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BIOLOGIA (CITOLOGIA)

Unidade III
7 CICLO CELULAR

O ciclo celular deve ser compreendido pela forma pela qual todos os seres vivos trabalham (exercem
suas funções) e se reproduzem. Vamos lembrar que existem seres unicelulares; portanto, o seu ciclo de
vida não é diverso do ciclo celular: todos nascem, desenvolvem-se, trabalham, reproduzem-se e morrem,
com as células não são diferentes.

Podemos condensar esses eventos no ciclo celular em dois momentos: a interfase e a mitose. Na
mitose ocorre a divisão da célula, e no período entre duas divisões (entre fases reprodutivas) temos
a interfase. O núcleo celular na interfase, que é o período de desenvolvimento e trabalho, é bem
diferenciado em relação à atividade celular (profissão), e o núcleo mitótico (reprodução) nem sequer
pode ser chamado de núcleo, pois perde sua membrana e torna‑se difuso no citoplasma. Neste tópico
serão abordados os aspectos estruturais e funcionais do núcleo interfásico.

A compartimentalização do ácido desoxirribonucleico (DNA) chamado de núcleo divide os eucariontes


(onde nos encontramos) dos procariontes (bactérias). Isso é a base para explicar a grande diversidade da
vida que encontramos hoje. O compartimento nuclear isolou as reações químicas e criou um ambiente
para um processamento do DNA que permite um controle mais acurado e desacoplou as etapas de
reações químicas (transcrição e a translocação), além de possibilitar a verificação de qualidade do DNA
e sua restauração.

O RNA passou a ser modificado conforme a necessidade antes de entrar em contato com os ribossomos
fora do núcleo. Permitiu que as vias metabólicas nucleares se tornassem livres de interferências que
ocorrem no citoplasma, impedindo competições por sítios de afinidades moleculares.

O ciclo celular, desde a formação de uma célula até sua própria divisão em duas células‑filhas iguais
entre si, apresenta, basicamente, as seguintes passagens: a interfase, em que a célula cresce e se prepara
para uma nova divisão, e a divisão, em que se originam duas células‑filhas, a qual se inicia pela divisão
do núcleo (cariocinese ou mitose) e posteriormente do citoplasma (citocinese). Algumas células, como
os hepatócitos, não realizam a citocinese e passam a ser binucleadas.

O ciclo tem que se ajustar para que tenha o tempo suficiente para que a célula dobre de tamanho e
em seguida se divida, mantendo assim o tamanho das células dentro de um parâmetro.

O controle nos eucariontes é feito por diversos produtos gênicos, que, por sua vez, são também
regulados por fatores extracelulares, como nutrientes ou fatores de crescimento, fazendo que ocorra a
divisão celular coordenadamente com as necessidades do organismo como um todo.

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Em uma das fases do ciclo celular, a interfase (95% do ciclo), ocorre a duplicação dos componentes
da célula‑mãe, incluindo a duplicação do DNA. As células de mamíferos terminam sua duplicação de
DNA, e pelo menos duas horas antes entram em mitose. Assim, dentro da interfase ocorrem os seguintes
períodos:

• G0 (tempo variável): estado quiescente em que a célula não apresenta a programação para
entrar em mitose novamente. A maioria dos neurônios estão em G0. A quantidade de DNA é de 2C.

• G1 (gap = vazio) – 12h em média: é o intervalo de tempo desde a mitose até o início da síntese
de DNA. É o período pós‑mitótico.

• R (ponto de restrição): quando a célula atravessa esse ponto, entra em mitose novamente. Fica
no fim da G0.

• S (stand) – 8h em média: é o momento em que ocorre a duplicação ou síntese de DNA. Pode‑se


afirmar que há um conteúdo intermediário de DNA nessa fase.

• G2 – 4h em média: intervalo entre o término da síntese de DNA e a próxima mitose, pós‑síntese


de proteínas ou pré‑mitótico. A quantidade de DNA é de 4C.

• M – 1h em média: mitose.

O ciclo é termodependente e está à mercê da disponibilidade de nutrientes, sob efeito de mensageiros


químicos, tais como hormônios, fatores de crescimento e fatores fisiológicos, tais como idade da célula,
pressão osmótica, pressão hidrostática e pressão de oxigênio externa.

O conjunto de proteínas que interagem, conhecidas como quinases, dependentes de ciclina (CDKs),
controla por via enzimática o ciclo celular. Os receptores e agentes mais citados são a CDC2 e CDK. A
célula passa por G1 e é induzida a progredir ao longo do ciclo por fatores de crescimento (mitógenos),
atuando por meio de receptores que transmitem os sinais para prosseguir em direção à fase S.

As ciclinas do tipo D (D1, D2 e D3) são as que se associam às CDKs e as ativam. Também existem
outas que podem induzir a interrupção de G1. Caso essas proteínas sejam inativadas por mutações, a
proliferação celular torna‑se contínua, comum em várias neuplasias. Quando ocorre detecção do dano
do DNA e consequente interrupção do ciclo celular, por causa da ativação da p53, o impedimento
para bloquear o ciclo se torna essencial em evitar que a célula entre na fase S. Assim que a célula
passar pelo ponto de restrição G1, a ciclina E é degradada, e a célula entra na fase S. Isso é iniciado,
entre muitas outras atividades, pela ligação da ciclina A à CDK2 e pela fosforilação da proteína RB
(proteína retinoblastoma). Esse sistema impede que a célula prossiga o seu ciclo com um DNA alterado
(danificado), sendo o ponto de controle o limite de ação dos sistemas de retroalimentação das ciclinas.
Quando o genoma está integro, o CDC2 (CDK1) associado com ciclinas mitóticas A e B é ativado para
formar o fator promotor de mitoses e imediatamente no início da divisão celular as ciclinas A e B são
destruídas, determinando‑se o complexo promotor da anáfase e permitindo‑se assim a continuidade
do ciclo.
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Observação

Existem células em que o período G1 é quase inexistente (células


embrionárias, embrioblastos) e células que estão sempre em G0, tais como
os neurônios. Assim, o ciclo celular vai variar de acordo com a programação
genética de cada tipo celular. Por exemplo:

• Do zigoto (célula-ovo fecundada) até que se torne homem, cerca de cem


trilhões (1014) de células somáticas são mantidas. Portanto, o processo de
crescimento se dá pelo aumento do número de células no organismo,
pois as células, quase sempre, mantêm seus volumes constantes.

• No adulto, ocorre a reposição de células mortas, pela regeneração ou


cicatrização.

• A morte celular ocorre por lesão ou por morte celular programada


(apoptose).

• Nos organismos de reprodução sexuada, ocorre a meiose, que é


uma divisão celular reducional, na qual a célula‑mãe dá origem a
quatro células‑filhas com metade da carga genética C = 2+2, sendo,
portanto, haploides.

Veja um esquema do ciclo celular. Neste esquema, trata‑se de uma célula somática, pois o maior
tempo é o da interfase. No estágio G1 ocorrem, por exemplo, processos de sínteses; já no S, há a
duplicação do DNA. O G2 precede a mitose ou a apoptose.

Figura 56 – Esquema do ciclo celular

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Figura 57 – Gráfico referente à quantidade de DNA ao longo do tempo durante o ciclo celular

Lembrete

As células musculares estriadas esqueléticas (fibras) são incapazes de


entrar no processo de mitose, pois são muitinucleadas e ultraespecializadas.
Assim, estão sempre em G0, tal como a maioria dos neurônios.

7.1 Núcleo interfásico

O núcleo interfásico é constituído por envoltório nuclear, cromatina, nucleoplasma e nucléolo. O


número em geral é único, com posição central ou periférico, e representa a forma da célula. O tamanho
é variável de acordo com o metabolismo e conteúdo de DNA da célula. A células ativas apresentam
maior quantidade de proteínas relacionadas com a transcrição do DNA.

O envoltório nuclear é visível apenas na microscopia eletrônica de transmissão, delimitando o núcleo.


As unidades de membrana possuem 5 a 6 nm de espessura; já a cisterna perinuclear tem espessura de
10‑50 nm. Na face interna, há um espessamento formado pela lâmina nuclear e na face externa ocorre
continuidade com o retículo endoplasmático rugoso (com composição química semelhante).

As membranas lipoproteicas são assimétricas, com as porções glicídicas voltadas para a cisterna
perinuclear, com 30% de lipídeos (90% fosfolipídeos, 30% triclicérides, colestrerol e ésteres de
colesterol) e 70% de proteínas (com algumas glicoproteínas), algumas comuns ao RER (como
glicose‑6‑fosfatase, citocromo P‑450, citocromo b5). Ocorrem poros (1,5 a 25% da área funcional)
que apresentam fusão das membranas interna e externa, e permitem o trânsito de macromoléculas,
sendo uniformemente distribuídos e variando em quantidade conforme a célula e o respectivo
estágio funcional (+ ativa, + poros).

As moléculas com diâmetro menor que 9 nm atravessam o poro rapidamente. Os RNA são grandes e
passam pelo poro com gasto energético, e o poro abre até 25 nm de diâmetro.

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Proteínas de PM elevado (polimerases do DNA: 100.000 dáltons; do RNA: 200.000 dáltons) são
sintetizadas no citoplasma com sinal de localização nuclear, com 4 a 8 aminoácidos orientados pela
importina (proteína citoplasmática que se liga à proteína a ser transportada) e estão ligadas ao complexo
do poro, permitindo à proteína atravessar o poro com gasto energético. Após a passagem, a importina
retorna ao citoplasma. O sinal de localização nuclear permanece e permite que a proteína reentre no
núcleo após a mitose.

A exportação de RNA do núcleo para o citoplasma ocorre com gasto energético, com mRNA (RNA
mensageiro), tRNA (RNA transportador) e rRNA (RNA ribossômico) como complexos RNA‑proteína. O
sinal de exportação nuclear pode estar no RNA ou na proteína.

O mRNA é completado com cerca de 20 proteínas, formando as ribonucleoproteínas nucleares


heterogêneas ou hnRNPs. O rRNA também é transportado em subunidades ribossômicas. Já o tRNA,
apesar de possuir sua morfologia descrita, ainda não tem todas as suas funções esclarecidas.

A lâmina nuclear é uma rede fibrosa interna com 10‑20 nm de espessura interrompida nos poros. Nos
mamíferos, a rede é formada pelas proteínas laminas A, B e C. A lamina dá a forma e suporte estrutural
à carioteca e é responsável pela ligação das fibras cromatínicas ao envoltório. Na mitose, ocorre uma
fosforilação temporária e desorganização, sendo posteriormente recompostas.

