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FACULDADE OLGA METTIG

PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROPSICOPEDAGOGIA

KELLE TAINARA GOMES BRITO

AVALIAÇÃO FINAL DA DISCIPLINA ASPECTOS NEUROFUNCIONAIS DO


COMPORTAMENTO HUMANO

SALVADOR - BA
MAIO DE 2023
FACULDADE OLGA METTIG
PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROPSICOPEDAGOGIA

KELLE TAINARA GOMES BRITO

AVALAÇÃO FINAL DA DISCIPLINA ASPECTOS NEUROFUNCIONAIS DO


COMPORTAMENTO HUMANO

Trabalho apresentado como


requisito de avaliação da disciplina
Aspectos Neurofuncionais do
Comportamento Humano da
Faculdade Olga Mettig, do curso
de Pós-graduação em
Neuropsicopedagogia, sob
orientação da professora Adriana
Oliveira.

SALVADOR - BA
MAIO DE 2023
A ATUAÇÃO INTERDISCIPLINAR NO CUIDADO AO INDIVÍDUO AUTISTA

O autismo caracteriza-se como um distúrbio comportamental que surge em


decorrência de anomalias no desenvolvimento cerebral do sujeito. É uma doença com
causas ainda desconhecidas que se faz presente desde o nascimento e que pode se
manifestar até os 30 meses de idade. (ASSIS et al., 2012). A quinta edição do Manual
de Diagnóstico e estatístico de Transtornos mentais (DSM-V) utiliza dois critérios para o
diagnóstico do autismo: déficits constantes na interação social e na comunicação em
diversas situações; e padrões recorrentes e limitados de interesses, comportamentos e
atividades (COSTA et al., 2021). No autismo identificam-se também falhas na
coordenação motora global que gera atrasos no alcance de habilidades motoras.
(CORRÊA et al., 2020).

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado pela interação social e


comunicação acentuadamente atípica; pelo comprometimento do desenvolvimento e
pela restrição de repertório de interesses e atividades. O aparecimento do transtorno
varia em decorrência do nível de desenvolvimento e idade cronológica do sujeito.
Existem exames diferenciais para melhor se conceber a hipótese do transtorno. O
diagnóstico é de caráter clinico e baseado em achados aproximadamente
característicos nos campos de comunicação, interação social e comportamento. Para
melhor percepção de hipótese da doença é necessário se fazer exames diferenciais.
(ASSIS et al., 2012).

Para proporcionar saúde ao autista devem ser integrados as suas dimensões


biopsicossociais, ou seja, biológicas, psicológicas e sociais. Neste contexto, esse texto
argumentativo tem o objetivo de trazer informações sobre o tema “A atuação
interdisciplinar no cuidado ao indivíduo autista”. Importante pontuar que existe uma
importância tanto na atuação interdisciplinar quanto na atuação multidisciplinar para o
diagnóstico e tratamento de indivíduos autistas. A proposta do seguinte trabalho é se
focar não somente na abordagem multidisciplinar, mas principalmente na abordagem
interdisciplinar.
A equipe multidisciplinar concentra-se na atuação de forma isolada dos
profissionais de diferentes campos, na qual não se tem um diálogo e existem relações
verticais de poder. E isto dificulta a comunicação e o trabalho conjunto do grupo. A
equipe interdisciplinar tem seus saberes construídos em conjunto pelos diversos
campos da saúde, na qual se tem uma visão integral do sujeito. Procura-se
compreender o papel do homem na relação de saúde-doença. (HUBACK, 2021).

Um grupo multidisciplinar é uma equipe de trabalho com a atuação de múltiplas


disciplinas e múltiplos profissionais que atuam com foco em uma mesma demanda. O
trabalho é coletivo e se configura em uma relação de reciprocidade do grande número
de intervenções e técnicas, e reciprocidade na interação dos profissionais atuantes de
diferentes áreas. As ações multiprofissionais são cooperativas e articuladas através da
comunicação. Na área da saúde, a equipe multiprofissional traz variadas áreas de
atendimento para dar assistência a um problema de saúde específico. (HUBACK,
2021).

A equipe interdisciplinar é definida pelo nível de integração entre as áreas de


saúde e a intensidade de diálogos entre os especialistas, um diálogo no qual todas as
disciplinas saem enriquecidas. A finalidade da equipe interdisciplinar é a de instituir um
paradigma mais abrangente que ajude a superar a visão reducionista do homem e a
dominância do modelo biomédico no campo da saúde. (HUBACK, 2021).

