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Brazilian Journal of Health Review 11938

ISSN: 2595-6825

Não somos reféns da nossa genética: epigenética no controle da expressão


gênica mecanismos envolvidos com algumas doenças

We are not hostages of our genetics: epigenetics in the control of gene


expression mechanisms involved in some diseases
DOI:10.34119/bjhrv6n3-277

Recebimento dos originais: 02/05/2023


Aceitação para publicação: 05/06/2023

Maria Eduarda Souza


Graduanda em Biomedicina
Instituição: Centro Universitário Sudoeste Paulista (UNIFSP)
Endereço: Av. Prof. Celso Ferreira da Silva, 1001, Jardim Europa 1, CEP: 18707-150
E-mail: meduda2265@gmail.com

Julia Vitória de Oliveira


Graduanda em Biomedicina
Instituição: Centro Universitário Sudoeste Paulista (UNIFSP)
Endereço: Av. Prof. Celso Ferreira da Silva, 1001, Jardim Europa 1, CEP: 18707-150
E-mail: juliavitoriadeoliveira000@gmail.com

Queren Rosa de Santa Anna Fabiano


Graduanda em Biomedicina
Instituição: Centro Universitário Sudoeste Paulista (UNIFSP)
Endereço: Av. Prof. Celso Ferreira da Silva, 1001, Jardim Europa 1, CEP: 18707-150
E-mail: querenrosa2019@gmail.com

RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo demonstrar de forma sucinta, que a herança genética de
um indivíduo não deve ser um fator limitante. Ninguém herda câncer, obesidade ou outras
doenças. A herança genética não faz ninguém refém dos seus genes. No entanto, o que
herdamos é susceptibilidades que, em conjunto com o estilo de vida que adotamos, farão com
que esses genes sejam expressos ou não. Dessa forma, por meio dos nossos hábitos de vida
conseguimos modular nossos genes. A epigenética descreve eventos moleculares que ocorrem
no DNA, mas não afetam a sequência de DNA em si. De fato, hoje sabe-se que a atividade
genética pode ser regulada como um interruptor de uma lâmpada: pode ser desligada ou ligada,
em diferentes níveis.Essa regulação é realizada a partir de alterações químicas na sequência de
DNA dos nossos genes, sem alterar a identidade dos pares de base que compõem o DNA,
atuando literalmente sobre os genes, daí o termo ‘epigenética. ’Alterações epigenéticas
impactam na forma como a molécula de DNA é formatada, e consequentemente, regula quais
genes permanecerão ativos, influenciando na fisiologia e no comportamento de um
organismo.Envolvendo o estudo de uma imensa diversidade de fenômenos biológicos, através
de uma pesquisa bibliográfica, apresentamos os principais pontos de relação com o câncer,
vício, obesidade, desordens neurológicas, envelhecimento e outras aplicações a epigenética no
controle da expressão gênica e seus mecanismos envolvidos com algumas doenças. Dentre a
metilação do DNA, principal ferramenta por qual a epigenética age, no final relacionamos com
as perspectivas futuras e as aplicações de terapias epigenéticas como forma de demonstrar que
não somos reféns da nossa genética! Nosso livre arbítrio e nossas escolhas regem nossa vida.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p. 11938-11953, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 11939
ISSN: 2595-6825

Palavras-chave: DNA, epigenetica, expressão gênica.

ABSTRACT
The present work aims to demonstrate succinctly that an individual's genetic heritage should
not be a limiting factor.Nobody inherits cancer, obesity or other doseasses. Genetic inheritance
does not hold anyone hostage to their genes.However, what we inherit are susceptibilities that,
together with the lifestyle we adopt, will cause these genes to be expressed or not.In this way,
through our life habits we manage to modulate our genes.Epigenetics describes molecular
events that occur in DNA but do not affect the DNA sequence itself.In fact, today it is known
that genetic activity can be regulated like a light switch: it can be turned off or on, at different
levels.This regulation is carried out from chemical changes in the DNA sequence of our genes,
without changing the identity of the base pairs that make up the DNA, literally acting on the
genes, hence the term 'epigenetics.’ Epigenetic alterations impact the way the DNA molecule
is formated, and consequently, regule-te which genes will remain active, influencing the
physiology and behavior of an organizem.Involving the study of an immense diversity of
biological phenomena, through a bibliografia research, we present the main points of relation
with cancer, addiction, obesity, neurological desordens, aging and other applications to
epigenetics in the control of gene expression and its mechanisms involved with some diseases.
(Among DNA methylation, the main tool by which epigenetics acts, in the end we relate it to
future perspectives and applications of epigenética therapies as a way of demonstrating that we
are not hostages to our genetics)!.Our free will and our choices govern our lives.We can then
say that "Genetics loads the gun, but the individual pulls the trigger.".

Keywords: DNA, epigenética, gene expression.

