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Nutrição vegetal

Eng°: Tancredo José Carlos (MSc)


Contacto: 855509666
E-mail: t.carlos@unesp.br
Objetivos aula:
 Reconhecer os métodos de avaliação do estado
nutricional das plantas.

 Identificar os elementos essenciais, úteis e tóxicos.

 Entender o processo de absorção e transporte de


nutrientes na planta.

 Identificar as situações em que a nutrição via folhar é


aplicável.
Considerações iniciais
 Os nutrientes são componentes ambientais que influenciam
diretamente no crescimento e desenvolvimento das plantas.

 Eles são absorvidos, pelo sistema radicular e, com menor


eficiência, pelas folhas.

 Os nutrientes devem estar disponíveis na solução do solo para


que as plantas possam absorvê-los.
Avaliação da nutrição das plantas
Formas:

Observar os sintomas visuais de deficiência;

 Analisar o solo ou analisar diretamente os tecidos


vegetais;

Análise de tecido vegetal.


Sintomas visuais

limitações:

 Os sintomas visuais nem sempre claros.

 Na maioria das vezes não ocorre deficiência de apenas um


nutriente.
Sintomas visuais (Cont.)
 Doença;

 Ataques de pragas;

 falta de água e;

 Temperatura muito baixa ou muito alta.


Sintomas visuais (Cont.)
 A deficiência de nutrientes móveis aparece nas
folhas velhas.

 A deficiência dos nutrientes imóveis aparece nas


folhas novas.

Isso se deve ao processo de redistribuição de


nutrientes na planta.
Sintomas gerais de deficiência
nutricional

Fonte: Floss, 2006, adaptado de Marschner, 1986


Análise química de solo

Teores inadequados no solo;

Níveis que podem causar deficiência ou


toxidez.
Análise de tecido vegetal

É uma importante estratégia de


acompanhamento do estado nutricional dos
cultivos agrícolas.

Ela serve de auxílio à análise de solo, para fins


de verificação da fertilidade do solo.
Análise de tecido vegetal (Cont.)
A folha é considerada a parte que melhor
representa o estado nutricional da planta.

Idade da planta,
Estações do ano,
Posição da folha na planta
A área de folha da planta.

(FLOSS, 2006).
Análise de tecido vegetal (Cont.)
 Selecionar a parte da planta a ser coletada, conforme
as recomendações específicas dos cultivos.

 Escolher folhas sem doenças e que não tenham sido


danificadas por insetos ou por outro agente.

 Evitar o contato das folhas coletadas com


inseticidas, fungicidas e fertilizantes.
Análise de tecido vegetal (Cont.)
 Limpar as folhas dos resíduos de pulverização e/ou
poeira logo após a coleta, por meio de lavagem com
água limpa;

 Colocar a amostra em sacos novos de papel, se for


solicitada a análise de boro, usar papel encerado.

 Identificar a amostra e preencher o formulário,


indicando os elementos a serem determinados.
Análise de tecido vegetal (Cont.)
 Enviar as amostras o mais breve possível ao
laboratório; se o tempo previsto para a amostra
chegar ao laboratório for superior a dois dias, é
recomendado secar o material ao sol, mantendo a
embalagem aberta.
Elementos essenciais
Essencial = não pode ser substituído e participa de
algum composto ou reação.

“ Todos os elementos essenciais são encontrados na


planta, mas nem todos os elementos presentes nela
são essenciais”.

Elementos essenciais = nutrientes


Elementos essenciais (Cont.)
 Sua deficiência torna impossível para a planta
completar os estádios vegetativos.

 Tal deficiência é específica, ou seja, ela somente


pode ser prevenida ou corrigida pela aplicação do
referido elemento.

 O elemento deve estar diretamente envolvido na


nutrição da planta.
Elementos essenciais(Cont.)
Nutrientes:
 C, H e O
 Macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S)
 Micronutrientes (B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn)

“Contudo, os elementos estão sempre sob estudo,


podendo a qualquer momento ampliar a lista de
nutrientes”
Elementos essenciais (Cont.)
A divisão em macro e micronutrientes diz
respeito às quantidades de cada nutriente
utilizados pelas plantas.
Macronutrientes (g/kg) de matéria seca da
planta.
Macronutrientes (mg/kg) de matéria seca da
planta.
Macronutrientes
Nitrogênio (N):
 Requerido em maiores quantidades pela maioria das
plantas, dentre aqueles absorvidos do solo,
constituindo de 2 a 4 % da matéria seca vegetal.