A proteína lamina é um dímero de subunidades proteicas que se associam através das porções
α-hélice de cada cadeia polipeptídica, com as duas porções globulares de cada cadeia ficando nas
extremidades. Com mudança do pH e concentração iônica, os dímeros se polimerizam, formando
filamentos. São proteínas intrínsecas à membrana interna. A lamina B possui uma poção lipídica que se
insere na bicamada, e a esta se associam as laminas A e C.

O nucleoplasma é uma solução aquosa de proteínas, RNAs, nucelosídeos, nucleotídeos e íons +


nucléolo e cromatina + proteínas (maioria enzimas de síntese e duplicação de DNA, como DNA‑polimerase,
RNA‑polimerase, topoisomerases, helicases etc.). Cada cromossomo interfásico provavelmente ocupa
um lugar definido dentro do núcleo, não se embaraçando com outros. Acredita‑se que partes dos
cromômeros se aderem a sítios do envelope nuclear ou da lâmina nuclear. A matriz nuclear lâmina
nuclear + estrutural nucleolar e rede fibrilar interna (≈ ao citoesqueleto citoplasmático) teria a função
de ancorar as cromatinas no núcleo durante o processo e as enzimas na interfase.

Os nucléolos são esféricos e sem membrana (de 1 a 7 µm de diâmetro). O tamanho costuma


ser relacionado com a síntese proteica. Em geral, são únicos. É a região onde partes dos diferentes
cromossomos que possuem genes para os RNA ribossomais se agrupam juntas. Contém 60% de proteínas
e rRNA e pouco DNA (ribossômico). É onde os RNAs ribossômicos são sintetizados e se combinam com
as proteínas para formar os ribossomos.

O nucléolo só é observado quando a célula se encontra na interfase do ciclo celular. Portanto, durante
o processo da divisão celular, o nucléolo se desestrutura. Podem existir até três nucléolos por núcleo,
dependendo da atividade metabólica e do tipo celular estudado. Em células pancreáticas exócrinas,
secretoras de proteínas, o nucléolo chega a ocupar 25% do volume do núcleo. O nucléolo apresenta
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pequena quantidade de DNA e é o responsável pela formação dos RNAs: RNAr (um dos constituintes
das subunidades maiores e menores dos ribossomos) e do RNAt (transportador de aminoácidos do
citoplasma para os ribossomos). No nucléolo, são distintas quatro áreas:

• Área fibrilar, pouco corada, apresenta o DNA inativo. Aqui, não há transcrição.

• Área da porção fibrosa, possui RNAs que estão sendo transcritos. Aqui, o DNA é ativo.

• Área granulosa, local que reúne as subunidades maiores e menores dos ribossomos em fase de
maturação (amadurecimento).

• Área da matriz, local da organização do nucléolo.

São outras funções do nucléolo: regular eventos do ciclo celular, como a citocinese; inativar enzimas
quinases; e alterar pequenas moléculas de RNAs que vão formar as subunidades do RNAr.

Figura 58 – Eletromicrografia de transmissão demonstrando a ultraestrutura de um núcleo interfásico

O DNA segundo o modelo de Watson e Crick é composto de duas cadeias de polinucleotídeos


complementares e antiparalelas, que se associam por pontes de hidrogênio, formando uma dupla
hélice com diâmetro de 2 nm. A quantidade de DNA é expressa em pares de bases, chamados valor C
(107 até 1011pb).

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As duas cadeias de polinucleotídeos são conhecidas como cadeias de DNA, cada uma composta
de quatro pares de subunidades nucleotídeas. Uma cadeia possui uma terminação com um orifício (3’
hidroxil) e a outra, uma saliência (5’ fosfato) no seu término. Assim, a polaridade da cadeia do DNA é
referida como terminações 5’ e 3’.

As duas cadeias de polinucleotídeos são unidas por ligações de hidrogênio entre os pares de bases.
São polarizadas e correm antiparalelas uma a outra, formando uma dupla hélice.

Nucleotídeos são formados do açúcar de cinco carbonos: desoxirribose com um grupo fosfato (por
isso ácido desoxirribonucleico) e uma base nitrogenada, com adenina (A), citosina (C), guanina (G) ou
timidina (T). Os nucleotídeos são ligados covalentemente juntos em cadeias através dos açúcares e
fosfatos, que formam a “espinha” alternada de açúcar‑fosfato‑açúcar‑fosfato, criando um colar com os
quatro tipos de bases. A composição e a estrutura química das bases permitem que somente ocorram
pontes de hidrogênio eficientemente entre A‑T (duas pontes de hidrogênio) e C‑G (três pontes de
hidrogênio), permitindo que as cadeias se aproximem, criando uma hélice (10 pares de base a cada giro),
sem perturbá‑la. As bases podem se agrupar dessa forma somente se a cadeia de polinucleotídios estiver
alinhada em orientações opostas (antiparalela e complementar).

Os genes são formados por um segmento de DNA que contém as instruções para fazer uma proteína
particular (ou, em alguns casos, um grupo de proteínas intimamente relacionadas). Alguns genes
comandam a produção de moléculas de RNA como produto final. Eles carreiam a informação genética,
que deve ser copiada e transmitida precisamente durante a divisão celular. O DNA codifica a informação
de forma sequencial com as quatro letras (A, C, G e T), que variam nos diferentes organismos e irão
expressar os diferentes aminoácidos. Há uma correspondência entre a sequência de quatro nucleotídeos
e os 20 aminoácidos que irão formar as diferentes proteínas. A informação completa do organismo é
chamada de genoma.

Cada gene possui um segmento com sequência de DNA de regulação, um íntron e um exón. Os
íntrons são sequências sem significado genético, enquanto os exóns apresentam uma sequência que
defina uma característica, isto é, determinam uma proteína. Há uma quantidade de DNA espalhado que
parece não portar informação, chamado de DNA lixo.

Em geral, quanto mais complexo o organismo, maior o seu genoma, mas nem sempre é assim. O
genoma humano é 200 Xs maior que da Saccharomyces cerevisiae, 30 Xs menor que de algumas plantas
e 200 Xs menor que de algumas espécies de amebas. Em geral, aumenta conforme sobe na filogenia,
mas existem exceções (há alguns urodelos com 30 Xs mais DNA que Homo sapiens, e peixes pulmonados
com número também mais elevado) – paradoxo do valor C. A quantidade de DNA no citoplasma dos
vertebrados é superior à mínima necessária para armazenar informação genética.

O RNAr associa‑se com proteínas e enzimas do núcleo e forma as subunidades maior e menor
dos ribossomos, responsáveis pela produção das proteínas. O RNAr é produzido pela área fibrosa do
nucléolo, pela ação da enzima RNA polimerase I. Essa formação de início é denominada RNAr 45S e
se constitui num “pré‑ribossomo” (possui 13.000 nucleotídeos). O núcleo (o DNA do núcleo) produz
o RNAr 5S. Os ribossomos já existentes no citoplasma produzem proteínas e as enviam para a parte
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fibrosa do nucléolo. Agora, essas proteínas se unem ao RNAr 45S e formam uma grande partícula de
RNP (ribonucleoproteína). Essa RNP dará origem às subunidades maiores e menores na área granulosa
do nucléolo. São elas: RNArs 28S, RNArs 18S, RNArs 5,8S e RNArs 5S. A subunidade maior do ribossomo
é formada pelos RNArs 28S, 5,8S e 5S. Esse RNAr permite dois acoplamentos, um do RNAm e outro do
RNAt. Há ribossomos livres no citoplasma e outros acoplados no RER, constituindo os polirribossomos.
Portanto, ribossomos produzem proteínas. Ribossomos livres no citoplasma produzem proteínas que
serão utilizadas pelas células, enquanto os ribossomos associados ao retículo endoplasmático rugoso
(REE) criam proteínas que serão secretadas, isto é, que sairão da célula (RE + ribossomos constituem o
REG ou RER). Recentemente, foi descoberta uma nova organela citoplasmática chamada de proteossomo,
que degrada proteínas descartáveis.

O RNAm transporta o código genético do núcleo para o citoplasma, isto é, do núcleo para os
ribossomos. O RNAm ou mRNA possui códigos que são cópia da sequência de bases nitrogenadas do
DNA (códons), com a respectiva alteração A – U e G – C, atuando como “molde” ou “intermediário” para
a produção de proteínas por parte dos ribossomos (RNAr). Pode‑se afirmar que o RNAm será traduzido
em proteínas. Quem codifica é o DNA, e o RNAm transporta essa codificação. O RNAm transporta de
uma só vez uma série de códons, os quais correspondem a determinados tipos de aminoácidos. O RNAm
apresenta RNAt, transportador ou de transferência, que transporta ou transfere os aminoácidos ativados
do citoplasma para os ribossomos. Sua formação é dependente da enzima RNA polimerase III, quando
esta age sobre o DNA do nucléolo. É um tipo de ácido pequeno que possui apenas 80 nucleotídeos.
Sua forma é de trevo por apresentar‑se dobrado sobre si mesmo. Há, em alguns locais desse RNA, o
pareamento de bases nitrogenadas. Ele possui duas partes distintas: uma é a extremidade 5’, que possui
o anticódon, a qual reconhece o códon do RNAm. A outra extremidade é a 3’, que possui o aminoácido
(conjunto de três bases nitrogenadas).

Observação

O compartimento nuclear possui:

• 46 cromossomos, cada um formado por uma única molécula de DNA


combinada com numerosas proteínas.

• Várias classes de RNA.

• Nucléolo.

• Proteínas reguladoras e estruturais.

• Nucleoplasma.

Já o envoltório nuclear apresenta:

• Duas membranas concêntricas.


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• Espaço perinuclear.

• Lâmina nuclear – fina malha de laminofilamentos.

• 3.000 a 4.000 poros.

7.2 Síntese proteica

O processo de síntese proteica inicia‑se com a transcrição, a qual ocorre quando o DNA origina
RNAm. Só ocorre na interfase, nunca na mitose ou na meiose. É produzido, no sentido, a partir de 5’ para
3’. O RNAm não apresenta tamanho fixo. A expressão gênica começa com a produção do RNAm, tem
sua continuidade com a tradução do RNAm e termina com a produção da proteína. Quando o RNAm
se dobra, recebe o nome de microRNA. Ao sair do núcleo, o microRNA no citoplasma sofre ação de uma
enzima que o picota em pequenos fragmentos.