1 INTRODUÇÃO
Epigenética é uma área emergente de pesquisa científica que mostra como as influências
ambientais induzem os genes , de certa forma, a se expressar conforme o contexto ambiental, o
que inclui diversos fatores, experiências emocionais e estilo de vida que realmente afetam a
expressão dos genes.A parte mais interessante da epigenética talvez seja a sua flexibilidade
diferente de mutações que podem ocorrer nos pares de bases do DNA, as modificações
epigenéticas ocorrem o tempo todo e são facilmente influenciadas pelo meio ambiente onde o
organismo vive. Tais fatores variam desde substâncias complexas e claramente danosas como
metais pesados, agrotóxicos, pesticidas, radioatividade e fumaça de cigarro, até substâncias
comuns e presentes no nosso corpo como os hormônios, bactérias e nutrientes incorporados na
dieta. Pesquisadores demonstraram, em 2003,que de acordo com o tipo de dieta da mãe, a
coloração e a predisposição à obesidade de camundongos podem mudar. E que os mecanismos
por trás dessas mudanças são puramente epigenéticos, ou seja, todos os camundongos tinham
exatamente os mesmos genes, a única diferença existente era no padrão das moléculas
associadas ao DNA.Segundo defende Lipton: Estudando essas comunidades celulares cheguei
à conclusão de que não somos vítimas de nossos genes e sim donos de nosso próprio destino,

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8capazes de criar uma vida cheia de paz, felicidade e amor (Bruce Lipton p.14 Biologia da
crença) após os anos 2000 com os trabalhos principalmente de Bird e
Colaboradores (2007), Felsenfeld e colaboradores (2014), Haig (2011), Morange
(2013), a epigenética em suma, demonstra que nossos genes não definem exclusivamente como
nós somos, ou seja, em um sentido amplo é a ferramenta de interação entre o fenótipo e o
genótipo, e demonstra que existem mudanças hereditárias no DNA que não envolvem a
mudança no sequenciamento genotípico (GOLDBERG; ALLIS; BERNSTEIN, 2007). Segundo
Bird e colaboradores (2002), a expressão gênica do fenótipo também depende ativação ou
desativação de genes regulados por mecanismos como a metilação do DNA e acetilação das
histonas(NIGHTINGALE; O’NEILL; TURNER, 2006).Ainda pouco se sabe sobre quais as
ferramentas responsáveis pela ativação da expressão de genes específicos, porém ao longo dos
anos, inúmeros estudos vêm fornecendo novas visões e posicionamentos, ajudando ainda mais
no desenvolvimento desta área em grande crescimento, de acordo com Goldberg e
colaboradores (2007), parte da dificuldade .Que a epigenética passa, é a falta de aceitação de
definição como um campo de pesquisa específico e separado da genética.A epigenética, pode
vir a explicar como mudanças que fazem gêmeos idênticos, que possuem o mesmo DNA,
poderem ao longo da vida adquirir características diferentes e expressar divergências sobre algo
que tem forte herança genética (PETRONIS, 2006).A aparição de um câncer em apenas um dos
gêmeos idênticos, enquanto o outro leva uma vida sem nunca desenvolvê-lo, mesmo com uma
predisposição maior do ponto de vista genético (SBOC) é um dos tópicos a ser explorado.A
epigenética apresenta algumas respostas que podem explicar estes fatores já que podemos
defini-la como alterações herdáveis na expressão gênica sobre a organização da cromatina, que
não causam modificações na sequência de Bases do DNA.(GIBNEY; NOLAN, 2010).

2 MATERIAL E MÉTODO
Tratou-se de uma revisão integrativa da literatura, essa técnica acontece quando artigos
publicados são analisados e trazem discussões sobre um fenômeno investigado. Vale ressaltar
que esse tipo de estudo é importante no processo de comunicação, por oferecer conhecimento
a diversas áreas de atuação, o acesso rápido aos resultados relevantes, pois um dos propósitos
dessa pesquisa é junto a literatura compreender e reforçar a importância da pesquisa para o
subsídio de tomadas de decisão (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
Esse método possibilita a exploração de determinado assunto, a fim de reconhecer o
atual estado da temática estudada e apontar lacunas do conhecimento. A questão norteadora que

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direcionou essa pesquisa foi:Epigenética no controle da expressão gênica mecanismos


envolvidos com algumas doenças.
Para a obtenção dos dados, a coleta aconteceu em outubro de 2022, mediante a busca na
base de dados: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) -
Google Scholar, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),
Scientific Electronic Library Online (SciELO) e o Sistema Online de Busca e Análise de
Literatura Médica (MEDLINE). A identificação e localização das publicações foram utilizados
os descritores em português Dna, Epigenética, expressão gênica.
Os critérios de inclusão para seleção foram: artigos disponíveis em texto completo,
artigos na língua portuguesa e que tratassem a temática abordada critérios de exclusão foram:
artigos publicados apenas em resumo, artigos duplicados, cartas ou editoriais, dissertações e
tese e que não estivesse dentro do tema abordado.