 É constituinte de proteínas, aminoácidos, pigmentos,


hormônios, DNA, RNA e vitaminas.
Composição principais fertilizantes
nitrogenados (teores %)
 Nitrato de amônio ( N34)
 Sulfato de amônio (N21)
 Nitrato de cálcio (N15)
 Ureia (N45)
 Esterco cural (N1)
 Nitrato de potássio (N13) e etc.....
Fósforo

A quantidade de fósforo (P) na planta pode ser


considerada pequena (0,1 a 1 %).

Os solos Moçambicanos, em geral, apresentam


deficiência de P, além de fixação em formas
indisponíveis para as plantas, o que demanda um
cuidado especial no manejo deste nutriente nos
cultivos agrícolas.
Composição principais fertilizantes
Fosfatados (teores %)
 Fosfato monoamânico(MAP 48)
 Fosfato diamonico (DAP 45)
 Fosfato natural (P4)
 Fosfato natural reativo (P9)
 Nitrofosfato(18)
 Surfosfato Simples(18)
 Superfosfato duplo (28)
 Superfosfato triplo (41) e ect....
Fósforo (Cont.)
Tem como funções na planta:

 Participação nos processos de trocas de energia


(ATP), na divisão celular (DNA/RNA) e constituição de
estruturas dos vegetais.
Potássio (K)
 O potássio (K) é um dos nutrientes exigidos em
maiores quantidades pelas culturas.

 Sua principal função na planta é ser um ativador


enzimático, atuando em mais de 120 enzimas, nos
mais diversos processos vitais da planta.
Potássio (Cont.)
Importante:

 Regulação da turgidez dos tecidos;

 Resistência à geada, seca e salinidade;

 Abertura e fechamento dos estômatos, resistência a


moléstias e resistência ao acamamento.
Potássio (Cont.)
É um nutriente mais fácil de ser manejado no solo, pois
não sofre inúmeras transformações e nem tem diversas
formas de perdas, como o N, bem como não apresenta
um mecanismo específico e complexo de retenção pelo
solo, tornando indisponível para a planta, como o P.
Composição principais fertilizantes
potássicos (teores %)
 Salitre potássico (K14);
 Nitrato de potássio (K44);
 Cloreto de potássio (K58);
 Sulfato de potássio (K50);
 Sulfato de potássio e magnésio (K22) e etc....
Para pesquisar
Macronutrientes:
Ca, Mg, S,
Micronutrientes:
Fe, Mn, B, Zn, Cu, Mo, Cl, Ni.
Elementos úteis
Elementos úteis: de alguma forma contribuem
significativamente para melhoria do desenvolvimento,
produção da planta e, ou, qualidade do produto – Na,
Ni, Se, Si e Co.
Elementos tóxicos
Elementos tóxicos: constituem-se em qualquer
elemento, nutriente ou não, que em decorrência de
seu elevado teor no meio ou tecido vegetal, acarreta
prejuízo ao desenvolvimento da planta.
A toxicidade não necessariamente precisa
apresentar sintomas visuais. Ela pode manifestar-se
de diversas maneiras, inclusive com sintoma de
deficiência de outro nutriente.
Elementos tóxicos (cont.)
O alumínio (Al) é elemento tóxico.

 É um problema em solos ácidos, com pH menor que


5,5.

 Os efeito do Al+3 se manifestam nas raízes,


apresentando alteração na anatomia (menor
crescimento e engrossamento das raízes), o que irá
interferir na absorção e transporte de água e
nutrientes.
Elementos tóxicos (Cont.)
 O Al+3 também interfere negativamente em
processos fisiológicos das plantas, como a
fotossíntese e a respiração.

 Além disso, o Al+3 interfere no metabolismo de


nutrientes essenciais, reduzindo os teores de quase
todos e interferindo na absorção, transporte e uso de
nutrientes como Ca, P, Mg, Cu, Zn, Mn e Fe.
Elementos tóxicos (Cont.)
Outros exemplos de elementos tóxicos são:
 Cromo (Cr);
 Flúor (F);
 Chumbo (Pb) e
 Bromo (Br).
Absorção e transporte de nutrientes
As plantas absorvem a grande maioria dos nutrientes
pelas raízes. Neste sentido, é imprescindível a presença
deles na solução do solo para serem absorvidos.

Folhas< raízes.

