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ISSN: 2527-1288

Recebido em: 11/02/2022 Aceito em: 20/06/2022


Como citar: Moreno, I. F. M., Bello, M. J. D. Bartholomeu, D., Garcia, F. H. V. S., Tavares, W. & Couto, G. (2022).
Intervenções no desenvolvimento de Habilidades Sociais no Transtorno do Espectro Autista. PSI UNISC,
6(2), 90-106. doi: 10.17058/psiunisc.v6i2.17328

Intervenções no Desenvolvimento de Habilidades Sociais no Transtorno do


Espectro Autista

Intervenciones en Desarrollo de Habilidades Sociales en el Trastorno del Espectro


Autista

Interventions in Social Skill Development in Autistic Spectrum Disorder

Igor Felipe Maforte Moreno


Centro Universitário Padre Anchieta (UniAnchieta), Jundiaí - SP/Brasil
ORCID: 0000-0002-6748-4770
E-mail: suanycb@hotmail.com

Maria José Dal Bello


Centro Universitário Padre Anchieta (UniAnchieta), Jundiaí - SP/Brasil
ORCID: 0000-0003-2897-6438
Daniel Bartholomeu
Nexo Instituto de Psicologia Aplicada, Americana - SP/Brasil
ORCID: 0000-0001-8524-7843
E-mail: d_bartholomeu@yahoo.com.br

Fernanda Helena Vianna Soares Garcia


Nexo Instituto de Psicologia Aplicada, Americana - SP/Brasil
ORCID: 0000-0002-5703-6034
E-mail: fernanda.js@hotmail.com

Wanessa Tavares
Universidade de Brasília (Unb), Brasília – DF/Brasil
ORCID: 0000-0002-9382-9576
E-mail: wanessamarquestavares@gmail.com
Gleiber Couto
Universidade Federal de Catalão (UFCat), Catalão – GO/Brasil
ORCID: 0000-0002-1139-811X
E-mail: gleibercouto@yahoo.com.br

Resumo

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), segundo a American Psychiatric Association (APA), é uma desordem do
neurodesenvolvimento com início precoce e curso crônico, não degenerativo. De acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS), uma a cada 160 crianças possuem o transtorno. A proposta deste trabalho é uma revisão de literatura a
respeito da eficácia das intervenções nas habilidades sociais em pessoas com o TEA. Para a realização da pesquisa foram
utilizadas as bases de dados PEPSIC, SCIELO, Google Acadêmico, BVS, BIREME e CAPES. Ao todo foram selecionados
25 artigos, nacionais, no período de 2006 a 2020. As palavras-chave utilizadas para a busca foram “autismo”, “teoria da
mente”, “habilidades sociais”, “análise do comportamento aplicada” e “ABA”. Artigos repetidos e que não possuíssem as
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variáveis procuradas foram excluídos. Como resultados foram encontrados dados de eficácia das intervenções descritas no
aumento de habilidades sociais e variáveis relacionadas a elas. Estudos sobre a ABA e a Musicoterapia foram os mais

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publicados, além de terem apresentado os melhores resultados quando aplicadas em pessoas com o transtorno. Para o
autismo e Teoria da Mente, foram encontrados majoritariamente dados sobre conceituação e definição. Para intervenções
em ABA e musicoterapia, foram achados mais dados sobre pesquisa e prática .

Palavras-chaves: Transtorno do Espectro Autista; Habilidades Sociais; Avaliação de resultado de Intervenções


Terapêuticas; Teoria da Mente; Análise do Comportamento Aplicada.

Resumen Palabras clave: Trastorno del Espectro Autista;


El Trastorno del Espectro Autista (TEA), según la Habilidades Sociales; Evaluación de Resultados de
Asociación Americana de Psiquiatría (APA), es un Intervenciones Terapéuticas; Teoría de la Mente;
trastorno del neurodesarrollo de aparición temprana y Análisis Aplicado de la Conducta.
curso crónico no degenerativo. Según la Organización
Mundial de la Salud (OMS), uno de cada 160 niños tiene Abstract
el trastorno. El propósito de este trabajo es una revisión Autism Spectrum Disorder (ASD), according to the
bibliográfica acerca de la efectividad de las American Psychiatric Association (APA), is a
intervenciones en habilidades sociales en personas con neurodevelopmental disorder with an early onset and a
TEA. Para realizar la investigación se utilizaró las bases chronic, non-degenerative course. According to the
de datos PEPSIC, SCIELO, Google Scholar, BVS, World Health Organization (WHO), one in 160 children
BIREME y CAPES. En total, se seleccionaron 25 has the disorder. The purpose of this work is a literature
artículos nacionales, en el periodo de 2006 a 2020. Las review about the effectiveness of interventions in social
palabras clave utilizadas para la búsqueda fueron skills in people with ASD. To carry out the research, the
“autismo”, “teoría de la mente”, “habilidades sociales”, databases PEPSIC, SCIELO, Google Scholar, BVS,
“análisis conductual aplicado” y “ABA”. Se excluyeron BIREME and CAPES were used. In all, 25 national
los artículos repetidos que no tenían las variables articles were selected, in the period from 2006 a 2020.
buscadas. Como resultado se encontraron datos sobre la The keywords used for the search were “autism”, “theory
efectividad de las intervenciones descritas en el aumento of mind”, “social skills”, “applied behavior analysis” and
de las habilidades sociales y variables relacionadas con “ABA”. Repeated articles that did not have the variables
las mismas. Los estudios sobre ABA y Musicoterapia sought were excluded. As a result, data on the
fueron los más publicados, además de mostrar los effectiveness of the interventions described in increasing
mejores resultados cuando se aplica a personas con el social skills and variables related to them were found.
trastorno. Los principales focos encontrados fueron para The main focuses found were for autism and theory of
el autismo y Teoría de la Mente, en su mayoría se mind, data on conceptualization and definition. For ABA
encontraron datos sobre conceptualización y definición. and music therapy interventions, data on research and
Para las intervenciones de ABA y musicoterapia, se practice, also showing more consistency in the data.
encontraron más datos sobre investigación y práctica,
mostrando también más consistencia en los datos. Keywords: Autism Spectrum Disorder; Social Skills;
Evaluation of results of therapeutic interventions; Theory
of Mind; Applied Behavior Analysis