Há 31 tipos diferentes de RNAt. O RNAt se prende no ribossomo, em dois locais. Um deles prende
a molécula do RNAt à qual está ligado o peptídio em formação; o outro local prende a molécula de
RNAt à qual está ligado o aminoácido a ser acrescentado. A seleção do RNAt para o segundo local fica
assegurada pelo códon do RNAm, o qual se apresenta nesse segundo local.

O cruzamento entre as bases constitui 64 trincas. Destas 64 trincas, três não codificam aminoácidos,
pois correspondem a trincas de finalizações, sendo que os humanos utilizam apenas 20 aminoácidos, e
ocorrem diferentes combinações de bases que determinam o mesmo tipo de aminoácido.

O RNAt (o anticódon) é uma molécula intermediária entre os códons do RNAm e aminoácidos.


O RNAt se liga especificamente a um determinado aminoácido. Cada RNAt carrega o nome do
aminoácido que transfere (que transporta). São exemplos: a leucinil‑RNAt, para o aminoácido RNAt da
leucina, e o lisinil‑RNAt, para o aminoácido RNAt da lisina. O RNAt unido ao aminoácido compatível
com ele é denominado aminoacil‑RNAt, em que “AA” corresponde à sigla do aminoácido. Exemplos:
leucinil‑RNAtLeu e lisinil‑RNAtLys.

Alguns RNAt são capazes de reconhecer mais de um códon. Isso acontece porque os anticódons
do RNAt podem ter a primeira base adaptável, isto é, que pode se unir a uma base não complementar
localizada na terceira posição do códon. Há uma base chamada de (I) = inosina, que é encontrada na
primeira posição do anticódon em vários RNAt e é capaz de parear com qualquer base, exceto com G,
localizada na terceira posição do códon. O RNAt possui forma de trevo com quatro folhas. A extremidade
3’ é a aceptora dos aminoácidos, enquanto a 5’ possui o anticódon. O braço da esquerda do “trevo” é
denominado D, e o da direita, braço T. Há também outro braço entre o T e o anticódon, é o braço variável.

Todas as células somáticas de um indivíduo apresentam a mesma informação genética codificada no


DNA. Porém, diferentes tipos de células (caso do melanócito, produtor de melanina e da célula beta do
pâncreas, produtora de insulina) expressam diferentes combinações de genes. O material genético pode
ser expresso de várias formas – é o processo da diferenciação celular, em que, num genoma de uma
determinada célula, alguns genes estão “ligados” e outros, “desligados”. Na célula melanócito, genes
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estão ligados para fabricação da melanina e desligados para a fabricação da insulina; já nas células
basófilas do pâncreas, genes estão ligados para a fabricação da insulina e desligados para a fabricação
da melanina.

A seguir, um esquema do processo de transcrição, que pode ocorrer tanto no estágio G1 quanto no
G2, que precede a mitose. Isso permite inferir que em G2 a célula está duplicando suas proteínas para
posteriormente se dividir entre suas células‑filhas.

Figura 59 – Esquema do processo de transcrição

7.3 Eucromatina e heterocromatina

Cromatina (do grego croma, que significa cor) = complexo de DNA + proteínas – toda a porção do
núcleo que se cora e é visível à microscopia de luz (ML), menos o nucléolo.

Uma mostra com os 46 cromossomos humanos é o cariótipo. Pelo cariótipo podem‑se determinar
perdas, inversões ou trocas de pedaços entre os cromossomos. A cromatina dos eucariontes = DNA +
proteínas do núcleo interfásico – cromatina compactada e/ou descompactada. O núcleo em divisão
(mitose ou meiose) apresenta a cromatina altamente compactada em cromossomos.

A condensação varia conforme o tipo celular, o grau de atividade e o estado de diferenciação que
se encontra a célula. Células nervosas e os espermatócitos exibem cromatina pouco condensada em
certas fases, já os plasmócitos possuem cromatina com grumos densos em forma de raios, lembrando
uma roda de carroça. Nos eritroblastos (hemácias jovens) ocorre a condensação gradual da cromatina
durante a maturação, e em mamíferos isso culmina com a expulsão no núcleo.

Um cromossomo funcional, o DNA deve carrear os genes e se duplicar, e as cópias replicadas devem
ser separadas igualmente nas células‑filhas, completando o ciclo celular, o que é chamado de mitose.

Na interfase, os cromossomos estão estendidos como longas fitas de DNA (cromatina) e


não podem ser distinguidos no núcleo sob ML – são os cromossomos interfásicos. Há tipos de
sequências de nucleotídeos especiais que iniciam a replicação eficientemente – são as origens de
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replicação. Os cromossomos eucariontes possuem diversas origens de replicação para permitir a


rápida duplicação do cromossomo.

Os telômeros são duas porções terminais dos cromossomos que possuem sequências de nucleotídeo
repetidas que permitem que o final dos cromossomos se replique e também protegem o final dos
cromossomos de ser entendido pela célula como uma molécula de DNA quebrada que precisa de reparo.

Com o andar do ciclo, o DNA se enrola mais numa estrutura mais compacta de cromossomos
mitóticos para serem facilmente separados durante a divisão celular.

O centrômero é uma sequência especial de DNA que permite que os cromossomos sejam divididos
em partes iguais e que se acoplem perfeitamente quando ocorre o fenômeno da recombinação gênica.

O DNA é empacotado em cromossomos através de proteínas histonas que enrolam e dobram o DNA
em grandes níveis de organização (podendo chegar a 10.000 Xs). Mesmo na interfase, o DNA está cerca
de 1.000 Xs compactado. Há duas classes de proteínas compactadoras de cromossomos: as histonas e
as não histonas.

Em geral, zonas da cromatina onde os genes estão sendo expressos são mais estendidas, e as zonas
mais compactas estão quiescentes. A mesma fita pode apresentar os dois estados (alterações cíclicas). A
heterocromatina (em grego, heteros significa diferente) exibe coloração mais intensa quando observada
na microscopia de luz, não sendo transcrita pelo RNA.

A maior parte do DNA contido na heterocromatina não contém genes, e os genes aí presentes em
geral ficam indisponíveis devido ao elevado grau de compactação da heterocromatina. Essa cromatina
densa é denominada heterocromatina constitutiva e apresenta sequências gênicas altamente repetitivas
que nunca são transcritas, principalmente no centrômero, no telômero e ao redor das constrições
secundárias.

A heterocromatina facultativa é condensada em algumas células e descondensada em outras. No


par de cromossomos X das fêmeas de mamíferos, uma é inativada aleatoriamente, uma vez que a
expressão das duas seria letal. Nos neutrófilos (leucócitos granulócitos), a heterocromatina sexual pode
ser observada em forma de raquete. A eucromatina (em grego, eu significa verdadeiro ou normal) é mais
clara e homogêna. Portanto, na interfase, a transcrição só ocorre na eucromatina, que é a cromatina
ativa. A ativação acontece pela acetilação (acetila) e ubiquitinação das histonas (a ubiquitina não é uma
proteína histônica).

A eucromatina possui uma estrutura denominada nucleossomo, que é a unidade estrutural básica
da cromatina, formando um corpo cilíndrico e achatado com 10 nm de diâmetro e 6 nm de altura, com
200 pares de bases (pb) de DNA associados a um octâmero de histonas. O octâmero é formado por duas
moléculas de H1, H2, H3 e H4. O H1 se associa externamente ao DNA que envolve o hexâmero proteico
(converte o DNA a um terço do seu comprimento).

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A cromatina observada no microscópio eletrônico de transmissão (MET) apresenta forma de um colar


de contas. Cada conta é constituída de um octâmero de H2A, H2B, H3 e H4, em torno do qual se enrola
um segmento de DNA com 146 pb. Conectando‑se um centro nucleossômico a outro, encontra‑se um
segmento de DNA não associado a proteínas com 15 a 100 pb, chamado de DNA de ligação.

No núcleo interfásico, os centros histônicos estão ligados por DNA. O centro histônico, de 11 nm
de diâmetro, é enrolado com 146 pares de nucleotídios (com 1,65 voltas enroladas pelo lado esquerdo)
e entre eles ≈ 200 pares de nucleotídios, formando um cordão que pode variar de poucos até 80
nucletotídeos.

O centro histônico é octamérico e constituído de duas proteínas de H2A, H2B, H3 e H4, todas com
muito aminoácido, maisomo lisina e arginina, que auxiliam as histonas a ligar fortemente a espinha
de açúcares. Cada corpo histônico possui uma cauda de um longo aa N‑terminal que se estende para
fora do DNA do corpo histônico. Essa cauda é sujeita a diversos tipos de modificações covalentes que
controlam em muitos aspectos a estrutura da cromatina.

Existem complexos remodeladores de cromatina – maquinários proteicos que utilizam a hidrólise


do ATP para mudar a estrutura dos nucleossomos, deixando o DNA acessível às enzimas de replicação,
reparo e expressão. Durante a mitose alguns complexos remodeladores de cromatina são inativados.

Figura 60 – Desenho de um neutrófilo de uma mulher. Pode‑se afirmar o sexo em decorrência da heterocromatina facultativa
(cromossomo X) apontada pela seta

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Figura 61 – Diferentes condensações da fita de DNA livre e associado às histonas

7.4 Expressão gênica

Como já discutido anteriormente, verificou‑se que existem trechos do genoma que naturalmente
não se expressam, ou porque apresentam uma sequência de nucleotídeos arbitrária, repetitiva, sem
significado genético, tal como a heterocromatina constitutiva, ou porque alguns segmentos do DNA
possuem apenas a função estrutural de suporte aos trechos que realmente contêm o código genético,
tais como os éxons, separados por segmentos não codificadores, os íntrons. Mas ainda resta saber como
alguns genes são silenciados, ou ainda o que ativa e inativa a expressão dos genes. As células regulam
seu desenvolvimento através da expressão gênica diferencial. Como bactérias eram os modelos para tal
atividade, a expressão em geral significava transcrição de mRNA. Os três postulados da expressão gênica
diferencial eram os seguintes:

• Cada núcleo celular contém o genoma completo estabelecido no ovo fertilizado. Em termos
moleculares, os DNAs de todas as células diferenciadas são idênticos.