3 DESENVOLVIMENTO
Foram selecionados para a análise apenas artigos que tinham como foco a temática em
questão, o levantamento desses artigos ocorreu em outubro de 2022. Incialmente foi realizada
a busca com os descritores no Periódico da CAPES pela base Google Scholar, e foram
encontradas 212 publicações e posteriormente a realização dos filtros estabelecidos pelos
critérios de inclusão, restaram 100 publicações, após análise de títulos e resumos, exclusão por
fuga do tema e repetição foram selecionadas 52 para leitura análise de inclusão, por fim, desses
foram selecionadas por meio da análise de conteúdo, 21 artigos para serem incluídos na revisão.
Finalizando a trajetória metodológica, os artigos selecionados foram analisados.
Baseando-se na leitura exploratória dos artigos, foi possível identificar informações que são
similares nos resultados e discussões dos textos, e para melhor compreensão dos dados, foram
construídas as categorias de análise do estudo, elencando as temáticas que mais apareceram nos
artigos revisados, temas de extrema importância que abordam a importância da epigenética no
controle da expressão gênica.

3.1 AS ORIGENS DA GENÉTICA


A história dos primeiros estudos da transmissão de características hereditárias se deu
anteriormente à descoberta das ferramentas responsáveis por isso, pois Darwin ao escrever a
origem das espécies, que tem sua primeira publicação datada de 1859, não sabia o modo pelo
qual as características hereditárias eram repassadas por gerações.(EXLEY, 2009).Apesar de
podermos citar que os principais nomes tiveram um intervalo muito curto entre suas

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teorias(Darwin e Mendel), ambos nunca chegaram a relacionar seus trabalhos, porém segundo
Galton (2009) os registros demonstram que Mendel teve acesso ao trabalho de Darwin e quando
a apresentação de seu trabalho foi lida frente a sociedade para estudo da ciência natural de
Brunn, em 1865.O livro de Darwin já se encontrava em sua terceira edição, registros apontam
que em 1863, Mendel tinha tido acesso a publicação de Darwin em sua segunda edição, e dentre
as 40 impressões que fez do seu artigo, a qual Mendel enviou seu trabalho sobre experimentos
entre hibridização de plantas para cientistas famosos da época, alguns estudos podem ter sido
endereçados a Darwin, porém ignorados (GALTON, 2009).Charles Darwin através da sua
teoria da seleção natural, fez uma predição bastante correta sobre a especialização e evolução
natural das espécies (EXLEY, 2009).Ao mesmo tempo, em um mosteiro da ordem agostiniana
na república Checa, Gregor Mendel realizava um trabalho no cruzamento de plantas, vindo a
definir as leis que até hoje nos fundamentamos acerca do cruzamento genético, conhecidas
como Leis de Mendel (ILTIS, 2018). Apesar de sua enorme contribuição, seu trabalho só foi
reconhecido décadas após seu falecimento, pois foi ignorado no tempo de sua publicação.

3.2 O DNA
O ácido desoxirribonucleico é um composto orgânico cujas moléculas contêm as
instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres
vivos e alguns vírus, e que transmitem as características hereditárias de cada ser vivo DNA,
material responsável pela síntese proteica, é formado a partir de moléculas chamadas
nucleotídeos, se consistindo em uma molécula de açúcar-fosfato e uma cadeia lateral
nitrogenada, essas bases nitrogenadas são formadas por quatro moléculas (adenina, timina,
citosina e guanina), que podemos nos referir como A,T,C,G.(COX, 2012).Em todos os
organismos vivos a regra é a mesma, com exceção das Moléculas de RNA, que no lugar da
timina, possui a uracila e também a cadeia principal é formada por um açúcar um pouco
diferente, a ribose, no lugar da desoxirribose. (ALBERTS et al., 2017).Também no século
passado, Segundo o livro DNA: O segredo da vida, Watson e crick(2005) se teve uma disputa
para descobrir a estrutura do DNA, o qual foi descoberto por James Watson e Francis Crick
como sendo uma estrutura em dupla hélice, com especial Contribuição de Rosalind franklin,
que através de seus estudos preliminares, definiu o que se estavam buscando, infelizmente
diferente dos outros dois nomes, ela não chegou a ser reconhecida em vida por seu trabalho,
estando fora do prêmio Nobel pela proposta estrutural do DNA.

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3.3 PÓS-GENÉTICA
A descoberta do gene e da estrutura do DNA e sua composição alavancaram uma nova
ciência, a biologia molecular, com o advento de novas tecnologias, se tornou possível estudar
as interações que ocorrem entre o DNA, RNA, proteínas e outros compostos orgânicos do ponto
de vista molecular.(BURLEY et al., 1999).Com o estudo do DNA e os mecanismos de
funcionalidade, se definiu o que é o imprinting genômico, que de acordo com Reik e Walter
(2001) é uma expressão específica do alelo dependendo do pai de origem do alelo.

