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CENTRO UNIVERSITÁRIO NOBRE

BACHARELADO EM PSICOLOGIA
DISCIPLINA PSICOLOGIA COGNITIVA

BREHNA ROCHA SILVA


MARCELA NOGUEIRA LEAL
PETRUS AMOEDO ATHAYDE
RENNAN PINTO DE OLIVEIRA
SUÉLLEN FERNANDES PEREIRA

POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA COGNITIVA NA


APRENDIZAGEM DE HABILIDADES SOCIAIS DE CRIANÇAS COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

FEIRA DE SANTANA

2022

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BREHNA ROCHA SILVA
MARCELA NOGUEIRA LEAL
PETRUS AMOEDO ATHAYDE
RENNAN PINTO DE OLIVEIRA
SUÉLLEN FERNANDES PEREIRA

POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA COGNITIVA NA


APRENDIZAGEM DE HABILIDADES SOCIAIS DE CRIANÇAS COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

Atividade apresentada ao Curso de


Psicologia, do Centro Universitário
Nobre de Feira de Santana – Ba, como
requisito avaliativo da disciplina
Psicologia Cognitiva, ministrada pelo
professor Ms. Leandro Azevedo.

Feira de Santana, BA

2022

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1.INTRODUÇÃO
Segundo estudos realizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) houve um
aumento acentuado de casos de autismo no mundo. Representando uma globalidade de
70 milhões de pessoas (MUSKAT, 2014). No Brasil, segundo dados do IBGE isso se
presentifica em 1% da população geral, totalizando a média de 1 a 2 milhões de
brasileiros que preenchem critérios para o espectro autista (ONZI;GOMES, 2015).

As atuais pesquisas definem o autismo como um transtorno de


neurodesenvolvimento, sendo ele de caráter complexo do desenvolvimento “que
apresenta etiologias múltiplas e graus diversos de severidade e com ampla variação
sintomatológica (REIS; BEZERRA; FERREIRA, 2021). Isso dificulta um diagnóstico
clínico, sendo necessário avaliações complementares, em especial da neuropsicologia
para um melhor fechamento do diagnóstico.

As manifestações do TEA no “contexto sintomático são basicamente


comportamentais e qualitativas, relacionadas à dificuldade na interação social e na
comunicação, além de evidenciarem-se padrões de comportamentos repetitivos e
estereotipados” (MUSKAT, 2014, p.183) a gerarem prejuízo social significativo. Pelo
fato do crescimento de quadros de autismo no Brasil, tem se tornado hoje urgente a
necessidade de elaboração de políticas públicas, assim como também uma forte atenção
para a realização de um cuidado primário (prevenção), secundário (diagnóstico e
tratamento) e terciário (reabilitação) (MUSKAT, 2014).

No DSM houve uma evolução, reordenação do conceito do espectro autista até


chegar à definição de TEA (Transtorno de espectro autista):

A partir da 5a edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos


Mentais (DSM-V) em 2014, o rótulo diagnóstico TEA engloba o transtorno
autista (autismo), a síndrome de Asperger, o transtorno desintegrativo da
infância e o transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação,
que apareciam como subtipos do transtorno global do desenvolvimento na
edição anterior, DSM-IV. A síndrome de Rett não pertence mais à mesma
categoria diagnóstica, mas é uma das causas genéticas do TEA (ALMEIDA
ET AL, 2018, p.73)

Podemos perceber como colocado acima a ampliação do conceito e concepção


TEA e a ampliação de características abrangidas por essa concepção a ser definida pelo
DSM-V. Segundo o Manual Diagnóstico e Estático de Transtorno Mentais há prejuízos
“persistentes na comunicação e interação social, bem como nos comportamentos que
podem incluir os interesses e os padrões de atividades, sintomas que estão presentes

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desde a infância e limitam ou prejudicam o funcionamento diário do indivíduo (APA,
2014 APURD ONZI; GOMES,2015, p189).

