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Fosforilação oxidativa

A fosforilação oxidativa é o processo metabólico de síntese de ATP a partir da energia liberada


pelo transporte de elétrons na cadeia respiratória. Todo o processo depende de dois fatores, a
energia livre obtida do transporte de elétrons e armazenada na forma de gradiente de íons
hidrogênio e uma enzima transportadora denominada ATPsintase. Durante o fluxo de elétrons
há liberação de energia livre suficiente para a síntese de ATP em 3 locais da cadeia respiratória:
Complexos I, III e IV. Estes locais são denominados "SÍTIOS DE FOSFORILAÇÃO
OXIDATIVA". Nestes locais a liberação de energia livre é em quantidade equivalente à
necessária para a síntese do ATP.

A Enzima ATPsintase ou ATPase, ou ainda, F1FoATPase, é uma enzima de estrutura muito


complexa, formada por 16 sub-unidades polipeptídicas distribuídas em 2 frações funcionais: as
frações Fo e F1.

A Fração F1 é semelhante a uma maçaneta cujo cabo seria a fração Fo. Está ligada na
membrana mitocondrial interna (nas cristas), sempre voltada para o lado da matriz mitocondrial.
Possui 9 unidades polipeptídicas de 5 tipos diferentes - 3 a , 3 b , 1 g , 1 d e 1 e - e vários sítios
de ligação com o ATP, ADP e fosfato. Tem atividade de síntese do ATP, mas para isso precisa
estar associada à fração Fo; quando dissociada de Fo, só é capaz de hidrolizar o ATP.

A Fração Fo atua como um canal de prótons através da membrana mitocondrial interna. É


formada por um conjunto de 9 a 12 polipeptídios localizados através dessa membrana, e está
ligada à F1 sempre do lado da matriz mitocondrial. O "o" subscrito não é um zero, mas sim a
letra inicial da palavra "oligomicina", um potente inibidor desta enzima e, por conseqüência, da
fosforilação oxidativa.

Ciclo de Krebs
O ciclo de Krebs, também conhecido como ciclo do ácido cítrico ou ciclos dos ácidos
tricarboxílicos, é uma região central do metabolismo, com vias degradativas chegando até ele
e vias anabólicas começando nele, que ocorre na matriz mitocondrial dos organismos
eucariontes e no citoplasma dos procariontes.

Nos organismos aeróbicos, a glicose e outros tipos de açúcares, ácidos graxos e a


maioria dos aminoácidos são oxidados, em última instância, a CO2 e H2O por meio do
ciclo de Krebs. No entanto, antes que possam entrar no ciclo, os esqueletos carbônicos
dos açúcares e ácidos graxos precisam ser quebrados até o grupo acetil do acetil-CoA, a
forma na pela qual este ciclo recebe a maior pare de sua energia.

Resumidamente, este ciclo pode ser descrito da seguinte forma: para iniciar uma volta
do ciclo, o acetil-CoA transfere o seu grupo acetil para um composto com quatro
átomos de carbono, o oxaloacetato, para formar o citrato (composto com seis átomos de
carbono). Este, por sua vez, é transformado em isocitrato, também uma molécula de seis
átomos de carbono, e este é desidrogenado, perdendo o CO2, para dar origem ao α-
cetoglutarato (ou oxoglutarato), um composto com cinco átomos de carbono. Este
também perde CO2e libera o succinato (composto de quatro átomos de carbono), sendo
convertido enzimaticamente, em uma reação de três passos em oxalacetato com quatro
átomos de carbono, com o qual o ciclo foi iniciado; sendo assim, o oxalacetato está
pronto para reagir com uma nova molécula de acetil-CoA e iniciar uma nova volta ao
ciclo.

Em cada uma dessas voltas entra um grupo acetil (dois carbonos), como acetil-CoA, e
saem duas moléculas de CO2. Em cada volta, é empregada uma molécula de
oxaloacetato para gerar citrato, porém, após diversas reações, essa molécula de
oxaloacetato é regenerada. Portanto, no final não ocorre qualquer remoção do
oxaloacetato e uma molécula dele pode, teoricamente, ser suficiente para participar da
oxidação de um infinito número de grupos acetil.