3.4 A EPIGENÉTICA E O ENVELHECIMENTO


Antes de entrar no mundo das doenças com origens ou relações epigenéticas, podemos
falar sobre o processo biológico responsável pelo desgaste progressivo de todos os organismos
vivos, conhecido como envelhecimento.
Alguns estudos atuais e ainda recentes, as mudanças progressivas causadas com as
modificações nas histonas e metilação no DNA, cria uma uma acessibilidade alterada no
material genético, resultando em uma expressão gênica defeituosa, auxiliando a ocorrência de
problemas resultantes do envelhecimento, aumentando assim por exemplo, uma maior
susceptibilidade a doenças.Segundo Pal, Tyler e colaboradores (2016), em estudos com
leveduras, se chegou à conclusão que a perda de heterocromatina, o que era tido até então como
modelo mais promissor sobre uma das causas do envelhecimento, foi tirado de paradigma, se
viu a heterocromatina sendo reorganizada, tendo uma perda de proteína nas histonas, que em
fibroblastos primários humanos, essa síntese reduzida de proteínas, foi uma consequência direta
do encurtamento dos telômeros, a consequência disso é uma instabilidade genômica causada
por cromatina mais ‘’relaxada’’ (PAL; TYLER, 2016).Além das mudanças causadas na
heterocromatina, o estudo também cita mudanças de metilação do DNA durante o
envelhecimento, sabe-se que ocorre um processo de de declínio progressivo nos níveis de DNA
metiltransferase DNMT 1, o que carece de mais estudos pra .Ser compreendida, e seus efeitos
a longo prazo, se tem esperança que as novas tecnologias de sequenciamento genético possam
preencher as lacunas destas pesquisas.As mudanças epigenéticas afetam os telômeros, que
segundo Blasco, M.(2007) o encurtamento dos mesmos, ocorre concomitante ao
envelhecimento, e segundo Aubert e Peter(2008) é o ponto central da ocorrência do
envelhecimento no organismo, em consequência ao envelhecimento, uma doença que tem
predisposição a aparecer é o câncer, que vamos falar logo mais.

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3.5 EPIGENÉTICA BASES GENÔMICAS NA GESTAÇÃO


A mudança dos nossos genes em decorrer de toda a nossa vida são bases da genética;
sabemos que a vida que vivemos e os alimentos que ingerimos podem interferir no nosso
genoma e assim acarretando doenças no neonatal, alguns fatores envolvidos: alterações nas vias
de regulação hormonal, desregulação epigenética e desenvolvimento intrauterino.A carência de
ferro ou zinco pode inibir o crescimento fetal por diminuir a atividade da igf-1 e de seus
receptores. Durante a idade fetal as mulheres estão mais vulneráveis a desenvolver carências,
portanto o incentivo ao consumo de uma dieta variada e importante suplementação.O zinco está
presente em mais de 300 enzimas e desempenham papel na expressão gênica, estudos
constataram que a diminuição do zinco na gestação e durante o crescimento esteve associada
ao desenvolvimento de doenças.
Processos epigenéticos são considerados importantes mecanismos pelos quais o genoma
pode responder ao ambiente. A plasticidade do epigenoma durante as fases iniciais do
desenvolvimento embriogênese/desenvolvimento fetal se torna suscetível a distúrbios
induzidos por fatores: má nutrição, hormônios entre outros, que poderiam alterar a expressão
gênica e o fenótipo ao longo prazo sendo assim a epigenética poderia explicar como
experiencias no inicio da vida podem ser retidas ao longo da vida.
Enquanto o feto ainda está em formação, é necessário um certo aumento de nutrientes,
principalmente vitaminas e minerais, o que também é importante durante a gravidez. Assim
como a vitamina B 6 (piridoxina), a vitamina B 9 (ácido fólico) e a vitamina B 12
(cianocobalamina), a vitamina B 12 está envolvida no desenvolvimento do sistema nervoso.
Esse sistema complexo começa a se desenvolver no útero e continua por anos após o
nascimento do bebê. (Santos, 2022).
Ácido fólico, também conhecido como vitamina B9, é uma das vitaminas essenciais
para os bebês nos primeiros meses de gravidez. Isso porque a vitamina é responsável pela
formação do tubo neural do bebê, que produz o cérebro e a medula espinhal do feto durante o
primeiro mês de gestação, período mais crítico para as malformações devido à ingestão
insuficiente de vitaminas e minerais essenciais durante a gravidez (SILVA et al. 2007).
O amplo estudo em genômica já a algumas décadas mostra que os alimentos consumidos
pela mãe modulam quais genes serão mais ou menos ativos no bebê (epigenética). Com a
nutrição materna personalizada, é possível fazer a programação metabólica epigenética do bebê
para que ele tenha menor risco de desenvolver doenças crônicas não-transmissíveis, como
diabetes, hipertensão e até Alzheimer no futuro.

