Palpação dos linfonodos axilares
Os linfonodos ou gânglios linfáticos são pequenos órgãos perfurados por canais que existem
em diversos pontos da rede linfática, uma rede de ductos que faz parte do sistema linfático. Atuam na
defesa do organismo humano e produzem anticorpos.
Palpe os linfonodos axilares (grupos apical, anterior, central, posterior e lateral), que drenam a
pleura parietal, a parede torácica anterior e a mama.
Linfonodos normais: pequenos (<1cm), móveis, moles, superfície regular e indolores.
Linfonodos anormais: (grandes, duros, fixos, dolorosos, etc.) indicam uma metástase ou infecção.
Dor
Alodinia: sensação de dor quando o estímulo não era para causar dor.
Hiperestesia: excesso de sensibilidade.
Disestesia: dor com acompanhantes (queimação, fincada, aperto, agulhada)
Parestesia: só os matizes (acompanhantes), como dormência e formigamento.
TIPOS DE DOR:
1) Neurogênica: dor de origem neurológica, cujas características são: disestesia; parestesia;
independente de movimentação articular; relacionada a dermátomos ou à área de nervo periférico
(pode ser radiculopatia ou neuropatia).
Pode ter 3 acompanhantes tardios, que são: atrofia muscular, abolição dos reflexos da região (meses),
perda de sensibilidade.
2) Dor referida: dor sentida numa área de superfície distante do órgão estimulado. Muitas vezes, a área
onde a dor é manifestada e o órgão visceral relacionado apresentam a mesma inervação (o que pode
explicar a dor). Suas características são: não relacionada com movimento, disestesia, desencadeada por
estresse do órgão-fonte.
3) Dor pontual (periarticular): local ou regional, seletividade de movimentos, piora contra a resistência,
melhora com movimentação passiva.
4) Dor artropática: por comprometimento da articulação propriamente dita, cujas características são:
dor em qualquer movimento da articulação, presente à palpação de todas as margens da articulação,
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redução contra a resistência, aumento da temperatura articular.
Um comprometimento articular doloroso pode se dever à inflamação (reação do organismo a
uma infecção ou lesão dos tecidos) ou à degeneração (desgaste).
a) Degeneração: a dor melhora em repouso (relaxado) e também melhora em minutos de uso.
b) Inflamação: a dor piora em repouso e demora mais para melhorar em uso.
5) Dor óssea: dor mal localizada, profunda (surda), persistente, mais evidente à noite (noturna), não
influenciada por qualquer movimento.
Agravo: tradução em termos mais técnicos do que está acontecendo com o paciente.
* A cronologia é questão chave no questionamento dirigido, pois divide o agravo em:
a) Agudo - minutos, horas, dias;
b) Subagudo - dias, semanas;
c) Crônico - semanas, meses.
Vinheta clínica: agravo que você apresenta a alguém.
Radiografia: exame em que os tecidos são atravessados por raios (radiações X), que sensibilizam um
filme de acordo com a densidade de cada tecido. O filme é queimado pelos raios X em regiões em que
a densidade é baixa, o que permite que esses raios atravessem com facilidade. De acordo com a
densidade, as regiões podem ser divididas em hiper-transparentes (de baixa densidade, escuras na
radiografia) e hipo-transparentes (de densidade maior, claras na radiografia). Os ossos, por serem
densos devido à alta concentração mineral, são hipo-transparentes e muito visíveis nessa técnica.
Ressonância magnética: é uma técnica que permite determinar propriedades de uma substância através
da correlação da energia absorvida contra a frequência, na faixa de mega-hertz (MHz) do espectro
magnético, caracterizando-se como sendo uma espectroscopia. Usa as transições entre níveis de
energia rotacionais dos núcleos componentes das espécies (átomos ou íons) contidas na amostra. Isso
se dá necessariamente sob a influência de um campo magnético e sob a concomitante irradiação de
ondas de rádio na faixa de frequências acima citada. Conceito de intensidade ou sinal: hiper-intensidade
ou hiper-sinal (claro) e hipo-intensidade ou hipo-sinal (escuro). Não privilegia osso e sim gordura.
Cintilografia: na tela no computador, são geradas fotos ou filmes da distribuição de
um radiotraçador injetado no paciente que podem ser analisadas da forma visual ou quantitativa
através de cálculos da concentração e velocidade de movimento desse radiotraçador. Neste exame são
formadas primariamente imagens funcionais (vê a função dos órgãos) em contraste com a radiologia
geral em que são formadas imagens anatômicas (vê a forma dos órgãos).
O radiotraçador (ou radiofármaco) é geralmente a união de um radioisótopo (átomo emissor de onda
eletromagnética do tipo raio gama, que é o sinal para formação da imagem) com um análogo de uma
molécula fisiológica (traçador que é escolhido de acordo com o órgão e função a ser estudada).
Distingue-se áreas de hiper ou hipocaptação.
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b) Teste de Speed:
- Flexão do ombro (90º, bilateralmente), com extensão do cotovelo
com braço e antebraço em supinação. Aplicar resistência.
- Positivo: dor no tendão bicipital.
- Também avalia o espaço subacromial.
c) Manobra de Jobe:
- Avalia o manguito rotador como um todo.
- "Garrafa vazia": o paciente flexiona o ombro, com o antebraço em extensão, e faz uma rotação medial
do braço e do antebraço. O examinador aplica resistência (tentar aduzir).
- Positivo: dor.
Obs.: Patologia do manguito rotador não é a única causa de síndrome do compartimento subacroamial. Até o
final deste resumo, você aprenderá mais algumas.
a) Manobra de Yergason:
(Faço caso a manobra de Jobe der negativa, evidenciando que a dor não é causada por patologia do
manguito rotador)
- Testa a integridade do tendão da cabeça longa do bíceps - entre os tubérculos do úmero. (É
aconselhável que o examinador palpe essa área durante o teste, pois se o teste for positivo a dor será
sentida nesse local)
b) Manobra de Filkenstein:
- Testa a integridade do abdutor longo do polegar.
- Paciente com a mão em supinação, oponência do polegar e flexão dos dedos
(prende o polegar dentro da mão), seguida de desvio ulnar da mão.
- Positivo: paciente sentirá dor na borda radial do carpo (lembrar-se do limite lateral
da tabaqueira anatômica), evidenciando tendinite do abdutor longo do polegar.
* Epicôndilo medial:
- Testa-se a flexão dos dedos / flexão do punho.
- Paciente com o cotovelo fletido, em supinação, com os dedos fletidos. Com uma mão o examinador
tenta abrir os dedos (fazendo uma extensão dos 2º, 3º, 4º e 5º dedos) e com a outra palma o epicôndilo
medial. / O paciente com o cotovelo em supinação faz flexão do punho e o examinador aplica
resistência, apalpando o epicôndilo medial.
- Positivo: dor no epicôndilo medial - epicondilite medial.
Articulação unco-vertebral: entre os uncos dos corpos vertebrais. Melhor vista na radiografia frontal.
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Disco intervertebral: juntura cartilaginosa do tipo sínfise, mais espessa entre os corpos vertebrais.
Forâmen intervertebral: orifício formado pelas incisuras inferior (superiormente) e superiores
(inferiormente) dos arcos vertebrais de vértebras adjacentes. Por ele passa a raiz do nervo espinhal
correlacionado.
O conceito de impacto
1) Teste de Neer:
- Testa o impacto entre o tubérculo maior do úmero sobre o
acrômio.
- Flexão anterior completa do braço (meio que com abdução).
O examinador estabiliza a escápula posteriormente, impedindo
a sua movimentação durante o teste.
2) Teste de Hawkins:
- Testa o impacto do tubérculo maior do úmero sobre o ligamento córaco-acromial.
- Paciente em pé, o examinador posiciona o membro superior a 90º de flexão e força a rotação medial
(interna), e o paciente resiste. (90/90/RI)
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Articulação do cotovelo esquerdo – AP
b) ARTÉRIA TIBIAL POSTERIOR: posterior ao maléolo medial, no túnel do tarso. Palpe simultaneamente.
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d) ARTÉRIA FEMORAL: no trígono femoral, abaixo do ligamento inguinal, a meio caminho entre a
espinha ilíaca ântero-superior e a sínfise púbica. Palpe a borda inferior do ligamento inguinal a partir
da extremidade lateral, até perceber o pulso femoral (comprima profundamente).
Obs.: Grupo de linfonodos superficiais - prossiga até cessar o pulso femoral e então corra o dedo
verticalmente, para baixo. Você acabou de passar pelo importante grupo de linfonodos inguinais
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superficiais (cadeia horizontal, apontando para patologias do dorso, nádegas, abdome inferior, ânus e
genitália; e cadeia vertical, apontando para patologias do MI propriamente dito).
b) CLÔNUS PATELAR:
- Paciente em decúbito dorsal, com o joelho estendido.
- "Abrace" a patela com o polegar e o indicador e a empurre para baixo e aguarde uns 3 segundos.
- Resposta positiva: a patela ficaria "tremendo".
Lombalgia: dor na região lombar, ou seja, na região mais baixa da coluna vertebral, perto da bacia.
• Lombociatalgia: lombalgia associada a dores ciáticas - que irradiam para um ou dois membros
inferiores (glúteo, coxa, perna e/ou pé).
