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Universidade Federal de Sergipe

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde


Departamento de Fisiologia

Atividade do Metabolismo: via glicolítica, gliconeogênese, via das pentoses-fosfatos,


Ciclo do ácido cítrico, cadeia transportadora de elétrons e a fosforilação oxidativa.

Data da entrega 29/05/2022

1. Explique a atuação de inibidores irreversíveis no metabolismo anaeróbico da


glicólise (Valor: 0,3)

Os inibidores se classificam em reversíveis e irreversíveis. Os irreversíveis, se ligam


covalentemente às enzimas destruindo o seu sítio ativo permanentemente. No caso do
metabolismo anaeróbico da glicólise, no sítio ativo da enzima há um resíduo de cisteína,
aminoácido ao qual se liga o gliceraldeído 3-fosfato. Assim, o Gliceraldeído 3-fosfato é
oxidado e fosforilado, formando o 1-3 Bisfosfoglicerato que é um composto rico em
energia, da via glicolítica. Além disso, o NAD também estará ligado a esse sítio ativo
como um cofator oxidado. Porém, quando o iodoacetato, liga-se à cisteína, esse sítio
ativo da enzima é destruído, pois se trata de algo permanente, caracterizando esse
composto como um veneno, impedindo a produção de energia na célula. Portanto, a
influência do iodoacetato nesse processo é extremamente negativa, uma vez que a
produção de ATP é interrompida.

2. Como a frutose, manose e galactose fornecem energia em seus metabolismos


(0,3)

Frutose
A frutose pode entrar na via glicolítica por duas vias: no músculo e tecido adiposo, a
frutose é fosforilada no C6 para produzir frutose-6-fosfato pela ação da hexocinase em
conversão semelhante à da glicose em glicose−6−fosfato. A frutose−6−fosfato formada
entra na via glicolítica.
Nessa reação, a enzima frutocinase catalisa a fosforilação da frutose em C1. A
frutose−1−fosfato entra na glicólise e é clivada pela frutose−1−fosfato−aldolase
(também chamada aldolase do Tipo B) em diidroxiacetona−fosfato (DHAP) e
gliceraldeído. A DHAP é, então, convertida a gliceraldeído−3−fosfato pela
triose−fosfato−isomerase.
O gliceraldeído é também fosforilado pelo ATP em reação catalisada pela
gliceraldeído− cinase para formar gliceraldeído-3- fosfato. Assim, os dois produtos da
hidrólise da frutose entram na glicólise como gliceraldeído−3−fosfato.

Manose
A manose é um importante componente dos oligossacarídeos encontrados nas
glicoproteínas. A manose é fosforilada pela hexocinase à manose−6−fosfato que, a
seguir, é transformada pela fosfomanose−isomerase em frutose−6−fosfato que entra na
via glicolítica.
Galactose
Apesar da galactose e da glicose apresentarem estruturas similares (são epímeros que
diferem na configuração no C4) várias reações são necessárias para que esse açúcar
entre na via glicolítica.
1- A galactose é inicialmente convertida à galactose-1-fosfato pela galactocinase.
2- A seguir, a galactose-1-fosfato é transformada em um derivado uridina−fosfato,
a UDP−galactose.
3- Durante o desenvolvimento fetal e na infância a formação da UDP−galactose é
catalisada pela galactose−1−fosfato−uridiltransferase.
4- A UDP−galactose é transformada por isomerização em UDP-glicose pela ação
da UDP-glicose−4−epimerase. Dependendo das necessidades metabólicas da
célula, a UDP-glicose é usada diretamente na síntese do glicogênio ou é
convertida à glicose 1- fosfato pela UDP−glicose−pirofosforilase.
5- A glicose 1−fosfato entra na via glicolítica após sua conversão a
glicose−6−fosfato pela fosfoglicomutase.