• Os genes não usados das células diferenciadas não são destruídos ou mutados, retendo o potencial
de serem expressos.

• Só uma pequena porcentagem do genoma está sendo expressa em cada célula, e uma porção do
RNA sintetizado é específica para aquele tipo de célula.

111
Unidade III

Saiba mais

Leia o texto a seguir:

UNIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE). O controle da expressão


gênica. [s.d.]. Disponível em: <https://www.ufpe.br/biolmol/aula4_controle.
htm>. Acesso em: 11 jul. 2016.

Na década de 1960, Jacob e Monod sintetizaram dados sobre a indução da enzima (proteína) β
galactosidase, elaborando a hipótese do modelo do operon. Esse modelo demonstra que uma pequena
molécula indutora gerava a transcrição de diferentes genes da bactéria E. coli, e em sistemas de
conjugação de moléculas, uma proteína de ação inibidora (repressora) codificada por genes liga‑se ao
sítio operador (inicializador) adjacente aos genes responsáveis pela síntese dessa proteína (estruturais),
impedindo a ação RNA polimerase ao sítio promotor que daria início à transcrição da β galactosidase.
Quando a molécula indutora (proveniente do meio externo) se conjuga com a proteína repressora, ela
bloqueia a sua repressão, pois promove uma alteração da sua conformação molecular de tal forma, que
a repressora não se encaixa mais no operador para inibi‑lo. Com isso, o gene se expressa e passa a ser
capaz de transcrever mRNA, que pode ser traduzido formando proteína enzimática (β galactosidase), e
quando o substrato é totalmente digerido, a ação da repressora volta. Assim, a presença do respectivo
indutor para cada gene determinará a sua expressão por impedir a atuação do gene repressor.

Os pesquisadores enfatizaram que o mecanismo de controle do operon‑símile pode ser parte da


regulação gênica universal, e atualmente verifica‑se isso em células eucariontes animais, mas em um
sistema bem mais complexo, uma vez que os genes dos eucariontes não são formados por um único
trecho do DNA, e sim por diversos fragmentos.

Saiba mais

Leia o texto a seguir:

CALSA JR., T.; BENEDITO; V. A.; FIGUEIRA; A. V. de O. Análise serial da


expressão genérica. Revista Biotecnologia – Ciência & Desenvolvimento,
ed. 33, jul./dez. 2004. Disponível em: <http://www.biotecnologia.com.br/
revista/bio33/analise.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2016.

A seguir, veja um modelo de expressão gênica operon em E. coli. Em A‑C, não há transcrição de RNA
de β‑galactosidase, a não ser que a lactose esteja presente. Em B, quando a lactose não está disponível,
uma proteína repressora produzida pelo gene i liga‑se ao sítio repressor (o), inibindo a transcrição pela
RNA polimerase do promotor (p). Em C, quando o indutor lactose está presente, combina com a proteína
repressora, alterando sua forma, o que faz com que a proteína não possa mais se ligar ao DNA operador,

112
BIOLOGIA (CITOLOGIA)

fazendo começar a transcrição. Em D, a solubilidade dessa proteína é demonstrada em estudos com o


mutante de E. coli. Quando células bacterianas haploides com um gene indutor não funcional (i‑) são
tornadas parcialmente diploides com o gene tipo selvagem (i+), forma‑se repressor tipo‑selvagem capaz
de tornar indutível o gene original da β‑galactosidase.

Figura 62 – Modelo de expressão gênica operon em E. coli

113
Unidade III

8 DIVISÃO CELULAR

A diversidade celular permite os organismos a se adaptarem em diferentes meios e atividades.


Graças à multiplicação do DNA e a sua recombinação no processo de reprodução sexuada, a evolução
das espécies tem acontecido.

8.1 Mitose e meiose

Mitose e meiose são divisões celulares. A mitose é equacional (mantém o número de cromossomos
constante em todas as células do organismo), e a meiose é uma divisão reducional, na qual a célula‑mãe
dá origem às células‑filhas com a metade do número de cromossomos, os quais irão se restabelecer
apenas após a fecundação.

Na interfase, cromossomos interfásicos são chamados de cromatina, que são estruturas


cromossômicas individuais invisíveis. Células que não se dividem ficam no estágio G0. No estágio G1, o
qual é muito variável no tempo, a célula faz transcrições: o DNA origina os códons – mRNA ou RNAm
–; logo há atividades por partes dos ribossomos e do RER, além de outras atividades realizadas pelo
REL, Golgi e lisossomos. Já no estágio S, o qual leva cerca de oito horas, ocorre a replicação do DNA.
Finalmente, o estágio G2, que precede a mitose, possui um tempo médio de quatro horas. A mitose
em células eucarióticas, em média, leva uma hora. Na prófase, a cromatina converte‑se em filamentos
alongados. Ela já sofreu sua duplicação no estágio S da interfase; portanto, esses filamentos são agora
denominados cromossomos, os quais, no início da prófase, se encontram fixados na membrana do
núcleo e já possuem estrutura dupla. No fim da prófase, contraem-se, tornando‑se mais grossos e mais
curtos (condensação cromossômica), e a membrana do núcleo desaparece. Na metáfase, torna‑se visível
o fuso mitótico a partir dos centríolos. Cromossomos se dispõem no centro da célula, na placa equatorial
dela, mas os cromossomos homólogos não ficam pareados. No fim da metáfase, durante a transição
para anáfase, os cromossomos dividem‑se pela região do centrômero. Na anáfase, as duas cromátides
de cada cromossomo migram para polos opostos, iniciando‑se a derradeira fase, que é a telófase (telo
significa terminal em grego). Na telófase, surge a membrana do núcleo, o nucléolo e a cromatina, e
ocorre a divisão do citoplasma (citocinese).

O cromossomo está com o seu DNA associado às proteínas em estado máximo de condensação
durante a metáfase da mitose ou meiose.

A divisão mitótica (mitose), quando dividida em cinco fases (prófase, prometáfase, metáfase,
anáfase e telófase), possui eventos que tradicionalmente são descritos no fim da prófase e que passam
a ser descritos na prometáfase (ocorre a fragmentação da membrana do núcleo, cromossomos mais
condensados, cromátides com cinetócoro no centrômero e presença de microtúbulos do cinetócoro, os
responsáveis pela movimentação cromossômica). É bom lembrar que na anáfase ocorre o encurtamento
desses microtúbulos, os quais são os responsáveis pela distribuição equitativa dos cromossomos nas
células‑filhas. Como numa célula somática humana há 46 cromossomos, após a replicação do DNA no
estágio S da interfase, essa célula passará a ter 92 moléculas de DNA. Na metáfase, cada cromossomo
possui dois braços (duas cromátides/dois DNAs) unidos pelo centrômero, os quais, nessa fase, ficam
posicionados numa linha imaginária central na célula, tendo seus cinetocoros distintos para cada
114
BIOLOGIA (CITOLOGIA)

microtúbulo do cinetocoro. São os cromossomos metafásicos. A citocinese (divisão do citoplasma)


completa a mitose. Na citocinese, componentes do citoesqueleto formam o sulco da clivagem. Assim,
num ciclo mitótico há interfase (com seus estágios G1, S e G2) e mais quatro ou cinco fases. O período
mais longo de todo o ciclo é a interfase (a fase mais longa é a metáfase), enquanto o mais curto é a
anáfase.

A meiose difere fundamentalmente da mitose em relação aos aspectos citológicos e genéticos. Em


primeiro lugar, os cromossomos homólogos pareiam‑se. Em segundo lugar, ocorrem trocas, permutações
entre os cromossomos homólogos (crossing‑over), resultando em segmentos cromossômicos com
novas constituições, isto é, com novas recombinações genéticas. Em terceiro lugar, o complemento
cromossômico é reduzido à metade durante a primeira divisão celular, que é a divisão I da meiose.

Assim, as células‑filhas resultantes na divisão II serão haploides (divisão reducional). Uma meiose
completa consiste em duas divisões celulares: meiose I e meiose II (divisão I e II). A meiose começa
com a replicação dos cromossomos (do DNA) na interfase. No fim da interfase, os cromossomos já se
constituem como estruturas filamentosas. No início da prófase I, os cromossomos estão duplicados e
realizam uma série de processos importantíssimos, como o pareamento dos cromossomos homólogos,
o qual permite uma troca entre segmentos dos cromossomos (permutação ou crossing‑over), possível
pela justaposição das cromátides de cromossomos homólogos (recombinação genética). Essa troca
ocorre pouco antes da célula entrar em metáfase I.

Figura 63 – Fotomicroscopias com as quatro fases da mitose

115
Unidade III

Figura 64 – Desenho comparativo entre a mitose e meiose. Note que na meiose, os cromossomos das quatro células sexuais são todos
diferentes enquanto na mitose, estão juntos com os seus homólogos, e as duas células apresentam os mesmos cromossomos

8.2 Estrutura e tipos de cromossomos

Como já observado, o DNA é um polímero de nucleotídeos (macromolécula) em espiral que se


combina com inúmeras proteínas estruturais e enzimáticas de modo que tais arranjos moleculares
promovem alterações de sua densidade, sequência e expressão.

Aqui não se pretende detalhar cada uma das interações moleculares, mas sim discorrer sobre o
significado delas. Quando constatamos os fenômenos moleculares e suas consequências, torna‑se
mais fácil compreender como podemos usar essas informações. O profissional de Educação Física está
longe de exercer a engenharia genética, mas com uma boa noção da maquinaria molecular e do modo
operante desse mecanismo, ele passa a ter a base necessária para assimilar que as atividades motoras,
comportamentais e fisiológicas que ele aplicar sobre um organismo podem ter os resultados esperados
quando se conhece como quase todas as informações vitais desse organismo estão armazenadas em
uma molécula, e aprende também como poder alterá‑las e interpretá‑las para se obter o desempenho
adequado do organismo. Portanto, não se prenda à nomenclatura, mas sim ao mecanismo.

A capacidade de armazenar e transmitir as informações fisiológicas do organismo aos descendentes


está na sequência e arranjo dos segmentos de nucleotídeos que forma os genes. O trecho do DNA

116
BIOLOGIA (CITOLOGIA)

responsável ou corresponsável pela síntese de uma determinada proteína e a capacidade de verificar o


que pode ser alterado ou se manifestar no organismo está na observação de suas interações moleculares
que possam ocorrer entre o organismo e o meio, que não são necessariamente por contato com
alimentos, toxinas, transgênicos etc. A aplicação de uma atividade física pode promover a manifestação
de genes que estavam quiescentes ou inibir a manifestações deles, e é isso que devemos levar em conta.
Atualmente, sabe‑se que até as características obtidas no decorrer da vida podem ser transmitidas para
as gerações futuras.