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Quando o embrião está se desenvolvendo, há dois momentos em que ocorrem “apagões


globais do padrão de metilação do DNA”. Nesses momentos, o feto fica suscetível às variações
de oferta de substâncias (do grupo metil) para restabelecer o processo padrão de metilação de
seu DNA, mulheres usem o ácido fólico antes da concepção e nos três primeiros meses de
gravidez. A ingestão diária de 400 microgramas dessa vitamina pode reduzir em até 75% o risco
de malformação no tubo neural do feto, o que previne casos de anencefalia, paralisia de
membros inferiores, incontinência urinária e intestinal dos bebês. Isso, além de diferentes graus
de deficiência mental e de dificuldades de aprendizagem escolar,saúde materna durante a
gravidez desempenha um papel importante na definição dos riscos de saúde e doenças da prole.
Uma das hipóteses é a de ativação imune materna. Esta hipótese defende que perturbações
inflamatórias no útero podem afetar o neurodesenvolvimento fetal. Diversos fatores
inflamatórios maternos, incluindo obesidade, asma, doença autoimune, infecção e estresse
psicossocial, estão associados a um risco aumentado de transtornos do neurodesenvolvimento.
Perfil nutrigenético nada mais é do que o resultado da análise de um conjunto de genes que nos
dão informações sobre determinadas características do paciente.Os genes analisados
influenciam como o organismo responde a determinados nutrientes e vitaminas, além de indicar
predisposições a doenças, intolerâncias e sensibilidades alimentares.Primeiramente, a análise é
feita pelos testes nutri genéticos, sendo que cada tipo de teste avalia um conjunto específico de
genes.

3.6 A EPIGENÉTICA E O CÂNCER


Pesquisas atuais têm demonstrado que a regulação gênica de princípio epigenético,
colabora com alterações gênicas desenvolvendo câncer, segundo Sharma et al. (2009) devido a
falhas na manutenção de marcas hereditárias de várias vias de sinalização, levam a doenças
como o câncer, ainda segundo seu trabalho, mesmo as mudanças genéticas no processo
cancerígeno sendo amplamente aceito, podem ser alterações epigenéticas os primeiros fatores
associados ao aparecimento de alguns tipos de cânceres, reconhecer isso e elaborar terapias é o
motivo de maior estudo sobre o tema. (LUND; LOHUIZEN, 2004b)
A via primeiramente explicada, é da metilação do DNA no câncer, enquanto em células
normais, as ilhas cpg não apresentam metilação, quando ativos como em genes supressores de
tumor, acompanham as marcas de histonas ativas. Fazendo com que durante a oncogênese, os
promotores de genes supressores de tumor, tornem-se metilados (SHARMA; KELLY; JONES,
2010).

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A reprogramação aberrante no epigenoma do câncer também é outro ponto realçado por


estudos atuais, sabe-se que o epigenoma do câncer é caracterizado por mudanças globais na
metilação do DNA (SHARMA; KELLY; JONES, 2010), segundo Jones e Baylin, a metilação
está intimamente ligada ao desenvolvimento do câncer, se por um lado a oncogênese é
promovida pela hipermetilação dos genes supressores de tumor, a hipometilação atua afetando
a estabilidade do gene.
Conclui se que ambos os trabalhos, relata que existe uma influência direta nos processos
epigenéticos no desenvolvimento de diversos tipos de cânceres, sendo assim o microambiente
tumoral, é visto como um modificador epigenético, ao se concentrar os estudos em sua causa,
fica mais fácil compreender e elaborar tratamentos emergentes contra o câncer a partir de
inibidores de reguladores epigenéticos, agentes clínicos que inibem DNMTs ou HDACs, estão
passando por testes clínicos (Claus e Lubbert et al. 2003).
Os testes clínicos e teóricos, levam como estratégia a aplicação de moléculas
direcionadas para reverter as aberrações causadas por alterações tumorais, fazem isso
concentrando as DNMTs E HDACs como alvos a nível epigenéticos, os chamados ‘’epi
fármacos’’(fármacos de atividade epigenética), se concentram sensibilizando as células
cancerígenas, como em exemplo, restaurando os receptores de várias proteínas, como o receptor
de estrogênio, ausentes em casos de câncer de mama. (KRISTENSEN; NIELSEN; HANSEN,
2009)
Segundo Mazzone e colaboradores (2017) a evasão imunológica atua sendo o principal
obstáculo contra a eficácia de terapias imunológicas contra o câncer, pois faz o controle do
tumor de longa duração ser ineficiente, então em teoria, os epi fármacos tendem a agir, fazendo
com que seja restaurado o reconhecimento imunológico de tumores, os estudos préclínicos
sendo realizados, demonstram que os efeitos imunomoduladores podem levar a uma regulação
imunológica seletiva, sendo assim necessário uma melhor compreensão de mecanismos
moleculares por quais atuam os DNMTs e HDACs estudados atualmente, com maior ênfase em
ensaios clínicos sendo realizados por HDAC e ANTi (Histona Desacetilases imunoterápicos e
DNA metiltransferase imunoterápico).

