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Metabolismo de Lipídeos
Ácidos graxos:
- É o principal lipídeo
- É o único lipídio que se caracteriza por um grupo funcional
- São ácidos carboxílicos de cadeia longa que cria uma molécula anfipática
- Na natureza ele pode estar saturado, o que predomina nas gorduras animais, ou
instaurado, que predomina nos de origem vegetal (pois ao ter a insaturação cria-se
assimetria na cadeia do ácido graxo o que diminui a capacidade dele de fazer interações
de van der waals, o que faz eles ficarem líquidos à temperatura ambiente)
- Nas nossas células adiposas esses ácidos graxos vão estar extremamente apolares,
esterificados na molécula de glicerol. Então os triacilgliceróis são o glicerol esterificado
com os ácidos graxos, o que cria um ambiente muito hidrofóbico na célula adiposa.
Triacilgliceróis:
- São apolares
- É a forma mais apolar de armazenamento de energia, já que o glicogênio armazena
glicose e ela faz muitas pontes de hidrogênio. Por um lado isso facilita a mobilização, já
que em meio aquoso as enzimas conseguem trabalhar, mas por outro lado, ocupa muito
espaço, já que a molécula de glicose traz água consigo e logo é uma forma mais pesada
de armazenamento.
- Armazenado na célula adiposa
Obs: degradar ácido graxo é uma via produtora de energia, então é catabolismo e tem reações
de oxidação. Já sintetizar ácido graxo é uma via consumidora de energia, então é anabólico e
tem reações de redução.
Primeiramente, o ácido graxo é unido à CoA e ela vai ajudar a transportar carbonos. Porém,
isso ocorre com gasto de ATP e esse gasto é dividido em duas etapas. Primeiro o ácido graxo é
unido ao AMP, pela clivagem do ATP e libera PPi (pirofosfato), esse é quebrado pela
pirofosfatase e libera a energia para transferir a CoA para o lugar do AMP. E essa reação é
irreversível.
Então a ativação de ácido graxo consome a ENERGIA (conteúdo energético) de 2ATPs. Tendo
o ácido graxo ativado, o próximo passo é uni-lo a algo que tem transporte dentro da mitocôndria
e essa molécula é a Carnitina. Formando a acil carnitina
- Comum para os ácidos graxos que têm mais de 10 carbonos.
A Clivagem do ácido graxo ocorre sempre no carbono beta da molécula e por essa razão o
processo também é chamado de beta oxidação.
- Um exemplo dado foi do Palmitato e ele já está ativado, pois está ligado a CoA. A
primeira reação é uma oxirredução (entra FAD) pela acil CoA desidrogenase, formando
uma outra molécula que sofre uma hidratação ou hidrólise por uma hidrolase.
- A molécula seguinte sofre uma oxirredução com a entrada de NAD+. Por fim, a outra
molécula formada recebe uma CoA, que quando se liga a carbonos o faz por uma
ligação tioéster, ou seja, a reação é uma tiólise, que quebra a ligação covalente no
carbono beta usando uma CoA, saindo Acetil CoA e sobrando 14 Carbonos já ligado a
Coenzima A.
- O fato de usar a CoA para clivar é importante, pois impede que a molécula tenha que
sair da mitocôndria para ser ativada novamente. O processo de um ciclo de beta
oxidação tem uma oxirredução dependendo do FAD, uma hidratação, uma oxirredução
dependendo do NAD+ e uma tiólise (quebra no carbono beta a partir da coenzima A).
Degradando o Palmitato têm-se:
8 Acetil CoA → cada um rende 10 ATPs → 80 ATPs → 7 FADH2 → cada um rende 1,5 ATPs → 10,5
ATPs 7 NADH → cada um rende 2,5 ATPs → 17,5 ATPs - 2 ATPs da ativação do ácido graxo
No total têm-se 106 ATPs e, quanto maior o ác. graxo mais energia ele fornece ao nosso corpo.
Obs: com ác graxo insaturado é preciso ter uma isomerase para reorganizar a molécula
transformando uma ligação cis numa ligação trans, para a beta oxidação continuar.
- Obs2: A Acetil CoA tem que rodar o ciclo de Krebs, mas para isso ela precisa do
Oxaloacetato e ele só tem duas origens: ou porque foi regenerado após o ciclo rodar ou
a partir de Piruvato que é convertido nele pela Piruvato carboxilase. E o Piruvato só vem
da glicose. Ou seja, a degradação de ác. graxos depende de carboidratos. Então se não
existir um balanço entre o consumo de gordura e de carboidrato, não haverá
Oxaloacetato suficiente para Acetil CoA formado. O excesso de Acetil CoA começa a se
condensar e isso vai gerar os corpos cetônicos. Isso ocorre em jejuns prolongados,
dietas cetogênicas ou diabetes.
