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NUTRIÇÃO MINERAL DE

PLANTAS
Porque estudar Nutrição de Plantas?
O homem come planta ou planta transformada,
então, somente alimentando a planta é possível
alimentar o homem.
O que estuda a Nutrição de Plantas?
A absorção, transporte e redistribuição de
elementos, funções e sintomas de deficiências,
fotossíntese, respiração, síntese de gorduras,
carboidratos e proteínas.
Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.).
A planta era um animal invertido: raízes = boca
J. Priestley (1770)

As plantas purificam o ar


Scheele – as plantas também
podiam contaminar o ar -
respiração
Jan Ingen-Housz (1780)

As plantas purificavam o


ar à luz e o prejudicava à
sombra e à noite.
Nicolas-Théodore de Saussure (1767-1845)

As plantas obtinham C do CO2 atmosférico,


O H e o O eram absorvidos juntamente com o C,
O aumento da MS era devido ao C, H e O,
O solo fornecia os minerais indispensáveis às
plantas,
A respiração é o processo que funciona como fonte
de
energia à vida da planta.

Jean–Baptiste Boussingault (1802-1887)

água + sais dissolvidos para fornecer elementos


às plantas
Atacou as idéias de Boussingault: água + sais
dissolvidos para fornecer elementos às plantas
A planta se nutria de alguns elementos retirados
do solo, além de CO2 e água,
N vinha da NH3 existente na atmosfera,
Os adubos deveriam ser silicatos insolúveis, pois
do contrário se perderiam por lixiviação.
SÉCULO XX
B: K. Warington (1923)
Cu: A.L. Sommer(1931)
D.I. Arnon – P. R. Stout (1939) – critérios de essencialidade
Mo: Arnon, Stout (1939)
D.R. HOAGLAND (1884 – 1949). Lectures on the Inorganic Nutrition of Plants
(1944)
Cl: Broyer et al. (1954), Na: Brownell, Wood (1957), Co: Delwiche et al. (1961),
Si: Myiake, Takahasi (1978), Ni: Eskew et al. (1984), Se: Wen et al. (1988).
E. Epstein: Mineral Nutrition of Plants.
NO BRASIL
1887-1897– IAC (F. W . Dafert)

1950 – Grande impulso


J. Mello de Moraes, E. Malavolta, M. G. Ferri
ÁREA x PRODUTIVIDADE
Agricultura Sustentável
1/T

INTRODUÇÃO

LUZ
CO2 CO2
Enz. Compostos Enz. Compostos Enz. Compostos
Pl/ clorof.
Simples Complexos Simples
H2O (M) (M) (M) (M) H2O

M = nutriente

Humanos
Carboidratos
Lipídios Alimento
Proteínas Animais
Outros
Organismos

Ainda: madeira, energia, celulose, medicamentos, corantes, resinas…


Nutrição Mineral de Plantas 2/T

Matéria Seca
 C, H e O - 90 a 95% do total
 Minerais - 5 a 10% do total

Elementos Essenciais
 Compõe compostos orgânicos
 Participa de reações
 Na ausência a planta não vive
Nutrição Mineral de Plantas 3/T

ELEMENTOS ESSENCIAIS E BENÉFICOS EM PLANTAS


Elementos minerais essenciais
Elementos minerais benéficos
Elementos não minerais essenciais
Nutrição Mineral de Plantas 4/T

Macronutrientes (kg ha-1)


 N, P, K, Ca, Mg e S

Micronutrientes (g ha-1)
 B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn (Co, Ni)
Elementos essenciais para as plantas

Orgânicos: carbono; oxigênio e hidrogênio

Macronutrientes:

Nitrogênio N N03-, NH4+


Fósforo P H2P04-, HP042-
Potássio K K+
Cálcio Ca Ca2+
Enxofre S S042-
Magnésio Mg Mg2+
Micronutrientes:

Boro B H3B03, H4B04-


Cloro Cl Cl-
Cobre Cu Cu2+
Ferro Fe Fe2+
Molibdênio Mo MoO4-
Manganês Mn Mn2+
Zinco Zn Zn2+
Nutrição Mineral de Plantas
Elemento símbolo % em matéria seca
Carbono C 45,0
Oxigênio 0 45,0
Hidrogênio H 6,0

Nitrogênio N 1,5
Potássio K 1,0
Cálcio Ca 0,5
Magnésio Mg 0,2
Fósforo P 0,2
Enxofre S 0,1

Cl = 0,01; Fe= 0,01; Mn= 0,005; B=0,002;


Zn= 0,002; Cu= 0,0006; Mo= 0,00001
Benéficos: Aumenta o crescimento e a produção em
condições particulares.