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Suas causas podem ser mecânicas (distensão muscular, alteração articular, hérnia de disco) e não
mecânicas (infecção, neoplasia, cólica abdominal).
• O nervo isquiático (L4, L5, S1, S2, S3) pode sofrer compressão em sua origem lombo-sacral
(principalmente por hérnia de disco) ou em sua passagem sob o músculo piriforme.
1 - Teste de Lasègue
- O sinal de Lasègue indica compressão na origem
do nervo isquiático (lombo-sacral).
- Paciente em decúbito dorsal.
- Flexão passiva da coxa com o joelho estendido.
- Positivo: dor intensa na região lombar e região
posterior da coxa e perna.
Excepcionalmente, é preferível começar o teste pelo lado afetado. Isso porque, se for positivo
bilateralmente indica uma alta probabilidade de ser uma compressão do nervo isquiático em sua
origem. Entretanto, se for negativo no lado contralateral (oposto à queixa) descarta-se a probabilidade
de lesão no nervo isquiático em sua origem.
• O músculo piriforme se relaciona intimamente com o nervo isquiático. Sua tensão, comprimindo este
nervo é a síndrome do músculo piriforme. O diagnóstico se dá com Lasègue positivo ipsilateral (do lado
da queixa) e negativo contralateral. Além disso, há a manobra específica: virada no leito.
• Um problema renal pode levar à dor lombar. Sabe-se que os rins se situam no retroperitônio. O
músculo iliopsoas flete o quadril, tem origem nas vértebras lombares e pode tensionar o retroperitônio.
• Um processo degenerativo inflamatório das articulações sacroilíacas ou uma lesão das mesmas pode
causar uma lombalgia. São utilizadas duas manobras para avaliar a integridade dessas articulações:
abertura da pelve e Patrick-Fabere.
4 - Abertura da pelve
- Paciente em decúbito dorsal.
- Examinador pressiona a espinha ilíaca ântero-superior para baixo e para fora abruptamente e espera
por 3 segundos.
- Positivo: manifestação de dor.
• A bursa trocanteriana pode ser examinada, a fim de se identificar uma inflamação (bursite). Duas são 24
as manobras:
* Patrick-Fabere (pé sobre o joelho contralateral, em decúbito dorsal).
* Manobra da virada no leito (abdução e rotação externa da coxa, em decúbito lateral).
- Positivo: dor na região superior e lateral da coxa, que pode referir para a região lombar. O paciente
pode-se queixar de dor quando está em decúbito lateral.
OBS.: A localização da dor diferencia a bursite trocanteriana (região lateral e superior da coxa) da tensão
do músculo piriforme pressionando o nervo isquiático (região posterior da coxa).
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OFICINA DE LOMBO-CIATALGIA
5 - O questionamento dirigido e o questionamento geral devem buscar os sinais de alerta (indicam que
não é lombalgia simples). Quais são?
1º: dorsalgia mantida, pois a coluna vertebral torácica não se adoece facilmente já que sustenta menos
peso e sua mobilidade é menor.
2º: definição de dor inflamatória.
3º: definição de dor óssea.
4º: dor que acorda a pessoa. (Lembre-se de perguntar durante a entrevista)
5º: perda de peso (indica doença sistêmica).
6º: febre (também indica doença sistêmica).
7º: irradiação da dor para a face anterior da coxa (dermátomos L1 e L2).
8º: alteração de ritmos excretores (urina e fezes), que indica lesão de estruturas neurológicas nobres.
9º: disfunção sexual. (Sugestão de pergunta: Na sua atividade sexual, tem algo que lhe incomoda?)
10º: anestesia em sela - anestesia na região onde o corpo fica em contato com a sela do cavalo.
(Sugestão de pergunta: Tem alguma parte de seu corpo que está dormente?)
6 - Mulher de 42 anos vem com quadro de 10 dias: lombalgia esquerda irradiada até tornozelo ipsilateral.
Não há posição de alívio e dificulta a marcha. Sono prejudicado pela dor que é constante. Sensação de 26
choque e formigamento do MIE.
Agravo: lombociatalgia aguda, de natureza neuropática.
7 - Senhor de 70 anos, com lombalgia crescente há 2 meses, permanente, acordando-o à noite, sem
posição de alívio, sem irradiação, com hiporexia (diminuição do apetite) e perda de peso.
Agravo: dor óssea crônica.
8 - O exame físico deve abordar o componente vascular. Como? Através da palpação dos pulsos
arteriais. (Lembre-se de sempre começar distalmente).
9 - O exame físico deve lançar mão da manobra combinada para os MMII. Do que se trata? Lembre-
se que o padrão de dor, aqui, aponta para o provável sítio da lesão.
- Flexão anterior do quadril, aproximadamente 45º.
- Abdução do quadril.
- Flexão do joelho, com o pé apoiado na perna contralateral.
- Rotação externa do quadril com abdução. Patrick-Fabere
- Flexão da coxa e flexão do joelho (90º/90º)
- Rotação externa e rotação interna da coxa.
- Extensão total do joelho.
- Dorsiflexão do pé.
* Se o paciente não se queixar de dor durante as manobras, descarta-se, principalmente, dor pontual.
11 - O exame físico deve avaliar o espaço retro-peritonial. Você conhece a manobra do ílio-psoas?
(Explicitada anteriormente neste roteiro)
16 - O exame físico deve descartar mielopatia (doença na medula espinhal). Você conhece o conceito
de clônus?
- Pesquisa de clônus patelar ou aquileu.
17 - O exame físico deve descartar mielopatia. Você
conhece o reflexo cutâneo-plantar?
- Passe algo rombo na planta do pé do paciente com força
no limiar da sensação de dor: borda medial do calcâneo
borda lateral da planta base do hálux.
* Respostas:
- Flexão do hálux (normal)
- Indiferente
- Extensão do hálux (patológico): é o sinal de Babinski, que
indica mielopatia. 27
18 - O exame físico deve avaliar a integridade das
vértebras.
- Paciente sentado ou em posição ortostática.
- O examinador com seus dedos fechados (punho fechado), dá leves socos com a região hipotenar
lateralmente à coluna e depois sobre os processos espinhosos das vértebras, procurando dor.
- Envelhecimento da coluna.
20 - Ao levantar sinal de alarme e/ou dor inflamatória, existem dois marcadores de grande utilidade:
VHS e PCR. Aprenda a lidar com eles.
PCR: Quando o organismo sofre um "ataque", o fígado responde produzindo algumas moléculas. Uma
delas é a PCR (proteína C reativa). Logo, sua dosagem pode indicar processos inflamatórios. (Outras
proteínas semelhantes são a alfa-1 glicoproteína ácida e a ferritina).
VHS: Significa velocidade de hemossedimentação. Quando uma amostra de sangue é deixada em
repouso por 1 hora, normalmente, a sedimentação da parte sólida do sangue é observada com altura
de 20 mm. Entretanto, quando o organismo está com algum processo inflamatório há um aumento da
VHS.
PONTOS DE CORTE:
• PCR: 0,6 mg/dl
21 - Ao levantar sinais de alarme, a dosagem de hemoglobina pode ajudar bastante, por quê?
PONTOS DE CORTE DA HEMOGLOBINA:
Homens: 13g/dl
Mulheres: 12g/dl
Diminuição grave da hemoglobina gera hipóxia tecidual, a qual causa claudicação intermitente.
22 - Ao levantar dor óssea, existe uma enzima muito útil; qual?
- A fosfatase alcalina é uma enzima marcadora de ossos doentes, produzida pelos osteoblastos quando
o osso está comprometido.
24 - Senhora de 70 anos, com muita dor em região inguinal direita irradiada até o joelho direito à marcha,
quase impeditiva da mesma. Não há dor ao repouso. A manobra combinada para MMII reproduz a dor
inguinal quando das rotações externa e interna da coxa direita. Dor mecânico-degenerativa
(osteoartrose degenerativa).
25 - Senhor de 65 anos, com dor intensa em joelho esquerdo, sem irradiação, à deambulação, que o tem
limitado muito. Em repouso não dói. Dor mecânico-degenerativa (lembre-se que é característica da
idade) - artrose do joelho.
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26 - Senhora de 78 anos, com lombalgia crescente, praticamente impeditiva da deambulação, com dor
constante, prejudicando o sono, sem ciatalgia. Dor óssea.
27 - Ao levantar dor óssea, uma outra imagem pode ser decisiva. Lembra-se dela? Cintilografia, a qual
tem alta sensibilidade no rastreamento de câncer no esqueleto.
28 - Um senhor de 65 anos vem com lombalgia crescente, há 2 meses, que tem impedido o sono. Não
parece haver relação óbvia com posições, uma vez que o incomoda mesmo em repouso. Tem tido
aumento da temperatura axilar no final de todas as tardes (chega a 38º C).
- Espôndilo-discite (osteomielite espinhal): inflamação do disco intervertebral e das vértebras, que causa
dor lombar.
Osso do quadril – AP
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Retirado de Propedêutica
Médica – Bárbara Bates.
Reflexo cutâneo-abdominal
O examinador passa um objeto cilíndrico (ex.: caneta, cabo do martelo de reflexos) no abdome
do paciente nos seguintes sentidos:
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3 – Marcha em tesoura: a lesão é no neurônio motor superior, afetando a medula espinhal,
ocorrendo espasticidade bilateral do membro inferior. Há um enrijecimento dos músculos adutores do
quadril, provocando adução das coxas de modo que os joelhos podem cruzar-se, um à frente do outro,
a cada passo, assemelhando-se a uma tesoura.
