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Cadeira de Biologia Celular e

Molecular II
Conteúdo programático
 A MITOSE

 A MEIOSE

 AS BASES DA CITOGENÉTICA

 A DIFERENCIAÇÃO CELULAR

 A MORTE CELULAR

 OS MÉTODOS DE ESTUDO EM BIOLOGIA CELULAR


A MITOSE
CICLO CELULAR

O ciclo celular pode ser considerado como uma série


complexa de fenómenos que culminam quando o material
celular duplicado se distribui nas células-filhas.
As células passam por um ciclo que intercalam-se dois
períodos fundamentais: a interfase e a divisão celular
(mitose ou meiose).
A interfase
Nessa fase, a célula encontra-se em intensa atividade
metabólica, sendo observado também o seu
crescimento.
A interfase é a fase mais longa do ciclo celular e divide-
se em três etapas : G1, S e G2.
Fases da interfase
(G1, S e G2)

Na fase G1

É produzida moléculas de RNA que vão para o citoplasma, onde


promoverão a síntese de proteínas. A célula cresce em volume e
torna-se grande, com o dobro das proteínas iniciais.

Na fase S

Ocorre a duplicação do DNA dobrando a quantidade de DNA no


interior do núcleo. Depois disso, a célula está pronta para dividir em
duas novas células, que serão idênticas
Fases da interfase
(G1, S e G2)
Na fase G2

Nesta fase, terminada a síntese de DNA, reinicia a produção de RNA


formando mais proteínas com um novo período de crescimento celular. A
célula entra em uma situação de desequilíbrio entre superfície e volume que
obriga a célula a iniciar o processo de divisão.

A duração do ciclo varia muito de um tipo celular para outro.

Em uma célula cultivada de mamífero, com um tempo de vida total de 16 horas, a


fase Gl dura 5 horas; a fase S, 7 horas; a fase G2, 3 horas e a fase M, 1 hora . Os
períodos S, G2 e M são relativamente constantes na maioria dos tipos celulares. O
mais variável é o período G 1, que pode durar dias, meses ou anos.
MITOSE
Descrição geral

A divisão celular compreende uma série de fenômenos pelos quais


os materiais primeiro se duplicam e, depois, se repartem em
proporções virtualmente iguais entre as duas células-filhas. Todos
os componentes da célula - não só os que estão relacionados com
a transmissão da herança genética - duplicam-se antes que a célula
se divida por mitose.

Entre os processos que ocorrem no citoplasma, o mais notável


é a formação do fuso mitótico, que se organiza cada vez que
a célula começa a se dividir e desaparece ao final da divisão.
MITOSE
Descrição geral
Fuso mitótico é uma armação estrutural composta por microtúbulos

que controlam a posição dos cromossomos e sua repartição entre as

células-filhas.

Como corolário da mitose ocorrem a partição do citoplasma e sua


distribuição equitativa nas células-filhas, fenômeno conhecido pelo
nome de citocinese.
MITOSE
Descrição geral
Os processos que dão lugar às mitoses são, em geral, semelhantes
em todas as células do organismo.
As etapas em que a mitose se divide são: prófase, (prometáfase),
metáfase, anáfase e telófase.
MITOSE

PRÓFASE

Durante a prófase:
 os cromatídeos se condensam;
 forma-se o fuso mitótico ;
 e o nucléolo se desintegra;
 Associação de placas proteicas os cinetócoros

À medida que a prófase avança, as cromátides se tomam mais curtas


e grossas.
MITOSE
PRÓFASE
MITOSE

Prometáfase
Prometáfase é a transição entre a prófase e a metáfase. Começa com
a desintegração da carioteca. Quando isso acontece, os cromossomos
caem no citoplasma e dirigem-se à região equatorial da célula, aonde
vão se prender as fibras do fuso por meio de centrômero.
MITOSE
METÁFASE
Durante a metáfase os cromossomas se colocam no plano equatorial
da célula , formando a chamada placa metafásica ou equatorial.
os cromossomas - que chegaram a sua condensação máxima -
aparecem ordenados no quadro da célula.
MITOSE
ANÁFASE
Durante a anáfase, os cromossomos-filhos se dirigem para os
pólos da célula.
 ocorre a partição das coesinas dos centrômeros quase simultaneamente
em todos os cromossomos;
 De imediato, os cromatídeos - ou cromossomas-filhos - separam-se e
começam a migrar para os pólos, fracionadas pelas fibras cinetocóricas do
fuso.
MITOSE
TELÓFASE
A chegada dos cromossomos-filhos aos pólos - com o consequente
desaparecimento das fibras cinetocóricas do fuso - assinala o início da
telófase.
 Os cromossomas começam a se desenrolar e se mostram cada vez
menos condensados.
 Durante a telófase formam-se os núcleos-filhos.
 A citocinese reparte o citoplasma entre as células-filhas
MITOSE
TELÓFASE
• A citocinese( citodiérese ou plasmodiérese ), quer dizer, a partição do
citoplasma. Inicia-se na anáfase, O citoplasma se constringe na região
equatorial pela formação de um sulco na superfície, resultado da
formação de um anel contrátil no córtex da célula que se aprofunda à
medida que a célula se divide.
MITOSE
TELÓFASE
• A citocinese pode ser de dois tipos: centrípeta e centrífuga.

• CITOCINESE CENTRÍPETA : ocorre nas células animais, a membrana


plasmática se invagina, determinando uma divisão celular de “fora para
dentro” (da periferia para o centro), por estrangulamento da célula na região
equatorial.

