Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DOI:10.34117/bjdv6n6-372
RESUMO
O autismo ou transtorno do espectro autista (TEA) acomete pessoas de todas as classes sociais e
etnias, mais os meninos do que as meninas. Os sintomas podem aparecer nos primeiros meses de
vida, mas dificilmente são identificados precocemente, causando prejuízos persistentes na
comunicação e interação social, bem como nos comportamentos que podem incluir os interesses e os
padrões de atividades. O diagnóstico é essencialmente clínico, levando em conta o comprometimento
e o histórico do paciente e norteia-se pelos critérios estabelecidos por DSM–V (Manual de
Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria) e pelo CID10 (Classificação
Internacional de Doenças da OMS). Apesar de não ter cura, terapias e medicamentos podem
proporcionar qualidade de vida para os pacientes e suas famílias, sendo que cada paciente exige
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 6, p. 38007-38022, jun. 2020. ISSN 2525-8761
38008
Brazilian Journal of Development
acompanhamento individual, de acordo com suas necessidades e deficiências. O transtorno do
espectro autista é um distúrbio complexo e geneticamente heterogêneo, o que sempre dificultou a
identificação de sua etiologia em cada paciente em particular e, por consequência, o aconselhamento
genético das famílias; por isso a importância em estudar, para aprofundar e verificar os avanços que
envolvem TEA, deste modo, será realizado uma pesquisa, revisão da literatura, por meio das bases
de dados eletrônicas Scielo, Pubmed, ScienceDirect e Web of Science, utilizando-se os descritores,
na língua inglesa: Autism spectrum disorde, Brain development, Diagnosis, Genetics, Epigenetic
processes, para identificar quais são os possíveis genes envolvidos no TEA.
ABSTRACT
Autism or autism spectrum disorder (ASD) affects people of all social classes and ethnicities, more
boys than girls. Symptoms can appear in the first months of life, but are hardly identified early,
causing persistent impairments in communication and social interaction, as well as in behaviors that
may include interests and activity patterns. The diagnosis is essentially clinical, taking into account
the patient's commitment and history and is guided by the criteria established by DSM – V
(Diagnostic and Statistics Manual of the North American Society of Psychiatry) and by ICD10
(International Classification of Diseases of the WHO). Although there is no cure, therapies and
medications can provide quality of life for patients and their families, with each patient requiring
individual monitoring, according to their needs and disabilities. Autism spectrum disorder is a
complex and genetically heterogeneous disorder, which has always made it difficult to identify its
etiology in each particular patient and, consequently, the genetic counseling of families; therefore,
the importance of studying, to deepen and verify the advances that involve TEA, in this way, a
research, literature review will be carried out, through the electronic databases Scielo, Pubmed,
ScienceDirect and Web of Science, using the descriptors, in English: Autism spectrum disorde, Brain
development, Diagnosis, Genetics, Epigenetic processes, to identify which are the possible genes
involved in ASD.
1 INTRODUÇÃO
O autismo, ou Transtorno do Espectro Autista‖ (TEA), é um distúrbio neurológico
comportamento restrito e repetitivo. Embora TEAs sejam condições de desenvolvimento neurológico
com fortes bases genéticas, sua etiologia exata permanece desconhecida, geralmente tem início na
infância e persiste durante a adolescência e vida adulta. (Johnson et al. 2007). A Organização
Mundial da Saúde (OMS) calcula que o autismo afeta 1 em cada 160 crianças no mundo,
apresentando assim uma elevada prevalência. No Brasil, em 2010, estimava-se cerca de 500 mil
pessoas com autismo.
No estudo realizado por Yeargin-Allsopp et al. (2003) foi notado uma maior incidência entre
os indivíduos do sexo masculino, o que corrobora com o Newsom e Hovanitiz (2006) que
encontraram uma prevalência em meninos quatro vezes maior do que em meninas, em indivíduos
com níveis normais de inteligência; BLUMBERG, et al. (2013) fizeram um estudo tranversal, de
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizado uma revisão bibliográfica no qual o intuito é produzir um amplo levantamento
das fontes teóricas, no período de 2011 a 2018, com o propósito de realizar um levantamento dos
3 RESULTADOS
No bando de dados Pubmed (figura 1), foram selecionado 51 artigos baseados nos descritores
na língua inglesa: Autism spectrum disorde, Brain development, Diagnosis, Genetics, Epigenetic
processes, destes 51 artigos apenas 22 citavam genes relacionados com Transtorno do Espectro
Autista (TEA). No banco de dados ScienceDirect (figura 1) foram avaliados 76 trabalhos, que
correspondiam com os descritores utilizados, contudo foram encontrados apenas 4 trabalhos que
citavam genes envolvidos com TEA.
