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Ciclo Celular

Luís E. Rabello

(m1 – 2019.1)
1) Controle do Ciclo Celular:
 Consiste na regulação da transição entre as fases e suas respectivas fases sendo mediado por
quinases e fosfatases.
 O principal grupo de proteínas aqui é o das ciclinas, que tem a concentração de seus grupos
específicos alterada conforme o prosseguimento do ciclo.
 Essas ptns não possuem atividade enzimática, mas são responsáveis por ativar proteínas
quinase dependentes de ciclina (CDK), criando complexos Ciclina-CDK específicos de cada
etapa.
Ex: A ligação de Ciclina M com CDK (Ciclin Dependent Kinase) gera o complexo M-CDK,
responsável por iniciar a fase M.
 Esses complexos CDK ativos tendem a efetivar sua ação fosforilando proteínas-alvo como as
reguladoras de transcrição gênica envolvidas com a replicação do DNA, por exemplo.
 Dentre as ações desses complexos CDK, a mais importante talvez seja a indução da síntese de
ciclinas da próxima fase, que somando-se a degradação por Ubiquitinilação das Ciclinas da fase
anterior, mediam que complexos CDK estarão ativos em cada fase.

 A ativação do complexo CDK depende não só da ciclina, mas também do seu estado de
fosforilação. Como visto no esquema, a formação inicial do complexo é seguida de uma
fosforilação inibitória, que no momento critíco é revertida para prosseguir com o ciclo:
 A ação do complexo CDK também pode ser inibido por proteínas específicas.

2) Fases do Ciclo Celular:


(I) Fase G1:
 Uma vez que a fase G1 seja considerada alterada para S na célula, o esperado é que rapidamente
o ciclo seja completo. Por isso, há um grande controle dessa transição por meio de sinais
intra/extracelulares que evidenciam o quão propício é avançar.
 Para que a célula estacione em G1 após uma mitose, é necessária a degradação de todas as
ciclinas e inibição dos complexos CDK por proteínas específicas. Caso contrário, o ciclo
continua imediatamente, como visto em embriões jovens, que possuem G1/G2 curtas.
 Para que a célula saia de G1, é necessário o estímulo extracelular por mitógenos.
 Esses mitógenos agem induzindo a síntese de ciclinas G1 e G1/S, além de outras proteínas que
ativam os complexos CDKs desses grupos.
Obs: A proteína Retinoblastoma(Rb) inibe a ativação de genes necessários a proliferação celular. É
necessário que ela seja fosforilada por complexos ativados por mitógenos para que a célula saia de G1.
 Um importante ponto de checagem para adentrar em S é a condição ótima do DNA. Quando há
danos, a ptn p53 aumenta sua atividade, induzindo a transcrição de inibidores de CDK até que o
dano possa ser revertido ou a célula induzida a apoptose.
 Células com diferenciação terminal tem genes relacionados a ciclinas e CDK inativados
permanentemente, ficando estacionadas em”G0”, o período de repouso do ciclo celular.
 Em última instância, o que dita a taxa proliferativa do tecido, é o tempo que a célula fica em
G0/G1.
(II) Fase S:
 Nessa fase, o evento principal é a replicação do DNA. Ainda na fase G1, os ORCs (Origin
Recognition Complex) se ligam às regiões de origem de replicação dos cromossomos. O sinal
para que a replicação comece e a forquilha se forme vem da S-CDK, que ativa as DNA-helicases.
 O processo de replicação acontece apenas uma vez pois o S-CDK marca para degradação uma
proteína responsável pela formação do complexo pré-replicativo(cdc6) assim que a forquilha
começa a se formar e seus níves só voltam a aumentar na próxima G1.
 Caso haja problemas na replicação do DNA, seja por erros ou não replicação, a cdc25 é inibida.
Essa proteína é responsável por ativar a M-CDK e portanto, impede o prosseguimento da célula
para fase M.
Obs: A fase G2 não é abordada como tópico pois é a fase onde ocorrem principalmente checagens, e
não tantos eventos. Por isso, será indiretamente abordada no tópico da fase M.
(III) Fase M:
 Durante a fase G2 acumulam-se complexos M-
CDK inativados na célula. Ao final da G2, uma vez
que o DNA esteja replicado sem erros, a fosfatase
cdc25 ativa ios complexos M-CDK, que como em
uma onda ativam outros adjacentes pela
fosforilação de mais cdc25.
 A quinase inibidora Weel também é inativada pela
fosforilação promovida pelos M-CDK. Dessa
forma, a ativação inicial de M-CDK promove uma
passagem explosiva de G2 para M.