• CITOCINESE CENTRÍFUGA: Ocorre nas células dos vegetais e das algas, em


geral, e se processa de “dentro para fora” (do centro para a periferia).
A MITOSE NAS CÉLULAS VEGETAIS
Nas células vegetais, a mitose é um pouco diferente da observada nas células
animais.
 Nos vegetais superiores - como os angiospérmicas e a maioria das
gimnospérmicas - as mitoses são anastrais, isto é, faltam os centríolos e
as fibras do áster.
 Nos vegetais a CITOCINESE É CENTRÍFUGA

 Para dar lugar à citocinese, a região intermediária do fuso mitótico se


transforma no fragmoplasto, que equivale ao corpo intermediário das
células animais.
A MITOSE NAS CÉLULAS VEGETAIS

Nos vegetais caso, o complexo de Golgi , origina vesículas que se depositam


na região central do citoplasma e se organizam do centro para a periferia,
formando uma placa celular, denominada fragmoplasto.

A separação entre os citoplasmas não é completa, pois, durante a formação


do fragmoplasto, restam filamentos do citoplasma estabelecendo,
comunicação (plasmodesmos) entre as células filhas.
A MITOSE NAS CÉLULAS VEGETAIS
CONTROLE DO CICLO CELULAR
Existem mecanismos que controlam a dinâmica dos ciclos
celulares.

No controle do ciclo celular intervêm ciclinas e cinases dependentes


de ciclinas .

Pouco antes de finalizar a fase G1 - há um momento em que a célula


toma a decisão de se dividir. Recebe o nome de ponto de partida ou
de ponto de controle G1. A decisão é tomada diante da presença de
substâncias indutoras provenientes de outras célula.
CONTROLE DO CICLO CELULAR

No controle das divisões celulares-, intervêm dois tipos de moléculas

1) as ciclinas, cujo nome se deve a que, no curso de cada ciclo celular,


alternam um período de síntese crescente seguido por outro de rápida
degradação;

2) as cinases dependentes de ciclinas, que ao interagir com as ciclinas


fosforilam e ativam as moléculas responsáveis pela divisão celular;
CONTROLE DO CICLO CELULAR

Há várias classes de ciclinas, cujas concentrações se elevam e


descem em diferentes momentos do ciclo celular.

As principais correspondem a dois grandes grupos: as ciclinas G 1 e


as ciclinas M.

Por sua vez, nas espécies superiores são identificadas duas cinases
dependentes de ciclinas, a Cdk2 (do inglês, cyclin-dependent protein
kinase) e a Cdc2 (do inglês, cell-division cycle).
CONTROLE DO CICLO CELULAR
A fase S ocorre quando a ciclina G1 ativa a Cdk2, a qual inicia uma
cadeia de fosforilações em proteínas intermediárias sucessivas. A cadeia
culmina com a ativação das moléculas responsáveis pela replicação do
DNA.
CONTROLE DO CICLO CELULAR

A Cdk2 é ativada somente quando a ciclina G1 alcança um


determinado limiar de concentração, já que este é um requisito
indispensável para que a ativação ocorra.

Além disso, a partir desse momento, a Cdk2 e a ciclina G1 se


unem e compõem um complexo protéico denominado SPF (do
inglês, S phase-promoting factor).

O SPF provoca a abertura das origens de replicação e ativa as


moléculas envolvidas na síntese do DNA, como as DNA
polimerases, a helicase etc.
CONTROLE DO CICLO CELULAR

Como em certo momento da fase S a concentração da ciclina G 1


começa a declinar, quando fica abaixo do limiar anteriormente citado
separa-se da Cdk2, com o que o SPF deixa de existir. As ciclinas são
degradadas por proteassomas


CONTROLE DO CICLO CELULAR
• Tipos de genes que podem ser afetados, de forma a causar
tumores:

• Genes supressores de tumor: impedem a progressão do ciclo


celular quando ocorrem problemas. Mutações nesses genes podem
fazer com que a célula perca a capacidade de barrar a progressão
do ciclo celular quando necessário.

• Oncogenes: estimulam as divisões celulares. Mutações nesses


genes podem fazer com que a célula seja estimulada a se
multiplicar de forma desgovernada.
A MEIOSE
Fecundação
A meiose é um tipo especial de divisão celular, exclusiva dos
organismos que se reproduzem de forma sexuada. Meiose (do grego,
meioum, diminuir).

Assim, mediante duas divisões celulares consecutivas, as células


sexuais reduzem à metade o número de seus cromossomas, com
geração de gametas haplóides (quatro espermatozóides no homem,
um ovócito e corpúsculos [ou glóbulos] polares na mulher)
A MEIOSE
Fecundação

Na Meiose são produzidas:

1) a redução do número de cromossomas à metade;

2) a recombinação genética, ou seja, o intercâmbio de segmentos


cromossômicos, e ;

3) a segregação aleatória dos cromossomas homólogos paternos e


matemos.

Cromossomas homólogos : são os dois cromossomas praticamente


idênticos - um fornecido pelo pai e outro pela mãe - que convivem
nas células diplóides.
A MEIOSE vs MITOSE

1) A mitose ocorre nas células somáticas e a meiose nas células sexuais.

2) Na mitose, cada replicação do DNA é seguida por uma divisão celular; em


consequência, as células-filhas apresentam a mesma quantidade de DNA
que a célula-mãe e um número diploide de cromossomas. Na meiose, cada
replicação do DNA é seguida por duas divisões celulares - a meiose I e a
meiose II - das quais resultam quatro células haplóides que contêm a
metade do DNA.