As folhas serão a principal porta de entrada do


carbono (C) através do CO2.
Absorção e transporte de nutrientes
(Cont.)
Formas contato com as raizes:
 Interceptação radicular – é consequência do
crescimento da raiz, atingindo os nutrientes
presentes no solo.
 Fluxo de massa – movimento dos nutrientes
presentes na solução do solo de um local mais úmido
para um local mais seco.
 Difusão – movimento dos nutrientes de uma região
de maior concentração para uma de menor
concentração.
Absorção e transporte de nutrientes
(Cont.)
Mecanismos de absorção:

Passivo – é um processo rápido, reversível, não


seletivo e sem gasto de energia. O movimento ocorre
de um local de maior concentração (solução do solo)
para outro de menor concentração (interior da
planta).
Absorção e transporte de nutrientes
(Cont.)
Mecanismos de absorção:
Ativo – é um processo lento, irreversível, seletivo e com
gasto de energia. É o processo de absorção mais
importante.
Fatores que influenciam na absorção
A absorção de nutrientes pode ser influenciada por
fatores externos (ambientais) e fatores internos da
planta, sendo os principais:
Factores externos (Ambientais):
 Aeração do solo
 Temperatura do ar
 Humidade do solo disponibilidade de nutriente no
solo e, etc...
Fatores que influenciam na absorção
(Cont.)
Factores internos (da planta):
 Potencial genético da planta;
 Taxa de crescimento da planta;
 Concentração Interna de Nutrientes;
 Taxa de transpiração;
 Transporte interno de nutrientes.
Redistribuição de nutrientes
Redistribuição: é a transferência do elemento
de um órgão ou região de acúmulo para outro
ou outra, em forma igual ou diferente da
absorvida.
 Baixíssima mobilidade: Ca e B (há exceções);
 Pouco móveis: S – Cu – Fe – Mn – Zn;
 Móveis: N – P – K – Mg – Cl – Mo.
Redistribuição de nutrientes (Cont.)
Consequência:

 Sintomas visuais de deficiência de nutrientes móveis


ou pouco móveis aparecem nas folhas velhas.

 Nutrientes imóveis aparecem nas folhas novas.


Redistribuição de nutrientes (Cont.)
ocorre especialmente nos seguintes estádios de
desenvolvimento dos vegetais:
 Germinação das sementes;
 Fase vegetativa;
 Fase reprodutiva e
 Senescência.
Exportação de nutrientes
Corresponde ao que não é retornado ao solo, por
ocasião da colheita.
Exemplo: melancia, híbrido Tide, 40 t ha-1

Fonte: Grangeiro & Cecílio Filho, 2004 – Hort. Brasileira, v. 22, n.1
Exigência nutricional
 Refere-se às quantidades de nutrientes que uma
cultura necessita para atender ao planejamento
agronômico, ou seja, desenvolver-se e produzir
quantitativa e qualitativamente bem.
 É utilizada para nortear a adubação de uma cultura:
Exigência nutricional (Cont.)
Retrata as condições de cultivo:
GENÓTIPO: espécie, cultivar.
AMBIENTE: precipitação pluvial, temperatura, umidade
relativa do ar, fotoperíodo, fertilidade do solo,
espaçamento, arranjo populacional, irrigação,
população de plantas por unidade de área, IAF, doenças
e pragas, plantas daninhas, MUITOS OUTROS . . .
Exigência nutricional – marcha de
acúmulo
A marcha de acúmulo de nutrientes descreve as
quantidades dos nutrientes acumuladas na planta toda
ou em parte dela, ao longo do ciclo.
Possibilita identificar épocas de maior exigência
nutricional (maior demanda) por um determinado
nutriente.
Possibilita identificar redistribuição de nutriente,
mediante alteração do dreno principal na planta.
Informações auxiliam na prescrição de fertirrigações e,
ou, adubações de cobertura, tanto com relação à dose
quanto à época de aplicação.
Exigência nutricional – ajudando a
construir a produção
Exigência nutricional – como calcular?

Acúmulo?