A melhor forma de se estabelecer o diagnóstico do autismo é através da equipe


interdisciplinar, que deve ter pelo menos um psicólogo com especialização em
distúrbios do desenvolvimento e um neuropediatra. Esses profissionais analisam cada
caso de maneira conjunta e identificam as várias gradações do quadro clínico do
autista. Os mesmos profissionais oferecem à família informações detalhadas sobre o
diagnóstico, o perfil médico, o cognitivo e a adaptação do autista. Os familiares são
orientados quanto às possibilidades de intervenções e tratamentos e também quanto
aos apoios encaminhamentos necessários. (MULICK; SILVA, 2009).
O objetivo da equipe interdisciplinar é o de agir diretamente no desenvolvimento
da pessoa autista e também o de apoiar a família deste durante esse processo. A
finalidade principal é de promoção de qualidade de vida para quem está no espectro e
para a família deste. As especialidades e áreas que formam esse time são as mesmas
das equipes multidisciplinares e transdisciplinares. Na equipe interdisciplinar
geralmente é formada por psicólogo, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo. O que
muda no grupo interdisciplinar é a maneira como cada especialidade trabalham
conjuntamente. A equipe interdisciplinar diferente da equipe multidisciplinar é composta
por profissionais que: 1- Compartilham seus pontos de vistas; 2- Produzem estudos de
caso; 3- Dialogam sobre os procedimentos e 4- Aderem à maneira mais eficaz de cada
profissional agir para o desenvolvimento do indivíduo. (BANDEIRA, 2023).

Rain Man é um filme de 1989 e que tem como um dos seus personagens
principais um homem autista adulto. O filme conta a história do personagem Charlie, um
homem ganancioso e fútil que descobre sobre o falecimento de seu pai. O mesmo
estava cheio de dividas e vê na morte do seu genitor uma alternativa de ajuda
financeira. Charlie não tinha um bom relacionamento com seu pai e acaba herdando
somente um carro e algumas roseiras. O pai do protagonista deixa uma herança fortuna
de três milhões de dólares, a um desconhecido “beneficiário”. Charlie acaba por
descobrir que quem herdou a fortuna de seu pai foi o personagem Raymond que nada
mais é do que seu irmão. Charlie sequestra o irmão da instituição onde ele está
internado, pois pretende levá-lo para Los Angeles e exigir metade do dinheiro da
herança paterna. E é nesta viagem que Charlie irá fortalecer sua relação com seu irmão
e aprender a conviver com alguém que tem o transtorno do espectro autista.

Raymond apresenta alguns indicadores que o enquadram no transtorno do


espectro autista tais como: repetir determinadas frases insistentemente, de gostar de
determinadas produtos, locais e programas de TV de forma obsessiva. O mesmo
também apresentava crises fortes ao vivenciar mudanças bruscas na sua rotina, e
também quando era obrigado a fazer algo que não quisesse. Raymond decorava e
calculava com facilidade cálculos matemáticos, mas em contrapartida tinha dificuldade
em se comunicar e expressar o que sentia.

Ray é visto no inicio do filme como um indivíduo que não consegue viver sozinho
em sociedade. Visto que tem dificuldade em saber lidar com questões que envolvam
dinheiro, e também tem dificuldade com resolução de problemas e com a compreensão
do caos cotidiano. Por viver muito tempo um lugar fechado e não ter muito contato com
o mundo externo Ray acaba desenvolvendo dificuldades em suas relações
interpessoais (demonstrar afeto). O autista pode se sentir seguro por meio de padrões e
regras e Ray antes de se reencontrar com seu irmão Charlie tinha uma rotina fixa de
saber o que comer a cada dia, da hora de assistir seus programas de tv favoritos e da
hora de dormir.