3.7 EPIGENÉTICA E OBESIDADE


O campo da epigenética se iniciou com o estudo de predisposição à obesidade
transferido de gerações, então atualmente, a correlação causal entre a obesidade e o epigenoma
é bastante compreendida e estudada.A obesidade é considerada um problema de saúde pública
mundial, sendo relacionada ao aparecimento de diversas comorbidades, e também responsável

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por doenças contemporâneas, apesar de ser uma doença com a sua etiologia multifatorial, se é
considerado que fatores epigenéticos influenciam em partes, se considera que a causa principal
são mudanças dinâmicas no padrão do DNA devido a restrição ou suplementação com
diferentes nutrientes, principalmente em período perinatal(CAMPEÓN; MILAGRO;
MARTÍNEZ, 2009) onde ocorre uma mudança no padrão de metilação de alguns genes, sendo
aumentado devido a restrição calórica, ainda segundo o autor, os avanços contínuos na área faz
com que se ocorra uma busca por promotores gênicos suscetíveis a regulação epigenética, os
genes envolvidos nesse processo foram nomeados como epi obesogênicos, onde se encontram
uma maior hipermetilação em regiões promotoras, ocasionando doenças metabólicas.Segundo
Herrera e colaboradores (2011) existe um padrão emergente de efeitos epigenéticos agindo
através do SNC em resposta a ambiente obesogênico, sendo impulsionado por neuro
comportamentos específicos, foram feitos estudos identificando Locis(partes do genes
responsáveis por alguma característica) relacionados à obesidade, porém no tópico seguinte,
falaremos pouco sobre a ligação entre epigenética e as neurociências .
Obesidade representa uma das maiores preocupações de saúde pública por aumentar a
proporção de mortalidade e os riscos relacionados à hipertensão, diabetes mellitus e doenças
cardíacas. A previsão para 2025 será de cerca de 2,5 bilhões de adultos com sobrepeso, a
quantidade de pessoas obesas poderá ser superior a 700 milhões. O objetivo do presente estudo
é demonstrar a ligação direta da genética e meio ambiente como principais motivos de risco a
obesidade.

3.8 DEGENERAÇÕES NEUROLÓGICAS COM PRINCÍPIOS EPIGENÉTICOS


Segundo Tsankova e colaboradores (2007) a epigenética é um fator crucial para o
desenvolvimento do sistema nervoso, ainda segundo o autor, os pontos que a epigenética se
envolve, são na neurogênese, plasticidade neuronal, aprendizagem e memória, e em outros
pontos ainda não estudados, a descoberta se dá pelos mecanismos comuns associados a
ferramenta epigenética, mudanças que ocorrem nas histonas e metilação de DNA nos
promotores de genes dessas características, em consequência, essas alterações podem ser
responsáveis pelo desenvolvimento de distúrbios como a depressão, vícios, esquizofrenia e
disfunções cognitivas.A Síndrome do X frágil é a alteração epigenética de princípio neurológica
mais estudada referente a fatores epigenéticos, ela ocorre principalmente em homens, pela
presença de apenas um cromossomo x, suas consequências são deficiências intelectuais graves,
como um comportamento semelhante ao espectro autista e atraso no desenvolvimento verbal.
Essa alteração foi identificada pela presença de várias repetições do trinucleotídeo CGG no

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gene conhecido como FMR1, associado ao retardo mental, a presença de muitos CGGs causam
metilação no gene impedindo a produção de uma proteína essencial denominada proteína do
retardo mental frágil X, o que causa então a desordem neurológica.Também existem estudos
atualmente tentando usar de ferramentas e fármacos de aplicação epigenética para o tratamento
de Alzheimer, depressão e outras desordens neurológicas. (MENKE; KLENGEL; B. BINDER,
2012).