- Existem alguns tecidos que dão mais prioridade à glicose, mas quando chega-se numa
situação energética dessa, forma-se corpos cetônicos, pois alguns tecidos (por exemplo
o do coração e da córtex renal) vão priorizá-los e deixar a glicose para outros tecidos
como o cérebro, o sangue e o músculo. Então, nos tecidos que usam o Acetoacetato ele
será transformado em Acetil CoA que roda o ciclo de Krebs novamente. Porém, isso é
para ser uma situação temporária, pois caso não volte a ingerir carboidrato, os corpo
cetônicos com o tempo são tóxicos (forma-se uma cetose, o pH sanguíneo sofre uma
queda e isso leva a coma e morte)
Degradação x Síntese:
Degradação Síntese
reações por ciclo: oxidação, hidratação. reações por ciclo: condensação, redução,
oxidação e clivagem desidratação e redução
as cadeias são degradadas pela remoção as cadeias são sintetizadas pela adição
sequencial de 2C resultando em Acetil Coa sequencial de 2C derivados da Acetil Coa
Acetil CoA Carboxilase (ACACA) forma Malonil CoA a partir de Acetil coA e ATP. E essa reação
é o ponto de controle. Além disso, Acetil CoA vai unir-se a ACP (proteína carreadora de acila)
formando Acetil ACP e liberando a CoA, pela ação da enzima acetil transacilase.
Ao mesmo tempo, Malonil CoA vai unir-se a ACP (proteína carreadora de acila) formando
Malonil ACP e liberando a CoA, pela ação da enzima malonil transacilase. Tendo Acetil ACP e
Malonil ACP essas duas vão se unir formando Acetoacetil ACP + ACP + CO2, ou seja, uma
condensação. O Acetoacetil vai ser reduzido, a molécula formada vai ser desidratada e por fim
o resultado vai ser reduzido, aumentando a molécula progressivamente. Sendo que as 4
reações (condensação, redução, desidratação e redução) são feitas pelo complexo da ácido
graxo sintase
- Obs: O término da síntese de lipídeos acontece no REL. Somando todo o processo para sintetizar
1 Palmitato: 8 Acetil Coa + 7 ATP + 14 NADPH → Palmitato +14 NADP+ +8 CoA+6 H2O+7
ADP+7 Pi
- Ou seja, é uma via anabólica e, logo, consumidora de energia e de poder redutor.
- Obs2: da quantidade total dos NADPH metade vem da saída do Acetil Coa da
mitocôndria e a outra metade vem da fase oxidativa da Via das Pentoses
Obs: A saída do Citrato para o citoplasma já ativa parcialmente a ACACA mesmo com ela
fosforilada, pois ele sinaliza que o substrato da enzima já está disponível
Resposta a dieta
Saciedade Jejum Prolongado e Ativ. Intensa
Colesterol
- origem animal.
- precursor de hormônios esteróides, do hormônio da supra renal, dos sais biliares,
vitamina D e componente da membrana plasmática.
- o núcleo esteróide é formado a partir Acetil CoA. Então o excesso de Acetil CoA
(consumo exagerado de carboidrato) leva à síntese de colesterol.
- A reação mais importante da síntese de colesterol é a feita pela enzima HMG-CoA
redutase que forma o Mevalonato. E essa enzima que é inibida pelas estatinas (que
diminuem a síntese de colesterol).
- O colesterol é transportado por lipoproteínas que fazem o tráfego do colesterol no corpo.
Sendo elas: Quilomícrons (transportam os ácidos graxos do intestino para a corrente
sanguínea), VLDL, IDL, LDL e HDL. E o que as difere, além da função, é a densidade.
Então existem as com densidade muito baixa que fazem o transporte do colesterol
endógeno (VLDL), as com densidade intermediárias (IDL), que é precursor do LDL e as
com alta densidade (HDL). Quanto ao HDL, ele vai ser responsável por retirar o
colesterol do sangue e a atividade física aumenta as taxas desta lipoproteína.
O colesterol que está sendo transportado pela lipoproteína começa a oxidar e atrai células do sistema
imune (macrófago), elas entram em apoptose, crescem e formam as células espumosa. Após isso, ocorre
uma reação inflamatória tão grande que estreita a luz do vaso e muda a sua estrutura → aterosclerose
Metabolismo de aminoácidos
- Aquilo que nosso metabolismo não vai aproveitar dos aminoácidos ele elimina pela urina
na forma de uréia.
Aminoácidos:
- Importantes para a síntese de peptídeos, síntese de proteínas, enzimas (já que muitas
enzimas são proteínas) e alguns hormônios, por exemplo, insulina que é um peptídeo.