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Teste de Romberg
É um teste de equilíbrio. Nele, o paciente deve estar em posição ortostática,
com os pés unidos (de preferência descalços) e os braços cruzados. Observe-o por 30
segundos. Depois, peça que feche os olhos e o observe por mais 30 segundos.
Achados:
a) Distúrbio cerebelar: tendência a alargar a base; o paciente não consegue se
manter em equilíbrio tanto com os olhos abertos quanto fechados.
b) Alteração do sistema vestibular: positividade apenas com os olhos fechados;
o examinado oscila para o mesmo lado da lesão.
c) Distúrbio de propriocepção consciente (fascículos grácil e cuneiforme):
positividade apenas com os olhos fechados; as oscilações são para ambos os lados. É
importante a realização de outros testes, já estudados, para a avaliação deste tipo de
sensibilidade.
B 39
1: Retina nasal.
C
2 1 1 2
2: Retina temporal.
Obs.: Hemianopsias heterônimas são aquelas em que são acometidos lados diferentes dos campos visuais, ou seja,
desaparece a visão nos campos temporais ou nasais. Nas homônimas fica acometido o mesmo lado do campo
visual de cada olho, ou seja, desaparece a visão do campo temporal do olho de um lado e o nasal do contralateral.
Na identificação de um déficit visual, procure definir seus limites, isolando cada um dos olhos
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(o examinador e o paciente tampam um dos olhos).
Inervação:
Nervo oculomotor (III): mm. reto
superior, reto inferior, reto medial e
oblíquo inferior.
Nervo abducente (VI): m. reto lateral.
Nervo troclear (IV): m. oblíquo
superior.
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PARALISIA PERIFÉRICA
O grande valor do exame físico: a avaliação dos reflexos de estiramento, tônus e força muscular
refinam o agravo.
O reflexo monossináptico se altera, por exemplo, em neuropatias, radiculopatias, degeneração da
bainha de mielina e falta de integridade da coluna anterior da medula espinhal, no seu respectivo
nível (ex.: o reflexo tricipital está reduzido na doença da coluna anterior de C7). Todos esses exemplos
são doenças do neurônio motor inferior e os reflexos ficam reduzidos.
O trato corticoespinhal é, predominantemente, inibidor do neurônio motor inferior. Por isso, na
síndrome do neurônio superior, se tem hiperreflexia.
Tônus:
a) Hipertonia:
Espasticidade: hipertonia com diminuição de força; nos membros superiores há dificuldade em se
fazer extensão e nos membros inferiores em se fazer flexão; ocorre por lesão das vias do trato
corticoespinhal (neurônio motor superior).
Rigidez: hipertonia permanente, com força preservada; ocorre por lesão de vias extrapiramidais
(rubroespinhal, reticuloespinhais e vestibuloespinhais) e de núcleos da base.
Paratonia: hipertonia com força preservada, mas que só ocorre ao toque; é decorrente de
comprometimento das vias de associação por dano telencefálico difuso. Pode aparecer no
Alzheimer.
b) Hipotonia: ocorre em lesão de neurônio motor inferior.
Síndrome do neurônio motor superior: (1) fraqueza muscular; (2) hiperreflexia (clônus); (3)
espasticidade; (4) cutâneo-plantar em extensão (sinal de Babinski).
Obs.: todos nós nascemos com sinal de Babinski, porque as vias superiores (trato corticoespinhal) 47
ainda não estão mielinizadas.
Síndrome do neurônio motor inferior: (1) fraqueza muscular; (2) hiporreflexia; (3) hipotonia; (4) atrofia
muscular (pode ser uma sequela da poliomielite, por exemplo, em que o vírus destrói o neurônio
motor inferior); (5) fasciculações (exclusividade do neurônio motor inferior).
Complexo do neurônio motor inferior:
1 – Coluna anterior (doença: mielopatia / neuronopatia motora).
2 – Raiz ventral (radiculopatias).
3 – Nervo periférico (neuropatia periférica, a qual pode ser uma axonopatia ou um mielinopatia).
4 – Bainha de mielina.
5 – Placa motora.
6 – Músculo (miopatia).
ELETRONEUROMIOGRAFIA
É um exame que consiste na estimulação elétrica de um nervo periférico, a fim de estudar a
condução nervosa.
Devem ser verificadas três grandezas:
1 – Velocidade: permite estudar a integridade da bainha de mielina.
2 – Latência: tempo entre o estímulo e a resposta, envolvido no cálculo da velocidade.
3 – Amplitude: diminuída em algum comprometimento nervoso.
A estimulação repetitiva avalia a integridade da placa motora, que está normal quando o
músculo se mantém responsivo.
A eletromiografia é o registro de potenciais de ação de um músculo estimulado. Em repouso,
se registra uma linha isoelétrica e, quando se faz um movimento, se detecta potenciais de ação, os
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NEUROIMAGEM
Tomografia computadorizada de crânio em janela encefálica
Esta janela privilegia o tecido nervoso. As estruturas ósseas são ditas hiperdensas (muito claras)
e a substância cinzenta é mais densa que a substância branca (substância cinzenta mais clara e
substância branca mais escura).
Níveis de TC de crânio em cortes axiais:
a) supraventricular: se observa as características das substâncias branca e cinzenta supracitadas.
b) corte axial pelos ventrículos laterais: o líquor é hipodenso e é comum encontrarmos pequenas
áreas de alta densidade nos ventrículos (calcificação do plexo coroide).
T2: nada mais é que a inversão das características de T1 – substância cinzenta tem hiper-sinal
(branca), substância branca hipo-sinal (preta) e líquor hiper-sinal (branco). É útil no diagnóstico de
anormalidades.
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T1 e T2, respectivamente
Densidade de Prótons: T2 com líquor escuro (hipo-sinal). É relevante na busca de lesões
próximas aos ventrículos.
As derivações dos membros veem o coração no plano frontal e as forças elétricas se movendo
para cima e para baixo. Nelas, cada um dos eletrodos é designado como positivo ou negativo.
Derivações Regulares dos Membros:
DI: braço esquerdo positivo e braço direito negativo; seu ângulo
de orientação é 0º.
DII: pernas positivas e braço direito negativo; seu ângulo de
orientação é 60º.
DIII: pernas positivas e braço esquerdo negativo; seu ângulo de
orientação é 120º.
Derivações Aumentadas dos Membros:
aVL: braço esquerdo positivo e outros membros negativos; seu
ângulo de orientação é -30º.
aVR: braço direito é positivo e outros membros negativos; seu
ângulo de orientação é -150º.
aVF: pernas positivas e outros membros negativos; seu ângulo de orientação é +90º. 53
Derivações Precordiais
As derivações V2, V3 e V4 são denominadas derivações anteriores, pois são as melhores para
se analisar a parede anterior do coração. Analogamente, as derivações DI, aVL, V5 e V6 são chamadas
de laterais esquerdas, enquanto que as derivações DII, DIII e aVF de inferiores. Adicionalmente, aVR e
V1 são as derivações do ventrículo direito.
ECG
normal
Nó Sinusal
Ritmo sinusal: onda P positiva em DI e DII e negativa em aVR; FC: 60 a 100 bpm.
Ritmo atrial: o coração é comandado por células atriais não sinusais em decorrência de nó SA
defeituoso; onda P negativa em uma das seguintes derivações: DI, DII, DIII ou aVF; FC: 60 a 75 bpm.
Ritmo juncional: as células que comandam o coração estão na junção entre os átrios e os ventrículos,
próximas ao nó atrioventricular. É caracterizada por ausência de onda P ou onda P retrógrada,
representando a despolarização atrial se movendo para trás, a partir do nó AV. Ondas P retrógradas
podem acontecer antes dos complexos QRS (neste caso, com intervalo PR curto), durante ou após os
mesmos. Elas têm seu eixo invertido em 180º, ou seja, são negativas em DI e DII e positivas em aVR. FC:
40 a 60 bpm.
Situado atrás da valva tricúspide, o nó AV é responsável por retardar a condução elétrica dos
átrios para os ventrículos, permitindo o total esvaziamento atrial antes da contração ventricular. Esse
retardo é notado no ECG como um silêncio elétrico que sucede a onda P, o segmento PR, e é devido,
em parte, a uma menor densidade de junções comunicantes nestas células. Entretanto, seu
funcionamento é verificado analisando-se o intervalo PR (do início da onda P até o início do complexo
QRS), o qual deve durar de 120 a 200 ms (3 a 5 mm).
Na pré-excitação, a onda de despolarização chega aos ventrículos sem passar pelo nó AV e o
intervalo PR tem duração inferior à 120 ms. Esta anormalidade é, geralmente, congênita. Já no bloqueio
atrioventricular, mais relacionado ao envelhecimento do nó AV, a duração do intervalo PR excede 200
ms.