Cobalto – Co - Co2+ Fixação de N2 por bactérias de


vida livre o excesso de Co, diminui a absorção de Fe e
Mn

Sódio – Na – Na+

Níquel - Ni - Ni2+ Enzima Urease

Selênio - Se - substituir o S da ferredoxina


Tóxico:
Alumíno (Al+3); Chumbo; Césio; Cromo;
Mercúrio.
Dependendo da concentração no solo ou na
planta o elemento pode ser essencial ou
tóxico
Nutrição Mineral de Plantas

Elementos BENÉFICOS:
Compensam ou eliminam os efeitos tóxicos de
outros. Ex. O Al em concentração abaixo de 0,2
ppm pode reduzir ou eliminar efeitos tóxicos de Cu,
Mn e P.
Substituem um elemento essencial em alguma de
suas funções menos específicas. Ex. O Na pode
satisfazer parte da função osmótica do K.
São essenciais apenas para algumas espécies.
Ex. O Na é essencial para a halófita Atriplex
vesicaria.
Atriplex vesicaria
Essencialidade Iônica

 Critérios de essencialidade:

 Direto:
O elemento participa de algum composto, ou de
alguma reação, sem o qual a planta não vive (Ex. uma
enzima).

 Indireto:
Na ausência do elemento a planta não completa o seu
ciclo de vida.
O elemento não pode ser substituído por outro.
Estudo da Essencialidade Iônica
A planta absorve do solo elementos essenciais, não
essenciais e tóxicos.
Comprovar a essencialidade depende de substratos
inertes e de soluções nutritivas com omissões de
nutrientes.

A planta tem capacidade de absorção seletiva limitada,


podendo absorver elementos não essenciais e tóxicos.

Macronutrientes: N, P, K, Ca, Mg, S


Micronutrientes: B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Zn e Ni

Elementos Benéficos: Si, Co, Na, Se e Al.

Elementos Tóxicos: Pb, Ce, Hg, Al .....


DEFINIÇÃO DE TERMOS

ABSORÇÃO – entrada de um elemento M,


em forma iônica ou molecular, numa
região qualquer da célula ou do tecido
vegetal (parede, citoplasma, vacúolo).

TRANSPORTE – condução do elemento,


em forma iônica ou molecular, de um local
de absorção para outro qualquer
(translocação), dentro ou fora da raiz.
REDISTRIBUIÇÃO – caso particular de
transporte em que o movimento ocorre
de um local de residência (órgão) para
outro, por exemplo de uma folha velha
para uma nova, de uma folha ou de um
órgão de reserva para um fruto em
desenvolvimento.
Absorção iônica radicular

Os elementos entram em contato com a raiz por interceptação radicular,


fluxo de massa e difusão (a) e zona favorável da rizosfera para o contato
de íons imóveis e móveis (b).
ABSORÇÃO RADICULAR
CONTATO ÍON RAIZ

Intercepção radicular:

As raízes crescem e exploram o ambiente solo em busca de


água e nutrientes num contato direto.

As raízes, em média ocupam até 1% do volume total do


solo.

Um terço do volume do solo com poros ocupados com


solução que pode ser 3 vezes mais concentrada que a
massa do solo adjacente, assim, as raízes podem contactar
no máximo 3% dos nutrientes disponíveis no solo
INTERCEPÇÃO RADICULAR

Ca
Cu Fe

Cu
Fe Cu
Cu Fe
Cu Fe
Fe
B) Fluxo de Massa – Consiste no
movimento do elemento em uma fase
aquosa móvel (solução do solo), de uma
região mais úmida, distante da raiz, até
outra mais seca (próxima da superfície
radicular). Mais significativo no caso do N,
Ca, S, B, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn. É
influenciado basicamente pela:
A) Concentração do nutriente na
solução do solo;
B) Taxa de transpiração da planta.
Fluxo de massa { fm = [M] . V }

N, Ca, Mg, S, B, Mo

M = concentração do elemento na solução do solo


V = volume de água absorvido pela cultura
Taxa de transpiração da planta

FM: É o movimento do nutriente na solução do solo em direção à


superfície das raízes (rizosfera)

É causada pelo fluxo da água ao ser absorvida pela planta

A Absorção de água depende do reservatório de água no solo e do


potencial interno de água da planta que está relacionado às
condições atmosférica de temperatura e umidade
MECANISMOS DE CONTATO ENTRE NUTRIENTES, SOLO E RAÍZES

Nutrientes para as raízes dependem de:


Atributos físicos e químicos do solo.
Da espécie iônica de nutriente
Das características morfológicas e fisiológicas das raízes

H2O
M

Fluxo de massa
C) DIFUSÃO – Consiste em movimento
lento e por distâncias curtas do íon M
numa fase aquosa estacionária,
permitindo-lhe, porém atingir a raiz, indo
de uma região de maior concentração para
outra de concentração menor na superfície
da raiz. Dominante no caso do P e do K.
DIFUSÃO

Difusão {D= DAP(C1 – C2)/L} P , K, Zn, Mn

D= Coeficiente de difusão do íon


C1= conc. de M superf. da raiz
A= Área de absorção
C2= conc. de M distante da raiz
P= fração do volume do solo ocupado pela água

É o movimento espontâneo de M causado pela agitação térmica a favor


do gradiente de concentração, indo de uma região de maior
concentração (a solução do solo) para uma de menor concentração
(superfície da raiz)
A velocidade de difusão depende da água do solo.
Solos arenosos > difusão
Plantas com capacidade de absorver M em baixas concentrações >
difusão.

Um sistema radicular bem desenvolvido, aumenta a velocidade de


difusão.

Coeficientes de difusão em m2. s2 em água e no solo:

Água Solo
NO3- = 1,9x10-9 10-10 10-11
K+ = 2,0x10-9 10-11 10-12
H2P04 = 0,9x10-9 10-12 10-15

O nitrato difunde 3,0 mm/dia


O potássio difunde 0,9 mm/dia
O fosfato difunde 0,13 mm/dia
A absorção pela planta é maior do que o suprimento pelos
outros mecanismos (FM e IR), criando um gradiente de
concentração da rizosfera para o meio externo.

Assim o nutriente se move do ponto de maior concentração


para a de menor concentração.

Fatores de solo:
Tortuosidade (fator de impedância) que varia com a
umidade, densidade e textura do solo e a temperatura.
DIFUSÃO

P e K

P e K
Contato do íon com a raiz = PROCESSOS

M H2O

M
Fluxo de massa

Inter. rad. M

Difusão
Contribuição relativa dos processos de contato em solos
norte-americanos (BARBER, 1966) e nos do Rio Grande do Sul
(VARGAS et al., 1983)

% do total
Íon
Interceptação Fluxo de massa Difusão
- - - - - - Solo barro limoso dos Estados Unidos - - - - - -
N-NO3 1 99 0
-
P-H 2PO4 2 4 94
+
K-K 2 26 72
- - - - - - - - - 12 solos do Rio Grande do Sul - - - - - - - - -
-
P-H2 PO4 3,5 2,6 94
+ 0,9 10,1 89
K-K
Contribuição relativa de diferentes
mecanismos ao fornecimento de certos
elementos minerais a plantas de milho.
Relação entre processos de contato e a
localização de adubos

Elem. Interceptação F. de massa Difusão Aplicação de adubos

N 1 99 0 distante, em cobertura
P 2 4 94 próximo as raízes
K 3 25 72 próx. às raízes e cobertura
Ca 287 760 0 a lanço
Mg 57 375 0 a lanço
S 5 95 0 em cobertura
B 29 1000 0 em cobertura
Cu 70 20 10 a lanço, localizado
Fe 50 10 40 a lanço, localizado
Mn 15 5 80 próximo as raízes
Mo 10 200 0 a lanço
Zn 20 20 60 próximo as raízes

Fonte: Malavolta et al. (1997)


Composição da solução do solo
Elemento Faixa geral Solos ácidos Solos calcários
-1 3
- - - - - - - - - - - moles L x 10 - - - - - - - - - - - - - - -
N 0,16-55 12,1 13
P 0,001-1 0,007 0,03
K 0,2-10 0,7 1
Ca 0,5-38 3,4 14
Mg 0,7-100 1,9 7
S 0,1-150 0,5 24
Na 0,4-150 1,0 29
Cl 0,2-230 1,1 20
1973
1973
77
-1 )
P ro du tivida de (t h a )
-1
h a
66
(t

2
RR 2==0,90**
0,90**
tivida de

55
ro du

44
P

0,1
0,1 0,2
0,2 0,3
0,3 0,4
0,4 0,5
0,5 0,6
0,6 0,7
0,7 0,8
0,8
-1
CCoonce
nce ntra ção d e K n a so luçã o do solo (m e L -1) )
ntra ção d e K n a so luçã o do solo (m e L
(S
(Sím
ímbo
bololoss rereprese
presentam
ntam ddiferen
iferentetess tip
tipos
os ddee solo)
solo)

Correlação entre concentração de K na solução


do solo e produção de milho.
EQ. COEF. DE DIFUSÃO

D = D1 f1 ( dC1 1/ dC) + DE+


FATORES QUE AFETAM
DIFUSIBILIDADE DOS ÍONS NO SOLO

A) Conteúdo Volumétrico de Água no Solo ()

 conteúdo hídrico do solo ()  tortuosidade da


rota de difusão  taxa de difusão.