_________________________________________________________________________________________________

Introdução desordem do neurodesenvolvimento com início


precoce e curso crônico, não degenerativo. O
De acordo com dados da Organização processo de diagnóstico é fundamentalmente
Mundial da Saúde, uma a cada 160 crianças clínico e o transtorno abarca prejuízos na
apresenta o Transtorno do Espectro Autista interação social, alterações importantes na
(TEA), com o aparecimento dos primeiros comunicação verbal e não-verbal e padrões
sintomas ainda na infância, permanecendo por limitados ou estereotipados de
toda a vida. Algumas pessoas podem viver com comportamentos e interesses, dentre outros
o transtorno de forma independente, porém sinais e sintomas. O TEA é caracterizado por
outras têm quadros severos precisando de alterações no desenvolvimento neurológico e
cuidados e apoio devido aos seus sintomas deficiências na interação social e comunicação,
terem uma tendência a serem limitadores para com presença de comportamentos repetitivos e
uma vida típica (OMS, 2020). O TEA é uma
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estereotipados. A gravidade e as combinações

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dos sintomas variam de pessoa para pessoa. Os Síndrome de Rett, e abarcar os transtornos
primeiros sintomas começam a ser restantes na condição de TEA. Assim, seria
apresentados aos 36 meses de vida e, em feita uma divisão em TEA Tipo I, que seriam
crianças que apresentam os sintomas mais casos típicos do espectro autista e TEA Tipo II
intensos. O desenvolvimento da desordem para casos atípicos. No Brasil, no ano de 2007,
acontece normalmente na primeira infância, o Ministério da Saúde consolidou um grupo de
parando ou perdendo habilidades que já trabalho voltado ao TEA , disponibilizado pelo
possuía, sendo de 3 a 4 vezes mais comum no Sistema Único de Saúde, esse grupo teve como
sexo masculino do que no feminino e quando objetivo levantar dados sobre a defasagem de
aparentes nas meninas, os sintomas são bem conhecimento cientifico acerca do tema com o
menos intensos (American Psychological fim de elaborar propostas de atenção ao
Association, 2014). transtorno do espectro autista. (Teixeira et al.,
2010).
Antes do Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais – 5 (DSM- Nenhuma criança que apresenta o TEA
5), o TEA era denominado como um quadro se comporta de maneira igual, tampouco seus
que incluía diversas condições: a Síndrome de sintomas aparecem de forma igual. Existe uma
Asperger, o Autismo Clássico e o Transtorno variedade muito alta em relação às habilidades
Global do Desenvolvimento sem outras e combinações de sintomas, os quais
especificações (TGD-SOE). Era caracterizado geralmente se alteram com o passar do tempo e
por uma tríade de sintomas: déficits o avanço da idade. As características mais
significativos na interação social, padrões de específicas podem ser enquadradas em duas
comportamentos, interesses e atividades categorias: 1) problemas de interação social e
restritos e repetitivos. A síndrome de Asperger comunicação social, com dificuldades na
era considerada o grau leve do espectro, com conversação; troca reduzida de interesses ou
todos os sintomas, porém em menor escala. O emoções; desafios na compreensão ou resposta
autismo dito clássico era denominado como a a sugestões sociais como contato visual e
condição em que todos os sintomas apareciam expressões faciais; déficits no
em um grau elevado, por outro lado no TGD- desenvolvimento, manutenção, compreensão e
SOE era definido com a presença tão leve dos 2) a união destes em relacionamentos e
sintomas que dificultava o diagnóstico. comportamentos associados. O transtorno
Atualmente seu tratamento pode ser possui certos padrões restritos e repetitivos
considerado intenso e abrangente, com a relacionados ao comportamento, interesses ou
necessidade de participação da família e de atividades, os mais frequentemente observados
uma equipe multidisciplinar para elaboração e são: bater as mãos, andar na ponta dos pés,
execução de um plano terapêutico, sempre brincar com brinquedos de maneira incomum
levando em conta a individualidade da pessoa e (alinhando carros ou sacudindo objetos), falar
da família (Carvalho et al., 2019). de uma maneira única (criando roteiros,
arremessando a fala), ter uma necessidade
Mediante a abrangência que abarca a significativa de estrutura previsível (rotinas não
condição, o diagnóstico é dado em sua grande flexíveis, por exemplo), interesses em
parte sem que o indivíduo apresente todos os atividades incomuns para a idade, experimentar
critérios para classificação de TEA. Devido a aspectos sensoriais de maneira atípica
isso, o DSM-5 discute a criação de uma nova (mostrando indiferença à dor, temperatura,
ordem diagnóstica para incluir o autismo. Sua cheiros, toques, fascinação por luzes e
proposta é excluir da condição de Transtornos movimento, se sentir sobrecarregado com
Globais do Desenvolvimento (TGD) o muitos estímulos sonoros). As pessoas com
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Transtorno Desintegrativo da Infância e a TEA também correm maior risco de algumas

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condições médicas ocorrerem, como doenças pais/responsáveis, entendendo-se a


mentais, problemas de sono e convulsões. necessidade de um trabalho multi setorial
Além disso, muitas crianças apresentam a dentro das políticas públicas, ficando definido
capacidade cognitiva normal e outras possuem que; o atendimento dessa classe se daria pela
atrasos leves, moderados e graves (American rede de atenção psicossocial (RAPS). (Araújo,
Psychological Association, 2014). Veras & Varella, 2019).