Complexo QRS
Eixo Elétrico
O eixo elétrico do coração (ÂQRS) é o vetor resultante da ativação ventricular, o qual aponta
para a esquerda e para baixo. O ÂQRS é dito normal quando se encontra no chamado 1º quadrante,
entre 90º e 0º, ou seja, quando o complexo QRS é
positivo em DI e em aVF. Quando cai no 2º
quadrante (entre 90º e 180º), sendo o QRS negativo
em DI e positivo em aVF, há desvio do eixo para a
direita. O ÂQRS presente no 3º quadrante (entre
180º e -90º; QRS negativo em DI e negativo em aVF)
caracteriza o desvio extremo do eixo para a direita.
Entretanto, quando o ÂQRS cai no 4º quadrante
(entre 0º e -90º) só se considera anormalidade se tal
desvio do eixo para a esquerda for além de -30º.
Dessa forma, quando o QRS for positivo em DI e
negativo em aVF, só se fecha diagnóstico de desvio
do eixo para a esquerda quando o QRS também for
negativo em DII.
Quando nascemos, temos o eixo desviado
para a direita. Em torno dos 2 anos, o eixo vai para o 1º quadrante e alcança sua posição final aos 10
Transição Elétrica
Recuperação Ventricular
Tira de Ritmo
A tira de ritmo é uma única derivação de monitoramento do coração, muito utilizada no estudo
de arritmias. Através dela podemos, por exemplo, identificar atividades atrial e ventricular (presença de
onda P e de complexos QRS, respectivamente), calcular a FC e medir os intervalos PR e QT.
Frequência Cardíaca
FC = 300
Nº de quadrados grandes entre dois QRS
Frequências cardíacas superiores à 100 bpm, com um ritmo sinusal, são diagnósticas de
taquicardias sinusais. Já frequências abaixo de 50 bpm estão presentes nas bradicardias sinusais.
Os batimentos prematuros são precoces e podem se originar em qualquer área cardíaca, pelo
disparo de uma célula autoexcitável que se superpõe ao nó SA.
Batimento juncional prematuro: geralmente não há onda P visível, mas, às vezes pode ser vista uma
57
onda P retrógrada.
Batimentos prematuros supraventriculares são fenômenos comuns, que não indicam doença
cardíaca subjacente e nem requerem tratamento. Elas podem, contudo, iniciar uma arritmia mais
sustentada.
Bigeminismo
Assistolias podem ter como causa paradas sinusais ou falhas na transmissão da despolarização
sinusal para fora do nó e para os átrios, os bloqueios de saída sinusal (bloqueios sinoatriais). Não há
como distinguir tais fenômenos, mas ambos são sucedidos por ritmos de escape quando não é
reestabelecido um ritmo sinusal.
Os ritmos de escape podem ser atriais, juncionais ou ventriculares. Eles se diferem dos
batimentos prematuros unicamente por sucederem uma parada sinusal ou um bloqueio de saída.
Escape Juncional
Síndrome de pré-excitação
Nas síndromes de pré-excitação, vias acessórias transmitem os impulsos elétricos dos átrios aos
ventrículos, esquivando-se do nó AV. As síndromes de Wolff-Parkinson-White (WPW) e de Lown-
Ganong-Levine (LGL) são as duas principais.
WPW: intervalo PR é menor que 120 ms; complexo QRS alargado em sua porção inicial, com a
característica onda delta (consequência da despolarização precoce de parte do miocárdio ventricular
em decorrência da existência de uma via acessória, o feixe de Kent); alterações no complexo de
recuperação ventricular. 58
LGL: a via acessória (fibra de James) contorna o retardo dentro do nó AV e, dessa forma, toda a
condução ventricular ocorre pelas vias usuais; portanto, não há onda delta e alargamento do QRS,
sendo o encurtamento do intervalo PR sua única manifestação.
Mobitz do tipo II: é devido, em geral, a um bloqueio no feixe de His. Nele, o alongamento
progressivo do intervalo PR não ocorre. Em vez disso, a condução é um fenômeno “tudo ou nada”. O
ECG mostra dois ou mais batimentos normais com intervalos PR normais e depois uma onda P que não
é seguida por um complexo QRS (um batimento bloqueado). A proporção de batimentos conduzidos
para não conduzidos raramente é constante, com a proporção de ondas P para complexos QRS
variando constantemente de 2:1 a 3:2 e assim por diante.
59
O BAV de 2º grau Mobitz tipo I é, em geral, transitório e benigno. Já o Mobitz tipo II, embora
menos comum, quase sempre significa uma doença cardíaca grave, é capaz de progredir subitamente
para um BAV de 3º grau e, dessa forma, requer a colocação de um marca-passo.
BAV de 3º Grau (BAV total): o local de bloqueio pode ser no nó AV ou mais baixo e nenhum impulso
atrial passa para os ventrículos. Os ventrículos assumem um ritmo de escape, geralmente entre 30 e 45
bpm (escape idioventricular), enquanto que os átrios continuam a bater em suas frequências intrínsecas
entre 60 e 100 bpm. Acontece, portanto, uma dissociação AV, na qual os átrios e os ventrículos são
estimulados por marca-passos independentes. No ECG, as ondas P e os complexos QRS aparecem em
intervalos regulares, mas não há nenhuma relação entre eles. Além disso, os complexos QRS são largos
e bizarros, como em um batimento ventricular prematuro.
Na fibrilação atrial, múltiplos circuitos reentrantes atriais estão ocorrendo de forma totalmente
imprevisível, de maneira que os átrios não se contraiam adequadamente e apenas tremulem. No ECG,
seu diagnóstico se dá pela ausência de ondas P verdadeiras, substituídas por uma linha de base
ondulada, e um aspecto irregularmente irregular dos complexos QRS. Tal aspecto se dá porque o nó
AV, diante desse extraordinário ataque de impulsos atriais, permite apenas que impulsos ocasionais
passem para os ventrículos.
Flutter atrial
Na sua forma mais comum, o flutter atrial é gerado por um único circuito reentrante que ocorre
em torno do anel da valva tricúspide. A despolarização atrial ocorre com uma frequência muito rápida,
de forma que a linha de base se eleva e abaixa continuamente, produzindo as chamadas ondas de
flutter, que impedem a visualização de ondas P. Em algumas derivações, especialmente DI e DIII, essas
ondas podem ser bastante proeminentes, formando um padrão em dente de serra. O nó AV não
consegue repolarizar em tempo para cada onda subsequente, originando um bloqueio AV, geralmente
60
de 2:1. A massagem carotídea¹ pode aumentar o grau de bloqueio, tornando mais fácil identificar o
padrão em dente de serra.
¹ Barorreceptores presentes no seio carotídeo, através de uma via reflexa, diminuem a FC quando estimulados. É o que
acontece com o aumento da PA.
Evento Coronariano
Quando uma artéria coronária é ocluída, a região do miocárdio irrigada por esta pode sofrer
sucessivamente, isquemia, lesão e necrose.
Isquemia: a escassez energética causada pela falta de suprimento sanguíneo leva ao não funcionamento
das bombas de transporte ativo, ocasionando duas alterações características na onda T: apiculação e,
geralmente algumas horas depois, inversão. A isquemia é potencialmente reversível e com o retorno
do fluxo sanguíneo as ondas T voltam ao normal.
Necrose: uma região do miocárdio que more não é mais capaz de conduzir corrente elétrica e, assim,
todas as forças elétricas do coração serão dirigidas para longe desta. Como resultado, um eletrodo
sobre essa área irá registrar uma deflexão negativa profunda, uma onda Q.
Obs.¹: Ondas Q significantes devem ter uma duração maior que 40 ms e profundidade de, pelo menos, um
terço da altura da onda R no mesmo complexo QRS. Ondas Q que não atendem a esses critérios podem ser
vistas em corações normais e são causadas por uma despolarização precoce esquerda-direita do septo
interventricular. Além disso, como a derivação aVR ocupa posição única no plano frontal, ela geralmente tem
uma onda Q muito profunda e não deve ser levada em consideração.
Obs.²: Em derivações distantes do local do infarto, podem ser observadas alterações recíprocas, que são alterações
eletrocardiográficas opostas às encontradas na área de sofrimento, tais como ondas R altas e infradesnivelamento do
61
segmento ST.
Infarto lateral: ocorre devido à oclusão da artéria circunflexa. As alterações irão ocorrer nas derivações
DI, aVL, V5 e V6.
Infarto posterior: como não existem derivações sobrejacentes à parede posterior, deve-se
procurar alterações recíprocas nas derivações anteriores, especialmente V1. Além disso,
como a parede inferior geralmente tem o mesmo suprimento sanguíneo, é comum
evidências de um infarto da parede inferior associado.
62
Níveis séricos elevados das enzimas cardíacas creatinoquinase-MB (CK-MB) e troponina são
importantes no diagnóstico de infartos, especialmente dos que acometem “zonas cegas”, aquelas que
não possuem eletrodos sobrejacentes (parede posterior e ventrículo direito¹).
Alguns infartos não apresentam ondas Q e seu diagnóstico se dá pela presença de inversão de
onda T e infradesnivelamento do segmento ST.
¹ A derivação aVR está sobrejacente ao ventrículo direito. Entretanto, como ocupa uma posição única no plano frontal, ela
geralmente tem uma onda Q muito profunda e não deve ser considerada quando se avalia um possível infarto.