 Uma das ações dessa M-CDK é a ativação das


condensinas, tornando os cromossomos mais
espessos.
 As coesinas, simultaneamente, são responsáveis
por manter as cromátides irmãs fortemente
aderidas entre si até o momento da separação.
Vale lembrar que cada cromátide possui uma das
duas cópias de uma dupla fita cromossomal
completa.
 Uma vez com os complexos M-CDK ativos, e o DNA e centrossomos portanto, devidamente
duplicados, a célula inicia a mitose propriamente dita, que é também separada em fases:

1. Prófase: Os cromossomos estão se condensando cada vez mais, ao passo que os


centrossomos começam a migrar e formar o fuso mitótico com auxílio dos M.T. de áster.
Obs: Conforme os centrossomos começam a expandir seus M.T., a instabilidade dinâmica
proporciona um crescimento e encurtamento semi-aleatório, que é estabilizado pelas interações com
proteínas motoras pelos M.T. interpolares para o estabelecimento dos polos.
2. Prometáfase: Com a fosforilação da lâmina nuclear
(fragmentação do envelope nuclear) e os polos
centrossomais já estabelecidos, os cromossomos
começam a se ligar aos microtúbulos(M.T.) de cada
polo. Vale lembrar que cada cromátide possui seu
próprio complexo cinetócoro, que residem em lados
opostos do cromossomo duplicado.
3. Metáfase: A ligação entre os M.T. dos cinetócoros e
os dos centrossomos em ambos os lados do
cromosomo estabilizam a placa metafásica ao
sinalizar por biorientação aos cinetócoros irmãos
que a separação está pronta para ocorrer. Aqui a
ação das proteínas motoras e da instabilidade
dinâmica tem um papel essencial no alinhamento.

4. Anáfase: Com a ativação do


APC(Anaphase Promoting Complex),
as securinas são marcadas para
degradação, deixando de inibir as
separases, que então clivam as
coesinas que mantinham as
cromátides irmãs juntas. Uma vez
“soltas”, as cromátides se separam
tanto pelo encurtamento dos M.T. do
cinetócoro, como pelo afastamento dos
centrossomos, que ocorre com auxílio
de proteínas motoras. Nos M.T.
interpolares há afastamento, ao posso
que entre os M.T. do áster e o córtex
celular há aproximação. Caso haja
separação incorreta das cromátides,
bem como ausência de qualquer
estrutura ótima necessária a
migração, o APC não é ativado, e a
mitose não é concluída.
5. Telófase: A desfosforilação das proteínas do poro e das laminas faz com que o envelope
nuclear se agregue novamente ao redor de cada conjunto de cromossomos-filho. Assim que
se forma o núcleo, retoma-se o bombeamento de proteínas nucleares, o descondensamento
cromossomal e a conformação nuclear padrão.
6. Citocinese: Ocorre a indução de um sulco de
clivagem no meio dos dois polos, possivelmente
iniciado por complexos proteicos recrutados
pelos M.T. interpolares. Esse sulco é composto
internamente por proteínas associadas ao anel
contrátil de actina e miosina sobrepostas. A
conformação do anel é possivelmente gerada
pela dissolução das junções celulares, que
provoca uma reorganização da actina do
citoesqueleto. Ao longo da citocinese, o
deslizamento actina/miosina vai diminuindo o
tamanho do anel, até que haja a clivagem
completa e subsequente re-formação das junções celulares.
 As organelas celulares tendem a ser divididas também pela associação com os M.T. do fuso,
sendo que componentes como ribossomos e proteínas dispersas no plasma são divididas
aleatoriamente.

