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Universidade Estadual Paulista

Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira


Curso de Agronomia

NUTRIÇÃO DE PLANTAS
INTRODUÇÃO
 O que estuda a nutrição mineral de plantas
(NPM)?
R:
• estuda a absorção dos elementos contidos no
solo ou em outros meios;

• o seu transporte e redistribuição;

• os papéis que desempenham na planta.


INTRODUÇÃO
 Quais os desafios da nutrição mineral de plantas
(NPM) para o bem estar da população e do
planeta?
R:
1) Conscientizar a humanidade, pois não há refeição
grátis;

2) Produzir alimento suficiente e de qualidade para o


bem estar da população ( );

3) Reciclar os nutrientes (biosólido). Ex: cana-de-


açúcar.
Histórico da nutrição de plantas
Liebig
 A planta se nutria de alguns elementos retirados do solo, além de CO 2 e água,
 N vinha da NH3 vinda da atmosfera,
 Os adubos deveriam ser silicatos insolúveis, pois do contrário se perderiam por
lixiviação.
Conclusão: era só adicionar NPK que as plantas cresceriam melhor.
Início da era dos fertilizantes químicos.
Agricultura Sustentável
1. INTRODUÇÃO
CO2

N P K Ca Mg S
Fe Zn Cu B Mn
Mo Mn Cl
Malavolta (2006) - Co, Ni, Se.
Todas as formas de vida necessitam de energia,
alimento e água. As plantas não são exceção.

FOTOSSÍNTESE

LUZ
6CO2 + 6H2O C6H12O6 + 6O2
Gás + Água Açúcar + Oxigênio

ex.: fruto, tubérculo, etc.


CRITÉRIOS DE ESSENCIALIDADE (nutriente)

1ª CITAÇÃO – STOUT & ARNON (1939)

CRITÉRIO DIRETO

 O elemento faz parte de um composto ou participa de


uma reação sem a qual a vida da planta é impossível.

CRITÉRIO INDIRETO

 O papel do elemento não esta esclarecido, conforme o


critério acima, entretanto a planta não sobrevive sem a
presença do elemento. Ex: B
CLASSIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS:

A) ESSENCIAIS:
- Orgânicos: C, H, O.

- Inorgânicos:
 Macronutrientes: N, P, K, Ca, Mg, S.

 Micronutrientes: B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Zn.

B) ÚTEIS: Co, Si, Na, Se, Ni.

C) TÓXICOS: Al, Ni, Rb, Pb, Hg, Br, Cd, Cr, F, I,


etc.
Composição do Tecido Vegetal
Matéria fresca
Composto por:
 30% celulose;
 12% proteína;
 48% extrativos
não nitrogenados;
20%  4% matéria
80% graxa;
 6% cinzas.

matéria seca
água
Composição do Tecido Vegetal
Matéria seca

5%
95% Nutrientes
CHO

100 kg planta fresca 1 kg nutrientes minerais

Em média 990 g de macro e 10 g de micronutrientes


Composição média das cinzas do Tecido Vegetal

B, Cu, Fe, Mn,


Na 1% Mo e Zn 1%
S 4%
Mg 4%
Ca 5%

P 5%

K 42%
Si 7%

Cl 7%

N 24%
 Níveis adequados no tecido de elementos que podem ser
requeridos pelas plantas.
Símbolo Concentração na matéria Número relativo de átomos
Elemento químico seca (% ou ppm)a em relação ao molibdênio
Obtidos da água ou dióxido de carbono
Hidrogênio H 6 60.000.000
Carbono C 45 40.000.000
Oxigênio O 45 30.000.000

Obtidos do solo
Macronutrientes
Nitrogênio N 1,5 1.000.000
Potássio K 1,0 250.000
Cálcio Ca 0,5 125.000
Magnésio Mg 0,2 80.000
Fósforo P 0,2 60.000
Enxofre S 0,1 30.000
Silício Si 0,1 30.000

Continua...
Fonte: Segundo Epstein 1972, 1999
 Níveis adequados no tecido de elementos que podem ser
requeridos pelas plantas.
Continua...
Micronutrientes
Cloro CI 100 3.000
Ferro Fe 100 2.000
Boro B 20 2.000
Manganês Mn 50 1.000
Sódio Na 10 400
Zinco Zn 20 300
Cobre Cu 6 100
Níquel Ni 0,1 2
Molibdênio Mo 0,1 1
Fonte: Segundo Epstein 1972, 1999
a
Os valores para os elementos não-minerais (H, C, O) e para os macronutrientes são
porcentagens. Os valores para micronutrientes são expressos em partes por milhão.
LEI DO MÍNIMO OU DE LIEBIG