Neste item, vamos descrever a morfologia dos cromossomos para se entender que não há a
necessidade de exames ultramoleculares e caros para um diagnóstico nem sempre preciso.

É na fase da metáfase da mitose ou meiose que o DNA se encontra em seu estado mais condensado, e
justamente por isso é nessa fase que se pode investigar melhor a presença de alterações cromossômicas
que possam ser deletérias.

Entre os 23 pares de cromossomos humanos, 22 são autossomos e um é sexual, e nos 23 pares


existem quatro morfologias diferentes de cromossomos: telocêntricos, metacêntricos, submetacêntricos
e acrocêntricos.

Figura 65 – Desenho comparativo entre as diferentes morfologias de cromossomos. Os seres humanos não apresentam o cromossomo
1

Os animais e vegetais apresentam um complemento cromossômico característico, denominado


cariótipo. Este é o conjunto de características constantes dos cromossomos da espécie em relação ao
número, tamanho e morfologia. Graças ao uso da colchicina, alcaloide que impede a polimerização
dos microtúbulos do fuso durante a divisão, pode‑se realizar o estudo morfológico dos cromossomos
metafásicos de um indivíduo.

A divisão mitótica é interrompida na metáfase, período em que a condensação dos cromossomos é


máxima. No ideograma, que é a representação do cariótipo, os cromossomos são ordenados aos pares.
Nas células somáticas dos eucariontes, os cromossomos ocorrem aos pares, sendo um de origem paterna
e o outro de origem materna. Eles formam pares homólogos, isto é, para cada cromossomo paterno,
existe um homólogo materno, apresentando o mesmo tamanho, a mesma morfologia e a mesma
sequência gênica. Desse modo, o número de cromossomos de uma espécie é continuamente mantido
durante as mitoses que as células passam. Somente na meiose, na formação dos gametas, ocorre a
redução da metade dos cromossomos da célula germinativa.

117
Unidade III

Figura 66 – Ideograma (cariótipo humano) com os 22 autossomos pareados aos seus homólogos e, no centro, o par sexual XY

-
Cromátides-irmãs

Centômero Cromátides-irmãs

Figura 67 – Eletrofotomicrografia de varredura de um cromossomo mestacêntrico ao lado de um esquema apontando os seus


componentes. Note a nomenclatura das cromátides‑irmãs, que ocupam os braços do cromossomo

118
BIOLOGIA (CITOLOGIA)

8.3 Diferenciação celular e células‑tronco

O processo de diferenciação celular iniciou‑se durante a evolução, com o aparecimento dos primeiros
seres multicelulares – a alga pluricelular Volvox é um exemplo. A dissemelhança aumenta a eficiência
das células, mas as torna dependentes umas das outras. O corpo de um animal pode ser comparado com
uma sociedade: nos mamíferos ocorrem em média 200 tipos celulares diferentes. A distinção inicia‑se na
fase embrionária de gástrula. Quando as células vão tornando‑se cada vez mais diferenciadas, também
vão perdendo a capacidade de se dividirem por mitose.

As células totipotentes são aquelas que apresentam 100% de potencialidade para se diferenciarem
em qualquer outro tipo celular. São as células embrionárias, conhecidas por blastômeros, e ocorrem no
ser humano nas primeiras etapas após a fecundação, nas fases embrionárias iniciais do blastocisto com
apenas cinco a dez dias de vida em média.

As células‑fonte ou células‑tronco (stem cell) são as pouco diferenciadas. Elas formam um pool de
reposição celular aos tecidos, podendo ser encontradas na medula óssea jovem, e são capazes de se destacar
em diversos tipos celulares – no caso da medula, diferenciam-se em todas as células do sangue e do tecido
conjuntivo. As células multipotentes se destacam em múltiplas células, mas dentro de uma especificidade
celular; é o caso das células linfoides e mieloides, também encontradas na medula óssea, que origina parte
das células do sistema imunológico. Já as células progenitoras, que se diferenciam em um ou dois tipos
celulares, estão presentes nos tecidos exercendo a função de reposição para a manutenção deles. Quando
uma célula tem em sua denominação o radical blasto, entenda que ela é uma célula precursora. Alguns
exemplos são o fibroblasto, que forma o fibrócito, e o osteoblasto, que origina o osteócito.

Resumindo, pode‑se definir que a diferenciação é o grau de especialização, pois as células se


destacam progressivamente, atingindo o grau máximo quando chegam ao perfil dos neurônios ou fibras
musculares estriadas. A potencialidade é a capacidade de originar outros tipos celulares, e um neurônio
tem baixíssima potencialidade quando comparado a uma célula muscular lisa. A modulação, por sua vez,
é uma diferenciação reversível, permitindo‑nos inferir que as células naturalmente podem retornar aos
seus estágios de vida iniciais, desde que recebam os estímulos necessários. A capacidade de modulação
é fundamental na regeneração e recomposição dos tecidos.

A diferenciação é controlada por fatores intracelulares e extracelulares, requerendo, portanto,


ocorrer intensa comunicação célula‑célula e célula‑ambiente. Os fatores intracelulares se encontram
nas próprias células em diferenciação. A capacidade da célula de responder a estímulos extracelulares
ou de iniciar modificações depende das vias de sinalização celulares disponíveis no seu repertório, isto é,
da diversidade e quantidade de receptores em sua membrana plasmática; por isso, uma célula que não
expressa receptor para insulina na sua membrana não seria capaz de receber estímulos dela no meio
extracelular. Os fatores intracelulares são decorrentes do código no DNA da célula, ou, no caso do zigoto,
de material previamente acumulado no seu citoplasma. A entrada de substâncias no citoplasma é bem
conhecida, e os exemplos mais evidentes derivam de estudos realizados nos ovos de invertebrados.

As células embrionárias dependem das macromoléculas depositadas no seu citoplasma, no organismo


materno, durante o desenvolvimento de seu gameta feminino. Estas são distribuídas de modo desigual,
119
Unidade III

com concentração diferenciada de substâncias em locais diferentes. A compartimentalização precoce de


componentes citoplasmáticos no zigoto gera uma desigualdade que persiste nas clivagens e é responsável
pelo primeiro passo de diferenciação celular. Nas fases iniciais embrionárias, a distribuição diferenciada, ou
segregação molecular do material intracitoplasmático nos embrioblastos, confere no norte das células‑filhas.

Os fatores extrínsecos provêm de sinais de outras células e da matriz extracelular do organismo


em diferenciação (secreções parácrinas, substratos e microclimas etc.), somando‑se aos xenobióticos
oriundos do meio ambiente (fatores ambientais). Os fatores locais resultam da ação de células que agem
enviando, por meio de moléculas, sinais que induzem alguns tecidos a se distinguirem em determinada
direção, ou então esses sinais derivam da matriz extracelular.

Desse modo, pode‑se afirmar que a diferenciação aumenta a eficiência das células, mas as torna
dependentes umas das outras. Formando no corpo de um organismo uma estrutura celular, pode ser
comparada com uma sociedade, e nos mamíferos ocorrem em média 200 tipos celulares diversos. A
diferenciação inicia‑se na fase embrionária de gástrula, momento em que as células estão na fase de
embrioblastos indiferenciados; e, em oposição às células que são muito diferenciadas e especializadas,
perde a capacidade de se dividirem.

A diferenciação celular continua após o nascimento. Quando nascemos, ainda existem vários setores
do organismo que se encontram em diversas fases do desenvolvimento e terminam suas diferenciações em
outra velocidade. Os rins e o fígado nos primeiros dias após o parto ainda não estão totalmente distintos.

As glândulas mamárias param de se desenvolver no início da fase de diferenciação das glândulas


exócrinas (formação de ductos) e somente na gestação terminam sua distinção, graças aos estímulos
dos hormônios. O reinício da diferenciação ocorre com a formação dos adenômeros acinosos (porções
secretoras da glândula com morfologia alveolar), que irão secretar após o parto. Finda a lactação, a
glândula mamária regride e volta a ter a sua morfologia semelhante à anterior. Desse modo, pode‑se
demonstrar que também ocorre a reversão da diferenciação, sendo possível estimular uma célula para
que ela volte a sua origem. O exemplo do experimento com a ovelha Dolly é determinante: a partir de
uma célula somática, consegue‑se um embrião que deu origem a um clone da ovelha doadora.

A restrição da potencialidade pela diferenciação pode ser anulada. Em algumas situações, reverte‑se a célula
para gerar um núcleo totipotente. Essa tecnologia abre as portas para terapias de regeneração dos tecidos que
originalmente não possuem a capacidade regenerativa. A técnica é conhecida como desprogramação nuclear
e já foram obtidos resultados com ela, o que inclusive permitiu a clonagem da ovelha Dolly.

Lembrete

Fatores que controlam os processos de diferenciação celular:

• Fatores intrínsecos: derivam do programa no DNA.

• Fatores extrínsecos:
120
BIOLOGIA (CITOLOGIA)

– Fatores locais: interações e secreções celulares.

– Fatores ambientais: raios‑x, radioatividade, temperatura, agentes


químicos e biológicos.

