Você está na página 1de 25

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

Programa de Pós-Graduação em Ciências


Florestais e Ambientais

Matéria Orgânica do Solo em


Ecossistemas Florestais

Prof. Renisson Neponuceno de Araújo Filho


OBJETIVO DA DISCIPLINA:

Discutir com os pós-graduandos questões atuais sobre a


dinâmica e as metodologias de estudo da matéria
orgânica do solo, contribuindo na sua formação
profissional e, eventualmente, no desenvolvimento de
suas dissertações.
Bibliografia
1. SILVA, I. R. & MENDONÇA, E. S. Matéria orgânica do Solo. In: Novais et al., eds.
Fertilidade do Solo. Viços, MG, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2007.
p.275-374.

2. SANTOS, G. A. et al. Fundamentos da matéria orgânica do solo Ecossistemas


Tropicais e Subtropicais. Porto Alegre, Metrópole, 2008. 654p.

3. CANELLAS, L.P. & SANTOS, G. A. Humosfera: tratado preliminar sobre a


química das substâncias húmicas. Campos dos Goytacazes, UENF, 2005. 309P.

4. Artigos científicos (RBCS, PAB, Geoderma, SSSAJ, EJSS, Plant & Soil, Soil Biology
& Biogeochemistry, Biogeochemistry, Organic Geochemistry, etc.)

5. Teses e dissertações, publicações da Embrapa sobre MOS.


Formação dos solos:

Organismos

Clima Relevo

Material de
origem Solo Tempo
Formação dos solos:
▪ Os solos nem sempre existiram
sobre a superfície da Terra.

▪ Os solos se formaram a partir


do avanço dos primeiros vegetais
terrestres, o que ocorre no
período Siluriano.

▪ Surgimento de vegetais com


raízes no período Devoniano, o
que implica na colonização do
interior dos continentes
(formação de florestas, com
grande consumo de CO2 e
liberação de O2 – processo de
fotossíntese).
Formação dos solos:

Fonte: Ladeira 2010.


Conceito de solo:

“Coleção de corpos naturais,


constituído por partes sólidas,
líquidas e gasosas,
tridimensionais, dinâmicos,
formados por materiais minerais e
orgânicos que ocupam a maior
parte da superfície dos
continentes, contém matéria viva
e podem ser vegetados na
natureza”

Embrapa, 2006
COMPOSIÇÃO DO SOLO

SISTEMA TRIFÁSICO
SOLOS ORGÂNICOS

Material orgânico: C-org ≥ 80 g/kg avaliado na TFSA SiBCS (Embrapa, 2006)


Fase sólida do Solo

• Mineral: primários e secundários

• Orgânica: matéria orgânica do solo (MOS)

• Organomineral: interações organominerais


Fase sólida do solo:

Mineralogia do solo
• Areia:
– Partículas > 0,05 mm;
– Quartzo, feldspato e outros • Argila:
minerais primários.
– Partículas < 0,002 mm
– Colóides minerais (Filossilicatos
e óxidos de Fe e de Al).
• Silte: – Maior reatividade
– Partículas finas maiores que
argila;
– Mescla de minerais primários
e secundários.
Argilas do solo: Caulinita

Caulinita: Mineral dos solos com argilas de atividade baixa (Tb)


Fase Sólida do Solo
• Matéria Orgânica do Solo (MOS)

– Conceito

“Todos os derivados de materiais


vegetais e animais incorporados ao solo ou
dispostos sobre sua superfície, na forma
viva ou nos vários estágios de
decomposição, mas exclui-se a parte aérea
das plantas”.

Encyclopedia of Soil Science, 2006.

– A MOS é constituída basicamente


por C, H, O, N, S e P.
Matéria Orgânica do Solo
Matéria Orgânica do Solo

A
Mobilização de Fe e Al na
forma de complexos
organominerais, contribuindo
E para formação do horizonte B
espódico.

Bh Espodossolo
Composição elementar e bioquímica relativas de uma liteira
Composição Elementar

Carbono 58%
Fator de “van Bemmelen”
Hidrogênio 6%
MO (g kg-1) = CO (g kg-1) x 1,724
Oxigênio 33%
Embrapa, 1997.
Nitrogênio
Fator: 100 / 58 = 1,724
Fósforo (P) 3%

Enxofre (S)
Fator de conversão CO → MO

“ The first line of evidence against the use of 1.724 comes from a close reading
of the earliest papers that initially established the factor” .