A deficiência de qualquer nutriente é suficiente para limitar o


desenvolvimento das plantas.
A Produtividade Agrícola depende:
Planta: cultivares adaptados ou não às condições locais.
Práticas culturais: preparo do solo, espaçamento, controle de
plantas daninhas, calagem, irrigação, adubação, etc.
Controle de Pragas e doenças: todas as plantas estão sujeitas às
pragas e doenças  comprometem a quantidade e a qualidade da
produção.
Clima: destaca-se a radiação solar, temperatura e água.
Solo (física, química e biológica): serve para fixar as plantas,
armazenar água e nutrientes e fornecê-los às plantas.
Destes, o Clima e o Solo determinam o potencial da região  a
região demonstra o seu grande potencial.
Produtividade
ou PME PM
Renda Bruta

Maior Receita Líquida =


Maior Lucro

Custo Total
Custo
do
Adubo

Custos Fixos

Doses de adubo
Y = 1300 + 11,5 F – 0,05 F2
 Classificação dos nutrientes minerais das plantas de acordo
com a função bioquímica.
Nutriente mineral Funções
Grupo 1 Nutrientes que fazem parte de compostos de carbono
Constituinte de aminoácidos, amidas, proteínas, ácidos nucléicos, nucleotídeos,
N
coenzimas, hexoaminas, etc.
Componente da cisteína, cistina, metionina e proteínas. Constituinte do ácido
S lipóico, coenzima A, tiamina pirofosfato, glutationa, biotina, adenosina-5'-
fosfossulfato e 3-fosfoadenosina.

Nutrientes que são importantes na armazenagem de energia e na integridade


Grupo 2
estrutural
Componentes de fosfato açúcares, ácidos nucléicos, nucleotídeos, coenzimas,
P
fosfolipídeos, ácido fítico, etc. Tem papel central em reações que envolvem ATP.
Depositado como sílica amorfa em paredes celulares. Contribui para as propriedades
Si
mecânicas das paredes celulares, incluindo rigidez e elasticidade.
Complexos com manitol, manans, ácido polimanurônico e outros constituintes das
B paredes celulares. Envolvido no alongamento celular e no metabolismo de ácidos
nucléicos.

Continua...
Fonte: Segundo Evans e Sorger (1966) e Mengel e Kirkby (1987).
 Classificação dos nutrientes minerais das plantas de acordo
com a função bioquímica.

Grupo 3 Nutrientes que permanecem na forma iônica


Requerido como cofator de mais de 40 enzimas. Principal cátion no estabelecimento
K
do turgor celular e manutenção da eletroneutralidade celular.
Constituinte da lamela média das paredes celulares. Requerido como cofator por
Ca algumas enzimas envolvidas na hidrólise de ATP e de fosfolipídeos. Atua como
mensageiro secundário na regulação metabólica.
Requerido por muitas enzimas envolvidas na transferência de fosfatos. Constituinte
Mg
da molécula de clorofila.
CI Requerido para as reações fotossintéticas envolvendo a evolução de O 2.
Requerido para a atividade de algumas desidrogenases, descarboxilases,
Mn quinases, oxidases e peroxidases. Envolvido com outras enzimas ativadas
por cátions e na evolução fotossintética de O 2.
Envolvido na regeneração do fosfoenolpiruvato em plantas C4 e CAM. Substitui o
Na
potássio em algumas funções.

Fonte: Segundo Evans e Sorger (1966) e Mengel e Kirkby (1987). Continua...


 Classificação dos nutrientes minerais das plantas de acordo
com a função bioquímica.

Grupo 4 Nutrientes que estão envolvidos em reações redox


Constituinte de citocromos e ferro-proteínas não-heme envolvidas na fotossíntese,
Fe
fixação de N2 e respiração.
Constituinte da álcool desidrogenase, desidrogenase glutâmica, anidrase carbônica,
Zn
etc.
Componente da ácido ascórbico oxidase, tirosinase, monoamina oxidase, uricase,
Cu
citocromo oxidase, fenolase, lacase e plastocianina.
Constituinte da urease. Em bactérias fixadoras de N2, é constituinte de
Ni
hidrogenases.
Mo Constituinte da nitrogenase, nitrato redutase e xantina desidrogenase.

Fonte: Segundo Evans e Sorger (1966) e Mengel e Kirkby (1987).