Angina
A angina é uma dor torácica isquêmica, que pode permanecer estável por muitos anos ou
evoluir para um infarto do miocárdio. Ela, geralmente, é desencadeada pelo exercício e é o resultado
de doença cardiovascular aterosclerótica. Nela, o infradesnivelamento do segmento ST e a inversão da
onda T são característicos. Ela se distingue do infarto sem onda Q por ser temporária e pela dosagem
das enzimas cardíacas estarem normais.
Existe, entretanto, um tipo de angina associado à elevação do
segmento ST, a angina de Prinzmetal. Ela resulta, geralmente, de um espasmo
da artéria coronária que pode ou não estar associado à doença
aterosclerótica.
O teste ergométrico pode evidenciar doença coronariana subclínica. No repouso, não são
encontradas alterações eletrocardiográficas, mas no exercício aparece infradesnivelamento do segmento
ST.
CAROLINE FELICIANO – MED 107
Bloqueios de Ramo
Expiração Inspiração
Expiração Inspiração
Bloqueios Fasciculares
Bloqueio Fascicular Anterior do Ramo Esquerdo: como apenas o fascículo posterior estará funcionando
(posicionado inferior e medialmente ao fascículo anterior), a ativação do ventrículo esquerdo ocorre
progredindo em direção inferior-superior e direita-esquerda, o que provoca um desvio do ÂQRS para
a esquerda. Pode ocorrer, ainda, um alargamento discreto do QRS, que terá entre 2 mm e 3 mm de
largura. O complexo de recuperação ventricular, geralmente, é normal. É uma condição característica
de hipertensos.
64
Bloqueio Fascicular Posterior do Ramo Esquerdo: com apenas o fascículo anterior
funcional, a ativação do ventrículo esquerdo ocorre progredindo em direção
superior-inferior e esquerda-direita, o que causa um desvio do ÂQRS para a direita.
O QRS pode alargar-se discretamente e o complexo de recuperação ventricular é,
em geral, normal.
O fascículo anterior é mais fino, superficial e conta com uma única irrigação. É, portanto, mais
frágil e seu bloqueio, geralmente, não é patológico, decorrente de seu envelhecimento. Já o fascículo
posterior é mais calibroso, profundo e conta com duas irrigações. Logo, seu bloqueio está mais
relacionado a corações doentes. Bloqueios fasciculares acontecem em doenças coronarianas, como
infartos silenciosos, na Doença de Lenegri (esclerose progressiva do sistema de condução), entre outros.
Marca-passos
Áreas de Ausculta
A compreensão da ausculta
cardíaca depende de um bom
entendimento da fisiologia
cardiovascular. Sempre que precisar,
analise a figura ao lado –
representação do ciclo cardíaco pelo
Diagrama de Wiggers. Note que os
eventos elétricos antecedem os
mecânicos.
Primeira Bulha (B1): corresponde ao fechamento das valvas atrioventriculares e, portanto, marca o final
da diástole / início da sístole. Sua onomatopeia é “tum”.
No 2º EID e no 2º EIE, B1 é menos intensa que B2 (B1<B2). No REE, na área para-xifoide e na
ponta do coração, B1≥B2.
Obs.: Se você ouvir um desdobramento da B1, com o estetoscópio na área para-xifoide (área
tricúspide), não se assuste. Esse é o desdobramento fisiológico da B1, que corresponde a um
pequeno atraso entre os componentes mitral e tricúspide desta. Isso ocorre com frequência
em pessoas normais e não tem relação com a respiração.
Segunda Bulha (B2): sinaliza o final da sístole / início da diástole e tem dois componentes, A2 e P2, que
se relacionam com o fechamento das valvas aórtica e pulmonar, respectivamente. Sua onomatopeia é
“ta”.
Pulso
Sístole Diástole
A valva aórtica se fecha sob alta pressão (em torno de 120 mmHg) e a pulmonar sob baixa
pressão (em torno de 20 mmHg). Em decorrência desse fato, o desdobramento fisiológico de B2 só é
audível onde o estetoscópio está sobre a artéria pulmonar, o 2º EIE.
O intervalo diastólico é maior que o sistólico. Assim, ∆T entre B1 e B2 é menor que ∆T entre B2
e B1. Em uma taquicardia, entretanto, o intervalo diastólico se encurta. Daí a importância de sempre
palpar o pulso arterial durante a ausculta, o qual aparece depois de B1.
Expiração Inspiração
Obs.: Pacientes com desdobramento amplo e fisiológico da B2 podem apresentar também um clique
mesossistólico. Isso porque quem tem prolapso da valva mitral, geralmente, tem BRD.
Expiração Inspiração
Galope de Soma
O ritmo é em 3T e o som anormal ocorre pela fusão de B3 e B4 patológicas em frequências
cardíacas elevadas, dado o encurtamento do intervalo diastólico. A redução da frequência cardíaca,
através de massagem do seio carotídeo, permite, portanto, a identificação das quatro bulhas. Ocorre
em pacientes com hipertrofia ventricular associada à insuficiência cardíaca em evolução.
Hipofonese de B1 B1 B2
B1 é quase inaudível no 2º EID e na ponta do coração B1 é menos intensa que B2.
Sua etiologia é o BAV de 1º grau. Este aumenta o tempo de enchimento do coração e
em decorrência do aumento do volume e, consequentemente, da queda de pressão ventriculares as 69
valvas AV começam a se fechar antes da sístole. Quando esta ocorre, as valvas estão quase
completamente fechadas e há, portanto, pouca vibração.
Hiperfonese de B1 B1 B2
B1 é > B2 nos segundos espaços intercostais e a causa principal é estenose da
valva mitral. Nesta, o componente mitral da B1 não só está acentuado, como também
atrasado, devido à alteração na relação entre as pressões do átrio e ventrículo esquerdos,
decorrente das diversas mudanças no átrio esquerdo (hipertensão, aumento de tamanho e volume e o
prolongamento do processo de contração-relaxamento dessa câmara, que é interrompido pela sístole
ventricular esquerda). Nos pacientes em que a estenose mitral acompanha-se de hipertensão pulmonar,
a acentuação do componente tricúspide também pode ser um fator contribuinte para a hiperfonese.
O ECG mostra sobrecarga atrial esquerda e o ecocardiograma bidimensional na janela
paraesternal eixo curto mostra a valva mitral com pontos hiperecoicos.
70
Ausculta ECG
Hipofonese de B1 BAV de 1º grau
B3 Sobrecarga atrial esquerda
B4 Sobrecarga atrial esquerda
EAM Sobrecarga atrial esquerda
Hiperfonese de B1 Sobrecarga atrial esquerda
Desdobramento invertido de B2 Bloqueio de ramo esquerdo
Desdobramento amplo e fisiológico de B2 Bloqueio de ramo direito
A pressão arterial (PA) é a força exercida pelo sangue sobre a parede das artérias. Possui dois
componentes:
1 – Pressão arterial sistólica (PAS): pressão mais elevada nas artérias durante a sístole ventricular.
Depende do volume e da velocidade do sangue ejetado ou da distensibilidade das artérias e do volume
de sangue no seu interior ao final da diástole.
2 – Pressão arterial diastólica (PAD): pressão mais baixa detectada na aorta e seus ramos,
durante a fase diastólica do ciclo cardíaco. É influenciada primariamente pela resistência vascular
periférica (RVP).
A PA é determinada de maneira simplificada pela relação:
PA = DC¹ x RVP
¹DC (débito cardíaco) = VS x FC
Observações:
A largura do manguito deve ser em torno de 40% da circunferência do braço do paciente, enquanto
que o comprimento deve ser em torno de 80% desta. Manguitos relativamente pequenos darão
leituras falsamente elevadas.
Cuidado ao arredondar os valores, pois isso pode alterar a conduta médica. Ex.: 136/88 arredondado
para 140/90 dá diagnóstico errôneo de estágio 1 de hipertensão arterial.
Contraindicações do método indireto: pacientes com fístula arteriovenosa, como aqueles que fazem
hemodiálise, e pacientes com linfedemas.
Em pacientes com arritmias e bradicardias os sons param de ser auscultados em alguns momentos,
pois há um tempo variável e/ou muito grande entre uma sístole e outra. Para resolver o problema,
meça a PA pelo menos 3 vezes.
Sons de Korotkoff
À medida que se desinfla o manguito, volta a ocorrer a passagem do sangue pela artéria antes
colabada, surgindo os ruídos chamados sons de Korotkoff, classificados em 5 fases:
Fase I: aparecimento de sons fortes e súbitos;
coincide com a PAS – o peso da onda sistólica é maior
que a pressão do manguito e o sangue na artéria.
Fase II: sons prolongados e com murmúrio –
com a dilatação da artéria pressionada, a contracorrente
reverbera e cria murmúrios.
Fase III: os batimentos passam a ser mais
audíveis e acentuados – a artéria que sofreu constrição
continua a se dilatar com a redução da pressão do
manguito.
Fase IV: os sons tornam-se abafados.
Fase V: desaparecimento de sons, coincidindo
com a leitura da PAD – reestabelecimento do calibre
normal da artéria.
Pressão de pulso
É a diferença entre as pressões arteriais sistólica e
diastólica e tem valor normal se for até 50% da PAS. Está
aumentada nas síndromes hipercinéticas, sendo indicadora de
risco cardiovascular, principalmente em idosos. Está diminuída em
casos de insuficiência cardíaca grave, hipovolemia, estenose
aórtica, etc. PP = PAS – PAD
Pulso Paradoxal
Na inspiração, a redução da pressão intratorácica favorece o retorno venoso, aumentando o
volume sanguíneo no lado direito do coração e no leito pulmonar. Assim, com a diminuição de volume
sanguíneo no lado esquerdo do coração, a PAS cai nessa etapa da respiração.