3) Na mitose, a síntese de DNA ocorre durante a fase S, que é seguida pela


fase G2. Na meiose, a fase S é mais longa e a fase G2 é curta ou ausente.
A MEIOSE vs MITOSE

4) Na mitose, cada cromossoma evolui de forma independente. Na


meiose - durante a primeira de suas divisões - os cromossomos
homólogos se relacionam entre si (se emparelham) e intercambiam
partes de suas moléculas (se recombinam).

5) A duração da mitose é curta (aproximadamente 1 hora), enquanto a


meiose é bastante longa (no homem consome 24 dias e na mulher
vários anos).

6) Na mitose o material genético permanece constante nas sucessivas


gerações de células-filhas (a menos que ocorram mutações gênicas
ou aberrações cromossômicas), enquanto a meiose gera uma grande
variação genética.
A MEIOSE
Fecundação
A MEIOSE
FASES DA MEIOSE

Pré-leptóteno
Leptóteno
Zigóteno
Prófase I Paquíteno
Diplóteno
Diacinese
MEIOSE I-
Prometáfase I
Metáfase I
Anáfase I
Telófase I

Interfase
A MEIOSE
FASES DA MEIOSE

Prófase II
MEIOSE II Metáfase II
Anáfase II
Telófase II

A meiose compreende duas divisões celulares


A MEIOSE
FASES DA MEIOSE

Observação :

O término das divisões mitóticas, parte das espermatogônias e das


ovogônias se diferenciam, respectivamente, em espermatócitos I e em
ovócitos I, os quais levam a cabo a meiose I. Como corolário da primeira
divisão meiótica, são gerados os espermatócitos II e o ovócito II, que são as
células que realizam a meiose II. Finalmente, a segunda divisão meiótica
culmina com a formação das espermátides e do óvulo.
FASES DA MEIOSE I
Prófase I

Durante o pré-leptóteno os cromossomas são difíceis de ser


observados .
O pré-leptóteno corresponde à prófase inicial da mitose. Os cromossomas são
muito delgados e difíceis de ser observados.

Leptóteno (do grego leptós, delgado, e nêma, filamento).


No leptóteno o núcleo aumenta de tamanho e os cromossomas se
tornam visíveis . Apesar de seu DNA ter-se duplicado (durante a fase
S) e, portanto, conter duas cromátides cada um, parecem ser simples
em vez de duplos.
FASES DA MEIOSE I
Prófase I
Zigóteno
Durante o zigóteno (do grego zygón, parelha) ocorre o primeiro fenômeno
essencial da meiose: os cromossomos homólogos se alinham entre si mediante
um processo denominado emparelhamento ou sinapse.

O emparelhamento compreende a formação de uma estrutura complexa-


conhecida com o nome de complexo sinaptonêmico (CS).
FASES DA MEIOSE I
Prófase I

Paquíteno
Durante o paquíteno, as cromátides homólogas se recombinam.
Durante o paquíteno (do grego pachys, grosso), os cromossomos se
encurtam e o emparelhamento dos cromossomos homólogos se completa .
Porém, o mais importante deste período é que ocorre o intercâmbio de
segmentos de DNA entre as cromátides homólogas, fenômeno que leva o
nome de recombinação genética (em inglês, crossing-over).
FASES DA MEIOSE I
Prófase I
Diplóteno
Durante o Diplóteno, os cromossomas emparelhados se separam, embora em alguns pontos permaneçam
unidos .

Durante o Diplóteno (do grego diplóos, duplo), os cromossomas homólogos começam a


se separar, de modo que as cromátides da tétrade se tornam visíveis e o complexo
sinaptonêmico se desintegra . Entretanto, a separação não é completa já que as
cromátides homólogas permanecem conectadas nos pontos onde teve lugar o
intercâmbio . Tais conexões - chamadas quiasmas (do grego khíasma, cruz) .
FASES DA MEIOSE I
Prófase I
Diacinese
Durante a diacinese a cromatina volta a se condensar
Durante a Diacinese (do grego diá, através, kinesis = movimento). A
condensação dos cromossomas volta a se acentuar. As tétrades se
distribuem homogeneamente por todo o núcleo e o nucléolo desaparece.
Prófase I
FASES DA MEIOSE I

Nas etapas restantes da divisão meiótica I, os cromossomos homólogos se


separam e se dirigem para os pólos opostos da célula.

Prometáfase I, a condensação dos cromossomas alcança seu grau máximo. O


envoltório nuclear desaparece e os microtúbulos do fuso se conectam com os
cinetócoros.

Metáfase I os bivalentes se dispõem no plano equatorial da célula . Pelo modo


como se ligam às fibras do fuso , os cinetócoros de cada cromossomo homólogo
"olham" para o mesmo pólo. Os bivalentes continuam exibindo seus quiasmas.
Quando os cromossomas são curtos, os quiasmas se localizam nas extremidades
dos homólogos (quiasmas terminais); quando os cromossomos são longos, os
quiasmas aparecem em vários pontos ao longo dos eixos cromossômicos
(quiasmas intersticiais).
FASES DA MEIOSE I

Anáfase I. Os cinetócoros opostos são tracionados para os


respectivos pólos, de modo que os homólogos de cada bivalente -
cada um composto por duas cromátides-irmãs - se separam entre si
e se mobilizam em direções opostas . A observação dos bivalentes
nesta fase permite comprovar que, frequentemente, a recombinação
gênica ocorre entre as cromátides dos dois pares de homólogos.
FASES DA MEIOSE I

Telófase I. os grupos cromossômicos haplóides chegam a seus


respectivos pólos e em tomo dele são construídos os envoltórios
nucleares.