Tabela 1. Composição elementar de uma cultura de soja (3 t de grãos e 5 t de restos,
matéria seca).
Elemento Kg/ha Elemento g/ha
Carbono (C) 3.500 Boro (B) 100
Hidrogênio (H) 450 Cloro (Cl) 10.000
Oxigênio (O) 3.300 Cobre (Cu) 100
Nitrogênio (N) 320 Ferro (Fe) 1.700
Fósforo (P) 30 Manganês (Mn) 600
Potássio (K) 110 Molibdênio (Mo) 10
Cálcio (Ca) 80 Zinco (Zn) 200
Magnésio (Mg) 35 Cobalto (Co) 5
Enxofre (S) 25 - -
Outros * 138 - -
(*)Alumínio (Al), silício (Si), sódio (Na), etc.
Extração e exportação de micronutrientes em
plantas de soja para a produtividade de 3.000
kg/ha de grãos.
Total
Extração Exportação
Elemento exportado
gramas %
B 231 66 29

Cu 78 39 50
Fe 1.380 402,9 29
Mn 390 101,10 26
Mo 19,5 15 77
Zn 183 113,1 62

Fundação ABC (2004).


 Fatores que Influenciam a Composição Mineral das
Folhas

Ação e Interação de Fatores

Representação: Y=f(S, Cl, I, Pl, Pc, Pm,...),

Onde:
• Y = teor foliar do elemento
• S = solo e/ou adubo, calagem, gessagem, alumínio, etc.
• Cl = clima-chuva, geada, frio, etc.
• I = Idade da planta, época do ano
• Pl = Planta (espécies, variedade, porta-enxerto
• Pc = Práticas culturais (herbicidas, etc)
• Pm = Pragas e moléstias
 Parâmetros de Solo que afetam a disponibilidade de
nutrientes :
• Textura
• CTC
• Densidade
• Aeração
• pH
• Umidade
• Temperatura
• Tabela 2. Teores de macronutrientes nas folhas de cana-de-açúcar,
variedade CB 41-76, cultivada em diferentes tipos de solo.
 Espécies e Variedades (Comportamento Característico)
 Clima
Influencia o crescimento e a produção:
-Temperatura
-Quantidade e distribuição das chuvas
-Duração do dia e noite

 Idade Fisiológica e Parte da Planta a ser Amostrada

• Fase Inicial do Estádio Vegetativo Alta taxa de


Absorção Concentração no tecido é alta

• Com o crescimento e desenvolvimento do vegetal


Diluição menor concentração de nutrientes
• Portanto:
Tecido Fisiologicamente Jovem Concentrações mais
elevadas de nutrientes
De forma Geral: N, P, K = diminui com a idade da planta, e
Ca, Mg, Mn e B = aumentam.
Fonte: Grassi Filho (2008)
Fonte: Grassi Filho (2008)
 Pragas e Moléstias também influenciam a
composição mineral das folhas

• Vírus, bactérias, fungos, nematóides

Tabela. Composição foliar de plantas sadias e afetadas pela


Clorose Variegada dos Citros (CVC) ou Amarelinho.
 Práticas Culturais
Calagem, gessagem, adubação mineral e orgânica,
irrigação, controle de plantas daninhas

Tabela. Efeito do controle de plantas daninhas na composição


foliar e colheita em limão cravo (Hiroce, 1984).
Formas transportadas de elementos no xilema

Elemento Formas transportadas


N NH4+, NO3-, amidas, açúcares
P H2PO4-, nucleotídeos, ésteres decarboidratos
K, Ca, Mg K+, Ca2+, Mg2+
S SO42-, cisteína, cistina
B H3BO3, boratos, aril boratos
Cu Cu2+, complexos, quelados
Fe Fe2+, Fe3+, Fe-citrato
Mn Mn2+, Mn-quelados
Mo HMoO4-, Mo-aminoácidos
Zn Zn2+, Zn-quelados
O QUE É AVALIAR O ESTADO
NUTRICIONAL DE UMA PLANTA?

• É comparar uma amostra (folha, outra


parte, planta inteira) com um padrão.

• Padrão = amostras obtidas de plantas


que apresentam nos seus tecidos todos
os macro e micronutrientes em
concentrações não limitantes para o
crescimento te produção, em todas as sua
fases de seu ciclo de vida.
TÉCNICAS DE AVALIAÇÀO DO ESTADO
NUTRICIONAL DAS PLANTAS

• DIAGNOSE VISUAL
• DIAGNOSE FOLlAR
• TESTES BIOQUÍMICOS
• TÉCNICAS DE INFILTRAÇÃO
• MEDIÇÃO INDIRETA DA CLOROFILA
• BIOAVALlAÇÃO PARA N, P e K
• ANÁLISE DE OUTROS ÓRGÃOS
 Diagnose foliar X composição química da
planta:
é a avaliação do estado nutricional da planta
através análise química e via sintomas foliar ou crescimento.

 Sintomas visuais: é um método qualitativa, eficiente e é o mais


barato. Porém, necessita de uma grande experiência por parte do
avaliador. Verificar se é generalizado e se tem gradiente e simetria.