- O nitrogênio desses aminoácidos pode servir para síntese de outros compostos como
bases nitrogenadas dos nucleotídeos, alguns neurotransmissores, por exemplo,
glutamato e glutamina que são aa e neurotransmissores.
- Entretanto, o excesso de aa no corpo, por ingestão aumentada, por exemplo, vai ser
degradado e não conseguimos manter o nitrogênio no corpo, então eliminamos como
ureia.
- Sua constituição é um carbono quiral (com quatros substituintes diferentes), um grupo
amina que fica protonado, um grupo carboxila que fica desprotonado, um hidrogênio e
uma cadeia lateral que vai definir as características individuais do aminoácido.
Digestão de proteínas:
- No estômago a proteína é digerida por enzimas proteolíticas, que trabalham em um pH
bem baixo, e no lúmen intestinal existe ou a absorção dos aminoácidos diretamente
caindo na corrente sanguínea ou ainda, se preciso, o peptídeo vai ser digerido por
peptidases na membrana do intestino que vão formar aminoácidos, que por sua vez
serão absorvidos.
- Ao degradar aminoácidos não aproveitamos o grupamento amino, ou o organismo usa o
aminoácidos inteiro ou degrada ele e elimina o amino na ureia. O que resta vai gerar
intermediários que podem rodar o ciclo de Krebs e gerar energia para a célula: acetil
CoA, acetoacetil CoA e Piruvato. Os aminoácidos são ou do tipo cetogênicos (que dão
origem a acetil CoA ou acetoacetil CoA) ou do tipo glicogênicos (que originam piruvato
ou oxaloacetato).
colocar imagem****
Nessas situações o músculo esquelético estará gastando glicose, mobilizando glicogênio sobre
ação do glucagon e como ele precisa de ATP ele faz glicólise formando Piruvato, sendo que ele
pode ir para o Ciclo do ácido cítrico ou para a fermentação lática dependendo se a atividade e
aeróbica ou anaeróbica.
Mas além do Piruvato formado também começa a ter quebra de aminoácidos do tecido,
começa-se a degradar os próprios aminoácidos para utilizar os esqueletos carbonados na
respiração celular e nessa degradação de aminoácidos que foi iniciada forma-se amônio, este
não sai da célula e não transita sozinho nela, então ele se liga ao Piruvato que é um cetoácido,
formando um aminoácido, a Alanina pela ação da Alanina transaminase ou Alanina
aminotransferase do músculo.
A Alanina cai no sangue e vai para o Fígado, lá ela sofre a ação da Alanina transaminase
hepática que faz a reação contrária a que o músculo faz, transformando Alanina no cetoácido
(Piruvato) e Glutamato, este último passa por uma reação de oxirredução dependendo de
NAD+ ou NADP+ e forma amônia que cai no ciclo da uréia. A Alanina desaminada que virou um
cetoácido (Piruvato) durante o processo em que o Glucagon está agindo, o fígado vai jogá-lo
para a gliconeogênese. A gliconeogênese vem de precursores não glicídicos como o Glicerol, o
Lactato e Aminoácidos (que é esse caso).
Ciclo da Uréia:
- Ocorre parte dentro da mitocôndria e parte no citoplasma da célula.
- A desaminação oxidativa do Glutamato vai originar o amônio (NH4+), usando NAD+ ou
NADP+, fazendo com que o Glutamato volte a ser alfa-cetoglutarato.
- Inicia-se com a união do amônio (NH4+) com o bicarbonato (não é CO2 pois ele não
circula pelo sangue livremente, e sim, na forma de bicarbonato que está dentro da matriz
e é oriundo das descarboxilações oxidativas do ciclo do ácido cítrico, por exemplo)
formando o Carbamoil fosfato, reação feita pela Carbamoil fosfato sintetase dentro da
mitocôndria. Além de gastar bicarbonato, gasta 2 ATPs e então é uma reação
extremamente exergônica e irreversível.
- Tendo o Carbamoil fosfato ele vai se unir a um aminoácido que não é usado para a
síntese de proteínas e está muito presente no fígado, sendo usado para o ciclo da Ureia
que é a Ornitina. Na combinação entre Carbamoil fosfato com Ornitina forma-se outro
aminoácido que apenas participa do ciclo da ureia, que é a Citrulina. Essa união é feita
pela Ornitina transcarbamoilase.