A telófase I é seguida pela partição do citoplasma, e as duas células-filhas passam por um curto período
de interfase no qual não há replicação do DNA (não há fase S). Por conseguinte, as células-filhas
derivadas da meiose I possuem um número haplóide de cromossomas, cada um destes composto por
duas cromátides-irmãs

No homem, o resultado da meiose I é a formação de duas células-filhas iguais, denominadas


espermatócitos II. Na mulher, porém, como a repartição do citoplasma do ovócito I é
desigual, formam-se duas células de tamanho muito diferente: o ovócito II, que é
relativamente volumoso, e o primeiro corpúsculo polar, que é pequeno e desaparece.
FASES
MEIOSE II
Na divisão meiótica lI, as cromátides-irmãs se separam.

A prófase II é muito breve, embora suficiente para permitir o reaparecimento das


fibras do fuso e o desaparecimento do envoltório nuclear.
A metáfase II leva os cromossomas ao plano equatorial da célula. As fibras do
fuso se unem aos cinetócoros, que se colocam como nos cromossomas
mitóticos, ou seja, um apontando para um pólo, o outro para o pólo oposto da
célula.
Na anáfase II, com a tração que as fibras do fuso exercem sobre os cinetócoros,
o centrômero se divide e as cromátides-irmãs de cada cromossoma são
separadas e tracionadas para os pólos opostos da célula.
Na telófase II, cada um dos pólos da célula recebe um jogo haplóide de
cromátides que passam a se chamar cromossomas. A formação de um novo
envoltório nuclear em tomo de cada conjunto cromossômico haplóide - seguida
pela repartição do citoplasma - põe fim à meiose .
As bases da citogenética
A união da biologia celular com a genética deu origem à citogenética.

A citogenética estuda as bases cromossômicas e moleculares da


hereditariedade e ajuda a resolver importantes problemas no campo da
medicina, da pecuária e da agricultura.

Desta maneira, analisaremos as bases cromossômicas sobre as quais


se assentam os princípios da hereditariedade, algumas aberrações
cromossômicas que ocorrem na espécie humana - as mutações genética
e o papel que os cromossomos desempenham na evolução das
espécies.
As bases da citogenética
MUTAÇÃO DO DNA (As alterações do DNA podem ser devidas a mutações gênicas ou a
aberrações cromossômicas ).

O material genético encontra-se em constante perigo de ser alterado,


não somente pela ação de agentes ambientais, mas também
espontaneamente, como, por exemplo, em consequência de erros que
ocorrem durante a replicação.
Quando as alterações do genoma envolvem um ou poucos nucleótidos,
denominam-se mutações gênicas.

As mutações gênicas têm diversas consequências:

As mutações gênicas mais comuns são a substituição de um


nucleótido por outro, a perda (ou deleção) de um ou vários
nucleótidos, ou a inserção (intercalação) de um ou vários nucleótidos
em uma molécula de DNA.
As bases da citogenética
Qualquer que seja o tipo de mutação, há uma mudança na informação
conhecida no gene, o que determina a produção de uma proteína
diferente da esperada ou a ausência de sua produção.

A deleção ou a intercalação de um nucleótido em um gene altera o


enquadramento dos códons no RNAm desde o local da mutação até o
códon terminal. Isso pode ser traduzido na produção de uma proteína
aberrante ou, mais comumente, na interrupção de sua síntese, ao
aparecer um códon de terminação antes do lugar correspondente.
As bases da citogenética
As mutações podem ocorrer nas células somáticas ou nas células
germinativas.

No caso das células somáticas , embora sejam capazes de afetar o


fenótipo dos indivíduos, não passam para a descendência.

No entanto, quando se instalam nas células germinativas podem ser


transmitidas à descendência e ser herdadas de geração em
geração.
As bases da citogenética

Para os indivíduos, as mutações podem ser prejudiciais .


Quando as mutações correspondem a proteínas envolvidas na
morfogênese, as mutações se traduzem em malformações congênitas
anatômicas.

Outras vezes, as proteínas modificadas dão lugar a alterações


funcionais ou a transtornos metabólicos.
As bases da citogenética
Nas alterações funcionais: Podemos mencionar as
hemoglobinopatias, nas quais a presença de um aminoácido errado
na hemoglobina pode gerar graves disfunções sanguíneas.
EX: Na anemia falciforme, a substituição do aminoácido ácido glutâmico pelo
aminoácido valina, em uma das cadeias de hemoglobina, conduz a uma alteração na
forma da proteína como um todo. Essa alteração muda o formato do glóbulo vermelho,
que passa a ser incapaz de transportar oxigênio.
As bases da citogenética
Mutações

Transtornos metabólicos: nos transtornos metabólicos as enzimas que


participam dos processos de síntese e degradativos de diversas moléculas são
alteradas.
Ex: Fenilcetonúria (PKU) É uma anomalia ao nível do metabolismo
do aminoácido fenilalanina que é ingerido com os alimentos. Nos
indivíduos afectados este aminoácido não é metabolizado e assim
ao ser ingerido é acumulado no sangue perturbando o
desenvolvimento do cérebro.
LEIS DA HERANÇA MENDELIANA
Quando em 1865 Gregor J. Mendel estabeleceu as leis fundamentais da
hereditariedade, nada se sabia sobre os cromossomas e a meiose. Suas
descobertas derivam-se de resultados de cruzamentos de plantas analisados
quantitativamente aplicando um pensamento abstrato genial.