Figura 1. Fluxograma: resultados das buscas nas bases de dados conforme temática estabelecida
Na Tabela 1 estão listados os artigos com os genes candidatos a ter associação com TEA,
publicados no Banco de dados Pubmed.
Na Tabela 2 estão listados os artigos com os genes candidatos a ter associação com TEA,
publicados no Banco de dados ScienceDirect.
Na tabela 3 verificamos os genes que foram mais citados, em ambos os bancos de dados
pesquisados, envolvidos no desenvolvimento da condição TEA. Entre os mais discutidos, estão do
genes localizados no cromossomo sexual X, que foram citados em 7 artigos, o cromossomo 15
(15q11-13) destacado em 6 artigos. Genes da família NEUREXIN e SHANK foram descritos em 5
artigos.
Tabela 3: Genes mais citados entre os artigos analisados nos bancos de dados Pubmed e ScienceDirect.
Gene Número de artigos que citaram
15q11-13 Gene UBA3A 6
CNTNAP2 4
Localizado no cromossomo 7q35
EN2 2
Localizado no cromossomo 7p13
FOXP1 localizado no cromossomo 3p13 2
GABRB3 2
Localizado no cromossomo 15q12
Variantes de OXTR, localizado no cromossomo 3p25.3 4
genes no cromossomo X. 7
Família NEUREXIN 5
Localizado no cromossomo X
4 DISCUSSÃO
Várias pesquisas na área de genética estão sendo realizadas no sentido de compreender o
Autismo, nos últimos anos houve muito avanço na área, identificando mutações específicas como no
gene NLG4, relacionado com comprometimento gerais do desenvolvimento e/ou retardo mental, a
mutação no gene EN2 que é candidato a estar associado as características do autismo e uma região
de ligação no cromossomo 17q já foi confirmada em amostras independentes. O receptor do gene
OXTR demonstrou associações na categoria de alto funcionamento da doença (Vijayakumar et al,
2016; Waye et al, 2017).
As pesquisas relacionadas com o autismo estão avançando nos últimos anos, apresentando
progresso na elucidação do transtorno do espectro autista, um número maior de estudos certificaria
a relação e poderia servir para orientar famílias com filhos que apresentem algum desses distúrbios
isolados ou uma associação entre eles (Mayer et al, 2019) . O autismo apresenta uma relação
altamente complexa de genes que não apenas interagem com outros genes, mas que envolvem fatores
não-genéticos (Robinson et al, 2015).
5 CONCLUSÃO
O autismo é um transtorno que afeta a capacidade das pessoas de se socializarem. A literatura
consultada traz importantes contribuições destacando os possíveis genes envolvidos no TEA.
Percebe-se importante lacuna no que diz respeito aos genes que podem de alguma forma contribuir
para o desenvolvimento do TEA.
Com o desenvolvimento do trabalho, percebemos a importância do aprofundamento do
conhecimento na área da genética, visto a importância de entender as causas do autismo e trazer uma
identidade a esses indivíduos.
Armin Raznahan, William Cutter, Francois Lalonde, Dene Robertson, Declan D. G. M. Murphy.
Cortical anatomy in human X monosomy. NeuroImage, 49(4), 2915–2923. 2010
Badcock C. The imprinted brain: how genes set the balance between autism and psychosis.
Epigenomics, 3(3), 345–359. 2011.
BHATT, S. et al. The global distribuition and burden of dengue. Macmillan Publishers Limited.
Londres, vol. 496, p. 504-507, abr. 2013.
BLUMBERG, S.J.; BRAMLETT, M.D.; KOGAN, M.D.; SCHIEVE, L.A.; JONES, J.R.; LU, M.C.
Changes in prevalence of parent-reported autism spectrum disorder in school-aged U.S. children:
2007 to 2011-2012. Natl Health Stat Report. Mar 20;(65):1-11, 1 p following 11. 2013.
Cse.google.com/cse?ACESSO=index.php&cx=018366579487707043581%3Aht1mv77ckw4&c
Currenti SA. Understanding and determining the etiology of autism. Cellular and Molecular
Neurobiology, 30(2), 161–171.2010.