3.9 EPIGENÉTICA VÍCIOS E DEPRESSÃO


Durante esse tópico iremos abordar importantes estudos sobre capacidade da dopamina
química do cérebro, além de transmitir sinais através das sinapses, para entrar no núcleo de uma
célula e controlar genes específicos. Que muda completamente a compreensão da genética e do
vício em drogas. O desejo intenso por drogas viciantes como álcool e cocaína pode ser causado
por genes controladores de dopamina que alteram os circuitos cerebrais subjacentes ao vício.
Curiosamente, os resultados também sugerem uma resposta para o motivo pelo qual os
medicamentos que tratam a depressão geralmente devem ser tomados por semanas antes de
serem eficazes.
Essas importantes descobertas nos fazem desconstruir algumas teorias em relação à
genética e trazem uma nova ótica das marcas epigenéticas relacionadas aos vícios e depressão.
Associando com a teoria Jean-Baptiste Lamarck de que traços adquiridos através da experiência
de vida podem ser transmitidos para a próxima geração Realmente podemos herdar traços que
nossos pais adquiriram em vida, sem nenhuma alteração na sequência de DNA de nossos genes.
Tudo graças a um processo chamado epigenética – uma forma de expressão gênica que pode
ser herdada, mas na verdade não faz parte do código genético. É aqui que acontece que
substâncias químicas cerebrais como a dopamina desempenham um papel.
Toda a informação genética é codificada na sequência de DNA de nossos genes, e as
características são transmitidas durante a recombinação de material genético durante a meiose
processo conhecido como crossing over.As informações e instruções genéticas são codificadas
em uma sequência de quatro moléculas diferentes (nucleotídeos abreviados como A, T, G e C)
na longa fita de dupla hélice do DNA. O código linear é bastante longo (cerca de 2 metros de
comprimento por célula humana), por isso é armazenado cuidadosamente enrolado em histonas
Os genes herdados são ativados ou desativados para construir um indivíduo único a
partir de um óvulo fertilizado, mas as células também ativam e desativam genes específicos
constantemente ao longo da vida para produzir as proteínas de que as células precisam para
funcionar. Quando um gene é ativado, proteínas especiais se ligam ao DNA, leem a sequência

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de letras e fazem uma cópia descartável dessa sequência na forma de RNA mensageiro. O RNA
mensageiro então transporta as instruções genéticas para os ribossomos da célula, que decifram
o código e produzem a proteína especificada pelo gene.
Mas nada disso funciona sem acesso ao DNA. Por analogia, se a fita DNA permanecer
bem enrolada, você não poderá ler as informações contidas no gene . A epigenética funciona
desenrolando a fita, ou não, para controlar quais instruções genéticas são realizadas. Na herança
epigenética, o código do DNA não é alterado, mas o acesso a ele é.
É por isso que as células do nosso corpo podem ser tão diferentes, embora cada célula
tenha DNA idêntico. Se o DNA não for desenrolado de seus vários carretéis de proteínas
chamadas histonas – o maquinário da célula não pode ler o código oculto. Assim, os genes que
produzem glóbulos vermelhos, por exemplo, são desligados em células que se tornam
neurônios.
O carretel de histonas que o DNA de um gene específico enrola é marcado com uma
etiqueta química específica, como um post-it molecular. Esse marcador direciona outras
proteínas para “enrolar a fita” e desenrolar o DNA relevante dessa histona (ou não enrolá-lo,
dependendo da etiqueta).
É um processo fascinante sobre o qual ainda estamos aprendendo mais, mas nunca
esperávamos que uma substância química cerebral aparentemente não relacionada também
pudesse desempenhar um papel. Os neurotransmissores são moléculas especializadas que
transmitem sinais entre os neurônios. Essa sinalização química entre os neurônios é o que nos
permite pensar, aprender, experimentar diferentes humores e, quando a sinalização do
neurotransmissor dá errado, sofrer dificuldades cognitivas e mentais. A serotonina e a dopamina
são exemplos famosos. Ambos são monoaminas, uma classe de neurotransmissores envolvidos
em doenças psicológicas, como depressão, transtornos de ansiedade e vício. A serotonina ajuda
a regular o humor, e os medicamentos conhecidos como inibidores seletivos da recaptação da
serotonina são amplamente prescritos e eficazes no tratamento da depressão crônica.
Acreditamos que eles funcionam aumentando o nível de serotonina no cérebro, o que aumenta
a comunicação entre os neurônios nos circuitos neurais que controlam o humor, a motivação, a
ansiedade e a recompensa. Isso faz sentido, claro, mas é curioso que geralmente demora um
mês ou mais até que a droga traga um alívio significativo à depressão.
A dopamina, por outro lado, é o neurotransmissor que atua nos circuitos de recompensa
do cérebro; produz aquele “me dê um high-five!” O surto de euforia que irrompe quando
acertamos um bingo. Quase todas as drogas viciantes, como cocaína e álcool, aumentam os
níveis de dopamina, e a recompensa de dopamina induzida químicamente leva a mais desejos