Mendel realizou cruzamentos entre ervilhas (Pisum sativum) que tinham pares
de características diferentes e contrastantes.
Utilizou plantas com sementes amarelas e verdes, com sementes lisas e
rugosas, com flores brancas e vermelhas, com talos altos e baixos etc.

Depois do primeiro cruzamento observou os híbridos resultantes na primeira


geração-filha (F1 ) , cruzou os híbridos F1 entre si e estudou os resultados na
segunda geração-filha (F2) .
LEIS DA HERANÇA MENDELIANA (cont)

Imagem: Reprodução/Blog Hugo Ajuda Biologia


LEIS DA HERANÇA MENDELIANA (cont)
Em um cruzamento realizado entre progenitores (P) com sementes amarelas e
verdes, observou, na primeira geração (F1 ), que todos os híbridos tinham
sementes amarelas e, portanto, somente a característica de um dos pais. No
segundo cruzamento (F2 ), as plantas apresentavam as características de seus
antepassados com uma proporção de 75% para as sementes amarelas e de 25%
para as verdes, ou seja, com uma relação 3: 1.
LEIS DA HERANÇA MENDELIANA (cont)
Mendel sustentou que a cor das sementes era determinada por um "fator" que
se transmitia à descendência por meio dos gametas e que esse "fator" -
conhecido agora como gene - podia ser transmitido sem se mesclar com
outros genes.
Mendel enunciou que os genes se separam nos híbridos FI' entram em
gametas diferentes e se distribuem nos híbridos F2 • Por causa disso, este
princípio é denominado lei da segregação dos genes.
LEIS DA HERANÇA MENDELIANA (cont)
Visto que em ambos os sexos as plantas geram os dois tipos de gametas, na
geração F2 são produzidas três combinações genéticas possíveis em uma
relação de 1:2: l. 25% correspondem a plantas AA com sementes amarelas
puras, 50% a plantas Aa com sementes amarelas híbridas, e os 25% restantes
a plantas aa com sementes verdes puras.
Agora é possível explicar os resultados de Mendel sobre a base do
comportamento dos cromossomas e dos genes. Estes se encontram em pares
- um em cada cromossoma homólogo - e os dois membros de cada par são
denominados alelos. Em cada cromossomo homólogo, o alelo ocupa um lugar
chamado locus (plural, Loci).
ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS

Acidentalmente, podem ser produzidas mudanças no cariótipo.

O funcionamento normal do sistema genético mantém-se pela constância do


material hereditário nos cromossomas. (Células somáticas têm um número diploide de cromossomos -
dois jogos haplóides de 23 cromossomas - o cariótipo).

Acidentalmente, podem ocorrer mudanças no cariótipo, que têm diversas


consequências genéticas. Assim, os cromossomas podem modificar o seu número
ou sofrer alterações em suas estruturas. Esses quadros são denominados,
respectivamente, aberrações cromossômicas numéricas e aberrações
cromossômicas estruturais.
Aberrações cromossômicas
Euploidias
numéricas
 Poliploidias
 Aneuploidia
 Fáceis de serem observadas .
 Efeito mais drástico para o indivíduo.
As euploidias são mutações que alteram um conjunto inteiro de
cromossomas, ocorrendo no momento em que os cromossomos são
duplicados e a célula não se divide. Ex: no trigo há variedades
diploides, tetraploides e hexaploides.
Poliploidias
Nas poliploidias, as células contêm múltiplos do número haplóide de
cromossomas, diferentes do diploide.

Nas poliploidias, 'existe” um número superior de conjuntos haplóides -


mais de dois - porém cada conjunto se apresenta equilibrado. Assim,
nas células triploides existem três conjuntos haplóides normais , nas
tetraploides, quatro etc.

Nas células somáticas as poliploidias podem se originar pela


reduplicação dos cromossomas, nos gametas, pela não separação dos
cromossomas em qualquer das duas divisões meióticas.
Poliploidias
Raro em animais (distúrbios no mecanismo de determinação do sexo)

Importante na evolução cromossômica de plantas

Poliploides tendem a ser maiores

octaploide
triploide tetraploide
Poliploidias
Tipos:
Autopoliplóide : Várias cópias de um único conjunto cromossômico.

Alopoliplóide : Várias cópias de dois ou mais conjuntos cromossômicos


diferentes.

Origem
Erros meióticos: formação e fusão de gametas não reduzidos.

Erros mitóticos: duplicação dos cromossomos duas ou mais vezes


entre as mitoses (endomitose).
Variação numérica - Aneuploidia
Nas aneuploidias há ganho ou perda de um ou mais cromossomas, de
modo que o conjunto deixa de ser equilibrado.

Como a alteração é quantitativa, a mensagem genética contida nos


cromossomas mantém-se intacta, embora, como veremos, as
aneuploidias possam causar graves alterações no organismo.

As aneuploidias ocorrem por falha na separação dos cromossomas


homólogos - denominada não disjunção - durante a divisão celular.

A meiose não disjuntiva dá origem a um gameta aneuploide que, quando


se une a um gameta normal, forma um zigoto portador de uma
aneuploidia. Se faltar um cromossomo no gameta aneuploide, o zigoto
será monossómico. Se sobrar um cromossomo, o zigoto será
trissómico.
Aberrações cromossômicas Estruturais.

Existem vários tipos de aberrações cromossômicas estruturais.

As aberrações cromossômicas estruturais devem ser diferenciadas das


mutações gênicas, nas quais as alterações ocorrem ao nível molecular,
com alteração do código genético.