Pode afetar também a distribuição do íon entre


a fase sólida e a solução.
B) Impedância (f1)
 Tortuosidade da rota seguida pelo íon nos poros do solo.
 Aumentando a distância a ser percorrida ou reduz o
gradiente de concentração ao longo desta rota.
 Pode incluir o efeito do aumento na viscosidade da água
próximo a superfície carregada e influencia na absorção de
ânions (repulsão pelas cargas negativas das micelas de
argila).
 Solos muito secos tem valores muito baixos ( 2 x 10-4 em
w = -10 MPa; 10-2 em w = -1Mpa), mas entre -1 e -0,1
bares aumenta linearmente com o conteúdo hídrico. Em solos
saturados tem valores entre 0,4 e 0,7.
C) Capacidade tamponante do solo ( dC/dC1)

Capacidade do solo reabastecer a solução do solo à


medida que o mesmo vai sendo retirado pelas plantas
ou outro processo qualquer.

 Depende do fator quantidade (Q) e do fator


intensidade (I).
As raízes das plantas absorvem, principalmente, os
nutrientes que estão na solução do solo cuja concentração
é mantida, por sua vez, por um “pool extraível”, muito
maior, onde os nutrientes estão adsorvidos.
Movimento nutrientes no sist. solo-planta
Nutrients in soil
solution

Plant
Root

Nutrientes adsorvido na argila


e na matéria orgânica
Excessivo Nutriente Loading
Nutrientes na
solução do solo

Raiz

Nutrientes adsorvido na argila


Nutrient loss in
e na matéria orgânica
drainage water
INTERCEPTAÇÃO RADICULAR

Área das Raízes = 2 * 10-5


Área do Solo

FLUXO DE MASSA

Qfm = [M] * V
[M] = Conc. Elemento na Sol. Solo
V = Vol. De Água Absorvido pela Cultura
DIFUSÃO

dq/dt = DAP (C1 – C2)/L

dq/dt = Vel. Difusão (moles/s)


D = Coef. Dif. Íon ou Molécula em Água
A = Área de Absorção (cm²)
P = Vol. Solo Ocupado pela Água (Inclui Fator
de Tortuosidade)
C1 = [M] na Dist. L da Superf. da Raiz (moles/l)
C2 = [M] na Superfície da Raiz (moles/l)
L = Espessura (cm) = Dist. entre C1 – C2
CONCLUSÃO:

1) Vel. Difusão depende da água do solo.


2) Plantas com maior capacidade de absorver M
em baixas [ ]s promovem aumento na C1–C2 e,
portanto, cresce Difusão.
3) Sist. Radicular bem desenv. na superfície e
subsuperfície (fator A),  Vel. Difusão, podendo
compensar, num ano de seca, falta de água. D
(m2.s-1), em água e solo:

NO3- = 1,9 x 10-9 e 10-10 –10-11;


K+ = 2,0 x 10-9 e 10-11 –10-12 ;
H2PO4- = 0,9 x 10-9 e 10-12 –10-15.
Difusão, no solo, de 3 Elementos:

NO3- = 3 mm.dia-1;
K+ = 0,9 mm.dia-1;
H2PO4- = 0,13 mm.dia-1.
Relação entre o processo de contato e a
localização de adubos.

Elemento Processo de contato Modos de aplicação


Interceptação Fluxo de massa Difusão de adubos no solo
% do total
N 1 99 0 Área total/cobertura
P 2 5 93 Localizado/semeadura
K 3 27 70 Localizado/semeadura
Ca 27 73 0 Área total/pré-semeadura
Mg 13 87 0 Área total/ pré-semeadura
S 5 95 0 Área total/cobertura
B 3 97 0 Área total/cobertura
Cu 3 97 0 Área total/semeadura
Fe 1 75 24 Área total/semeadura
Mn 43 22 35 Localizado/semeadura
Mo 5 95 0 Área total/semeadura
Zn 20 20 60 Localizado/semeadura
A importância de cada PROCESSO depende:

As espécie iônica envolvida

Genótipo da plantas

Densidade de raízes

fluxo de água na planta


ABSORÇÃO IÔNICA

FOLIAR e RADICULAR
Corte: RADICULAR e FOLIAR

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