A avaliação do desempenho intelectual A rede de cuidados voltados ao TEA se


global pode ser uma ferramenta para deu através do programa “viver sem limites”
compreender melhor a cognição da pessoa com em 2013, o que reafirmou o objetivo do
o transtorno. A avaliação mede a expressão do Sistema Único de Saúde em prol de pessoas
nível de habilidade do indivíduo em um diagnosticadas com autismo, assegurando de
determinado momento, em relação a um padrão forma gratuita serviços de intervenções nas
ou normas previstas para a idade do indivíduo. áreas cognitivas, sociais e de linguagem
A medida do quociente de inteligência (QI) foi atendendo as demandas em sua totalidade,
preconizada em manuais diagnósticos como considerando o ser humano como
DSM-IV com o intuito de facilitar diagnósticos biopsicossocial. (Araújo, Veras & Varella,
e classificar deficiências e transtornos do 2019).
neurodesenvolvimento (Mello et al., 2013).
Um sintoma bem característico e
Em relação ao diagnóstico, o ideal é que comumente observado entre as pessoas com
seja realizado o mais precocemente possível, autismo é o atraso no desenvolvimento,
devido à redução dos sintomas e com isso a podendo modificar em âmbito de grau (leve,
melhoria da qualidade de vida, tanto da pessoa moderado e grave) de acordo com o prejuízo
com o transtorno quanto de sua família e cognitivo causado pelo transtorno, sendo
cuidadores. Não existe um exame médico para assim, torna-se pior em crianças com o QI
o diagnóstico e este é feito por profissionais abaixo de 50. (Steigleder, Gallas, Bosa &
treinados, por meio da observação da pessoa Burges, 2021) A apresentação de prejuízo
em comparação à outra de idade equivalente e cognitivo grave pode acarretar na menor
em sua maioria ocorre por meio de entrevistas probabilidade de desenvolvimento de fala e
com as pessoas ao redor do indivíduo e com a linguagem e maior probabilidade de
própria pessoa. A avaliação, sobre qualquer desenvolver comportamentos de autoagressão,
suspeita de existência do distúrbio, é direito demandando tratamento vitalício. Muitos
garantido e deve ser gratuito (American sintomas tendem a melhorar com a idade e
Psychological Association, 2014). Em 2011 foi cuidados adequados, porém os problemas de
integrado o plano nacional de direitos das comunicação e socialização permanecem por
pessoas com deficiência porém não havia dados toda a vida (Bosa, 2006).
concretos que afirmação a condição de
deficiência para portadores de TEA, tendo em Uma das hipóteses para as causas do
vista que parte dos autistas não apresentam autismo é a herança genética. Dawson et al.
deficiência intelectual ou física, o que (2002) descrevem o que chamam de Fenótipo
dificultava o acesso aos serviços de saúde Ampliado do Autismo, sendo traços e
especializados, esse quadro se modificou em características da personalidade, linguagem e
2012, onde o autismo foi constatado como uma comportamentos que são vistos
deficiência, dando início ás diretrizes de concomitantemente em pais e irmãos não
atenção ao TEA englobando ações que partem detentores do transtorno e na pessoa com TEA,
desde o diagnóstico à inserção do indivíduo no ou seja, características observáveis
provenientes dos genes. Os autores utilizam
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mercado de trabalho e orientação de


essa questão como argumento para uma

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possível suscetibilidade genética para o convívio social. São incorporadas ao repertório


espectro. do indivíduo e dependem do contexto cultural,
social e interpessoal em que estão inseridos. O
Para o tratamento desse transtorno, é de termo geralmente usado no plural se aplica às
suma importância identificar suas causas. Saber variedades de classes de comportamento do
a origem do problema pontualmente torna os repertório individual que contribuirão para a
processos de atacar, solucionar, reduzir as suas competência social e favorecerão
implicações ou colocar as pesquisas que são e relacionamentos saudáveis e produtivos com as
serão realizadas em caminhos assertivos. Mais outras pessoas (Del Prette & Del Prette, 2017).
recentemente, muitos estudos estão sendo Os comportamentos diversos, porém com a
feitos devido à alta demanda e atenção para mesma finalidade, são classificados dentro de
com o transtorno, com resultados variando de um mesmo grupo, chamado de classe de
um estudo para outro. Como Endres et al. comportamentos. Tais comportamentos são
(2015) apontam, o transtorno pode ocorrer por ditos socialmente habilidosos quando suas
possuir uma herdabilidade muito alta, porém consequências aumentam a probabilidade de
nenhum padrão foi mapeado e os cientistas novas ocorrências (Panciera & Zeller, 2018).
atrelam esse fato à interação de múltiplos genes Segundo Del Prette e Del Prette (2017), para
e não apenas à mutação ou alteração de apenas classificar o comportamento emitido como
um; danos ao Sistema Nervoso Central habilidoso, precisam ser considerados o
sucedido na fase pré-natal (antes do contexto, a situação, a subjetividade e a cultura
nascimento) ou perinatal (no momento e alguns em que os indivíduos estão inseridos e esses
meses após o nascimento); produção em determinantes do comportamento podem variar
excesso de glutamato (receptor neuronal), que tanto pela forma como é emitido, quanto por
a longo prazo impede o desenvolvimento sua efetividade. Para Bosa (2006), os fatores
esperado do cérebro e dificulta a aprendizagem prenunciadores do desenvolvimento social
ou a união dessas variáveis. Algumas hipóteses geral e desempenho social são o nível
de senso comum são de que o autismo surge em cognitivo, o prejuízo de linguagem e o
consequência de uma relação não afetiva da desenvolvimento de habilidades adaptativas
mãe para com o seu recém-nascido e a de que (autocuidado).
pode ser causada por uma sequela proveniente
de vacinas. Essas hipóteses já foram Como mostrado até aqui, trata-se de um
desconsideradas há muito tempo, diversos transtorno complexo, dependendo, seu
estudos indicam que estas são falsas, não tratamento, da subjetividade e individualidade
possuindo nenhum fundamento teórico ou sociocultural do indivíduo com TEA e das
empírico (American Psychological pessoas próximas à ela, e por conta disso,
Association, 2014). Uma das especificidades tratamentos surgiram e surgem com aspectos
encontradas até o momento sobre o TEA é que diversos, cada um com uma intervenção, forma
ele representa o único transtorno de análise e funcionalidade. Não existe uma
neuropsiquiátrico que vem apresentando cura para o distúrbio, porém, quanto mais cedo
considerável influência de herdabilidade, for seu diagnóstico e tratamento, maiores as
embora possua etiologia multifatorial e seu chances de sucesso (American Psychological
fenótipo seja heterogêneo (Endres et al., 2015). Association, 2014). Segundo Carvalho-Filha et
al. (2019), um desses tratamentos é com
O sintoma mais característico do TEA é enfoque intensivo em habilidades sociais, o
o déficit de habilidades sociais. Segundo Pizato Applied Behavior Analysis (ABA), podendo ser
et al. (2014), as habilidades sociais são traduzido como Análise do Comportamento
comportamentos de diversas classes que Aplicada. Consistindo em um método
complementam o repertório do indivíduo e o
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científico experimental e sistemático que