A redução fisiológica do pulso com a inspiração profunda é normal até 10 mmHg. Quando
superior a esse valor, indica a presença de pulso paradoxal.
Pesquisa: inicia-se a aferição da PA como de costume, entretanto, ao chegar no valor da PAS
pelo método auscultatório, deve-se parar de desinflar o manguito. Observa-se, então, o
comportamento dos sons de Korotkoff de acordo com a respiração. É mais comum escutá-los nas duas
fases. Contudo, se escutar na expiração e não na inspiração, deve-se desinflar aproximadamente 10
mmHg para diferenciar a redução fisiológica da PA da redução patológica.
A presença do pulso paradoxal é sinal de tamponamento cardíaco (acúmulo de sangue no saco
pericárdico, causado, p. ex., por traumatismo), mas também é observada em pericardite constritiva,
PULSO ARTERIAL
Ritmo e frequência
A palpação das artérias deve caracterizar o ritmo em regular/normal ou irregular/arrítmico. A
frequência de pulso, em bpm, para ritmos regulares é feita pela contagem dos pulsos por 15 segundos
e multiplicação do resultado por 4. Já ritmos irregulares exigem contagem direta por 1 minuto.
Coarctação da Aorta
É um defeito congênito caracterizado pela constrição da aorta no início
de sua região descendente. Como consequência, a pressão arterial na parte
superior do corpo pode ser de 40% a 50% mais alta que na parte inferior. Como
a pressão cai nos rins, estes aumentam a liberação de angiotensina, elevando a
pressão ainda mais nos MMSS e as deixando em valores normais nos MMII.
Obviamente, o ITB está reduzido em pacientes com tal patologia.
É comum que a coarctação venha acompanhada de uma disfunção
valvar. Entretanto, ela, por si só, pode originar um sopro sistólico, audível no 2º EID (área aórtica), se
for muito proximal.
Avaliação da veia jugular externa e das tremulações da veia jugular interna Turgência da VJE
Com o paciente sentado, observe seu pescoço. Em condições normais, não
se observa tremulações na veia jugular interna e a veia jugular externa é pouco
visível. Turgência das veias jugulares externas e tremulações das veias jugulares
internas indicam aumento de pressão venosa, a qual é secundária, principalmente,
à falência das câmaras cardíacas direitas (mais raramente, ao aumento da pressão no saco
pericárdico, prejudicando o retorno venoso para o AD, pericardite, a qual afeta a funcionalidade do
átrio direito, estenose tricúspide e obstrução da veia cava superior).
Ambas são radiográficas de projeção frontal, termo que pode ser utilizado quando se está na
dúvida se a radiografia a sua frente é PA ou AP.
Em PA, a incidência dos raios é póstero-anterior, o paciente está em posição ortostática e com
a parte anterior do tórax em contato com o filme. Nela, a imagem é mais nítida e fiel e é a escolha
clássica para o estudo das estruturas torácicas.
A projeção AP é feita em pacientes acamados. Nela, o coração, longe do filme, parece
aumentado e a posição do paciente em decúbito dorsal faz as costelas posteriores parecerem mais
horizontais. Além disso, o diafragma está mais alto e o volume pulmonar se aparenta menor (os
pulmões ficam um pouco esbranquiçados). É importante não confundir uma radiografia AP com uma
PA anormal.
77
AP
PA
Posição Correta do RX
A posição do RX é sempre a anatômica (o paciente está de frente para você). Conta com alguns
marcadores:
1 – O ápice do coração é voltado para a esquerda.
2 – A hemicúpula diafragmática direita é mais elevada que a esquerda.
3 – Há uma bolha de ar do estômago na hemicúpula diafragmática esquerda.
4 – O hilo pulmonar direito é mais baixo que o esquerdo.
Obs.: Pessoas com situs inversus totalis (inversão de todos os órgãos torácicos e abdominais) terão os marcadores em posições
invertidas. Existem pacientes que possuem apenas o coração invertido (dextrocardia), condição denominada situs inversus
solitus.
¹ A contagem é dos arcos costais posteriores, pois os anteriores terminam como cartilagem e isso dificulta a visualização.
Os 3 “sem”
1 – Corpos estranhos.
2 – Escápulas (o paciente sempre tem que curvar os
ombros anteriormente, para que elas não apareçam no
exame).
3 – Rotações: as articulações esternoclaviculares direita
78
e esquerda devem ser equidistantes ao plano mediano, ou
seja, a uma linha imaginária que passa longitudinalmente
sobre os processos espinhosos das vértebras torácicas.
São ângulos agudos formados entre as últimas costelas visíveis no RX, direita e
esquerda, e as hemicúpulas diafragmáticas de cada lado. Devem estar livres,
eliminando a possibilidade de derrame pleural.
Obs.: Brevilíneos e obesos, geralmente, possuem ICT superior a 50%, enquanto que
longilíneos apresentam ICT de valor inferior, ambos sem doença cardíaca subjacente.
79
Projeção lateral ou perfil (PL)
Obs.: as auscultas cardíacas dos casos clínicos acima apresentados estão comentadas na sessão de ausculta cardíaca desse
resumo.
A modalidade tempo-distância
O ecocardiograma na modalidade tempo-distância só permite a visualização de estruturas
sólidas (não é possível ver o sangue em movimento). Possui duas formas: eco-2D (bidimensional) e TM
(unidimensional). Serve ao estudo da anatomia e da fisiologia cardíacas.
As paredes das câmaras, as valvas e os septos são áreas hiperecoicas e aparecem em branco.
Já as câmaras, repletas de sangue, são áreas anecoicas (escuras).
O conceito de janelas
A ecocardiografia possui dois inimigos: o ar (não conduz bem o som, causando uma alta
atenuação) e o osso (difrata o som – atenuação total –, gerando sombras acústicas). Os transdutores
são colocados em locais que minimizem os efeitos desses inimigos, as chamadas janelas
ecocardiográficas.
As janelas utilizadas, no ecocardiograma transtorácico são:
supraesternal, paraesternal, paraesternal direita, apical, apical
direita e subcostal. As mais usadas, as quais daremos enfoque no
nosso estudo, são a paraesternal (transdutor posicionado no 4º EIE,
junto ao esterno, correspondendo à derivação V2 do ECG e ao REE
da ausculta) e a apical (5º EIE, na sua interseção com a linha 80
hemiclavicular – o ictus cordis; V4 do ECG).
Obs.: o ângulo setorial é o ponto de entrada do pulso do ultrassom, que varia de acordo com
a janela, e corresponde à parte mais anterior da imagem.
RV: ventrículo direito; LV: ventrículo esquerdo; TV: valva tricúspide; MV:
valva mitral: RA: átrio direito; LA: átrio esquerdo.
Há o privilégio dos dois átrios e dos dois
ventrículos. Observe, no ecocardiograma à Apenas um lado do coração é privilegiado. Nesta
esquerda, que as valvas AV estão bem visíveis e, imagem, o coração está em sístole ventricular.
portanto, fechadas, indicando sístole ventricular.
À direita, se visualiza uma diástole ventricular.
- a valva mitral
O modo M registra o eco das cúspides aórticas, não-coronariana e coronariana esquerda; posteriormente o átrio esquerdo.
Valva mitral: o movimento em forma de M da cúspide anterior e em forma de W da cúspide posterior
VD
Septo interventriclar
82
Parede do VE
Diástole Sístole
O modo M permite medir o diâmetro e a espessura das paredes ventriculares.
Doppler espectral da valva aórtica em janela apical Doppler espectral da valva mitral em janela apical
Sístole Diástole
1 2
Diástole Sístole
1 = fase de enchimento rápido; 2 = sístole atrial.
Na insuficiência aórtica, o refluxo sanguíneo é visualizado acima
da linha de base:
83
A – Ecocardiograma janela apical de duas câmaras modo doppler com MFC – o fluxo no ventrículo
esquerdo se aproxima do transdutor na diástole ventricular, sendo codificado em vermelho.
B – Ecocardiograma janela apical de três câmaras modo doppler com MFC – o fluxo no ventrículo
esquerdo se afasta do transdutor na sístole ventricular, sendo codificado em azul.
C – Ecocardiograma janela apical de quatro câmaras modo doppler com MFC – a insuficiência mitral é
visualizada pelo mosaico de cores.
Casos Clínicos
1 – Homem, 22 anos, com dispneia, febre de 40,5º C, calafrios, delírios, tosse com secreção purulenta,
aumento de frequência respiratóra e sopro cardíaco. É usuário de drogas injetáveis. O ecocardiograma
bidimensional janela apical de 4 câmaras mostra uma área hiperecoica na valva tricúspide.
Agravo: endocardite bacteriana na valva tricúspide, com disseminação para os pulmões
(caminho da bactéria: VCS AD VD tronco pulmonar).
O uso de drogas por via endovenosa é a maior causa de endocardite bacteriana.