Acúmulo = Teor x Massa seca


Exigência nutricional (Cont.)
Concentração, teor e acúmulo:
Concentração e teor:
São sinônimos.
Referem-se a valores relativos do elemento
em um meio (sólido ou líquido).
Acúmulo:
Refere-se à quantidade do elemento presente
na planta ou em parte dela.
Exigência nutricional (Cont.)
Concentração, teor e acúmulo:
Exigência nutricional (Cont.)
Concentração, teor e acúmulo:
Exigência nutricional (Cont.)
Concentração, teor e acúmulo:
Teor ? Contribui para a avaliação do estado nutricional
?
Análise: N = 37 g kg-1
Trani e Raij (1997) = 30 a 50 g kg-1
Qual é o estado nutricional
desta planta?
R.: Quanto ao nitrogênio,
está adequado ,
Mas a planta pode não estar nutricionalmente
adequada, ou seja, pode não estar refletindo algum
desequilíbrio. Por quê?
Exigência nutricional (Cont.)
Concentração, teor e acúmulo:
• Acúmulo
Contribui para a avaliação do estado
nutricional.

N = 37 g kg-1
100 gramas N = 37 g kg-1
3,7 gramas/planta 400 gramas
14,8 gramas/planta
Exigência nutricional (Cont.)
Exigência nutricional – como calcular?
 Teor total de N da planta?
Não se pode somar os teores
das partes da planta para
obter o teor total.
Não existe teor total de um
nutriente na planta.
Existe, sim, o teor médio, o qual é representativo de toda
a planta, ou seja, quando toda a planta é tomada como
amostra.
Exigência nutricional (Cont.)
Exigência nutricional – como calcular?
Teor médio de N da planta?
Exigência nutricional (Cont.)
Exigência nutricional – como calcular?
 Teor de N médio na
vegetação da planta?
Teor FC = [(50*200) + (20*300)] =
Teor FC = 10 + 6
Teor FC = 16g/500 g MSF+CA
Teor FC = 32,0g/kg MSF+C
Média simples = 35g/kg MSF+C
 E na planta, como um
todo?
Exigência nutricional (Cont.)
Exigência nutricional – como calcular?
Acúmulo = Teor x Massa seca
Acúmulo = [(50*200) + (20*300) +
(30*500)]

Acúmulo = 31g planta-1de N


média simples = 33,3 g planta-1de N
Acúmulo = 620kg ha-1de N (20.000 pl)
Exigência nutricional (Cont.)
Exigência nutricional – marcha de acúmulo

 Quais
informações
podem ser
retiradas
dessa figura?

Acúmulo de potássio em planta de cebola do híbrido Optima ao


longo do ciclo, em cultura estabelecida por semeadura direta.
Fonte: Pôrto (2005).
Adubação folhar

As plantas absorverem os nutrientes através das raízes.


Entretanto, as folhas também possuem capacidade de
realizar a absorção de nutrientes.

Quando utilizamos esta via, realizamos a chamada


adubação folhar.
Adubação folhar (Cont.)

A adubação folhar é utilizada com objetivo de corrigir


deficiências e/ou complementar a adubação realizada
no solo durante o desenvolvimento da planta.

Vantagens
 Melhor aproveitamento de alguns nutrientes pelas
plantas e a opção de aplicar juntamente com
defensivos agrícolas.
Adubação folhar (Cont.)
Sua eficiência vai estar condicionada:

 Condições climáticas;

 Estádio de desenvolvimento das plantas;

 Forma de aplicação, da natureza do fertilizante


utilizado, da determinação precisa de qual nutriente
está em deficiência, dentre outros.

(FLOSS, 2006).
Adubação folhar (Cont.)
Fatores relacionados a folha:
 Estrutura, Composição química e Idade.
Fatores relacionados aos nutrientes
 Mobilidade. Velocidade de assimilação, interação
entre nutrientes.
Fatores relacionados à calda
 Solubilidade dos nutrientes, Concentração da
solução, Mistura de Nutriente, utilização de óleo
mineral e pH.
Adubação folhar (Cont.)
Fatores externos:
 Luz;
 Disponibilidade de agua no solo;
 Temperaturas;
 Humidade de ar;
 Tecnologia de aplicação.
Adubação folhar (Cont.)
A adubação folhar não pode ser considerada como
substituta da adubação do solo, mas sim como
complementar para algumas culturas e para
determinados nutrientes.

(FLOSS, 2006).
Adubação folhar (Cont.)
A adubação folhar pode ser usada como alternativa em
situações específicas, como:

 Em solos que possuem baixa disponibilidade de


nutrientes;

 Em solos áridos;

 Para aumentar o teor de proteína em grãos de


cereais;
Adubação folhar (Cont.)
 Para compensar o decréscimo da atividade das raízes
durante o estádio reprodutivo .

 Para aumentar o teor de Ca em frutas


(especialmente na maçã).
Muito obrigado!

Nas próximas aula veremos


Fotossíntese e respiração

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