Figura 68 – Diferenciação celular na medula óssea

8.4 Apoptose

A apoptose, morte celular programada, é uma característica inerente a todas as células, uma vez
que o programa está no DNA celular. No experimento com a ovelha Dolly citado no item anterior, o
clone r foi um resultado positivo, demonstrando‑se a possibilidade da reversão da diferenciação celular.
Porém, o clone (Dolly) ainda em idade juvenil apresentou doenças típicas dessa espécie em idade idosa,
não resistiu e foi a óbito. Verificou‑se que, apesar da idade juvenil, a Dolly era formada por células e
tecidos em senescência, evidenciando‑se a apoptose em seus tecidos. Apesar da idade juvenil, a Dolly foi
formada por células com idade avançada, pois o material genético de suas células estava respondendo
ao seu programa original, para desativar as células após um número determinado de divisões celulares.
Como esse material já era de um doador adulto, o tempo de programação de vida celular já estava se
esgotando. Portanto, pode‑se não acreditar que o seu tempo de vida (natural) esteja determinado nas
linhas da sua mão, mas em seu DNA há essa informação.
121
Unidade III

Pode ser cruel saber o momento de sua morte, mas a destruição programada celular também é
de grande importância funcional, pois sem ela você não estaria vivo. Para que a diferenciação leve à
morfogênese de órgãos normais, é necessário que, ao lado da proliferação e da diferenciação celulares,
exista também a eliminação das células que não são mais necessárias. Por exemplo, o feto humano
tem os dedos inicialmente fundidos, como uma nadadeira, e posteriormente as células localizadas
entre os dedos morrem e são eliminadas, ficando a mão com os cinco dedos normais. Outro exemplo
é o timo, as células T (linfócitos T), com função defensiva, que atacam antígenos (células estranhas
ao organismo), tais como bactérias e protozoários invasores, havendo também a formação de grande
quantidade de células T que atacam os tecidos do próprio corpo, formando as doenças autoimunes.
Essas células são eliminadas antes de saírem do timo, porque causariam grande dano aos tecidos
do organismo se fossem lançadas na circulação sanguínea, assim o processo de apoptose é ativado
para evitar maiores danos. Mais um exemplo: a remoção da cauda dos girinos, quando realizam a
metamorfose (quando eles se transformam em rãs ou sapos adultos). A morte celular programada
passa a ser essencial para que ocorra essa etapa da vida, e é por isso que a morte celular acontece
pelo processo denominado apoptose.

Morfologicamente, a apoptose é caracterizada por uma compactação da célula inteira. O


núcleo e o citoplasma diminuem de volume, sendo que no microscópio óptico o núcleo aparece
condensado e escuro (núcleo picnótico). A cromatina é fragmentada em trechos regulares por
uma enzima (endonucleaseque) que ataca o DNA. As células alteram a superfície da membrana
plasmática sinalizando a apoptose e são fagocitadas por macrófagos ou por outras células. Não
ocorre síntese das moléculas que participam do processo inflamatório, enquanto as células
que morrem por necrose promovem uma resposta inflamatória. A diferença é que em necrose
mostram‑se hipertróficas (aumento de volume da célula inteira), de modo que na apoptose não
ocorre liberação do conteúdo intracelular no meio extracelular.

Pesquisas mostram que a falta de alguns hormônios e fatores de crescimento podem levar as
células‑alvo à apoptose. Por exemplo, a diminuição do hormônio masculino testosterona promove
apoptose nas células da próstata, e mesmo a ausência de alguns nutrientes em meio de cultura celular
já foram relatados como indutores da apoptose.

Proteínas da família TGF‑b inibem a proliferação bloqueando o ciclo em G1 ou estimulando a


apoptose. Ambos os processos causam mudança na atividade de proteínas regulatórias da transcrição
de genes tanto do controle do ciclo como da morte celular. Um exemplo é a miostatina, uma proteína
da família TGF‑b que limita o crescimento dos músculos, inibindo a proliferação dos mioblastos; assim,
quando o gene da miostatina é inativado, os músculos crescem ilimitadamente.

E a apoptose também pode ser vista como um mecanismo de defesa, quando as células penetradas
por vírus, bactérias ou protozoários entram nesse processo, ou ainda quando o DNA da própria célula
passa por mutação. Sendo uma das causas do câncer as mutações em células somáticas, a apoptose
passa a ser vista como uma defesa natural contra células malignas. Portanto, o mesmo mecanismo que
um dia te levará à falência dos órgãos ou sistemas é o seu atual defensor, pois a apoptose resulta em
benefício para o organismo como um todo.

122
BIOLOGIA (CITOLOGIA)

Observação

A necrose (explosão) é o derramamento do conteúdo celular nas células


vizinhas, sendo uma resposta inflamatória prejudicial às outras células.

Já na apoptose (implosão), a célula encolhe e condensa, o que não


prejudica as demais, pois a superfície celular é modificada. Isso faz com que
ela seja rapidamente fagocitada, ocorrendo a reciclagem dos componentes
orgânicos pela célula que ingeriu.

Resumo

Podemos condensar os eventos no ciclo celular em dois momentos: a


interfase e a mitose. Na mitose, ocorre a divisão da célula, e no período
entre duas divisões (entre fases reprodutivas) temos a interfase. O ciclo
celular, desde a formação de uma célula até sua própria divisão em duas
células‑filhas iguais entre si, apresenta, basicamente, as seguintes passagens:
a interfase, em que a célula cresce e se prepara para uma nova divisão,
e a divisão, em que se originam duas células‑filhas, a qual se inicia pela
divisão do núcleo (cariocinese ou mitose) e posteriormente do citoplasma
(citocinese). O controle nos eucariontes é feito por diversos produtos
gênicos, que, por sua vez, são também regulados por fatores extracelulares,
como nutrientes ou fatores de crescimento, fazendo que ocorra a divisão
celular coordenadamente com as necessidades do organismo como um
todo.

Dentro da interfase ocorrem os seguintes períodos:

• G0 (tempo variável): estado quiescente em que a célula não apresenta


a programação para entrar em mitose novamente. A maioria dos
neurônios estão em G0. A quantidade de DNA é de 2C.

• G1 (gap = vazio) – 12h em média: é o intervalo de tempo desde a


mitose até o início da síntese de DNA. É o período pós‑mitótico.

• R (ponto de restrição): quando a célula atravessa esse ponto, entra


em mitose novamente. Fica no final da G0.

• S (stand) – 8h em média: é o momento em que ocorre a duplicação


ou síntese de DNA. Pode‑se afirmar que há um conteúdo intermediário
de DNA nessa fase.

123
Unidade III

• G2 – 4h em média: intervalo entre o término da síntese de DNA


e a próxima mitose, pós‑síntese de proteínas ou pré‑mitótico. A
quantidade de DNA é de 4C.

• M – 1h em média: mitose.

O conjunto de proteínas que interagem, conhecidas como quinases,


dependentes de ciclina (CDKs), controla por via enzimática o ciclo celular.
Os receptores e agentes mais citados são a CDC2 e CDK. A célula passa por
G1 e é induzida a progredir ao longo do ciclo por fatores de crescimento
(mitógenos), atuando por meio de receptores que transmitem os sinais para
prosseguir em direção à fase S. As ciclinas do tipo D (D1, D2 e D3) são as que
se associam às CDKs e as ativam. Também existem outas que podem induzir
a interrupção de G1. Caso essas proteínas sejam inativadas por mutações, a
proliferação celular torna‑se contínua, comum em várias neuplasias.

Quando ocorre detecção do dano do DNA e consequente interrupção do


ciclo celular, por causa da ativação da p53, o impedimento para bloquear
o ciclo se torna essencial em evitar que a célula entre na fase S. Assim que
a célula passar pelo ponto de restrição G1, a ciclina E é degradada, e a
célula entra na fase S. Isso é iniciado, entre muitas outras atividades, pela
ligação da ciclina A à CDK2 e pela fosforilação da proteína RB (proteína
retinoblastoma). Esse sistema impede que a célula prossiga o seu ciclo
com um DNA alterado (danificado), sendo o ponto de controle o limite de
ação dos sistemas de retroalimentação das ciclinas. Quando o genoma está
íntegro, o CDC2 (CDK1) associado com ciclinas mitóticas A e B é ativado
para formar o fator promotor de mitoses e imediatamente no início da
divisão celular as ciclinas A e B são destruídas, determinando‑se o complexo
promotor da anáfase e permitindo‑se assim a continuidade do ciclo.

O núcleo interfásico é constituído por envoltório nuclear, cromatina,


nucleoplasma e nucléolo. O número em geral é único, com posição central
ou periférico, e representa a forma da célula. O tamanho é variável de
acordo com o metabolismo e conteúdo de DNA da célula. A células ativas
apresentam maior quantidade de proteínas relacionadas com a transcrição
do DNA.

A exportação de RNA do núcleo para o citoplasma ocorre com gasto


energético, com mRNA (RNA mensageiro), tRNA (RNA transportador) e rRNA
(RNA ribossômico) como complexos RNA‑proteína. O sinal de exportação
nuclear pode estar no RNA ou na proteína. O mRNA é completado com
cerca de 20 proteínas, formando as ribonucleoproteínas nucleares
heterogêneas ou hnRNPs. O rRNA também é transportado em subunidades
ribossômicas. Já o tRNA, apesar de possuir sua morfologia descrita, ainda
124
BIOLOGIA (CITOLOGIA)

não tem todas as suas funções esclarecidas. Os nucléolos são esféricos e,


em geral, são únicos. É a região onde partes dos diferentes cromossomos
que possuem genes para os RNA ribossomais se agrupam juntas. Contém
60% de proteínas e rRNA e pouco DNA (ribossômico). É onde os RNAs
ribossômicos são sintetizados e se combinam com as proteínas para formar
os ribossomos.

O DNA segundo o modelo de Watson e Crick é formado por duas cadeias


de polinucleotídeos complementares e antiparalelas, que se associam por
pontes de hidrogênio, compondo uma dupla hélice com diâmetro de 2 nm.
A quantidade de DNA é expressa em pares de bases, chamados valor C
(107 até 1011pb). Nucleotídeos são formados do açúcar de cinco carbonos:
desoxiribose com um grupo fosfato (por isso ácido desoxirribonucleico)
e uma base nitrogenada, com adenina (A), citosina (C), guanina (G) ou
timidina (T). Os nucleotídeos são ligados covalentemente juntos em cadeias
através dos açúcares e fosfatos, que formam a “espinha” alternada de
açúcar‑fosfato‑açúcar‑fosfato, criando um colar com os quatro tipos de
bases. A forma e a estrutura química das bases permitem que somente
ocorram pontes de hidrogênio eficientemente entre A‑T (duas pontes de
hidrogênio) e C‑G (três pontes de hidrogênio), permitindo que as cadeias
se aproximem, criando uma hélice (10 pares de base a cada giro), sem
perturbá‑la. As bases podem se agrupar dessa forma somente se a cadeia
de polinucleotídios estiver alinhada em orientações opostas (antiparalela e
complementar).

Os genes são compostos de um segmento de DNA que contém as


instruções para fazer uma proteína particular (ou, em alguns casos,
um grupo de proteínas intimamente relacionadas). Alguns genes
comandam a produção de moléculas de RNA como produto final. Eles
carreiam a informação genética, que deve ser copiada e transmitida
precisamente durante a divisão celular. O DNA codifica a informação
de modo sequencial com as quatro letras (A, C, G e T), que variam nos
diferentes organismos e irão expressar os diferentes aminoácidos. Há
uma correspondência entre a sequência de quatro nucleotídeos e os
20 aminoácidos que irão formar as diferentes proteínas. O registro
completo do organismo é chamado de genoma.