3 – Mulher, 25 anos, afásica há 1 hora, fraqueza nos membros superior e inferior direitos. A ausculta no
2º EIE mostra hiperfonese de B1 (volte à sessão de ausculta cardíaca). No ECG, a onda P tem largura de
4 mm em V1 (sobrecarga atrial). O que encontramos no ecocardiograma (modo bidimensional janela
paraesternal eixo curto)?
4 – Mulher, com impotência e cansaço aos esforços. Ausculta na ponta do coração mostra B4 e o
ecocardiograma modo bidimensional na janela paraesternal eixo curto, assim como o modo M, fecha
84
o diagnóstico de miocardiopatia hipertrófica de ventrículo esquerdo.
5 – Estudante de medicina, com sintomas gripais, febre baixa e dor no peito progressiva, que melhora
quando se inflete para frente. O ECG mostra desnivelamento de segmento ST em todas as derivações.
No ecocardiograma modo bidimensional janela paraesternal eixo longo, o acúmulo de líquido na
cavidade pericárdica fecha o diagnóstico de pericardite, a qual ocasionou o derrame pericárdico. Foi
tratada com antiinflamatório e colchicina
Sintomas premonitórios
“O senhor sentiu alguma coisa antes de desmaiar?” Três grupos são importantes aqui, os quais
levam à suspeita de determinados tipos de desmaio:
Cabeça oca, vista escura e sudorese fria: síncope.
Percepção de ruídos, cheiros e imagens; movimentação involuntária de algum segmento 85
corporal; sensação de temor: convulsão.
Palpitações: síncope cardiogênica.
Conversão, geralmente, não tem sintoma premonitório.
Testemunhas
Testemunhas podem ajudar no diagnóstico de simulação e podem dar relatos que ajudem no
diagnóstico de outros desmaios, como a ocorrência de movimentos involuntários na convulsão.
PRINCIPAIS PONTOS A SEREM ABORDADOS NO QUESTIONAMENTO DIRIGIDO DE UMA PESSOA QUE DESMAIA
Horário
Premonitórios
Posição
Esforços
Alimentação
Testemunhas
Ferimentos
Esfíncteres
Sonolência pós evento
Álcool / Fármacos
Estereótipo (caracterização do evento)
Casos Clínicos
1 – Um senhor, que é acompanhado por cardiologista por conta de hipertensão arterial, consulta
um urologista, em virtude de dificuldades miccionais (jato fraco e demora em iniciar o fluxo). Recebe uma
prescrição e, no primeiro dia de uso, tem um desmaio fugaz no banheiro, enquanto urinava, logo após
ter se levantado pela manhã. O provavelmente ocorreu?
2 – Uma senhora de 78 anos está na rua com sua filha, quando subitamente comenta “estou
com a cabeça ruim”. Isto é imediatamente seguido por queda ao solo, com pancada sobre região occipital.
Fica não responsiva por cerca de 1 minuto, quando começa com movimentos tônico-clônicos de todo o
corpo, que cedem após cerca de mais de 1 minuto. Os paramédicos a encontram com rebaixamento do
nível de consciência e obtém um ECG, o qual mostra um BAV de 3º grau. Qual o agravo?
Síncope cardiogênica convulsiva / síndrome de Stokes-Adams. Após o bloqueio AV, um ritmo
de escape se estabelece entre 5 a 30 segundos. Como o cérebro não pode permanecer ativo por mais
de 4 a 7 segundos sem irrigação sanguínea, a maioria dos pacientes desmaia segundos após a
ocorrência de um bloqueio de condução, o qual reduz o débito cardíaco. A síncope, ocasionalmente,
é seguida de convulsão, pois o neurônio isquêmico fica hiperexcitado.
3 – Um senhor, com histórico de síncopes, apresenta um ECG com os seguintes achados: onda
P com largura superior a 2,5 mm em V1 (sobrecarga atrial esquerda, a qual indica estenose da valva
mitral ou insuficiência ventricular esquerda); desvio do ÂQRS para a esquerda (bloqueio do fascículo
anterior do ramo esquerdo); subversão da transição elétrica e alargamento do QRS (bloqueio de ramo
direito). Correlacione os achados com histórico do paciente.
Bloqueios de ramos e bloqueios fasciculares podem ser intermitentes. Esses bloqueios
(especialmente a combinação de um BRD com um bloqueio fascicular posterior esquerdo) podem
evoluir para um BAV total, o qual origina síncope.
87
4 – Jovem universitária, esportista, teve dois episódios de perda súbita de consciência,
precedidos de palpitações. Seu ECG mostra: complexo QRS alargado em sua porção inicial, com a
característica onda delta; intervalo PR menor que 3 mm; onda T invertida; subversão da transição
elétrica. Qual é o agravo?
Síncope originada por uma síndrome de pré-excitação W.P.W. A presença de um feixe anômalo
em tais pacientes causa uma estimulação miocárdica tanto anterógrada quanto retrógrada, a qual eleva
a frequência cardíaca. Como os ventrículos não têm tempo de se encher antes de se contrair, o débito
cardíaco cai e, consequentemente, a irrigação cerebral é deficiente.
6 – Paciente com histórico de síncope apresenta REA com sopro sistólico. O ecocardiograma
na janela apical mostra a valva aórtica como uma área hiperecoica. Qual é o agravo?
Síncope cardiogênica – estenose de valva aórtica, a qual é frequente em idosos por conta do
envelhecimento da estrutura.
8 – Paciente com síncope não posicional, sem relação com jejum, sem horário de escolha, com
ou sem testemunhas, sem premonitórios, com ferimentos eventuais, sem liberação de esfíncteres.
Ausculta no 2º EIE mostra desdobramento expiratório da B2. No ECG é possível observar: largura de
onda P em V1 maior que 2,5 mm (sobrecarga atrial esquerda), transição elétrica súbita, alterações nas
ondas T, QRS alargados. Agravo?
Síncope cardiogênica – BRE.
Causas de convulsões
Idiopática, tumores cerebrais, infartos ou hemorragias cerebrais, má formação arteriovenosa no
SNC, trauma, infecção (abscesso encefálico), doenças congênitas e hereditárias (ex.: esclerose tuberosa).
Diagnóstico de convulsões
O diagnóstico de convulsões pode ser feito através de neuroimagem (TC sem contraste, TC
com contraste iodado, RMM ponderação T1, RMN em ponderação T1 com contraste paramagnético,
RMN em ponderação T2, RMN FLAIR). Entretanto, quando não se aparece nada no exame de imagem
se desconfia de epilepsia ou de algum tóxico presente no sangue.
AVE e síncopes
Doença cerebrovascular (AVE) raramente causa síncope. Quando o faz, entretanto, geralmente
se deve ao comprometimento da circulação posterior, a qual é responsável pela irrigação do SARA.
“A bela indiferença”
La Belle Indifférence é uma expressão francesa usada para caracterizar a falta de preocupação
exibida por pacientes histéricos diante de uma grave disfunção corporal. É um sinal semiológico que
sugere que o paciente com queixa de desmaio sofreu episódios de conversão.
Transtornos somatiformes
São uma tentativa de resolução de um conflito psíquico através de sintomas orgânicos. Possui
4 integrantes principais: conversão, somatização, transtorno doloroso e hipocondria.
Devem se diferenciados dos transtornos fictícios. Para isso, o fator diferencial fundamental é o
benefício óbvio identificado na simulação.
Ao terminar a consulta do paciente que desmaiou você deve estar em condições de responder às
perguntas:
1 – Houve síncope?
2 – Houve, provavelmente, uma síncope neuromediada?
3 – Houve, provavelmente, uma síncope ortostática?
4 – Há um distúrbio elétrico cardíaco provável?
5 – Há um distúrbio anatômico cardíaco provável? 89
6 – Há evidências de lesão do SNC?
7 – Há evidências de uma síndrome metabólica?
8 – Houve uma convulsão?
9 – Há evidências de um transtorno psíquico?
91
A A: Calcificação pineal
B: Plexo coroide calcificado
B B
Uma senhora de 72 anos desenvolveu subitamente um edema de MIE: quente, doloroso e duro.
Recebeu heparina (IV), por alguns dias, logo trocando para um antagonista da vitamina K
(cumarínico), que vem mantendo nos últimos meses. Hoje, com a maior dor de cabeça de sua vida,
CAROLINE FELICIANO – MED 107
está inquieta e com dificuldade em fazer cálculos. Glicemia e temperatura axilar normais. Um exame
é obtido.
O relato caracteriza o edema como inflamatório, o qual aumenta a probabilidade de trombose
venosa profunda, diagnóstico confirmado pela prescrição medicamentosa escolhida. O uso de
anticoagulante pode causar AVE hemorrágico, o qual foi confirmado na TC sem contraste, pela
presença de densidade nas cisternas da base.
Um senhor de 52 anos se consulta por estar com “menos fôlego do que antes”. O exame físico revela
pulso irregular e um ECG é obtido. Com o resultado, é indicado um procedimento e, enquanto o
mesmo é agendado, o paciente começa a receber um antagonista do fator X-ativado (rivaroxabam).
Dois dias após, apresenta forte cefaleia.
O pulso irregular caracteriza uma arritmia, a qual foi confirmada pelo ECG: fibrilação atrial. A
queda do DC explica o “menor fôlego”.
O procedimento indicado é a cardioversão elétrica, para reverter a fibrilação. O
procedimento é agendado, pois se um trombo é formado (identificado no
ecocardiograma), em decorrência da fibrilação, este deve ser tratado
antecipadamente, para que não se torne um êmbolo em um lugar distante.