3. Explique a regulação recíproca das vias glicolítica e gliconeogênese (Valor: 0,4)

Glicólise e Gliconeogênese são processos espontâneos. Se as duas vias estiverem


ativas simultaneamente em uma célula, isso constituiria um “ciclo fútil” que
gastaria energia. Portanto, para prevenir o gasto de energia de um ciclo fútil,
Glicólise e Gliconeogênese são reciprocamente regulados. O controle inclui
regulação alostérica reciproca por nucleotídeos de adenina.
• Fosfofrutoquinase (Glicólise) é inibida por ATP e estimulada por AMP.
• Frutose-1,6-bisfosfatase (Gliconeogênese) é inibida por AMP.

4. Como o ciclo do ácido cítrico participa do catabolismo e anabolismo? Apresente


exemplos de reações explicando as duas situações. (Valor: 0, 3)

Ciclo do Ácido Cítrico, refere-se a uma série de reações anfibólica, ou seja,


anabolismo (reação de sintese) e catabolismo (reações de quebra), com objetivo
de produzir energia para as células, com a finalidade de oxidar a acetil-CoA
(acetil coenzima A), que se obtém da degradação de carboidratos, ácidos graxos
e aminoácidos a duas moléculas de dióxido de carbono (CO2).
O catabolismo ocorre em três estágios:
• Primeiro estágio: as moléculas nutrientes complexas (proteínas, carboidratos e
lipídeos não−esteróides) são quebradas em unidades menores: aminoácidos,
monossacarídeos e ácidos graxos mais glicerol, respectivamente.
• Segundo estágio: os produtos do primeiro estágio são transformados em
unidades simples como a acetil−CoA (acetil coenzima A) que exerce papel
central no metabolismo.
• Terceiro estágio: a acetil−CoA é oxidada no ciclo do ácido cítrico a CO2
enquanto as coenzimas NAD+ e FAD são reduzidas por quatro pares de elétrons
para formar três NADH e um FADH2. As coenzimas reduzidas transferem seus
elétrons para o O2 através da cadeia mitocondrial transportadora de elétrons,
produzindo H2O e ATP em um processo denominado fosforilação oxidativa.
quatro pares de elétrons para formar três NADH e um FADH2. As coenzimas
reduzidas transferem seus elétrons para o O2 através da cadeia mitocondrial
transportadora de elétrons, produzindo H2O e ATP em um processo denominado
fosforilação oxidativa.
Anabolismo:
A energia livre liberada nas reações catabólicas (exergônicas) é utilizada para
realizar processos anabólicos (endergônicos). O catabolismo e o anabolismo
estão freqüentemente acoplados por meio do ATP (trifosfato de adenosina) e
NADPH (nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato, forma reduzida). O ATP é
o doador de energia livre para os processos endergônicos. O NADPH é o
principal doador de elétrons nas biossínteses redutoras.

5. Explique a teoria quimiosmótica de Peter Mitchel para a fosforilação oxidativa.


(Valor: 0,3)