Determinação de CO nos ácidos húmicos


Fator de conversão CO → MO
“ The second line of evidence
against the conventional
factor comes from empirical
data published over the last
120 years”.

Observar:
1. Grande variabilidade dos dados
2. Mediana ≈ 2
3. Fator 1,724 corresponde ao
limite inferior
Fator de conversão CO → MO
“ The third line of evidence
against the conventional
factor comes from
theoretical estimates”.

O conteúdo de carbono na
MOS varia de 40 a 72%
(fator 2,5 a 1,4)

Valor médio: 1,95


“Considering the accuracy and
precision of the data,
rounding the average (1,95) to
2 seems prudente”
Importância do estudo da MOS
Importância do estudo da MOS

1. Propriedades químicas
✓ Poder tampão (ampla faixa de pH → grande diversidade de grupos funcionais).
✓ CTC ( a MO representa 20- 90 % da CTC das camadas superficiais do solo)
✓ Complexação de metais (grupamentos carboxílicos e fenólicos.)

2. Propriedades físicas
✓ Agregação (influencia diretamente na formação e estabilidade de agregados)
✓ Infiltração e retenção de água
✓ Resistência à erosão

3. Propriedades biológicas
✓ Reserva metabólica de energia
✓ Ciclagem de nutrientes
✓ Regula a atividade biológica
Importância do estudo da MOS

4. Ambiente
✓ Resistência à erosão dos solos
✓ “Sequestro” de carbono (redução das emissões de GEE)
✓ Ciclo biogeoquímicos (C, N, O, S e P)
✓ Aumento da biodiversidade microbiana

5. Sustentabilidade agrícola
✓ Indicador chave da qualidade do solo (a MOS é sensível às práticas
de manejo).
✓ Compartimento de nutrientes na forma orgânica (N, P e S).
✓ Agricultura de Baixa emissão de Carbono (ABC)
Estudo da MOS em sistemas agrícolas

Compartimentos Residência Função principal Fatores principais de controle


(anos)
A – Biomassa vegetal 0,25 Reciclagem de nutrientes Sistemas de cultura
viva Proteção do solo contra a erosão Fertilidade e acidez do solo
Produção de fibras e alimentos Disponibilidade de água
Temperatura e radiação solar
B – Resíduos 0,25 Fonte de alimento para biota do solo Magnitude do compartimento A
vegetais, raízes e Proteção do solo contra a erosão Tipo de resíduo (relação C/N)
exsudados Fonte de nutrientes às plantas Grau de trituração e incorporação dos resíduos
Temperatura e umidade
C – MO não 0,25 Decomposição dos resíduos Tipo e magnitude do compartimento B
protegida Agregação temporária Fertilidade e acidez do solo
1. Biomassa Fontes de nutrientes Temperatura e umidade
microbiana Grau de revolvimento do solo
2. Lábil (<50 μm) 2a5 Fontes de energia aos microrganismos Magnitude do compartimento A e B
Agregação temporária Temperatura e umidade
CTC Grau de revolvimento do solo
Fonte de nutrientes para as plantas
D – MO protegida ------- Agregação permanente Magnitude do compartimento A, B e C
1. Proteção estrutural CTC Grau de revolvimento do solo
Destruição de agregados
Textura
2. Proteção coloidal 1.000 Agregação permanente Magnitude do compartimento A, B e C
CTC Grau de revolvimento do solo
Mineralogia e textura
Leituras
1. Capítulo 1 (MO e a sustentabilidade de sistemas agrícolas) do
livro: Fundamentos da MOS: ecossistemas tropicais e
subtropicais.
2. Artigo: Pribyl (2010) – A critical review of the conventional SOC
to SOM conversion factor. Geoderma: 156:75-83.
3. Artigo: Blair et al (1995) – Soil carbon fractions based on their
degree of oxidation, and the development of a Carbon
Management Index for Agricultural Systems. Aust.J.Agric.Res.:
46:1459-1466.

Você também pode gostar