O comprometimento dos pacientes com TEA, pode ocorrer em três níveis de


gravidade. No nível um, o indivíduo exige apoio; no nível dois, exige apoio substancial;
e no nível três exige muito apoio substancial” (ONZI; GOMES,2015, p189). Um olhar
etiológico pode dividir esses indivíduos em dois grandes grupos como apresentado
abaixo:

• Forma primária ou essencial: não há uma causa específica;


• Forma secundária ou sindrômica: uma causa é identificada. As formas
secundárias subdividem-se, segundo a etiologia, em:
• Genéticas: são geradas por anomalias cromossômicas como a síndrome de
Down ou de Turner, defeitos estruturais do genoma (desde alterações de
pares de bases específicos, as chamadas variantes de nucleotídeos únicos ou
SNV [single nucleotide variants] até deleções ou duplicações de muitos pares
de bases, as chamadas variantes do número de cópias ou CNV [copy number
variants]) e síndromes genéticas como as síndromes de Rett ou de Angelman,
a esclerose tuberosa e a síndrome do X frágil, entre outras.
• Ambientais: podem ser causadas por infecções, intoxicações fetais e outros
possíveis fatores, como exposição in útero ao ácido valproico, que interajam
com o genoma por meio de mecanismos epigenéticos. (ALMEIDA ET AL,
2018, p.74)

As discussões trazidas na citação nos revelam a dimensão do caráter etiológico e os


possíveis processos causais a levar o autismo, apesar da necessidade de mais pesquisas
para fundamentar de forma mais firme os reais fatores geradores do TEA. Almeida
(2018) em seu artigo nos apresenta muitas possibilidades e uma abertura do esquadro de
hipóteses que precisam ser aprofundadas. Ela debate aspectos etiológicos,
epidemiológicos e como as comorbidades podem de alguma forma afetar o quadro de
autismo. Porém neste trabalho iremos nos debruçar sobre a aprendizagem de habilidades
sociais por indivíduos com TEA.

Os estudos têm constatado que os indivíduos com TEA sofrem grande prejuízo na
cognição social, assim como nos processos cognitivos: isso é um forte sinal de
“elementos centrais para a investigação e para a compreensão dos sintomas e a
funcionalidade das pessoas com TEA” (MUSKAT, 2014, p.184). A cognição social
pode ser definida como a “capacidades de identificar, manipular e adequar o
comportamento a partir das informações sociais percebidas e processadas em um
contexto específico" (MUSKAT, 2014, p.184). Ela permite funções relacionadas à
percepção social, como teoria da mente, reconhecimento de emoções e coerência
central.

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A teoria da mente segundo Muskat (2014) se refere a “capacidade de inferir e
compreender estados mentais dos outros” (p.185). As pessoas com quadro de TEA tem
grande dificuldade para perceber sinais de crenças, desejos e intenções alheias. Uma
outra teoria usada para as discussões da neuropsicologia e discutida pela autora é a
Teoria da coerência central na qual a habilidade de “integrar fontes de informações para
estabelecer significado em contexto com coerência, percebendo o todo da informação
tanto verbal como visual” (MUSKAT, 2014, p.186). Pessoas com TEA têm dificuldade
de um olhar global/central, prendendo-se mais a partes dos objetos ou cenas.

Outros relevantes aspectos a serem observados nas avaliações neuropsicológicas


é a dificuldade de portadores de TEA de desenvolver uma percepção apurada das
emoções, além da dificuldade e déficits na linguagem, em especial no que tange a
abstração verbal e das narrativas. Outro limítrofe dos quadros de TEA são o
comprometimento das funções executivas.

Esta se relaciona a capacidade de um “conjunto de processos cognitivos que


permitem ao indivíduo engajar-se com propósito em atividades socialmente relevantes,
tomar decisões e monitorar o próprio comportamento para atingir metas previamente
estabelecidas” (MUSKAT, 2014, p.186). Continuaremos nossas discussões
apresentando como a Psicologia Cognitiva pode auxiliar no desenvolvimento de
aprendizagem de habilidades e indivíduos com TEA.

2.APRENDIZAGEM E O TEA

Os Processos Psicológicos Básicos estão associados as aplicabilidades da mente


humana, cuja função mental do cérebro que todos os indivíduos desempenham é
conhecida por cognição, ou seja, a compreensão, de forma interna, das informações que
ficam acondicionadas no cérebro, podendo ser inatos (nasce com o indivíduo) ou
externos (adquiridos com o tempo/meio). Contudo, a cognição se sucede quando são
feitas associações a partir de uma análise, um acontecimento ou circunstância
(STENBERG, 2008).

Algumas dessas funções mentais, conhecidas também como processos


psicológicos básicos, são a Sensação, Percepção, Atenção, Memória, Pensamento,
Aprendizagem, Linguagem, Motivação, entre outras. Essas funções têm significância na
trajetória da aprendizagem e desenvolvimento humano. No estudo em questão, como já

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colocado irá analisar a importância do processo da aprendizagem em crianças com o
Transtorno do Espectro Autista.