auxilia a lidar com situações diversas do

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permite a observação e mensuração dos Como definição atual, a musicoterapia é


comportamentos, consequentemente podendo uma técnica terapêutica que utiliza a música em
prever e modificar suas ocorrências. Ainda todas as suas formas, com participação ativa ou
segundo os autores, esse método de tratamento passiva do paciente. (Freire, 2014; União
investiga as variáveis ambientais que Brasileira Das Associações de Musicoterapia,
interferem no comportamento, com a 2018). Com o objetivo de melhorar a
identificação dos antecedentes que podem ser comunicação, interação social, problemas
explicados como as condições para a resposta emocionais, cognitivos e comportamentais,
do indivíduo ocorrer e as consequências que as intervindo para uma melhor qualidade de vida,
respostas trouxeram não somente ao ambiente visando desenvolver e restaurar funções no
em que o indivíduo está inserido mas também indivíduo e também prevenir possíveis quadros
ao organismo do mesmo, que alteram a futuros (Freire, 2014; União Brasileira Das
probabilidade de a resposta ocorrer. Assim, Associações de Musicoterapia, 2018). A
nesse modelo de intervenção, o comportamento música, além de eliciar emoções, pode
problema é definido pelo ambiente onde ele mobilizar processos cognitivos como a atenção,
está inserido, ou seja, manipular os ambientes memória, controle de impulsos, controle e
nos quais a pessoa está inserida, modificando- execução motora, entre outros, principalmente
os a fim de ensinar novas habilidades ou alterar no que diz respeito à participação ativa, seja
habilidades anteriores para as desejadas (Prette tocando um instrumento, cantando,
& Prette, 2010; Fernandes & Amato, 2013; improvisando. Assim, o musicoterapeuta
Carvalho-Filha et al., 2019). utiliza a música como uma ferramenta de
“ponte” para a comunicação, pensando na
Outra intervenção comumente aplicada especificidade de cada indivíduo para emergir
é da musicoterapia. Essa técnica emergiu e e junto da pessoa moldar o seu comportamento
ganhou força entre as duas guerras mundiais, para o desejado (Rodrigues, 2012).
período em que enfermeiros e médicos
observaram o efeito das músicas nos veteranos Outro conceito crescente é o da Teoria
de guerra. Nesse período, músicos amadores e da Mente que se refere à capacidade do ser
profissionais compareciam aos hospitais com o humano de desenvolver um sistema (ou seja,
intuito de amenizar a dor e o sofrimento dos que um “banco de dados” que viabiliza
voltavam das batalhas (União Brasileira das comparações entre o mundo interno e o mundo
Associações de Musicoterapia, 2018). A externo), permitindo inferências sobre estados
música está presente em quase todos os mentais de outrem, o que pensam, sentem,
contextos do dia a dia, sons são emitidos o desejam, duvidam, etc. Toda essa capacidade é
tempo inteiro no ambiente, sejam eles denominada de Teoria da Mente. O termo
provenientes de instrumentos musicais, fala, “teoria” é colocado por não se tratar de eventos
barulhos dentro de casa, entre outras coisas. diretamente observáveis e, a partir disso, fazer
Eles podem causar uma sensação, uma emoção, inferências sobre comportamentos de si e dos
um sentimento, alterando algo no ouvinte, tanto outros (Panciera & Zeller, 2018). Durante a
internamente quanto externamente, podendo infância as crianças aprendem a reconhecer
ser um excelente motivador para essa pessoa esses estados mentais nas outras pessoas, o que
produzir uma mudança. O estímulo musical favorece muito as relações pessoais delas. Já
recebido e percebido pelo ouvinte se associa às pessoas com TEA apresentam déficits no
emoções e sentimentos, criando assim uma reconhecimento dos sistemas tratados pela
memória afetiva, transformando-se na Teoria da Mente, afetando diretamente seu
possibilidade de ser usado como ferramenta de desempenho nas interações sociais. Para a
interveção (Brandalise, 2013). compreensão dos estados mentais exige-se que
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uma reflexão sobre a realidade interna e externa

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e o comportamento do outro seja feita. É na vertentes que trabalham de forma diferente são
interação com outras pessoas que se aprende a neurociência cognitiva e neuropsicologia
que todos possuem pensamentos, sentimentos e cognitiva. A neurociência é voltada ao bottom-
sistemas diferentes uns dos outros. Esses up, ou seja, analisa e descreve os elementos
fenômenos se consolidam dos três aos cinco mais básicos dos processos mentais ou
anos de idade, período em que a criança começa comportamentais para formar um resultado
a fazer referência aos seus próprios estados maior. Já a neuropsicologia visa o topdown,
mentais e posteriormente adquire condições de que trabalha de forma oposta, parte do mais
fazer referências aos outros. Com o amplo para o mais específico, ou seja,
desenvolvimento típico desses sistemas primeiramente passa pelo processo de
mentais, é produzida uma condição para a teorização das estruturas ou módulo de
formação de responsabilidade e moralidade cognição e só depois de localização no cérebro.
(Gallo-Pena, 2011). Assim foram estabelecidos os fundamentos da
tese cognitiva sobre o psiquismo autista, no
Segundo Alves et al. (2007), a Teoria da qual a dificuldade precoce de interações sociais
Mente se caracteriza pela dificuldade de é o ponto distintivo da psicopatologia do
compreender crenças, sentimentos e autismo (Lima, 2019).
pensamentos dos outros, comportamentos esses
ditos como socialmente aceitos. O Lesllie (1987) utilizou os jogos de “faz
comportamento social de crianças com maior de conta” como elucidação de aptidão em
comprometimento costuma abarcar uma série entender os estados mentais, baseando-se no
de repertórios inadequados, como gritar, se agir “como se”, em que a criança encontra a
despir ou se masturbar em público. Já as menos diferença entre a situação real e a representada.
comprometidas têm como fonte de As crianças que não apresentam a condição de
preocupação dificuldades com relações de TEA, entre os 18 e 24 meses de idade,
empatia, interações sociais e interações começam a entender que não se faz
recíprocas, que aparentam ser os principais representações de mundo e sim representação
déficits do autismo. de representação, ou seja, metarrepresentações
dando origem à capacidade de compreender a
Estudos voltados à habilidade infantil própria cognição e a do outro. Essa capacidade
de compreender e predizer comportamentos, acarreta em conseguir fingir e perceber
tanto próprio como do outro, por intermédio de fingimento de outrem, compreender estados
atribuição de estados mentais anteriormente mentais como desejar e querer, delimitando
mencionados, evidenciam que existe uma suas ações em torno dos comportamentos de
relação entre habilidades linguísticas e seus parceiros. Com isso a criança desenvolve
compreensão dos estados mentais. Destacam a capacidade de implementar ações com o
também a relação entre desenvolvimento social intuito de influenciar os comportamentos e
e Teoria da Mente e mostram uma ligação entre estados mentais dos outros.
o desempenho nas avaliações de Teoria da
Mente e a elucidação de comportamentos O tratamento efetivo para o transtorno é
positivos em pares. Compreende-se, portanto, feito por meio de intervenções
que a Teoria da Mente está intimamente ligada multidisciplinares, sendo os responsáveis pela
ao êxito, manutenção e estabelecimento de pessoa com TEA e todo o contexto
relações e interações sociais (Silva et al., 2012). sociocultural que envolve esses indivíduos,
determinantes na construção dessas
Dentro da teoria, a metáfora intervenções. Vale ressaltar também que
“computador cognitivo” ganha forças entre os intervenções terapêuticas e de treino de
estudos dos fenômenos mentais, reforçando a inteligência emocional e habilidades sociais
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ligação entre cognição e cérebro. Duas para lidar melhor com a criança com TEA