O RNAr associa‑se com proteínas e enzimas do núcleo e forma as


subunidades maior e menor dos ribossomos, responsáveis pela produção
das proteínas. O RNAm transporta o código genético do núcleo para
o citoplasma, isto é, do núcleo para os ribossomos. O RNAm ou mRNA
possui códigos que são cópia da sequência de bases nitrogenadas do DNA
(códons), com a respectiva alteração A – U e G – C, atuando como “molde”
ou “intermediário” para a produção de proteínas por parte dos ribossomos
125
Unidade III

(RNAr). Pode‑se afirmar que o RNAm será traduzido em proteínas. Quem


codifica é o DNA, e o RNAm transporta essa codificação.

O processo de síntese proteica inicia‑se com a transcrição, a qual ocorre


quando o DNA origina RNAm. Só ocorre na interfase, nunca na mitose ou
na meiose. O processo de síntese proteica inicia‑se com a transcrição, a
qual ocorre quando o DNA origina RNAm. Só ocorre na interfase, nunca na
mitose ou na meiose. O RNAt (o anticódon) é uma molécula intermediária
entre os códons do RNAm e aminoácidos. O RNAt se liga especificamente
a um determinado aminoácido. Cada RNAt carrega o nome do aminoácido
que transfere (que transporta).

Na interfase, os cromossomos estão estendidos como longas fitas de


DNA (cromatina) e não podem ser distinguidos no núcleo sob ML – são os
cromossomos interfásicos. Há tipos de sequências de nucleotídeos especiais
que iniciam a replicação eficientemente – são as origens de replicação.
Os cromossomos eucariontes possuem diversas origens de replicação para
permitir a rápida duplicação do cromossomo.

As zonas da cromatina onde os genes estão sendo expressos são mais


estendidas e as zonas mais compactas estão quiescentes. A mesma fita
pode apresentar os dois estados (alterações cíclicas). A heterocromatina
(em grego, heteros significa diferente) exibe coloração mais intensa
quando observada na microscopia de luz, não sendo transcrita pelo RNA.
A maior parte do DNA contido na heterocromatina não contém genes, e
os genes aí presentes em geral ficam indisponíveis devido ao elevado grau
de compactação da heterocromatina. Essa cromatina densa é denominada
heterocromatina constitutiva e possui sequências gênicas altamente
repetitivas que nunca são transcritas, principalmente no centrômero, no
telômero e ao redor das constrições secundárias.

A heterocromatina facultativa é condensada em algumas células


e descondensada em outras. No par de cromossomos X das fêmeas de
mamíferos, uma é inativada aleatoriamente, uma vez que a expressão das
duas seria letal.

O mecanismo de controle do operon‑símile pode ser parte da regulação


gênica universal, e atualmente verifica‑se isso em células eucariontes
animais, mas em um sistema bem mais complexo, uma vez que os genes
dos eucariontes não são formados por um único trecho do DNA, e sim
por diversos fragmentos. Mitose e meiose são divisões celulares. A mitose
é equacional (mantém o número de cromossomos constante em todas
as células do organismo), e a meiose é uma divisão reducional, na qual
a célula‑mãe dá origem às células‑filhas com a metade do número de
126
BIOLOGIA (CITOLOGIA)

cromossomos, os quais irão se restabelecer apenas após a fecundação. A


mitose em células eucarióticas, em média, leva uma hora.

Na prófase, a cromatina converte‑se em filamentos alongados. Ela já


sofreu sua duplicação no estágio S da interfase; portanto, esses filamentos
são agora denominados cromossomos, os quais, no início da prófase, se
encontram fixados na membrana do núcleo e já possuem estrutura dupla.
No fim da prófase, contraem-se, tornando‑se mais grossos e mais curtos
(condensação cromossômica), e a membrana do núcleo desaparece.

Na metáfase, torna‑se visível o fuso mitótico a partir dos centríolos.


Cromossomos se dispõem no centro da célula, na placa equatorial dela,
mas os cromossomos homólogos não ficam pareados. No fim da metáfase,
durante a transição para anáfase, os cromossomos dividem‑se pela região
do centrômero. Na anáfase, as duas cromátides de cada cromossomo
migram para polos opostos, iniciando‑se a derradeira fase, que é a telófase
(telo significa terminal em grego).

Na telófase, surge a membrana do núcleo, o nucléolo e a cromatina, e


ocorre a divisão do citoplasma (citocinese). O cromossomo está com o seu
DNA associado às proteínas em estado máximo de condensação durante a
metáfase da mitose ou meiose.

A meiose difere fundamentalmente da mitose em relação aos aspectos


citológicos e genéticos. Em primeiro lugar, os cromossomos homólogos
pareiam‑se. Em segundo lugar, ocorrem trocas, permutações entre os
cromossomos homólogos (crossing‑over), resultando em segmentos
cromossômicos com novas constituições, isto é, com novas recombinações
genéticas. Em terceiro lugar, o complemento cromossômico é reduzido à
metade durante a primeira divisão celular, que é a divisão I da meiose.

Assim, as células‑filhas resultantes na divisão II serão haploides (divisão


reducional). Uma meiose completa consiste em duas divisões celulares:
meiose I e meiose II (divisão I e II). A meiose começa com a replicação dos
cromossomos (do DNA) na interfase. No fim da interfase, os cromossomos
já se constituem como estruturas filamentosas. No início da prófase I,
os cromossomos estão duplicados e realizam uma série de processos
importantíssimos, como o pareamento dos cromossomos homólogos, o
qual permite uma troca entre segmentos dos cromossomos (permutação ou
crossing‑over), possível pela justaposição das cromátides de cromossomos
homólogos (recombinação genética). Essa troca ocorre pouco antes da
célula entrar em metáfase I.

127
Unidade III

Entre os 23 pares de cromossomos humanos, 22 são autossomos


e um é sexual, e nos 23 pares existem quatro morfologias diferentes
de cromossomos: telocêntricos, metacêntricos, submetacêntricos e
acrocêntricos. Os animais e vegetais apresentam um complemento
cromossômico específico, denominado cariótipo. Este é o conjunto de
características constantes dos cromossomos da espécie em relação ao
número, tamanho e morfologia. Graças ao uso da colchicina, alcaloide
que impede a polimerização dos microtúbulos do fuso durante a divisão,
pode‑se realizar o estudo morfológico dos cromossomos metafásicos de
um indivíduo.

A divisão mitótica é interrompida na metáfase, período em que


a condensação dos cromossomos é máxima. No ideograma, que é a
representação do cariótipo, os cromossomos são ordenados aos pares. Nas
células somáticas dos eucariontes, os cromossomos ocorrem aos pares,
sendo um de origem paterna e o outro de origem materna.

O processo de diferenciação celular iniciou‑se durante a evolução, com o


aparecimento dos primeiros seres multicelulares – a alga pluricelular Volvox
é um exemplo. A diferenciação aumenta a eficiência das células, mas as torna
dependentes umas das outras. O corpo de um animal pode ser comparado
com uma sociedade: nos mamíferos ocorrem em média 200 tipos celulares
distintos. A diferenciação inicia‑se na fase embrionária de gástrula. Quando
as células vão tornando‑se cada vez mais diferenciadas, também vão
perdendo a capacidade de se dividirem por mitose. As células totipotentes
são aquelas que apresentam 100% de potencialidade para se distinguirem
em qualquer outro tipo celular. As células‑fonte ou células‑tronco (stem
cell) são as pouco diferenciadas. As células multipotentes se destacam em
múltiplas células, mas dentro de uma especificidade celular; já as células
progenitoras diferenciam‑se em um ou dois tipos celulares; pode‑se definir
que a diferenciação é o grau de especialização, pois as células se diferenciam
progressivamente, atingindo o grau máximo quando chegam ao perfil dos
neurônios ou fibras musculares estriadas.

A potencialidade é a capacidade de originar outros tipos celulares, e


um neurônio tem baixíssima potencialidade quando comparado a uma
célula muscular lisa. A modulação, por sua vez, é uma diferenciação
reversível, permitindo‑nos inferir que as células naturalmente podem
retornar aos seus estágios de vida iniciais, desde que recebam os estímulos
necessários. A capacidade de modulação é fundamental na regeneração
e recomposição dos tecidos. A diferenciação é controlada por fatores
intracelulares e extracelulares, requerendo, portanto, ocorrer intensa
comunicação célula‑célula e célula‑ambiente. A apoptose, morte celular
programada, é uma característica inerente a todas as células, uma vez que
128
BIOLOGIA (CITOLOGIA)

o programa está no DNA celular. A destruição programada celular também


é de grande importância funcional, pois sem ela você não estaria vivo. Para
que a diferenciação leve à morfogênese de órgãos normais, é necessário
que, ao lado da proliferação e da diferenciação celulares, exista também a
eliminação das células que não são mais necessárias.

Morfologicamente, a apoptose é caracterizada por uma compactação


da célula inteira. O núcleo e o citoplasma diminuem de volume, sendo
que no microscópio óptico o núcleo aparece condensado e escuro (núcleo
picnótico). A cromatina é fragmentada em trechos regulares por uma
enzima (endonucleaseque) que ataca o DNA. As células alteram a superfície
da membrana plasmática sinalizando a apoptose e são fagocitadas por
macrófagos ou por outras células. Não ocorre síntese das moléculas que
participam do processo inflamatório, enquanto as células que morrem
por necrose promovem uma resposta inflamatória. A diferença é que
em necrose mostram‑se hipertróficas. Pesquisas mostram que a falta de
alguns hormônios e fatores de crescimento podem levar as células‑alvo
à apoptose. Proteínas da família TGF‑β inibem a proliferação bloqueando
o ciclo em G1 ou estimulando a apoptose. Ambos os processos causam
mudança na atividade de proteínas regulatórias da transcrição de genes
tanto do controle do ciclo como da morte celular.

Exercícios

Questão 1 (Enade, 2011). A figura a seguir representa variações na quantidade de DNA ao longo do
ciclo de vida de uma célula. (X = unidade arbitrária de DNA por célula).