A aprendizagem é o recurso do qual o indivíduo, de maneira ativa, se apodera do


conteúdo da vivência humana, ou seja, do que o seu ambiente social conhece. No caso
específico de crianças para que esta aprenda, ela deverá se conectar com os demais seres
humanos, sejam eles outras crianças ou adultos. São essas interações que fazem com
que elas aos poucos possam ampliar sua maneira de se relacionar com o mundo e
construir conceitos para suas experiências e ações. Ou seja, é através da utilização da
linguagem que esses conceitos vão se solidificando no indivíduo com o tempo
(STENBERG, 2008).

De acordo com David Ausubel (1918-2008) em 1963 em sua teoria sobre


aprendizagem, quando alguém atribui significados a um conhecimento a partir da
interação com seus conhecimentos prévios, estabelece a aprendizagem significativa,
independentemente desses significados serem aceitos no contexto do sujeito. Ele
compreendia que o processo de assimilação que ocorre com a criança na construção do
conhecimento surgia a partir de um conhecimento prévio. Deste modo, para que ocorra
uma aprendizagem significativa é necessária disposição do sujeito.

Existem distintas formas de aprender, e cada indivíduo possui uma maneira


individualizada de processamento de informações e estímulos. No caso da psicologia da
educação, observamos a presença significativa de teóricos como Lev Vygotsky, que
será citado com maior precisão no decorrer da leitura, entre outros, que ressaltaram
teorias que determinarão questões fundamentais na elaboração da aprendizagem do
indivíduo. Logo, o estudo da aprendizagem busca analisar o meio como os
conhecimentos já existentes no ambiente social e as distintas maneiras de pensar são
apropriados pela criança, cujos processos cognitivos que estão implicados no conhecer e
são criados no relacionamento entre os indivíduos.

Entretanto, durante o processo da aprendizagem diferentes fatores podem


interferir, sendo necessário levar em consideração que cada indivíduo tem o seu tempo,
o seu método e sua maneira de aprender e se desenvolver, construindo seu percurso com
base no que lhe é conhecido e apresentado, considerando principalmente as suas
possíveis limitações.

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Conforme já dialogado na parte inicial deste estudo, o TEA é um transtorno
relacionado ao distúrbio do neurodesenvolvimento que gera impactos na comunicação,
nas interações e habilidades sociais do indivíduo. Sendo assim, pode-se dizer que a
criança autista, em seus distintos graus, tem seus processos cognitivos afetados, gerando
impactos no seu processo de aprendizagem.

No caso do autista faz-se necessário um maior cuidado e atenção com relação ao


seu desenvolvimento e principalmente seu aprendizado, onde a estimulação precisa
estar sempre sendo gerada a todo momento. No contexto infantil, o brincar torna-se um
caminho de aprendizagem mais lúdico ensinando através de jogos e brinquedos a
trabalhar com a atenção, designar funções as coisas, aprender manuseios de objetos,
auxiliar nas interações sociais (CUNHA, 2011). É importante compreender que não se
trata apenas de uma aprendizagem no ambiente escolar e sim no dia-a-dia da criança, já
que devido a existência do transtorno seus processos cognitivos acabam sendo
impactados de forma mais direta do que em relação aos indivíduos não atípicos.

Para tanto, é possível compreender que, as crianças autistas possuem como


características singularidades que estão vinculadas às relações interpessoais, como por
exemplo a comunicação, a interação com o meio e a linguagem, sendo estes fatores
cognitivos que geram impactos no processo de sua aprendizagem. Para que haja melhor
compreensão desta relação, será necessário entender o papel da aprendizagem para o
desenvolvimento das habilidades e interações sociais deste indivíduo, que serão
apresentados a partir de agora.

3. HABILIDADES SOCIAIS E O TEA

Como citado anteriormente, o indivíduo com TEA pode apresentar prejuízos em


suas habilidades sociais, sendo tais habilidades facilitadoras de uma boa convivência
dentro do sistema comunitário no qual estamos inseridos. Entretanto, vale ressaltar que
por se tratar de um espectro, o autismo apresenta características sintomáticas
divergentes de um indivíduo para o outro e graus distintos de severidade.

Habilidades sociais são comportamentos de diferentes classes que completam o


repertório do indivíduo e o ajudam a lidar com diferentes situações da vida social.
Sendo necessário levar em consideração também o contexto cultural, social e
interpessoal em que se inserem (MORENO ET AL, 2022). O termo geralmente usado

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no plural aplica-se a variedades de classe de comportamento no repertório individual
que contribuirá para a competência social e promoverá relações saudáveis e produtivas
com os outros (MORENO ET AL, 2022).