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também são muito importantes e, evidências de um tratamento específico que


preferencialmente, devem estar atreladas à possa curar o autismo e que a eficácia dessas
intervenção principal da pessoa com o intervenções depende da idade, déficit
transtorno (American Psychological cognitivo, grau de prejuízo de linguagem e
Association, 2014). gravidade dos sintomas em geral. É preciso
salientar que os déficits apresentados pelo
As salas de aula, tanto as regulares autista não englobam todas as áreas de
quanto as especiais podem ser alteradas ou desenvolvimento. Os comportamentos
reestruturadas pensando em receber os alunos deficitários ou excessivos, em sua maioria, são
com o transtorno, como, por exemplo, colocar elucidados por breves períodos de tempo ou em
no cotidiano da pessoa com autismo uma rotina situações específicas, levando em consideração
mais consistente e previsível e apresentar as outros aspectos importantes para o
informações no ambiente que incitem a desenvolvimento, como funcionamento
interação social e aprendizagem juntamente familiar, suporte social, entre outros (Misquiati
com os colegas não portadores da mesma et al., 2014).
deficiência. Um trabalho multidisciplinar é
considerado quando se é dado o diagnóstico, O desenvolvimento de habilidades
envolvendo inclusive a nutrição, através de sociais e intervenções em pessoas com TEA,
dietas, mesmo que tenham poucas evidências varia de pessoa para pessoa, tendo em vista que,
científicas que demonstrem a relação entre a em sua concecpção o ser humano é singular e
nutrição e uma melhora direta do autismo sua estrutura social depende do meio em que
(American Psychological Association, 2014). está inserido (Gonçalves et al., 2017). Dessa
forma, o presente trabalho propõe uma revisão
Como dito anteriormente, a família é sobre a eficácia das intervenções em
parte totalmente afetada quando um de seus desenvolvimento de habilidades sociais no
integrantes apresenta o quadro de autismo. Para TEA, considerando a importância dessas
lidar com o cotidiano de uma pessoa com técnicas para a evolução dos quadros clínicos
autismo, é necessário intervir não apenas com a de TEA em geral.
pessoa portadora de deficiência mas também
para com a família, pois a compreensão do Método
quadro e das dificuldades a serem enfrentadas
ao longo de toda vida do portador é Para realizar a revisão foram
imprescindível para o bom desenvolvimento consultadas as bases de dados dos Periódicos
das respostas diante das intervenções que Eletrônicos em Psicologia (Pepsic), Scientific
norteiam o tratamento, aprender o máximo Electronic Library Online (Scielo), Google
sobre o espectro, acarreta consequentemente Acadêmico, Biblioteca Regional de Medicina
em comportamentos mais assertivos para com (Bireme), Banco de Teses e Dissertações da
o autista. Quando se é falado de intervenções Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
familiares podem ser realizadas redes de de Nível Superior (BTD da CAPES),
interação com outros pais de pessoas com Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e
autismo, trocando experiências, conhecimentos Biblioteca Virtual em Saúde - Psicologia
e reservar um tempo de descanso para todos os (BVS-psi). Foram utilizadas para busca de
membros, já que a convivência costuma ser dados as seguintes palavras-chave: “autismo”,
estressante (American Psychological “teoria da mente”, “habilidades sociais”,
Association, 2014). “análise do comportamento aplicada” e
“ABA”. A busca foi restrita aos trabalhos
Um ponto crucial é quando os pais nacionais publicados entre 2006 e 2021 . em
decidem por uma intervenção. Nesse momento vista que o presente trabalho visa abordar a
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é preciso que tenham ciência de que não há forma como o tema é tratado no Brasil e

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contribuir para a construção de pesquisa sobre


TEA no país.
Resultados e Discussão
Os artigos para a elaboração da pesquisa
foram selecionados e mantidos somente se Foram utilizados 22 materiais ao todo, sendo 5
obtivessem o campo de estudo em uma das com foco direto no TEA, 7 com enfoque na
variáveis procuradas. Os critérios para sua ABA, 4 com enfoque na musicoterapia e 4
seleção foram: artigos que contemplassem relacionados à Teoria da Mente. Destes, 6
habilidades sociais em autistas, intervenções e consistem em revisões de literatura, cada um
discussões de instrumentos voltados ao relacionado a um tipo de intervenção específica
desenvolvimento dessas habilidades e ou explicando o transtorno pela ótica de uma
trabalhos que buscas em explicar bases de teoria. O conteúdo que explique o autismo
intervenção na ABA, Teoria da Mente, dentro da Teoria da Mente e quais são as formas
musicoterapia e a eficácia das mesmas. Artigos de intervenção possíveis ainda é escasso no
que não abordaram comportamento em país. Os principais focos encontrados em todos
autistas, intervenções em TEA, artigos os artigos se referem à conceituação e definição
internacionais e artigos sem definição sobre o do autismo e da Teoria da Mente, contudo os
que é autismo foram excluídos da pesquisa. artigos apresentaram uma limitação de dados
Inicialmente foram realizadas leituras de títulos em origem e conceituação. Em relação às
e resumos de cada trabalho encontrado, para, intervenções em ABA e musicoterapia, os
então, decidir o uso ou não do artigo no focos são mais na prática e na pesquisa,
presente trabalho mostrando mais consistência de dados. Na
Tabela 1, apresentada a seguir, os artigos foram
divididos por autor, título, ano e principais
resultados, além de similaridade entre eles:

Tabela 1
Artigos encontrados na revisão
Autor (es) Título Ano Principais resultados / Similaridades

Bosa, C. Autismo: intervenções psicoeducacionais. 2006 - Os tratamentos têm impactos específicos de


pessoa para pessoa;
- Diferentes idades exigem um enfoque
diferente em relação aos construtos;
- Elucidar os pais/responsáveis no que diz
respeito às intervenções, explicando as
vantagens e desvantagens de cada tratamento;
- Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais
rápido são iniciados os tratamentos e,
consequentemente, há uma tendência a um
melhor aprendizado.

Brandalise, A. Musicoterapia Aplicada à Pessoa com 2013 - Diminuição de resistência ao tratamento e


Transtorno do Espectro do Autismo (TEA): crises comportamentais; melhora na
Uma Revisão Sistemática. comunicação;
- Musicoterapia improvisacional é a técnica
mais utilizada dentro da musicoterapia, que
consiste na improvisação musical clínica
visando a criação de vínculo, expressão e
98

musicalidade.

PSI UNISC, 6(1), 94-110, 2022.


Intervenções em Desenvolvimento de Habilidades Sociais no Transtorno do Espectro Autista

Carvalho-Filha, Análise do comportamento aplicada ao 2019 - 10 estudos encontrados;


F. S. S. et al. transtorno do espectro autista: aspectos - Estrutura da ABA apresenta consistência de
terapêuticos e instrumentos utilizados - uma construtos e é altamente recomendável para o
revisão integrativa. tratamento de pessoa com TEA;

Del Prette, Z. A. Habilidades sociais e análise do 2010 - Análise do comportamento como recurso
P. D., & Del comportamento: Proximidade histórica e para análise e entendimento das habilidades
Prette, A. D. atualidades. sociais baseando-se em uma perspectiva
funcional e contextual.
Del Prette, A. D., Psicologia das habilidades sociais na 2017 - Conceituação e aplicação de intervenções
& Del Prette, Z. infância: teoria e prática. voltadas a habilidades sociais.
A. P.

Endres, R. et al. O fenótipo ampliado do autismo em 2015 - Genitores de pessoas com TEA apresentam
genitores de crianças com Transtorno do comportamentos ditos como rígidos e de
Espectro Autista – TEA. retraimento social, representando uma
evidência do fenótipo ampliado do autismo.
Fernandes, F. D. Análise de Comportamento Aplicada e 2013 - 54 artigos encontrados;
M., & Amato, C. Distúrbios do Espectro do Autismo: revisão - Pouca literatura sobre a contribuição dos pais
A. de literatura. na aplicação da ABA;
- 44% dos artigos são de processos de
intervenção com base em ABA.
- 56% dos artigos são de conceituação acerca
do tema, sua sintomatologia e outros tipos de
intervenções.
Freire, M. H. Efeitos da Musicoterapia Improvisacional 2014 - Aumento dos construtos relacionados às
no tratamento de crianças com Transtorno habilidades sociais;
do Espectro do Autismo. - Variáveis como irritabilidade, letargia e
comportamentos estereotipados foram
reduzidos;
- Crianças com menor idade tendem a
apresentar melhores resultados no tratamento;
- Correlação entre melhora da
comunicabilidade musical e melhora da
comunicação verbal e não-verbal.
Gonçalves A. P. Transtornos do espectro do autismo e 2017 - Causas multifatoriais para o TEA.
et al. psicanálise: revisitando a literatura. - Diagnostico infantil.

Lima, R. C. Investigando o autismo: teoria da mente e a 2019 - A perspectiva fenomenológica permite a


alternativa fenomenológica. crítica aos modelos computacionais e mentais.

Lopes, C. E. Uma proposta de definição de 2008 - Definição de comportamento pelo


comportamento no behaviorismo radical. behaviorismo radical (relação de
interdependência entre eventos ambientais e
comportamentais).

Mascotti, T. S. et Estudos brasileiros em intervenção com 2019 - Técnicas baseados na ABA são as mais
al. indivíduos com transtorno do espectro encontradas na literatura.
autista: revisão sistemática.

Misquiati, A. et Desempenho sociocognitivo nos transtornos 2014 - Sem diferenças sociocognitivas significantes
al. do Espectro do Autismo e inferências do para as diferentes salas;
ambiente terapêutico. - Sem observação significativa para as
99

variáveis “tempo de terapia” e “idade”.

PSI UNISC, 6(1), 94-110, 2022.


Intervenções em Desenvolvimento de Habilidades Sociais no Transtorno do Espectro Autista

Panciera, S. D. P., Teoria da mente e habilidades sociais: 2018 - A compreensão social é uma variável das
& Zeller, A. C. estudo com crianças pré-escolares. habilidades sociais;
- Os comportamentos devem ser analisados
junto aos seus contextos.

Gallo-Penna, E. Teoria da mente e autismo: influência da 2011 - Aponta relação entre linguagem e
C. G. linguagem parental explicativa de estados desempenho em tarefas relacionadas à Teoria
mentais sobre o desenvolvimento da da Mente;
compreensão social. - A criança com TEA identifica a própria
2011 crença nos outros, sem apresentar percepção
de crenças diferentes da dela;
- Relação entre mãe e criança promoveu efeito
significativo em termos mentais;
- Aumento na percepção de falsa crença;
- Linguagem parental explicativa tem fortes
efeitos no desenvolvimento da linguagem
como forma de compreensão social.

Pizato, E. C. G. et Trajetórias de habilidades sociais e 2014 - A variável “educação infantil” foi


al. problemas de comportamento no ensino correlacionada a menos problemas
fundamental: influência da educação internalizantes;
infantil. - Entre as meninas houve uma correlação entre
educação infantil e melhora nas habilidades
sociais.