Nas aberrações cromossômicas estruturais ocorre uma alteração na


composição ou na organização de um ou mais cromossomas.
Aberrações cromossômicas Estruturais.
As aberrações cromossômicas Estruturais podem ser do tipo:
Deleção: A perda de material cromossômico pode ser terminal - em
uma extremidade do cromossoma - ou intersticial - em um segmento
intermediário do cromossomo

Geralmente, as deleções são letais na condição homozigoto, o que indica que a


maioria dos genes é imprescindível para o desenvolvimento do organismo.
Aberrações cromossômicas Estruturais
As aberrações cromossômicas Estruturais podem ser do tipo:

Duplicação: Nesta aberração um segmento cromossômico é


representado mais de uma vez em um mesmo cromossoma. As
duplicações produzem efeitos menos graves para os indivíduos do que
as deleções.
Aberrações cromossômicas Estruturais
As aberrações cromossômicas Estruturais podem ser do tipo:

Inversão: Aqui um segmento de um cromossoma se inverte 180°. As


inversões são denominadas pericêntricas, quando o segmento afetado
inclui o centrômero, e paracêntricas quando não o incluem.
Aberrações cromossômicas Estruturais
As aberrações cromossômicas Estruturais podem ser do tipo:
Translocação: Esta aberração cromossômica ocorre quando se
rompem dois cromossomas não homólogos e seus segmentos se
intercambiam . Quando a ruptura é registrada ao lado do centrômero,
ambos os cromossomos podem se fundir e dar origem a um
cromossoma metacêntrico maior. Este processo - denominado
translocação robertsoniana - tem acontecido durante a filogenia de
muitas espécies, nas quais têm surgido cromossomas novos, apesar
de sua redução numérica.
ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS
As radiações e os mutagénicos químicos podem produzir ropturas
nos cromossomas.
Da mesma forma que as mutações gênicas, as aberrações
cromossômicas estruturais podem ser produzidas espontaneamente.
Todavia, sua frequência aumenta pela ação de agentes químicos
mutagénicos, certos vírus ou por efeito das radiações ionizantes (raios
X, β , γ , luz ultravioleta) .
ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS NA ESPÉCIE
HUMANA
As células humanas podem ser afetadas por aberrações
cromossômicas.
As alterações cromossômicas mais comuns no homem são representadas por
aneuploidias (monossomias e trissomias) e por aberrações estruturais que
produzem malformações congênitas graves, retardo mental e esterilidade,
situações que atuam como mecanismos seletivos para eliminar da população
esses graves desequilíbrios genéticos. O diagnóstico das aberrações
cromossômicas pode ser feito antes do nascimento, por meio do estudo de
algumas poucas células fetais obtidas do líquido amniótico (amniocentese) ou
das vilosidades coriônicas (biópsia).
ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS NA ESPÉCIE
HUMANA
Entre as aneuploidias mais importantes está a síndrome de Down ou
mongolismo, na qual existem três cromossomas do par 21 (trissomia) no
lugar de dois. Os afetados apresentam um profundo defeito no
desenvolvimento do sistema nervoso central, retardo mental e outras
malformações. Esta aberração cromossômica é mais frequente à medida
que aumenta a idade da mãe.

• Baixa estatura.
• Debilidade mental.
• Dentição irregular.
• Olhos puxados.
• Mãos e dedos curtos e grossos.
ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS NA ESPÉCIE
HUMANA
ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS NA ESPÉCIE
HUMANA

Síndrome de Edwards- Trissomia do par 18


o bebê é pequeno e débil, sua cabeça é achatada lateralmente, os pavilhões
auriculares são mal desenvolvidos, as mãos são curtas e as impressões digitais
são sumamente simples; apresenta evidente retardo mental e a morte ocorre
antes de um ano de vida.
ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS NA ESPÉCIE
HUMANA

Síndrome de Patau- Trissomia do par 13.


Aparecem múltiplas malformações somáticas e retardo mental profundo. A
cabeça é pequena e amiúde os olhos são muito pequenos ou estão ausentes;
também são frequentes a fenda labial e a fenda palatina. Na maioria dos
casos, a morte ocorre pouco depois do nascimento.
ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS NA
ESPÉCIE HUMANA
As aneuploidias também podem afetar os cromossomos sexuais.

Síndrome de Klinefelter : Estes indivíduos possuem 47 cromossomas


(44 autossomas + XXY ).

São de aparência normal, porém apresentam testículos pequenos,


ginecomastia, tendência a estatura elevada, obesidade e menor
desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários.

A espermatogênese não ocorre, o que determina a esterilidade da


qual padecem.
ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS NA ESPÉCIE
HUMANA
ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS NA ESPÉCIE HUMANA
Síndrome XYY: Os indivíduos afetados possuem 47 cromossomas (44
autossomas + XYY). Trata-se de homens de aspecto normal, altos, com
transtornos da personalidade.

Síndrome XXX: Deve-se à presença de 47 cromossomas (44


autossomas + XXX) e se apresenta em mulheres com fenótipo
praticamente normal. Algumas exibem graus distintos de retardo mental
ou características psicóticas.

Síndrome de Turner. No cariótipo destas pacientes existem 45


cromossomas (44 autossomas + X) e não aparece a cromatina sexual.

O fenótipo dos indivíduos é feminino, podem ser de baixa estatura,


apresentam membranas cervicais (pregas de pele que se estendem
desde as mastoides até os ombros) e seus órgãos sexuais internos
são infantis. O ovário não completa a sua formação e por causa
desta disgenesia ovárica não 'se desenvolvem os caracteres sexuais
secundários.
ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS NA ESPÉCIE HUMANA

Existem vários quadros produzidos por aberrações cromossômicas


estruturais .