Eline J. Kraaijenvanger, Yujie He, Hannah Spencer, Alicia K. Smith, Marco P. M. Boks. Epigenetic
variability in the human oxytocin receptor (OXTR) gene: A possible pathway from early life
experiences to psychopathologies. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 96, 127– 142. 2019.
FAKHOURY, M., Autistic spectrum disorders: A review of clinical features, theories and diagnosis.
Int. J. Dev. Neurosci. 2015.
Forsberg SL, Ilieva M, Maria Michel T. Epigenetics and cerebral organoids: promising directions in
autism spectrum disorders. Translational Psychiatry, 8(1). 2018.
Giovanni Laviola, Elisa Ognibene, Emilia Romano, Walter Adriani, Flavio Keller. Gene–
environment interaction during early development in the heterozygous reeler mouse: Clues for
modelling of major neurobehavioral syndromes. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 33(4),
560–572. 2009.
GOMES PT, LIMA LH, BUENO MK, ARAÚJO LA, SOUZA NM. Autism in Brazil: a
systematic review of family challenges and coping strategies. J Pediatr (Rio J). 91: 111—21. 2015.
Gottesman II, Hanson DR. Human development: biological and genetic processes. Annual Review
of Psychology, 56(1), 263–286. 2015.
Hall L, Kelley E. The contribution of epigenetics to understanding genetic factors in autism. Autism,
18(8), 872–881. 2013.
KOHANE, I.,S.; MCMURRY, A.; WEBER, G. The Co-Morbidity Burden of Children and Young
Adults with ASD. PlosOne 7:e33224, 2012.
LaSalle JM. A genomic point-of-view on environmental factors influencing the human brain
methylome. Epigenetics, 6(7), 862–869. 2016.
LaSalle JM. Epigenomic strategies at the interface of genetic and environmental risk factors for
autism. Journal of Human Genetics, 58(7), 396–401. 2013.
Lyall K, Croen L, Daniels J, Fallin MD, Ladd-Acosta C, Lee BK, Park BY, Snyder NW, Schendel
D, Volk H, Windham GC, Newschaffer C. The Changing Epidemiology of Autism Spectrum
Disorders. Annual Review of Public Health, 38(1), 81–102. 2016.
Mezzelani A, Raggi ME, Marabotti A, Milanesi L. Ochratoxin A as possible factor trigging autism
and its male prevalence via epigenetic mechanism. Nutritional Neuroscience, 19(1), 43– 46. 2015.
Nakai N, Otsuka S, Myung J, Takumi T. Autism spectrum disorder model mice: Focus on copy
number variation and epigenetics. Science China Life Sciences, 58(10), 976–984. 2015.
of=FORID%3A0&q=autismo&sa=Busca Acessado em: 30 de abril de 2018.
Robinson EB, Neale BJM, Hyman SE.Genetic research in autism spectrum disorders. Curr Opin
Pediatr. Dec; 27(6): 685–691.).2015.
RONALD, A.; HOEKSTRA, R.A. Autism Spectrum Disorders and Autistic Traits: A Decade of
New Twin Studies. Am J Med Genet Part B 156:255–274, 2011.
Schanen NC. Epigenetics of autism spectrum disorders. Human Molecular Genetics, 15(suppl_2),
R138–R150. 2006.
Spectrum Disorders. Journal of Environmental Research and Public Health, 13(5), 504.2016.
Spiers H, Hannon E, Schalkwyk LC, Smith R, Wong CC, O'Donovan MC, Bray NJ, Mill J.
Methylomic trajectories across human fetal brain development. Genome Research, 25(3), 338– 352.
2015.
Vijayakumar NT, Judy MV. Autism Spectrum Disorders: Integration of the genome, transcriptome
and the environment. Journal of the Neurological Sciences, 364, 167–176. 2016.
Waye MMY, Cheng HY. Genetics and epigenetics of autism: A Review.Clinical Neurosciences,
72(4), 228–244. 2017.
Mayer, Gustavo. L. P, Nascimento, Henrique. H., Pereira, Ian R., Salla, Lillian F. Relação entre
epilepsia e transtorno do espectro autista: revisão da literatura. Brazilian. Journal of Development,
Curitiba, v. 6, n. 1, p. 1768-1774, jan. 2020.