Essas relações podem gerar comportamentos sociais que definirão


indesejabilidade, levando em consideração benefícios e danos ao indivíduo, ao grupo e à
comunidade, formando assim dois grupos de comportamentos: comportamento sociais
desejáveis e comportamentos sociais indesejáveis (SERRÃO, 2021). Sendo em meio a
isto, podemos observar que a aprendizagem de habilidades sociais será feita ao longo da
vida do indivíduo, a partir das relações sociais estabelecidas na família, escola, entre
outras, nas quais ele se insere.

Assim, é possível identificar avanços ou prejuízos das habilidades sociais no


repertório do indivíduo de acordo com o que ele apresenta em suas interações sociais.
Quando os fatores biopsicossociais não favorecem o aprendizado e o desenvolvimento
das habilidades sociais, surgem os déficits que ocasionam comportamentos não
habilidosos na relação interpessoal, apontando para as dificuldades e falhas na aquisição
das habilidades sociais (SERRÃO, 2021).

Considerando os estudos realizados a respeito das habilidades sociais, apresenta-


se as principais: comunicação, civilidade, fazer e manter amizade, empatia, manter uma
posição assertiva, expressar solidariedade, manejar conflitos e resolver problemas
interpessoais, expressar afeto e intimidade, coordenar grupo e falar em público (DEL
PRETTE, 2018).

As crianças com autismo têm mais dificuldade em desenvolver essas habilidades


sociais, além de compreender aquilo que elas veem e ouvem que seja imprevisível e
complexo. As interações sociais são imprevisíveis e complexas, visto que as crianças
precisam compreender expressões faciais, as falas e os gestos dos outros. Por conta
disso, as crianças com TEA têm preferência a interação com objetos do que a interação
com pessoas, por serem menos complexos e imprevisíveis (ROGERS ET AL., P.58,
2015). Isso pode se tornar um problema, pois as crianças aprendem sobre linguagem,
comunicação, emoções e interação social através da imitação, observação e interação
com as outras pessoas. Se não exercitarem essas funções, sua aprendizagem pode ser
mais lenta (ROGERS ET AL., P.58, 2015).

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4. APRENDIZAGEM DE HABILIDADES SOCIAIS

As habilidades sociais são imprescindíveis para a qualidade de vida e a


independência de crianças com TEA, pois são essas habilidades que farão com que a
criança desenvolva aprendizados e melhore as suas interações sociais. Com a
perspectiva de buscar novos caminhos de aprendizagem de habilidades sociais, a teoria
de Vygotski, se torna relevante, pois o mesmo retrata a importância do conceito da
aprendizagem explorado por meio da interação social.

O desenvolvimento de habilidades sociais e aprendizagem no indivíduo atípico,


varia de pessoa para pessoa, tendo em vista que, em sua concepção o ser humano é
singular e sua estrutura social e repertório depende do meio em que está inserido. O
caráter social da aprendizagem está elencado ao conceito de mediação da aprendizagem,
inicialmente proposto por Vygotsky, a mediação constitui elemento fundamental,
produzindo-se um intercâmbio de experiência cognitiva, afetiva e comportamental.

Podemos considerar, a mediação, como um elemento social importante no


desenvolvimento da aprendizagem, segundo Vygotsky, a mediação propicia um
aprendizado de alta qualidade e com grande potencialidade temporal e aplicativa, pelo
que ele o denomina “bom aprendizado” (VYGOTSKY, 1988a, p. 117). A mediação
para Vygotsky tem uma conotação especial que ultrapassa o conceito de intermediar, ou
seja, não é só servir de enlace entre adultos e criança, entre professor e aluno,
acompanhante terapêutico e paciente etc.

Mediação implica ajuda, o que por sua vez implica um esforço por parte
daquele que media para oferecê-la, como por parte do mediado, que haverá de
aproveitá-la. Portanto, a mediação vygotskyana parte de um sentido colaborativo
consciente entre ambas as partes. Como já foi dito anteriormente, no caso do indivíduo
atípico para que haja interesse na aprendizagem a estimulação é necessária, o brincar
torna-se um caminho de aprendizagem, ensinando através de jogos e brinquedos e desta
maneira a aprendizagem tende acontecer.