A aberração cromossômica estrutural mais comum no ser humano


ocorre pela translocação do segmento de um cromossomo do par 21 a
um cromossomo do par 13, 14 ou 15 . Origina quadros semelhantes à
síndrome de Down, porém menos graves e menos frequentes -
representam 2% dos casos-e seu aparecimento não tem relação com
o aumento da idade materna. Neste caso, os indivíduos são
fenotipicamente normais, porém portadores da aberração, e, por isso,
podem transferir a malformação aos seus descendentes.
ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS NA ESPÉCIE HUMANA

Existem vários quadros produzidos por aberrações


cromossômicas estruturais.

A síndrome do miado do gato(Cri Du chat) ocorre como


consequência de uma deleção no braço curto do cromossomo 5. Dá
lugar a múltiplas malformações e acentuado retardo mental. Além
disso, a criança emite um choro estranho, semelhante a um miado.

Outros quadros de aberrações cromossômicas estruturais originam-


se pela deleção de uma parte de um dos cromossomos X (gera
um quadro semelhante à síndrome de Turner) ou pela deleção do
braço curto ou longo de um dos cromossomos do par 18 (produz
alterações faciais, esqueléticas e oftálmicas juntamente com um
retardo mental profundo).
A diferenciação celular
Características gerais
Em termos moleculares, diferenciação celular significa atividade
gênica variada nas células de um organismo.

A especialização das células implica a síntese de proteínas


específicas (como a hemoglobina nas hemácias, os anticorpos nos
linfócitos, os neurofilamentos nos neurônios etc.)

Em cada tipo celular é expresso um gene singular, distinto dos


expressos em outros tipos celulares (na realidade, as diferenças não
são determinadas por um único gene e sim por conjuntos de genes
distintos).
A diferenciação celular
Características gerais
A diferenciação celular não acarreta perda de informação genética, de
modo que em todas as células do organismo - qualquer que seja seu
estado de diferenciação - existem conjuntos de genes idênticos que são
os mesmos que se encontravam na célula-ovo (zigoto). Nas células
diferenciadas, o genoma permanece constante.

Uma prova rigorosa disso provém de experiências de transplante


nuclear em zigotos da rã Xenopus. Seus núcleos foram destruídos com
a luz ultravioleta e nesses zigotos injetaram-se núcleos somáticos de
células intestinais, completamente diferenciadas, provenientes do
mesmo animal.
os zigotos que receberam um núcleo de célula intestinal se
desenvolveram até formar rãs adultas normais que, além disso,
mostraram-se férteis
A diferenciação celular
Nas células diferenciadas, o genoma permanece constante.
A diferenciação celular
O núcleo e o citoplasma são interdependentes: um não sobrevive sem
a presença do outro. Por exemplo, enquanto o citoplasma possui as
moléculas de RNA para a síntese proteica e fornece a maior parte da
energia da célula mediante a fosforilação oxidativa nas mitocôndrias, o
núcleo proporciona a informação genética que dá lugar a estes RNA.

A revelação mais importante desta experiência de fusão celular é que a


síntese do RNA e do DNA no núcleo é controlada pelo citoplasma, o que
significa que substâncias presentes no citoplasma penetram no núcleo e
provocam a duplicação do DNA e a produção dos RNA.
A diferenciação celular
O controle da atividade gênica é realizado em vários níveis.

As experiências de fusão de células e de transplante nuclear


demonstraram que os genes não se perdem no curso da diferenciação
celular e que as diferenças entre as células especializadas se devem a
que cada uma delas expressa conjuntos de genes distintos.
Concomitantemente, os resultados obtidos com as experiências de
fusão celular não deixam dúvidas de que o citoplasma contém
componentes capazes de regular a atividade dos genes.
A morte celular
A morte das células é um fenômeno comum durante o desenvolvimento
embrionário, necessário para remover tecidos provisórios (por exemplo, as
membranas interdigitais durante a formação dos dedos), eliminar células
supérfluas (como ocorre com quase a metade dos neurônios no curso da
neurogénese), originar duetos, formar orifícios etc.

Também ocorrem mortes celulares durante a vida pós-natal, quando o


organismo necessita remodelar tecidos ou remover células danificadas,
desnecessárias, redundantes, envelhecidas ou perigosas para a saúde, como
o são as células infectadas, as células tumorais ou as auto-reativas (por
exemplo, os linfócitos T que reagem contra o próprio organismo).
A morte celular
Tendo em vista que as células destinadas a morrer podem perecer
para que as restantes do corpo sobrevivam, podemos dizer que
protagonizam um tipo de imolação biológica.

Estas mortes celulares fisiológicas ou programadas ocorrem ao final de


uma série de alterações morfológicas que recebem o nome de
apoptose (do grego, apo, separado de, e ptósis, queda), termo usado
para diferenciá-las das mortes celulares acidentais - produzidas por
traumatismos, substâncias tóxicas, obstruções vasculares etc. -
conhecidas como necrose.
A morte celular por
Apoptose

A apoptose produz alterações celulares características.

As modificações que as células sofrem quando morrem por apoptose


são características. São devidas à ativação de certas protéases
citosólicas especiais chamadas caspases (do inglês, çysteinyl
aspartate proteinases) e ocorrem na seguinte ordem:

1) O citoesqueleto se desmonta devido à ruptura de seus filamentos.


Como consequência, a célula perde contato com suas vizinhas (ou
com a matriz extracelular) e se torna esférica.