Rodrigues, A. Efeito do treinamento musical em 2012 - Aumento da atenção visual total;


capacidades cognitivas visuais: atenção e - Quanto mais precoce o início nos estudos
memória. musicais, a tendência do aumento da atenção
visual total é maior.

Sampaio, R. T. et A Musicoterapia e o Transtorno do Espectro 2015 - A prática musical modifica o cérebro


al. do Autismo: uma abordagem informada anatomicamente e fisiologicamente;
pelas neurociências para a prática clínica. - Durante a música os processos cognitivos
associados estão mais ativos e
consequentemente desenvolvem habilidades
relacionadas a esses processos;
- Aumento da comunicação e interação social
em indivíduos com TEA em tratamento com
musicoterapia;
- Aumento da motivação para processo clínico
e da atenção;
- Aumento dos construtos é maior do que a
remoção de construtos ditos indesejados.

Silva, R. L. M. et Teoria da Mente e Desenvolvimento Social 2012 - Crianças com maior aceitação social tendem
al. na Infância. ao aprimoramento da compreensão de estados
mentais;
- A comunicação social está diretamente
relacionada à capacidade de compreender e
prever a ação do outro;
- Relação entre Teoria da Mente e
desenvolvimento social, este sendo um
estímulo para a Teoria da Mente;
- Crianças com maior capacidade, de acordo
100

com a Teoria da Mente, apresentam êxito


maior em relações sociais.

PSI UNISC, 6(1), 94-110, 2022.


Intervenções em Desenvolvimento de Habilidades Sociais no Transtorno do Espectro Autista

Teixeira, M. et al. Literatura científica brasileira sobre 2010 - 93 artigos encontrados e 140 dissertações e
transtorno do espectro autista. teses.

Araujo, Jeane A. Atenção a pessoas com transtorno do 2019 - As dificuldades no âmbito de pessoas com
M. R. et al. espectro autista na rede pública de saúde. TEA - Como
TEA é referido na rede pública de saúde

Steigleder, Sinais de Alerta para Transtorno do Espectro 2021 - Sintomatologia e diagnóstico de crianças
Bibiana. At al. Autista com TEA.

Foram encontrados dados ligados à al. (2019) discorrem com o intuito de elucidar
importância da realização do diagnóstico de a respeito da importância da equipe
forma precoce, ou seja, quanto antes for multidisciplinar. Interligando as hipóteses dos
diagnosticado o transtorno, melhores serão os autores, uma causa multifatorial pode ser mais
resultados dos tratamentos (Freire, 2014), efetiva com um trabalho de intervenção
corroborando as informações do Manual realizado por uma equipe multidisciplinar, pois
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos cada profissional entenderá mais
Mentais (American Psychological Association, profundamente de sua área e terá mais manejo
2014). Freire (2014) apresenta resultados da na aplicação do tratamento. Foi encontrado
comprovação dessa hipótese por meio de grupo também um resultado positivo para a hipótese
controle e grupo experimental utilizando a da existência de um fenótipo ampliado do
musicoterapia improvisacional. Rodrigues autismo (Endres et al., 2015; American
(2012) também articula sobre uma hipótese Psychological Association, 2014).
parecida, a de que quanto mais cedo os estudos
musicais se iniciam, maior a tendência do Brandalise (2013), com sua hipótese
aumento de atenção visual no geral. confirmada de associação entre a música e a
emoção, e Freire (2014), obtendo resultados
Também são apresentados dados significativos a respeito de aumentos de
consistentes com relação ao impacto das construtos relacionados às habilidades sociais,
intervenções variar de indivíduo para como fala/linguagem/comunicação,
indivíduo, apresentando a necessidade de que sociabilidade, percepção sensorial/cognitiva,
enfoques em determinados construtos sejam entre outros, emergem a conclusão de que a
dados em relação à idade da pessoa, devido ao associação gera estímulos externos que podem
seu desenvolvimento (Bosa, 2006; American ser aproveitados para produzir mudança das
Psychological Association, 2014; Organização variáveis desejadas.
Mundial da Saúde, 2020). Bosa (2006) e
Misquiati (2014) também discorrem sobre a Sampaio et al. (2015) trazem resultados
importância da elucidação aos responsáveis de hipóteses a respeito da ativação cognitiva.
pela escolha do tratamento, confirmando a não Concluem em seu estudo que a prática musical
existência de um tratamento específico que seja altera o cérebro fisiologicamente e
mais eficaz de forma generalizada e os anatomicamente, o que gera uma pré-
impactos subjetivos das intervenções aplicadas. disposição à melhora dos construtos
relacionados à área modificada. Rodrigues
Gonçalves et al. (2017) dissertam sobre (2012) também traz a hipótese da ativação
as causas multifatoriais do autismo, o que cognitiva e obtém resultados positivos para tal.
corrobora com os achados de Endres et al. Pode-se inferir a ativação cognitiva como uma
101

(2015) a respeito da etiologia multifatorial do pré-disposição e consequência da alteração


transtorno. A respeito desse ponto, Carvalho et anatômica e fisiológica do cérebro, gerando um

PSI UNISC, 6(1), 94-110, 2022.


Intervenções em Desenvolvimento de Habilidades Sociais no Transtorno do Espectro Autista

espaço para intervenção para os construtos principalmente a diferenciação destas com o


relacionados. Essa conclusão indica um mundo externo, é um grande passo para o
favorecimento da utilização da música como desenvolvimento das habilidades sociais da
uma intervenção efetiva, já que os processos pessoa com o TEA.
envolvidos nos déficits do autismo encontram-
se mais ativos durante esse tipo de intervenção. Considerações Finais

