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Capítulo 13
Introdução
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A abundância natural do C
Em que
R é a relação molar 13C/12C.
Como a relação molar 13C/12C das plantas é inferior à do PDB, o
δ13CPDB das plantas é negativo.
Usando-se essa terminologia, os valores de δ 13C do CO2 atmosférico
situam-se em torno de -7 ‰ δPDB13C, e as plantas têm valores variando
de -11 a -35 ‰ δPDB13C (FARQUHAR et al., 1989). Daqui por diante, se
utilizará o termo 1 delta como equivalente a 1 ‰ δPDB13C.
As maiores diferenças na composição isotópica de C nos tecidos
vegetais são observadas entre espécies que têm ciclo de carboxilação
C3 e as que têm ciclo C4. As plantas do ciclo C3 (ou de Calvin) fixam o
Dinâmica do C do solo
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avaliada por meio do isótopo C
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Fig. 2. Abundância de C no perfil de um solo sob pastagens de Brachiaria
humidicola.
Fonte: Tarré et al. (2001).
Em que
%MOSF é a proporção da matéria orgânica do solo derivada da
vegetação nativa (C3), que possui uma marcação natural δ13CF.
δ13CA é a marcação natural da vegetação C4.
δ13CB é a marcação natural do C do solo sob a nova vegetação.
É uma metodologia simples de ser empregada e sem riscos para o
operador, e demanda, principalmente, um espectrômetro de massas de
alta precisão para análise da composição isotópica das amostras.
Utilizando essa técnica na França, Balesdent & Mriotti (1987)
observaram que após 23 anos de cultivo onde as folhas e colmos do
milho eram incorporadas no solo, somente 19% do C-orgânico do solo,
nas frações de 0-50 µm, era proveniente do milho. Quando esses resíduos
foram deixados em superfície, a incorporação do C-milho no C-orgânico
do solo ficou em torno de 13%.
Em que
%MOSl é a proporção da matéria orgânica do solo derivada da espécie
C3, que possui uma marcação natural δ13Cl.
δ13Cg é a marcação natural na espécie C4 e δ13C(g) a marcação do solo
sob esta espécie.
δ13C(gl) é a marcação natural do C do solo sob o consórcio.
C(g) e C(gl) são, respectivamente, o conteúdo de C do solo sob a espécie
C4 e sob o consórcio.
Fica claro que, para o emprego dessa técnica, é necessário ter
um sistema-controle em que somente espécies C4 sejam utilizadas. Essa
técnica também possui a premissa de que a quantidade de C nativo do
solo é semelhante na área consorciada e na área-controle.
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Uso de material enriquecido com N
Métodos indiretos
Em que
% Nda é a percentagem de N derivada da FBN
Na realidade, é muito difícil ter satisfeita a condição de
estabilidade no enriquecimento de 15N do solo, sendo portanto de
grande importância a seleção de uma planta-controle adequada. A
marcação do solo em termos de área não apresenta grandes
dificuldades. O maior problema é a marcação uniforme em 15N até a
profundidade onde as raízes extraem o N para sua nutrição, o que
diminuiria muito a influência das diferenças do padrão de distribuição
das raízes tanto entre as variedades testadas quanto entre estas e a
planta-controle (BODDEY et al., 1996). Ainda mais complicado é a
dificuldade de se ter uma marcação com 15N no N disponível do solo
estável com o tempo (WITTY, 1983). Se a amplitude e a freqüência de
variação do enriquecimento de 15N no solo são grandes, a única
alternativa para se ter êxito na quantificação da FBN é o uso de uma
planta-controle que apresente um padrão de absorção de N do solo
com o tempo muito semelhante ao da planta teste. Deve-se destacar
que é muito difícil determinar a curva de absorção de N do solo de
uma planta fixadora de N2; contudo, quanto mais lentas as mudanças
do enriquecimento de 15N no N disponível do solo com o tempo, menos
crítica é a seleção da planta-controle.
Em que
QNF é a quantidade de N na forma de fertilizante aplicada no solo
%Nddf é a percentagem de N derivada do fertilizante, calculada pela
expressão:
Em que
P é a % de fixação biológica de N
δ15N solo é o valor de δ15N encontrado na planta testemunha coletada
em cada parcela experimental
B é o fator de correção do fracionamento isotópico ocorrido pelas plantas
de soja crescendo exclusivamente dependente da FBN.
O método da abundância natural de 15N para a quantificação da
FBN sofre os mesmos problemas dos outros métodos isotópicos, tal como
a técnica da diluição isotópica a partir do enriquecimento do solo, como
discutido anteriormente. A premissa básica é que as plantas fixadoras e
não-fixadoras absorvem N do solo com a mesma marcação de 15N
(SHEARER; KOHL, 1986; BODDEY, 1987). No caso do método da
abundância natural, existe uma dificuldade adicional: o fracionamento
isotópico que ocorre durante a assimilação de N pelas plantas. Essa
dificuldade é solucionada crescendo a planta fixadora hidroponicamente
em solução livre de N, pois, assim, o seu enriquecimento em 15N
representará o enriquecimento do N2 atmosférico e o fracionamento
isotópico associado com a fixação biológica de nitrogênio (SHEARER;
KOHL, 1986). Pela Fig. 4, observa-se que, variando-se o valor de B,
tanto em condições de alta FBN (testemunha com 10 deltas) quanto baixa
(testemunha com 5 deltas), o erro é elevado e não reduz sua importância
significativamente com o incremento da FBN. Ainda na Fig. 4,
assumindo-se uma variação de 1 delta para ambas as testemunhas (5 e
10 deltas – valores comuns para solos brasileiros), observa-se, em cada
valor de B, que a variabilidade das estimativas aumenta drasticamente
com a diminuição da FBN. A grande variabilidade é atribuída ao erro
de 1 delta na baixa marcação de 15N do solo (5 deltas), muito próxima
da marcação da planta fixadora (2 deltas). Embora seja apenas um
exemplo fictício, situações semelhantes são observadas freqüentemente
em estudos que utilizam a técnica, o que torna imprescindível aumentar
o número de pontos de amostragem e de espécies-testemunhas para
ganho de precisão e exatidão das estimativas de FBN.
Referências