2) A célula se encolhe porque o citosol e as organelas se condensam


sem que suas estruturas sejam afetadas. A condensação é devida à
alteração da permeabilidade das membranas celulares.
A morte celular por
Apoptose (cont…)

3) Os filamentos laminares (lamino filamentos) se dissociam, com a consequente


desintegração do envoltório nuclear.

4) A cromatina se compacta e as moléculas de DNA se seccionam por ação de uma


endonuclease, o que divide o núcleo em pequenos fragmentos que se distribuem no
citoplasma.

5) Na superfície da célula surgem numerosas protrusões, quase todas com fragmentos


nucleares no seu interior.

6) Depois as protrusões se desprendem, convertidas em frações celulares chamadas corpos


apoptóticos. Cabe assinalar que suas organelas estão relativamente bem conservadas.

7) As fosfatidilserinas das membranas que envolvem os corpos apoptóticos - previamente


localizadas na monocamada citosólica da membrana plasmática- se trasladam para a
monocamada externa.

8) Finalmente, atraídos por estas fosfatidilserinas, numerosos macrófagos acorrem ao lugar


da apoptose e fagocitam os corpos apoptóticos.
Apoptose
Activação de
Apoptose
A apoptose é ativada por causas distintas

A maior parte das mortes celulares por apoptose ocorre quando:


1) São suprimidos os fatores tróficos que mantêm as células vivas;

2) Substâncias que induzem a morte celular se ligam a receptores


específicos;

3) O DNA nuclear é afetado por mutações capazes de pôr em perigo


o organismo.
Activação de Apoptose por supressão dos fatores
tróficos
A apoptose que é ativada quando os fatores tróficos são suprimidos
é mais generalizada.

Cada tipo de célula é mantida viva por uma substância indutora específica,
chamada fator trófico ou fator de sobrevivência, que lhe chega das células
vizinhas .

A maioria das mortes celulares por apoptose ocorre quando se suprimem essas
substâncias. Os fatores tróficos mais estudados são as glicoproteínas CSF
(do inglês, colony stimulating factors) e o grupo de substâncias chamadas
neurotrofinas.

As CSF estimulam a sobrevivência, o crescimento e a diferenciação dos


glóbulos sanguíneos.

Já as neurotrofinas - substâncias segregadas pelos tecidos inervados, a cuja


família pertence o NGF - têm por função manter vivos os neurônios e estimular o
crescimento de seus axônios.
Activação de Apoptose por ativação de
receptores específicos
A apoptose devida à ativação de receptores específicos é mais rápida
que a estudada na seção anterior .

Embora a morte celular possa ocorrer na ausência de fatores de sobre


vivência como os fatores tróficos, a apoptose pode também ser induzida
pela presença de determinados sinais que causam a morte. Por exemplo,
o fator de necrose tumoral - TNF (do inglês tumor necrosis factor), que é
liberado pelos macrófagos em algumas doenças infla- matórias crônicas e
que dispara a morte celular e a destruição do tecido.

Outro importante sinal que induz a apoptose é a proteína denominada


Fas, que é produzida por algumas células do sistema imunológico e que
pode iniciar a morte de células infectadas por vírus, de algumas células
tumorais, assim como células enxertadas (transplantadas) no organismo.
Activação de Apoptose por ativação de receptores
específicos
Tanto TNF quanto o ligante Fas interagem com receptores específicos
na superfície celular. Estes receptores são proteínas
transmembranais que apresentam, em suas porções citosólicas, uma
sequência de aminoácidos conhecida como domínio de morte.
Quando os receptores são ativados pela ligação dos sinais (TNF ou
Fas), este domínio atrai uma série de fatores citoplasmáticos que inclui
o Domínio de Destruição Associado a Fas – FADD (do inglês Fas
receptor-associated death domain) que age recrutando a pro-caspase-8
e convertendo-a em caspase-8 ativa.

Logo esta caspase iniciadora ativa uma cascata de caspases que


envolve a caspase-9 e a caspase 3, que, como visto no tópico
anterior, é a caspase executora responsável pela ativação das
enzimas que agem produzindo as alterações celulares específicas que
culminam na morte celular.
Activação de Apoptose por ativada por mutações no
DNA
Outra condição biológica que pode levar a apoptose ocorre quando o DNA sofre
alterações irreversíveis em sua estrutura e que podem comprometer a
viabilidade celular e acarretar doenças diversas, inclusive o câncer.
Tais condições incluem:
(1) o envelhecimento celular;

(2) defeitos no processo de replicação do DNA;

(3) a ação de agentes ambientais, químicos e biológicos (raios X, radiação


solar UV, substâncias químicas, vírus, etc.) e ;

(4) o acúmulo na célula de agentes oxidantes como o peróxido de hidrogênio


(H2O2) e a espécie reativa do oxigênio (os aniões superóxidos O2-).
Activação de Apoptose por ativada por mutações no
DNA

Diante da presença destas alterações, pode intervir a proteína p53 que


participa na resposta intracelular ao dano no DNA, atrasando a
progressão da fase G1 do ciclo celular. Este atraso pode prover tempo
para o reparo no dano ao DNA. Quando este reparo não tem êxito,
estes danos podem ser perpetuadas como mutações caso as células
entrem na fase S. Nesta situação, a própria proteína p53 parece iniciar
o processo apoptótico celular, a fim de evitar a transferência do DNA
danificado às células filhas.

Para isso, a p53 inativa a Bcl-2, o que desencadeia o mesmo processo


de ativação das caspases que leva à morte celular, descrito
anteriormente para a situação em que faltam os fatores tróficos.

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