Os achados de Brandalise (2013), Freire O presente estudo teve como escopo a


(2014), Sampaio et al. (2015) e Rodrigues análise de eficácia de intervenções no TEA.
(2012) se encontram com a descrição dos Entre elas estão a ABA, a Musicoterapia e a
resultados positivos expostos pela União Teoria da Mente. O autismo é um transtorno
Brasileira das Associações de Musicoterapia que vem ganhando cada dia mais relevância,
(2018) em relação ao aumento das variáveis devido ao seu alto índice de ocorrência e falta
envolvidas nas habilidades sociais, estas de evidências suficientemente claras para
discorridas pelos autores Lopes (2008), Pizato definir as suas causas. O TEA, atualmente, é
et al. (2014), Panciera e Zeller (2018) e Del definido como uma desordem do
Prette e Del Prette (2017). neurodesenvolvimento com início precoce e
curso crônico, não degenerativo, podendo ser
As questões discorridas por Carvalho- um preditor para déficits nas habilidades
Filha et al. (2019) interligam-se com Del Prette sociais, e quanto mais cedo for diagnosticado e
e Del Prette (2010) no que diz respeito à iniciadas as intervenções, maior a tendência de
aplicação da ABA para tratamentos melhora (American Psychological Association,
relacionados ao ambiente, para autistas. 2014).
Fernandes e Amato (2013) em seus escritos
referenciados no presente trabalho, concordam Como principais resultados, foram
referente á conceituação sobre o tema porém encontrados que estudos sobre a ABA e a
salientam a falta de literatura a respeito da Musicoterapia são os mais publicados, além de
importância dos pais ou responsáveis no terem melhores resultados quando aplicadas
tratamento do transtorno. Panciera e Zeller em pessoas com o transtorno. Ambas as
(2018) encontraram indícios de que a relação técnicas obtiveram resultados significativos
da mãe com o filho possui resultados clínicos para habilidades sociais, sendo destaque para a
significativos e que a linguagem parental melhoria da comunicação em intervenções
explicativa também, porém como Fernandes e musicoterápicas. Outro resultado importante
Amato (2013) relatam, existe uma falta de encontrado foi com relação à tendência de
literatura esclarecedora com essas variáveis. quanto mais cedo diagnosticado e tratado o
TEA, melhores são os resultados da
Panciera e Zeller (2018) também intervenção aplicada. Dentro do que foi
encontraram indícios de que a criança autista, levantado, foi encontrada uma limitação de
com treino, identifica a própria crença no outro, dados no que se refere à Teoria da Mente. Dos
mas a diferenciação da existência de crenças 22 artigos encontrados 44% são voltados ao
continua sendo algo mais difícil de obtenção. ABA os demais selecionados tratam a origem e
Os achados de Silva et al. (2012) sobre a aplicação do tema e das demais intervenções
tendência de que crianças com maior citadas no presente trabalho de forma simplista.
capacidade em relação à Teoria da Mente Já os artigos que tratam de musicoterapia são
apresentem melhor êxito em relações sociais mais específicos e abrangentes, apresentando
podem ser interligados e interpretados com mais estudos em torno desta técnica.
Panciera e Zeller (2018), com a hipótese de que
102

o desenvolvimento do entendimento das Apesar de o objetivo do estudo ter sido


crenças propostas pelos autores, atingido, novas questões surgiram, por

PSI UNISC, 6(1), 94-110, 2022.


Intervenções em Desenvolvimento de Habilidades Sociais no Transtorno do Espectro Autista

exemplo, qual das intervenções seria a mais os artigos encontrados se apresentam


eficaz e o que justificaria isso. Como limitação repetitivos e focam basicamente na
do estudo, pode-se apontar a restrição da sintomatologia e não no tratamento da condição
revisão para a literatura nacional; a falta de de autismo. As intervenções citadas foram as
enfoque dos artigos em tratamento; conteúdo que obtiveram mais conteúdos referentes ao
escasso e pouco abrangente; dificuldade em tema e, ainda assim, pode-se afirmar que houve
encontrar artigos que pontuem mais de uma uma escassez de artigos que abrangem o tema
intervenção como possibilidade de tratamento de habilidades sociais em TEA, que foque na
e a pouca existência de pesquisas experimentais intervenção em si. Nota-se que é preciso
nacionais sobre habilidades sociais em TEA, o ampliar os estudos a respeito do tratamento e
que impossibilita a resposta das perguntas já desenvolvimento de habilidades gerais nos
pontuadas. Como sugestão de estudos futuros, indivíduos com TEA. Assim, os resultados
pode-se citar, coleta de dados em cada obtidos ficam como um auxílio às pessoas com
intervenção e sua análise posterior, como interesse direto ou indireto no transtorno
também a inclusão de estudos internacionais. entenderem melhor sobre as estratégias de
intervenção e suas eficácias específicas, como
Apesar de o presente trabalho ter também auxiliar em uma melhor análise para a
enfoque em três tipos de intervenção, existem escolha de qual abordagem de intervenção
inúmeros que precisam ser trabalhados, afinal, escolher para cada pessoa com TEA.

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Intervenções em Desenvolvimento de Habilidades Sociais no Transtorno do Espectro Autista

_________________________________________________________________________________
Dados sobre os autores:

- Igor Felipe Maforte Moreno: Possui graduação em Psicologia pela UniAnchieta;

- Maria José Dal Bello: Possui graduação de Psicologia pela UniAnchieta;

- Daniel Bartholomeu: Possui graduação em Psicologia pela Universidade de São Francisco,


Mestrado e Doutorado na área de Avaliação Psicológica na mesma instituição. Leciona na
UniAnchieta e tem experiência na orientação de mestrado em Psicologia Educacional. Atua como
psicólogo clínico e esportivo com atletas de Jiu Jitsu.

- Fernanda Helena Vianna Soares Garcia: Possui graduação em Psicologia pelo Centro
Universitário Salesiano (UNISAL). Tem experiência na Terapia Cognitivo-Comportamental e
cursa pós-graduação em Análise do Comportamento do Transtorno do Espectro Autista.

- Wanessa Marques Tavares: psicóloga, doutoranda e bolsista em Psicologia pela UnB. Possui
graduação – Bacharelado e Licenciatura – e mestrado em Gestão Organizacional pela Universidade
Federal de Goiás – UFG. Terapeuta cognitivo-comportamental, realiza avaliações e intervenções
com crianças, adolescentes, adultos e casais.

- Gleiber Couto: possui graduação em Psicologia (Bacherelado, Licenciatura e Formação de


Psicólogo) pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Mestrado e Doutorado em
Psicologia, área de concentração em Avaliação Psicológica, pela Universidade de São Francisco.
Atualmente é professor na UFCat, onde orienta no Mestrado Profissional em Gestão
Organizacional temas relacionados à gestão dos processos de intervenção psicológica.

Declaração de Direito Autoral


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PSI UNISC, 6(1), 94-110, 2022.

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