Obs: como esse processo ocorre na célula hepática e o fígado se preocupa em manter a
glicemia e não com carga energética, o oxaloacetato regenerado pelo Fumarato vai para
gliconeogênese, já que essa célula está sobre efeito do Glucagon e não precisa que ele rode o
Ciclo do Ácido Cítrico. - A Arginina irá passar por uma hidrólise pela enzima Arginase formando
Ornitina novamente, que irá voltar para dentro da mitocôndria, e Uréia. Essa uréia o Fígado
libera na corrente sanguínea, vai chegar até os rins e será eliminada pela urina como Ácido
Úrico
Integração metabólica do metabolismo do nitrogênio:
- O ciclo da ureia é conectado através do aspartato, oxaloacetato e fumarato ao Ciclo do
Ác. Cítrico. Porém nesse contexto no fígado, o interesse não é fazer o ciclo rodar, e sim,
usar esses elementos como precursores da gliconeogênese.
- Obs: A ureia precisa ir para os rins e ser eliminada e problemas nesse ciclo vai levar à
hiperamonemia. Ao interromper qualquer etapa do ciclo da ureia leva ao acúmulo de
amônio, o que é problemático já que ela é tóxica no sangue. Essa hiperamonemia só
será fatal caso não seja diagnosticada rapidamente. Muito desse amônio ao invés de ser
desaminado pelo Glutamato, ele se une a ele, formando Glutamina e essa no cérebro é
muito higroscópica o que pode causar edema, podendo gerar lesão cerebral nesse
paciente
Não são desperdiçados já que possuem muitos carbonos e vão formar outras moléculas:
- Piruvato, Acetil CoA, Acetoacetil CoA, alfa-cetoglutarato, succinil CoA, fumarato e
oxaloacetato.
- Dessa forma, alguns aminoácidos são cetogênicos pois podem dar origem a acetil CoA
ou acetoacetil CoA (que podem formar ác.graxos ou colesterol) e outros aa são
glicogênicos pois caem em algum ponto de moléculas que podem surgir a partir da
glicose ou ainda ambos, ou seja, cetogênicos e glicogênicos.
- Obs: Fenilcetonúria → é uma doença genética que impede a degradação do aa Fenilalanina, ele é
um aa essencial que é degradado pela Fenilalanina hidroxilase e vira um outro aa, a Tirosina, que
não é essencial. O problema da fenilcetonúria pode estar ou na enzima ou no cofator enzimático
que é a tetrahidrobiopterina. Esse paciente terá que retirar a ingestão da fenilalanina da sua dieta,
tendo uma alimentação muito regrada e bem controlada, já que quando a Fenilalanina não é
metabolizada ela passa por uma reação de transaminação e forma fenilpiruvato que é tóxico e
pode matar. O exame feito para o diagnóstico é o teste do pezinho.
RESUMO do glucagon
- Em jejum o pâncreas vai liberar glucagon.
- No fígado o glucagon se liga no receptor dele, ativa a proteína G, a subunidade alfa
dela, quando ativada, ativa uma enzima chamada Adenilato ciclase que forma o
segundo mensageiro a partir de um ATP.
- O AMPc ativa a PKA (cinase) e ela fosforila todas as enzimas. A glicogênio fosforilase
fosforilada fica ativa e aumenta a degradação do glicogênio. A glicogênio sintase
fosforilada fica inativa e diminui a síntese do glicogênio.
- Ao mesmo tempo ela ativa a via da gliconeogênese, pois fosforila a Frutose 1,6
bifosfatase que fica ativa e sintetiza glicose. Já a piruvato cinase fosforilada fica inativa e
diminui a glicólise.
- No músculo: se esse jejum estiver relacionado com atividade física será liberada
adrenalina. Ela no músculo tem o mesmo mecanismo de sinalização do glucagon, então
ativa a PKA e ela fosforila.
- Na atividade o músculo está consumindo muita glicose para produzir energia, logo a
glicólise está ativa, a gliconeogênese está inativa, a degradação de glicogênio fica ativa
e a síntese, inativa.
- No tecido adiposo: mesmo mecanismo então ativa a PKA que fosforila. A enzima
Triacilglicerol lipase fosforilada fica ativa e aumenta a degradação de ácido graxo. Já a
ACACA fosforilada fica inativa e diminui a síntese de ácido graxo. Com isso sai glicerol
que vai para gliconeogênese caindo em dihidroxiacetona fosfato e ácido graxo que vai
para todos os tecidos, que levam para a mitocôndria e forma acetil CoA.
- Por fim, considerando os aminoácidos: se é um músculo ele estará ativando a
degradação de aminoácidos, mas nesse caso ele não faz ciclo da ureia, então pega o
amônio une com o piruvato forma Alanina, que vai para o fígado, pois é precursor da
gliconeogênese, voltando a ser piruvato no fígado e o amônio vai para o ciclo da ureia e
é eliminado. O esqueleto carbonado vai ser usado na glicólise ou se tiver oxigênio
chegando, no ciclo do ácido cítrico.