A forte cefaleia apresentada pelo paciente foi consequência de uma hemorragia
intraparenquimatosa difusa no lobo frontal. É importante citar que o paciente também apresentava
pequenas áreas de calcificação no lobo occipital, que podem ser consequência de uma
neurocisticercose.
Obs.: AVE pode ocorrer sem déficit neurológico. Toda vez que um paciente apresenta cefaleia após
uso de anticoagulante, desconfia-se de AVE hemorrágico.
12 – Uma senhora, de 78 anos, é atendida na UPA porque acordou com fraqueza
no MSE que, agora, começa a comprometer o MIE. Glicemia capilar e temperatura
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axilar sem alterações. É obtido um exame (ao lado). O que se observa?
A TC da paciente não mostra nenhuma anormalidade. Não se deve excluir
a possibilidade de um AVE, mas, se existir, será do tipo isquêmico.
13 – Um AVE isquêmico pode não apresentar qualquer sinal à TC sem contraste. Por que acontece um
AVE isquêmico?
Coração
O cardioembolismo é uma das causas mais comuns de AVE. A
principal causa de tromboembolismo cardíaco é a fibrilação atrial.
Aorta
Ocorre por mecanismo aortembólico, sendo muito comum ter
origem de uma aterosclerose de arco aórtico. (Lembre-se que uma
forma diagnóstica para tal problema aórtico é a diferença maior que
15 mmHg entre as PAS dos membros superiores direito e esquerdo).
Sistema carotídeo / vertebro-basilar
Ocorre por mecanismo arterioembólico.
Hipoperfusão
Se dá por queda de PA, desidratação ou
qualquer distúrbio que reduza o débito
cardíaco.
Trombose
CAROLINE FELICIANO – MED 107
14 – Um senhor de 80 anos consulta: no último mês teve dois episódios em casa; mal-estar súbito com
queda ao solo (uma vez com escoriação no MSD e na outra amparado pelo filho). Hoje, pela manhã,
não conseguiu se levantar (a perna esquerda não obedecia), nem pegar nada com a mão esquerda. O
médico da família o encontrou lúcido, comunicativo, com diminuição de força
muscular no dimidio esquerdo, principalmente à extensão do MSE e à flexão do
MIE. Cutâneo-plantar em extensão à esquerda. O médico obtém uma tira de
ritmo. O que aconteceu?
A tira de ritmo mostrou um BAV de 3º grau, com escape ventricular (FC
<30 bpm, sendo a frequência atrial maior que a ventricular, e QRS alargado e
bizarro).
O diagnóstico é de um AVE isquêmico de baixa perfusão.
A TC imediata não mostra nada. Porém, tardiamente, se RM ponderação densidade de
prótons - infarto da a. cerebral
encontra áreas hipodensas, por ocupação glial no local média à esquerda
necrosado.
TC tardia de um infarto
à esquerda
15 – Uma senhora de 68 anos, hipertensa há anos, inicia quadro de disfasia com fraqueza do dimidio
direito. O exame físico revela PA 190 x 170 mmHg (MSD) e 90 x 30 mmHg (MSE). A ausculta cardíaca é
chamativa no 2º EID e na ponta. O que está acontecendo, com maior probabilidade?
À ausculta se identificou um complexo duplo de B1. É REA ou B4? Para diferenciar atente que:
a) o REA é mais agudo
b) colocando maior pressão na membrana ou trocando para a campânula, se for uma B4 se deixa
de ouvir o som anômalo. 93
Foi identificada uma quarta bulha, indicando hipertrofia ventricular. A diferença entre as pressões
sistólicas aponta aterosclerose aórtica no lado esquerdo (a elevada pressão no MSD é consequência de
um mecanismo compensatório, a fim de se melhorar o suprimento sanguíneo). Diante disto, a paciente
teve um AVE isquêmico embólico e deve ser levada para uma unidade intensiva de AVE, de preferência,
em até 3 horas. O uso de tromboembolíticos é indicado.
16 – Uma mulher de 27 anos, que vem apresentando episódios de hemoptise e dispneia progressiva a
esforços, consulta por estar com dificuldade de andar desde a manhã de hoje. O MIE está com força
grau III em sua porção distal. A ausculta cardíaca de ponta é notável. Um ECG é obtido. Uma imagem
cardíaca também. O que está acontecendo, com maior probabilidade?
A ausculta revelou sopro mesodiastólico, precedido por um EAM (se necessário, volte à sessão
de ausculta), e o ECG uma sobrecarga atrial esquerda. O ecocardiograma na janela paraesternal eixo
curto, ao nível da valva mitral, tem o seguinte aspecto:
A paciente tem, portanto, uma estenose mitral. O aumento da pressão dentro dos átrios é
passado aos vasos pulmonares, os quais se rompem e causam hemoptise. Valvas estenosadas podem
originar trombos. No caso da paciente, um êmbolo que se originou de tal patologia se alojou na artéria
cerebral anterior direita.
CAROLINE FELICIANO – MED 107
17 – Um senhor de 60 anos, com grande carga tabágica, desenvolve gradual perda de força muscular
no dimidio esquerdo, desvio de comissura labial para a direita, preservação da força
do fechamento de ambos os olhos, exacerbação ipsilateral dos reflexos de
estiramento muscular à esquerda e com sinal de Babinski à esquerda. Um exame de
imagem foi obtido. A partir disso, o que está acontecendo com o senhor?
O exame obtido foi uma angiorresonância arterial de pescoço, a qual
identificou uma trombose na artéria carótida interna direita. Os déficits motores,
característicos da síndrome do neurônio motor superior, se deram por uma
deficiência da irrigação cerebral a partir da artéria cerebral média.
Cabe ressaltar que, no fumante, uma resposta compensatória à insuficiência
pulmonar é o aumento da produção de hemoglobina. O hematócrito, relacionado
à viscosidade, aumentado é um fator de risco para o desenvolvimento de AVE. Angiorressonância normal
19 – Uma estudante de medicina de 20 anos começa a usar contraceptivo oral combinado. Após 3
meses de uso tem uma forte cefaleia que ela diz ser “diferente de tudo que já senti”, e que persiste há
48 horas, resistindo há vários analgésicos. Atendida em emergência, obtém-se imagem. O que se 94
observa. Qual deve ser o próximo passo?
Foi pedida uma TC, visto que hemorragias subaracnoideas podem cursar com cefaleia, apenas.
Entretanto, nada foi encontrado. Sabe-se que contraceptivos orais aumentam o risco de trombose
venosa. Uma angiorresonância venosa diagnosticou uma trombose venosa do seio sagital superior.
Para ilustrar, uma angiorresonância venosa mostrando falha de enchimento em seios transverso
e sigmoide esquerdos, compatível com trombose venosa central desses segmentos:
Você agora vai treinar uma sequência para o exame de um paciente que possa estar sofrendo
um AVE:
a) Durante o acolhimento e a identificação preliminar:
1 – Em todo paciente que, aparentemente, está sofrendo um AVE é fundamental a obtenção imediata
(antes do exame físico) de uma glicemia capilar que poderá: 95
Diagnosticar hipoglicemia (que pode simular, completamente, um AVE), a ser rapidamente
corrigida.
Diagnosticar hiperglicemia, que piora o prognóstico de pacientes com AVE.
2 – Avaliar marcha. Uma ataxia de marcha pode ser o único achado do exame físico de paciente
sofrendo um AVE cerebelar.
3 – Avaliar fala. Disfasia (má coordenação das palavras) revela lesão cortical. Disartria (dificuldade em
utilizar os músculos da fala ou fraqueza destes) não localiza bem.
b) Paciente sentado:
4 – Nervos cranianos: III, IV, VI, XI e XII. A presença de uma síndrome de Horner (ptose com miose)
numa pessoa com cefaleia tipo enxaqueca pode apontar para uma dissecção de carótida interna,
principalmente em pacientes mais jovens.
5 – Campimetria de confrontação em busca de hemianopsia.
6 – Fundoscopia. Papiledema questiona o diagnóstico de AVE, mas pode indicar (assim como qualquer
hemorragia de fundo de olho) hemorragia subaracnoidea.
7 – Teste de extinção sensorial. Aponta para dano cortical.
8 – Pesquisa de estereognosia e grafestesia. Suas perdas apontam dano cortical.
9 – Teste para pequenas perdas motoras em membros.
10 – Pesquisa de reflexos de estiramento muscular.
c) Paciente deitado:
11 – Avaliar temperatura axilar: questionar o diagnóstico de AVE se houver febre.
Todo o resumo foi baseado, essencialmente, nas aulas ministradas pelos professores Maycon
M. Reboredo e Ricardo R. Bastos para a turma 107 (2º/2014 ao 2º/2015). Os principais livros de consulta
foram:
Propedêutica Médica, Bárbara Bates – 8ª edição.
Semiologia Medica, Porto & Porto – 7ª edição.
Semiologia Médica: As Bases do Diagnóstico Clínico, Mário López – 4ª edição.
ECG Essencial: Eletrocardiograma na prática diária, Malcolm S. Thaler – 7ª edição.
Guia de Ecocardiografia: diagnóstico por imagem, Thomas Böhmeke – 1ª edição.