Quatro dos oito passos desse processo são oxidação e a energia nelas liberada é
conservadora, possuindo elevada eficiência na formação dos coenzimas reduzidos, que
são NADH e FADH2.

Embora o ciclo de Krebs tenha um papel central nos mecanismos metabólicos de


obtenção de energia, seu papel não está limitado à conservação de energia.
Intermediários possuindo quatro a cinco átomos de carbono do ciclo são utilizados
como precursores biossintéticos de uma enorme variedade de substâncias. Para que haja
a substituição das moléculas desses intermediários removidos, as células empregam as
reações anapleróticas, ou reações de reposição.

Como já foi dito, este ciclo possui oito passos, que serão descritos mais
aprofundadamente. São eles:

1. Formação do citrato: a primeira reação é a condensação do acetil-CoA juntamente


com o oxalacetato, catalizada pela enzima citrato sintase, visando a formação do ácido
cítrico.
2. Formação do isocitrato via cis-aconitato: nesta etapa, a enzima aconitase, também
conhecida como hidratase, catalisa a formação reversível do citrato em isocitrato, por
meio da formação intermediária do cis-aconitato. A aconitase pode promover a adição
reversível da água na dupla ligação do cis-aconitato ligado no sítio catalítico da enzima
através de dois caminhos distintos, um levando a citrato e outro a isocitrato.
3. Oxidação do isocitrato à α-cetoglutarato e CO 2: nesta etapa a enzima isocitrato
desidrogenase catalisa a descarboxilação oxidativa do isocitrato para gerar o α-
cetoglutarato. Existem duas formas distintas da desidrogenase isocítrica, uma que
emprega o NAD+ como recepetor de elétrons e outra que emprega o NADP +. A reação
global catalizada por ambas as enzimas é igual nos demais aspectos. Nas células de
organismos eucariontes, a enzima dependente de NAD está na matriz mitocondrial e
atua no ciclo de Krebs. A isoenzima que é dependente de NADP é encontrada tanto na
matriz mitocondrial quanto no citosol e sua função mais importante é a geração de
NADPH (molécula essencial nas reações anabólicas de redução).
4. Oxidação do α-cetoglutarato a succinil-CoA e CO 2: ocorre nova reação oxidativa, onde
o α-cetoglutarato é convertido e succinil-CoA e CO 2 através da ação do complexo da
desidrogenase do α-cetoglutarato; o NAD+ serve como receptor de elétrons, e o COA,
como carreador do grupo succinil. A energia de oxidação do α-cetoglutarato é
conservada pela formação de uma ligação tioéster do succinil-CoA. Esta reação inclui
três enzimas análogas, a E1, E2 e E3, bem como a TPP ligado a enzima, lipoato ligado às
proteínas, FAD, NAD e à coenzima A.
5. Conversão do succinil-CoA em succinato: o acetil-CoA e o succinil-CoA têm uma
energia livre de hidrólise de sua ligação tioéster forte e negativa. Deste modo, a
energia liberada na quebra dessa ligação é usada conduzir a síntese de uma ligação de
anidrido fosfórico no ATP ou no GTP, formando-se finalmente o succinato, através da
participação da enzima succinil-CoA sintetase ou tioquinase succínica.
6. Oxidação do succinato a fumarato: através da ação da flavoproteína succinato
desidrogenase, o succinil-CoA é oxidado a fumarato. Nos seres eucarióticos, o
succinato desidrogenase ligado é fortemente ligado à membrana mitocondrial interna;
nos procariotos, ela é ligada à membrana plasmática.
7. Hidratação do fumarato para produzir malato: a hidratação reversível do fumarato é
em L-malato é catalisada pela enzima fumarese (fumarato hidratase). Essa enzima é
extremamente estereoespeífica; ela catalisa a hidratação da dupla ligação trans do
fumarato, no entanto, não é capaz de agir no maleato (isômero cis do fumarato).
8. Oxidação do maleato a oxaloacetato: na última reação do ciclo, a enzima L-maleato
desidrogenase, ligada ao NAD, cataliza a oxidação do L-maleato em oxaloacetato. Nas
células intactas, o oxaloacetato é continuamente removido pela reação da citrato
sintase, conservando deste modo, a concentração do oxaloacetato na célula em
valores muito pequenos, deslocando a reação do maleato desidrogenase em direção à
formação de oxaloacetato.

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