A teoria quimioosmótica ou propulsora de prótons propõe que o transporte de


elétrons e a síntese de ATP estão acoplados pelo gradiente eletroquímico através
da membrana mitocondrial interna. Neste modelo, a energia livre do transporte
de elétrons pela cadeia mitocondrial leva ao bombeamento de H+ (prótons) da
matriz para o espaço intermembrana, estabelecendo um gradiente eletroquímico
de H+ através da membrana mitocondrial interna. Os H+ retornam para a matriz
mitocondrial por meio de canais protéicos específicos formados pela enzima
ATP-sintase que é composta de duas unidades funcionais, Fo e F1.
A energia livre liberada pelo potencial eletroquímico desse gradiente é utilizada
para a síntese de ATP a partir de ADP e Pi. Para cada NADH oxidado na matriz
mitocondrial ~2,5 ATP são sintetizados, enquanto ~1,5 ATP são formados por
FADH2 oxidado, já que seus elétrons entram na cadeia em CoQH2, depois do
primeiro sítio de bombeamento de prótons. A velocidade do transporte de
elétrons e da fosforilação oxidativa são controlados estritamente pelas
necessidades energéticas da célula.
O controle pelo ADP é ilustrado pelo fato que a mitocôndria só oxida o NADH e
o FADH2 quando houver disponibilidade de ADP e Pi como substratos para a
fosforilação. Os elétrons não fluem pela CMTE até o oxigênio, a menos que o
ADP seja simultaneamente fosforilado a ATP.
A velocidade da fosforilação oxidativa é limitada pelo quociente de ação das
massas [ATP]/[ADP][Pi]. Ou seja, a ATPsintase é inibida em altas
concentrações de ATP e ativada quando as concentrações de ADP e Pi estão
elevadas. A ATP−sintase é inibida por altas concentrações de ATP e ativada por
teores de ADP e Pi elevados. As quantidades relativas de ATP e ADP
intramitocondrial são controladas por duas proteínas transportadoras presentes na
membrana interna: o translocador de ADP−ATP e o carreador de fosfato.
O translocador de ADP−ATP é uma proteína dimérica responsável pela troca 1:1
do ATP intramitocondrial pelo ADP citoplasmático. Como o ATP possui uma
carga negativa a mais que o ADP, o transporte do ATP para o exterior e do ADP
para o interior da mitocôndria são favorecidas. O transporte de H2PO4 − junto
com um próton é mediada pela fosfato-translocase, também conhecida como
H2PO4 − /H+ simporte (movem solutos através da membrana na mesma
direção). O transporte de 4 prótons para o interior é necessário para a síntese de
cada molécula de ATP; 3 para dirigir o rotor ATP-sintase e 1 para dirigir o
transporte do fosfato para o interior.
6. Como Rotenona, Amital, Cianeto e antimicina A, 2,4-dinitrofenol e valinomicina
D interferem no metabolismo aeróbico dos carboidratos. (Valor: 0,5)

Rotenona, Amital, Cianeto, Antimicina A, 2,4-dinitrofenol (DNP) e Valinomicina D são


alguns exemplos de inibidores/desacopladores que interferem na fosforilação oxidativa.
Os desacopladores da fosforilação oxidativa são substâncias presentes na membrana
mitocondrial interna que dissipam o gradiente de prótons ao trazerem os prótons do
espaço intermembrana para a matriz mitocondrial, contornando a ATP−sintase.
Aumentam a permeabilidade dos H+ e são capazes de dissociar a fosforilação oxidativa
do transporte de elétrons.

7. Descreva o saldo de ATP no metabolismo aeróbico dos carboidratos, considerando


tanto as lançadeiras:
a. Malato-Aspartato (que ocorre no fígado) (Valor: 0,3)
Ocorre nas células hepáticas, renais e cardíacas. Nesse processo, o NADH citosólico
reduz oxaloacetato na reação catalisada pela malato desidrogenase cito- sólica. O malato
formado adentra a mitocôndria onde é oxidado pela malato desidrogenase mitocondrial,
que também utiliza o NAD como coenzima. Desse modo, tem-se a produção de um
NADH mitocondrial a partir de NADH citosólico. O oxaloacetato, por sua vez, não
pode atravessar a membrana, mas, ao receber um grupamento amino do glutamato, vai à
aspartato, o qual atravessa a membrana e, no citosol, regenera o oxaloacetato. Os
equivalentes de NADH transportados pela lançadeira malato- -aspartato entram na
cadeia respiratória pelo complexo I e tem uma razão P/O de 2,5 ATPs.
b. Glicerol-Fosfato (que atua nos músculos, células do cérebro). (Valor: 0,3)
Na lançadeira glicerol-3-fosfato, O NADH transfere seus elétrons para a molécula de
dihidroxicetona fosfato, convertendo-a a glicerol-3-fosfato. Esse, por sua vez, transfere
seus elétrons para a molécula de FAD reduzindo-a. O FADH2 então, sendo grupo
prostético da glicerol-3-fosfato desidrogenase mitocondrial transfere os elétrons para a
ubiquinona, que se dirige direto ao complexo III. Os equivalentes transportados pela
lançadeira do glicerol 3-fosfato entram através da coenzima Q e têm uma razão P/O de
1,5 ATPs.

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