O público que assiste ao filme aprende junto com Charlie sobre o quão seu irmão
Raymond possui uma dependência muito grande de ter um cuidado especializado.
Raymond vivia em uma clínica psiquiátrica desde criança e, esta instituição tinha como
público alvo pessoas com transtornos mentais. O modelo de atendimento ao paciente
nesta instituição não ajudou muito Raymond no desenvolvimento de sua comunicação,
relações afetivas e independência. Ray não demonstra vontade em responder
perguntas dirigidas a ele, não toma iniciativa para conversar com pessoas, tem
dificuldade em compreender metáforas e ironias, e não sabe distinguir um abraço de
uma agressão. Seria interessante se no filme houvesse uma equipe interdisciplinar que
poderia atuar diretamente no desenvolvimento de Raymond e também poderia dar
apoio ao novo cuidador deste, que no caso é seu irmão Charlie. Uma equipe
interdisciplinar promoveria uma maior qualidade de vida a Raymond e sua família. Um
psicólogo poderia, por exemplo, o ajudar a desenvolver habilidades sociais, a lidar com
frustração, a perder seu medo irracional de andar de avião. Um fonoaudiólogo ajudaria
a desenvolver melhor suas falas, a compreender o significado de frases com metáforas,
por exemplo. Um terapeuta ocupacional o ajudaria a desenvolver sua autonomia e
independência por meio de tarefas da vida diária.
Tanto a abordagem interdisciplinar, quanto a abordagem multidisciplinar
contribuem para o desenvolvimento social, comportamental e cognitivo da pessoa
autista. A equipe interdisciplinar é uma evolução da equipe multiprofissional. A partir do
que já foi discutido compreende-se que as questões do autismo em especifico precisam
ser tratadas principalmente de forma interdisciplinar, integral e contextual para se atingir
o melhor tratamento.

REFERÊNCIAS

ASSIS, Íris de Castro; MAYRINK, Ívina Morais; DORO, João Victor Martins; et al. A
Importância Do Acompanhamento Multidisciplinar No Processo De Ensino-
Aprendizagem E No Desenvolvimento Psicossocial De Crianças Com Transtorno
Do Espectro Autista (Tea). Ciências Biológicas e da Saúde: Pesquisas Básicas e
Aplicadas 2, p. 256–268, 2020.

ARAUJO, H. da S..; JÚNIOR, U. M. de L..; DE SOUSA, M. N. A. Atuação


Multiprofissional no Manejo do Transtorno do Espectro Autista. Revista
Contemporânea, [S. l.], v. 2, n. 3, p. 942–966, 2022. DOI: 10.56083/RCV2N3-045.
Disponível em: https://ojs.revistacontemporanea.com/ojs/index.php/home/article/view/
215. Acesso em: 23 maio de 2023.

BANDEIRA, Gabriela. Equipe interdisciplinar no autismo: entenda o que é e a


importância dela . 2023. Disponível em: https://genialcare.com.br/blog/equipe-
interdisciplinar-autismo/ . Acesso em: 24 de maio, 2023.

CORRÊA VP, GONZALES AI, BESEN E, MOREIRA E, DA CUNHA J, PAIVAKM, HAAS


P. Impacto do exercício físico no transtorno do espectro autista: umarevisão
sistemática. R. bras. Ci. eMov 2020;28(2):89-99.

COSTA, Gabriela Cristina de Paula. Influência dos métodos de ensino PECS e


TEACCH sobre o desenvolvimento neuropsicomotor de crianças com transtorno
do espectro autista. Cuidarte Enfermagem, Catanduva, v. 1, n. 15, p. 22-28, jun. 2021.

HUBACK, Rodrigo. Equipe multiprofissional e interdisciplinar: quais as


diferenças?. 2021. Disponível em: https://www.aliviamente.com.br/blog/equipe-
multiprofissional-e-interdisciplinar-quais-as-diferencas.html. Acesso em: 24 de maio,
2023.

MULICK, J. A.; SILVA, M. Diagnosticando o transtorno autista: Aspectos fundamentais e


considerações práticas. Revista de Psicologia Ciência e Profissão, v. 29, n. 1, p.
116-131, 2009.
ROMEU, C. A., & ROSSIT, R. A. S.. (2022). Trabalho em Equipe Interprofissional no
Atendimento à Criança com Transtorno do Espectro do Autismo. Revista Brasileira
De Educação Especial, 28, e0114. https://doi.org/10.1590/1980-54702022v28e0114

FILME ASSISTIDO

Rain Man (Rain Man, 1989, EUA) dirigido por Barry Levinson, com Tom Cruise, Dustin
Hoffman, Valeria Golino, Michael D. Roberts, Lucinda Jenney, Bonnie Hunt, Beth Grant.

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