Quando Vygotsky elaborou seu conceito de mediação social, só pensou na


atividade intermediária que um sujeito pode realizar para que outro desenvolva
aprendizagem, esse conceito é relevante no processo de aprendizagem atípica. Num
sentido geral, a importância da mediação dos indivíduos que estão dentro do espectro

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autista, em tudo e para tudo, expresso por Vygotsky, tem uma grande conotação que
aponta a necessidade de que a criança desde cedo seja estimulada através da mediação,
sendo nela a possibilidade de desenvolver e adquirir habilidades sociais a facilitarem
processos de convivência. Além de abrir espaço para aquisição dessas habilidades tão
necessárias para a convivência e o desenvolvimento biopsicossocial.

4.1 POSSÍVEIS INTERVENÇÕES PARA O TREINAMENTO DE


HABILIDADES SOCIAIS

Segundo Bosa (2006), existem cinco tópicos importantes para se levar em


consideração na intervenção de casos de autismo: Estimular o desenvolvimento social e
comunicativo; aprimorar o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas;
diminuir comportamentos que interferem no aprendizado e no acesso às oportunidades
para experiências do cotidiano; ajudar a família a lidar com o autismo; diagnóstico
precoce.

Estimular o desenvolvimento social e comunicativo é algo feito a partir de


diferentes instrumentos. Sistemas baseados em figuras são mais acessíveis pois não
exigem tanto desenvolvimento de habilidades cognitivas, linguísticas ou de memória.
Como exemplo é possível citar o PECS (Picture Exchange Communication System),
TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related Communication
Handicapped Children) e o PEP-R (Psychoeducational Profile-Revised), sendo esses
dois últimos recursos digitais. Além das técnicas e instrumentos, algumas condutas
devem ser adotadas, como o de evitar fazer uso de metáforas (BOSA, 2006).

O aprimoramento da aprendizagem e da capacidade de solucionar problemas é


algo que pode ser bastante desenvolvido com a inserção da criança autista no ambiente
de educação formal desde cedo, e sendo o trabalho realizado por profissionais que
atuem de forma integrada. Importante ressaltar que a abordagem de ensino deve ser
focada nas habilidades que a criança já possui, ao invés de ser centrada em dificuldades
que ela precisa superar (BOSA, 2006).

A diminuição de comportamentos que interferem no aprendizado e no contato de


experiências de situações do cotidiano pode ser realizada pelo método de análise do
comportamento aplicada (ABA), que consiste em identificar as contingências de
comportamentos agressivos e autodestrutivos e criar novas contingências baseado nisso,

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buscando ampliar o repertório comportamental, principalmente de comunicação. A
maioria desses comportamentos têm funções importantes para as crianças autistas,
incluindo se comunicar, escapar de atividades que causem sofrimento, conseguir objetos
que se queira, obter estimulação. Pensando nisso, o uso do ABA pode auxiliar na
demanda desses comportamentos, através de comportamentos novos (BOSA, 2006).

O apoio à família é essencial para que a criança autista possa desenvolver


habilidades sociais. É comum que pais e mães de autistas desenvolvam depressão e
outras complicações advindas do estresse, e para melhorar esse cenário, a aplicação de
rotina voltada para o sono e demais tarefas, uma rede social de apoio e grupos de apoio
podem ser de grande ajuda (BOSA, 2006). Outro relevante ponto a ser colocado é a
necessidade de um diagnóstico precoce, uma vez que se tem ciência sobre o autismo, é
possível botar em prática todas as medidas mencionadas anteriormente, o que vai
favorecer um desenvolvimento adequado (BOSA, 2006).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O TEA, atualmente, é definido como uma desordem do neurodesenvolvimento


com início precoce e curso crônico, não degenerativo, podendo ser um preditor para
déficits nas habilidades sociais, e quanto mais cedo for diagnosticadas e iniciadas as
intervenções, maior a tendência de melhora. Como principais resultados, foram
encontrados que intervenções envolvendo a ciência ABA (Applied Behavior Analysis).

Por fim, cabe ressaltar que um indivíduo que apresenta um transtorno global do
neurodesenvolvimento possui suas características específicas, portanto apresenta uma
forma específica de interação social e verbal. Tendo em vista o panorama trazido ao
longo deste trabalho, é possível entender a relevância dos estudos na área da psicologia
cognitiva para compreender melhor os aspectos relacionados aos autismos.

Podendo ser essa um grande contribuidor na fundamentação, promoção e


aprimorar de intervenções que ajudem esses indivíduos a terem mais qualidade de vida,
autonomia e inclusão nos diversos contextos sociais, além que os estudos das
habilidades sociais permitem a ampliação de repertórios para um melhor funcionamento
de sujeitos atípicos.

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REFERÊNCIAS

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