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por drogas. Um circuito de recompensa enfraquecido pode ser a causa da depressão, o que
ajudaria a explicar por que as pessoas com depressão podem se automedicar tomando drogas
ilícitas que aumentam a dopamina.
Ian Maze, um neurocientista da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai, mostrou em
uma importante pesquisa junto de seus colaboradores (Maze I. et. Al Nature. 2019 )que a
serotonina tem outra função: pode atuar como um daqueles post-its moleculares.
Especificamente, ele pode se ligar a um tipo de histona conhecida como H3, que controla os
genes responsáveis pela transformação das células-tronco humanas (precursoras de todos os
tipos de células) em neurônios de serotonina. Quando a serotonina se liga à histona, o DNA se
desenrola, ligando os genes que determinam o desenvolvimento de uma célula-tronco em um
neurônio serotoninérgico, enquanto desliga outros genes, mantendo seu DNA firmemente
enrolado. (Assim, as células-tronco que nunca viram a serotonina se transformar em outros
tipos de células, já que o programa genético para transformá-las em neurônios não é ativado.)
Essa descoberta inspirou a equipe de Maze a se perguntar se a dopamina poderia agir de
maneira semelhante, regulando os genes envolvidos no vício e na abstinência de drogas. No
artigo de abril da Science eles mostraram que a mesma enzima que liga a serotonina ao H3
também pode catalisar a ligação da dopamina ao H3 – um processo,chamado dopaminilação.
Juntos, esses resultados representam uma grande mudança em nossa compreensão
desses produtos químicos. Ao se ligarem à histona H3, a serotonina e a dopamina podem regular
a transcrição do DNA em RNA e, consequentemente, a síntese de proteínas específicas a partir
deles. Isso transforma esses personagens conhecidos da neurociência em agentes duplos,
atuando obviamente como neurotransmissores, mas também como mestres clandestinos da
epigenética.
Em outra recente pesquisa ,( Maze, I. et. Al 2020). A equipe de Maze naturalmente
começou a explorar esse novo relacionamento. Primeiro, eles examinaram o tecido cerebral
pós-morte de usuários de cocaína. Eles encontraram uma diminuição na quantidade de
dopaminilação de H3 no aglomerado de neurônios dopaminérgicos em uma região do cérebro
conhecida por ser importante no vício: a área tegmental ventral, ou VTA.
Essa é apenas uma correlação intrigante, portanto, para descobrir se o uso de cocaína
realmente afeta a dopaminilação de H3 nesses neurônios, os pesquisadores estudaram ratos
antes e depois de auto-administrarem cocaína por 10 dias. Assim como no cérebro dos usuários
de cocaína humana, a dopaminilação de H3 caiu nos neurônios do VTA dos ratos. Os
pesquisadores também encontraram um efeito rebote um mês após retirar os ratos da cocaína,
com dopaminilação muito maior de H3 encontrada nesses neurônios do que em animais de

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controle. Esse aumento pode ser importante para controlar quais genes são ativados ou
desativados, religando os circuitos de recompensa do cérebro e causando um desejo intenso de
drogas durante a abstinência.
Em última análise, parece que a dopaminilação – não apenas o funcionamento típico da
dopamina no cérebro – pode controlar o comportamento de busca de drogas. O uso prolongado
de cocaína modifica os circuitos neurais na via de recompensa do cérebro, tornando necessária
uma ingestão constante da droga para que os circuitos funcionem normalmente. Isso requer
ligar e desligar genes específicos para produzir as proteínas para essas mudanças, e esse é um
mecanismo epigenético impulsionado pela dopamina que age no H3, não uma mudança na
sequência do DNA.

4 CONCLUSÃO
Com os resultados postos acima, existem evidências que os distúrbios epigenéticos se
relacionam e dão origem a várias doenças humanas significativas. Acreditamos que o estudo
do epigenoma justifica tanta pesquisa como o estudo do genoma. Estamos convencidos de que
o campo da epigenética tem um imenso potencial para novas descobertas que nos ajudarão a
entender melhor as doenças humanas e, possivelmente, fornecer novas abordagens para curá-
las. Vários aspectos das marcas epigenéticas são de particular interesse para os pesquisadore
elas são específicas de determinados genes, elas são influenciadas pelo ambiente, elas são
dinâmicas e reversíveis, mas elas podem, contudo, permanecerem estáveis ao longo de
gerações.Os estudos recentes, têm focalizado na elaboração de terapias funcionais que possam
reverter ou ocasionar uma expressão seletiva através da metilação do DNA, pode se então dizer
que a epigenética representa o futuro de tratamentos e prevenção de doenças, carecendo de mais
estudos e pesquisas a ser realizadas futuramente, com ensaios clínicos e aplicações de fármacos,
drogas de alterações hematológicas já foram aprovadas para uso pela FDA.Infelizmente o
desenvolvimento inicial é vulnerável a alterações indesejadas, fazem com que testes clínicos
em humanos sejam mais complicados de se realizar, normalmente se opta por testes em animais,
porém testes em animais nem sempre são efetivos devido a algumas divergências genéticas, e
a utilização de animais para experimentos vem sendo cada vez mais abominada, devido a
crueldade de alguns testes a que são submetidos.É evidente que há um grande espaço para
aprendizado sobre esses fatores, e o auxílio que essa área terá para o futuro terapêutico é bem
promissor, as contribuições para tratamento de doenças humanas e seus mecanismos, tendem a
ser o futuro da ciência médica. Esperamos que a pesquisa continuada permita grandes

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descobertas na próxima década. Revelar como funcionam as marcas epigenéticas e o que elas
fazem certamente irá abrir novos capítulos importantes na genética e na saúde humana

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