Apoptose
1) Regulação da Apoptose
 Diferentemente da necrose celular, a apoptose é um processo controlado de morte da célula.
Nesse caso evita-se uma resposta inflamatória que aconteceria em decorrência do
derramamento citoplasmático no tecido.
 Esse processo é mediado principalmente pelas caspases, que são proteases e existem em dois
grandes grupos: as iniciadoras, que clivam e ativam pró-caspases executoras, que por sua vez
realizam os processos, e ao mesmo tempo ativam mais executoras.
 A ativação de uma Pró-caspase acontece pela
clivagem do pró-dominio de 2 moléculas, que
após o corte se associam formando uma caspase
ativa. A ativação de mais pró-caspases por novas
caspases ativas é um exemplo de cascata
amplificadora.
Obs: O processo apoptótico é irreversível. Uma vez
que as caspases sejam ativadas, ele ocorrerá até o final.
 O principal mecanismo de controle de ativação
dessa via destrutiva é realizado pelas proteínas
da família Bcl2. Existem algumas pró-
apoptóticas, como Bax e Bak, e outras anti-
apoptóticas como a própria Bcl2.
 Os fatores de sobrevivência são também
responsáveis por regular a execução ou não da célula. Esses sinais secretados por células
adjacentes ativam receptores responsáveis por inibir a via apoptótica por regulação da família
Bcl2, seja estimulando a expressão de proteínas anti(Bcl2) ou diminuindo a de proteínas
pró(Bax e Bak).
 As proteínas anti costumam agir se ligando as proteínas pró, inibindo a sua oligomerização e
portanto, sua atuação. Por outro lado, as proteínas BH3-apenas (como Bad e Bid)agem se
ligando as anti, impedindo a inibição das prós e portanto, favorecendo a apoptose.
 Alguns estímulos podem ativar proteínas BH3-apenas para mobilizar a via intrínseca. A
inoculação de fatores de crescimento, por exemplo, inibe a sua síntese. Contrariamente, o
acúmulo de proteínas p53 indicativas de dano ao DNA ativam a transcrição de genes
codificadores de BH3.
 A via extrínseca pode ativar a intrínseca pela clivagem de pró-proteínas BH3-apenas,
resultando na sua ativação.
 Uma última barreira pouco esclarecida para a apoptose são as IAP (Inhibitor of Apoptosis
Protein), que inibem caspases. A sua inibição se da por anti-IAPs.
2) Vias Apoptóticas:
(I) Via intrínseca ou mitrocondrial:
 As proteínas pró-apoptóticas atuam nas membranas mitocondriais, gerando um efluxo de
citocromo c para o citosol. Esse citocromo, por sua vez, se associa com complexos proteicos e
origina o apoptossomo, que é responsável por ativar pró-caspases iniciadoras.

(II) Via Extrínseca:


 O sinal para apoptose pode vir do meio extracelular, mediado por células do sistema imune.
Quando há sinal, forma-se um DISC(Death Initiating Signaling Complex) que é composto por um
receptor do tipo TNF(Tumoral Necrosis Factor), proteínas adaptadoras e pró-caspases
recrutadas. Essas pró-caspases então se clivam, ativando umas as outras.
 Dentre os alvos das caspases executoras se encontram: as laminas, cuja clivagem degrada o
envelope nuclear permanentemente; A proteína CAD-I, cuja clivagem do seu inibidor a torna
ativa na degradação internucleossômica; Proteínas associadas às junções célula-célula.
 Uma vez que a degradação intracelular ocorre, começa a haver uma troca na composição
interna/externa da membrana plasmática, que começa a expor excessivamente as
fosfatidilserinas para o exterior, o que é um sinal para fagocitose reconhecido por macrófagos.

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