 Análise química da planta: é o método mais caro de avaliação do


estado nutricional. Para a interpretação dos resultados da análise da
planta é necessário o conhecimento dos níveis críticos pré-
estabelecidos para cada nutriente e para cada cultura.
Amostragem
Não é qualquer folha que reflete melhor o estado nutricional
das plantas;
Existem vários fatores que agem e interagem:

Regra: Folhas Recém Maduras


Por quê?
“A Folha Fisiologicamente Ativa ou Madura é Aquela que
Melhor Expressa o Estado Nutricional”

Rigor na Amostragem

Confiabilidade na Interpretação

Adequação do Programa de Adubação

Lembrem-se: “A análise não é melhor que a amostra”


Tabela . Teores totais de macronutrientes considerados adequados para as principais
culturas (análises de folhas)1.
Cultura N P K Ca Mg S
.................................................................(g/kg)............................................................
.........................................................................CEREAIS.........................................................................

40-48 2,5-4,0 25-35 7,5-10,0 5,0-7,0 1,5-2,0


Arroz
Cevada 12-17 2,0-5,0 15-30 3,0-12,0 1,5-5,0 1,5-4,0
Milho 27,5-32,5 2,5-3,5 17,5-22,5 2,5-4,0 2,5-4,0 1,5-2,0
Sorgo 13-15 4,0-8,0 25-30 4,0-6,0 4,0-6,0 0,8-1,0
Trigo 30-33 2,0-3,0 23-25 14,0 4,0 4,0

..............................................................ESSÊNCIAS FLORESTAIS.......................................................

16-17 1,4-1,8 13-15 6,0-8,0 2,0-3,0 1,5-2,0


Araucária
Eucalipto 14-16 1,0-1,2 10-12 8,0-12,0 4,0-5,0 1,5-2,0
Pinus 12-13 1,4-1,6 10-11 3,0-5,0 1,5-2,0 1,4-1,6
Pupunheira 35 2 11 4 3 2
Seringueira 26-35 1,6-2,3 10-14 7,6-8,2 1,7-2,4 1,8-2,6
........................................................................ESTIMULANTES.............................................................

19-23 1,5-1,8 17-20 9,0-12,0 4,0-7,0 1,7-2,0


Cacaueiro
Cafeeiro 29-32 1,6-1,9 22-25 13,0-15,0 4,0-4,5 1,5-2,0
Chá 45-50 4,5-5,0 20-25 3,0-4,0 2,0-2,5 ?
Fumo 35-40 2,0-3,0 40-50 15,0-20,0 4,0-8,0 4,0-6,0
Guaranazeir 45-50 3,0-4,0 10-15 3,0-5,0 2,0-3,0 1,5-2,0
o
Tabela. Teores foliares de micronutrientes considerado adequados
para as principais culturas.

Cultura B Cu Fe Mn Mo Zn
............. (mg/kg) .......................................
................................CEREAIS..........................................................................
40-70 10-20 200-300 100-150 - 25-35
Arroz
Cevada - 5-25 - 25-100 0,11-0,18 15-70
Milho 15-20 6-20 50-250 50-150 0,15-0,20 15-50
Sorgo 20 10 200 100 ? 20
Trigo 20 9-18 - 16-28 1-5 20-40
............................................ESSÊNCIAS FLORESTAIS ........................................................
10 3 25 4 - 5
Araucária
Eucalipto 40-50 8-10 150-200 100-600 0,5-1,0 40-60
Pinus 20-30 5-8 50-100 200-300 0,10-0,30 34-40
Pupunheira 30 9 126 142 - 23
Seringueira 20-70 10-15 70-90 15-40 1,5-2,0 20-30
................................................... ESTIMULANTES ..............................................................
30-40 10-15 150-200 150-200 0,5-1,0 50-70
Cacaueiro
Cafeeiro 50-60 11-14 100-130 80-100 0,10-0,15 15-20
Chá - 20 - - - -
Fumo 19-261 - 68-140 160 1 -
...................................................... FIBROSAS . .....................................................................

Algodão

Herbáceo 20-30 30-40 60-80 20-40 1-2 10-15


Mobilidade na planta

Móveis no Pouco móveis Imóveis


Floema no Floema no Floema
Nitrogênio Cloro Cálcio
Fósforo Cobre Boro
Potássio Ferro
Magnésio Manganês
Molibdênio Zinco
Enxofre
n
M

P
N

n
Z
B
l
C

Sintomas de deficiência
u
C
a
C

S
e
F

g
M

o
M
N

Cafeeiro

Milho

À esquerda, cana-planta deficiente em


nitrogênio (Orlando Filho). Seringueira
Zn

Seringueira
Citros

Milho

Deficiência de zinco em cana: faixa larga


clorótica na lâmina foliar (Reghenzani).

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