Figura 69

A análise do gráfico revela que:

A) As fases 1, 2 e 3 representam os períodos G1, S e G2, que resumem todo o ciclo vital de uma célula.

B) As fases 1, 2 e 3 representam o período em que a célula se encontra em interfase, e as fases 4,


129
Unidade III

5, 6 e 7, subsequentes, são características da célula em divisão mitótica, quando, ao fim, ocorre


redução à metade da quantidade de DNA na célula.

C) As fases de 1 a 5 indicam a meiose I, enquanto a meiose II está representada pelas fases 6 e 7.

D) A célula expressa no gráfico é uma célula diploide, que teve a quantidade de seu DNA duplicada
no período S da interfase (fase 2) e, posteriormente, passou pelas fases da meiose, originando
células-filhas com metade da quantidade de DNA (fase 7, células haploides).

E) A fase 3 é caracterizada por um período em que não há variação na quantidade de DNA na célula,
portanto, essa fase destaca uma célula durante os períodos da mitose: prófase, metáfase e anáfase.

Resposta correta: alternativa D.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: o ciclo vital de uma célula engloba o momento em que ela não está se dividindo
(interfase) e o momento da divisão celular. De fato, os números 1, 2 e 3 indicados no gráfico representam
os períodos G1, S e G2 da interfase, como descrito na alternativa. Porém, é um erro afirmar que todo
o ciclo vital de uma célula se resume a essas fases, porque elas, que ocorrem após G2 (fase 3), também
compõem o ciclo celular e expressam a divisão celular.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: as fases 4, 5, 6 e 7 são características de uma célula em divisão meiótica, porque, ao


final, são originadas novas células com metade da quantidade de DNA da célula. Ao contrário do que
afirma a alternativa, não há redução da quantidade de DNA nas células originadas ao fim da mitose.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: as fases 1, 2 e 3 correspondem aos períodos G1, S e G2 da interfase. Portanto,


diferentemente do que afirma a alternativa, a meiose I é representada apenas pelas fases 4 e 5.

D) Alternativa correta.

Justificativa: observe as figuras a seguir:

130
BIOLOGIA (CITOLOGIA)

Separação das
cromátides-irmãs

Figura 70 – Esquema representativo de uma célula e seus cromossomos em interfase e meiose. Observe que, ao fim da meiose I, há
separação dos cromossomos homólogos e, ao fim da meiose II, há separação das cromátides‑irmãs

Figura 71 – Gráficos representativos da variação da quantidade de DNA celular na interfase (fases 1 a 3 do gráfico à esquerda) e na
meiose (fases 4 a 7 da figura à esquerda). No gráfico à direita, existe a identificação das fases numeradas no primeiro gráfico: G1, S e
G2 – etapas da interfase; M1 – meiose I; T1 – telófase I; M2 – meiose II; T2 – telófase

De fato, o gráfico fornecido na questão ilustra momentos de aumento e de redução da quantidade


de DNA celular. O aumento ocorre por conta da duplicação do DNA ao longo do período S da interfase.
Logo após o período G2 (fase 3), há a redução na quantidade de DNA devido à segregação dos pares
de cromossomos homólogos ocorrida na meiose I (especificamente na fase 4, conforme as figuras).
Após a fase 5, há nova redução na quantidade de DNA celular, dessa vez resultante da separação das
cromátides‑irmãs de cada cromossomo duplicado, ocorrida na meiose II (sobretudo na fase 6).

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: ao iniciar a mitose, a célula apresenta quantidade duplicada de DNA. A sucessão de


etapas ao longo dessa divisão faz com que haja a distribuição equitativa de DNA para cada célula‑filha,

131
Unidade III

ou seja, a quantidade de DNA presente em cada célula‑filha é igual à quantidade de DNA presente
na célula inicial antes da duplicação. Logo, no gráfico, a mitose deveria corresponder a uma fase
representada por uma reta descendente, como observado na fase 4 e na fase 6, e não por uma reta
que expressa estabilidade na quantidade de DNA com o passar do tempo, como é o caso da fase 3
mencionada na alternativa.

Questão 2 (Enade, 2011). Uma das funções essenciais da divisão celular em eucariotos complexos é a
de repor células que morrem. Nos seres humanos, bilhões de células morrem todos os dias e, basicamente,
a morte celular pode ocorrer por dois processos morfologicamente distintos: necrose e apoptose.

Considerando que a distinção entre eles é de especial importância no diagnóstico de doenças, avalie
as afirmações a seguir:

I – Na apoptose, os restos celulares são fagocitados pelos macrófagos teciduais.

II – Como processos ativos, tanto a apoptose quanto a necrose requerem reservas de ATP.

III – Na necrose, ocorre extravasamento de substâncias contidas nas células, o que resulta em um
processo inflamatório.

IV – Tanto o mecanismo de necrose quanto o da apoptose envolvem a degradação do DNA e das


proteínas celulares.

É correto apenas o que se afirma em:

A) I.

B) II.

C) I e III.

D) II e IV.

E) III e IV.

Resolução desta questão na plataforma.

132
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1

A) KUCHINSKI, F. B. Citologia. São Paulo: Editora Sol, 2014. p. 9.

Figura 1

B) KUCHINSKI, F. B. Citologia. São Paulo: Editora Sol, 2014. p. 14.

Figura 3

BIOLOGIA: Ecologia. v. 3. São Paulo: Editora Sol, 2016. p. 9.

Figura 5

KUCHINSKI, F. B. Citologia. São Paulo: Editora Sol, 2014. p. 14.

Figura 6

MANTZOURANIS, L.; BAGATTINI, R. Biologia molecular. São Paulo: Editora Sol, 2016. p. 87.

Figura 7

MANTZOURANIS, L.; BAGATTINI, R. Biologia molecular. São Paulo: Editora Sol, 2016. p. 87.

Figura 8

MANTZOURANIS, L.; BAGATTINI, R. Biologia molecular. São Paulo: Editora Sol, 2016. p. 10.

Figura 9

MANTZOURANIS, L.; BAGATTINI, R. Biologia molecular. São Paulo: Editora Sol, 2016. p. 11.

Figura 10

MANTZOURANIS, L.; BAGATTINI, R. Biologia molecular. São Paulo: Editora Sol, 2016. p. 12.

Figura 11

MANTZOURANIS, L.; BAGATTINI, R. Biologia molecular. São Paulo: Editora Sol, 2016. p. 20.

133
Figura 23

BIOLOGIA: Citologia e Genética. v. 1. São Paulo: Editora Sol, 2016. p. 9.

Figura 25

BIOLOGIA: Citologia e Genética. v. 1. São Paulo: Editora Sol, 2016. p. 9.

Figura 26

BIOLOGIA: Citologia e Genética. v. 1. São Paulo: Editora Sol, 2016. p. 9.

Figura 28

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p. 160.

Figura 29

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p. 163.

Figura 30

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p. 168.

Figura 31

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p. 160.

Figura 33

A) JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2004. p. 66.

Figura 33

B) JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2004. p. 69.

Figura 33

C) JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2004. p. 71.

134
Figura 34

HAYASHI, Y.; UEDA, K. The shape of mitochondria and the number of mitochondrial nucleoids during
the cell cycle of Euglena gracilis. Journal of Cell Science, 1989, 93. p. 565.

Figura 37

ALBERTS, B. et al. Fundamentos da Biologia Celular. Artmed: Porto Alegre, 2006. p. 367.

Figura 38

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p. 24.

Figura 39

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p. 27.

Figura 40

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p. 29.

Figura 41

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2004. p. 77.

Figura 42

LODISH, H. et al. Molecular Cell Biology. 4. ed. Nova York: W. H. Freeman, 2003. p. 15.

Figura 44

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p. 27.

Figura 46

KARP, G. Biologia celular e molecular. 3. ed. Barueri: Manole, 2005. p. 374.

Figura 47

BIOLOGIA: Biologia Animal. v. 2. São Paulo: Editora Sol, 2016. p. 19.

135
Figura 48

BIOLOGIA: Biologia Animal. v. 2. São Paulo: Editora Sol, 2016. p. 19.

Figura 49

BIOLOGIA: Biologia Animal. v. 2. São Paulo: Editora Sol, 2016. p. 19.

Figura 51

KARP, G. Biologia celular e molecular. 3. ed. Barueri: Manole, 2005. p. 376.

Figura 52

KARP, G. Biologia celular e molecular. 3. ed. Barueri: Manole, 2005. p. 376.

Figura 56

KUCHINSKI, F. B. Citologia. São Paulo: Editora Sol, 2014. p. 109.

Figura 57

KUCHINSKI, F. B. Citologia. São Paulo: Editora Sol, 2014. p. 110.

Figura 59

KUCHINSKI, F. B. Citologia. São Paulo: Editora Sol, 2014. p. 109.

Figura 62

GILBERT, S. F. Biologia do desenvolvimento. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Genética, 1994. p.


274.

Figura 63

KUCHINSKI, F. B. Citologia. São Paulo: Editora Sol, 2014. p. 109.

Figura 64

KUCHINSKI, F. B. Citologia. São Paulo: Editora Sol, 2014. p. 110.

Figura 65

KUCHINSKI, F. B. Citologia. São Paulo: Editora Sol, 2014. p. 110.


136
Figura 66

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2004. p. 160.

Figura 67

MITOSIS. [s.d.]. Disponível em: <http://es.slideshare.net/Eiramlig02/mitosis‑12944540>. Acesso em: 17


jun. 2016.

Figura 68

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2004. p. 228.

REFERÊNCIAS

Textuais

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___. Fundamentos da Biologia Celular. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

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(Org.). Grandes temas em Biologia. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2010.

BIOLOGIA: Biologia Animal. v. 2. São Paulo: Editora Sol, 2016. p. 19.

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JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
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___. Histologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

KARP, G. Biologia celular e molecular. 3. ed. Barueri: Manole, 2005.

KUCHINSKI, F. B. Citologia. São Paulo: Editora Sol, 2014.

MANTZOURANIS, L.; BAGATTINI, R. Biologia molecular. São Paulo: Editora Sol, 2016. p. 87.

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138
Exercícios

Unidade II – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2005: Biologia. Questão 9.
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Unidade III – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2011: Biologia. Questão 15.
Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2011/BIOLOGIA.pdf>.
Acesso em: 21 jul. 2016.

Unidade III – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2011: Biologia. Questão 11.
Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2011/BIOLOGIA.pdf>.
Acesso em: 21 jul. 2016.

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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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