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CAPÍTULO IV

MACRO E MICRONUTRIENTES
Um pouco de história da Ciência do Solo e da Fertilidade do Solo:

Albert Daniel Thaer e J. A. Kulbel: “teoria do húmus ou “humista” versus


Liebig e Boussingault com a “lei ou teoria do mínimo”. Em 1741 J. A.
Kubel lança a “teoria do húmus”, por ter isolado do mesmo o “magma
unguinosum”, que seria o tão procurado “princípio da vegetação”.

Thaer, em 1812 reafirma a “teoria do húmus”, dizendo que as plantas


tomavam o carbono e a água do solo-húmus, assim se expressando:
“apenas a substância orgânica do solo, denominada húmus, devia dar-lhe
a fertilidade, somente o húmus deveria ser a substância nutritiva direta
das plantas. Os adubos minerais atuam somente pela faculdade que
possam possuir de favorecer a decomposição”.

Até 1830, admitia-se que as plantas se “alimentavam-se” unicamente do


húmus. Julius Hensel, com seu livro “Brot aus Steinen” (1892), ou pães
de pedra, defende uma abordagem diferente do fornecimento de
nutrientes de alta solubilidade, isso é, rochas tratadas com ácidos, ele
defende fornecer a rocha moída e a biota do solo, faria a solubilização.

Em 1840, Justus von Liebig destrói a “teoria do húmus” como fator único
da nutrição vegetal, afirmando: “a natureza inorgânica, exclusivamente é
que oferece aos vegetais as primeiras fontes de nutrição”. Estava
derrotada a teoria do húmus que suportava o aporte constante de matéria
orgânica (base do húmus e aberta as portas para o uso intensivo de
minerais industrializados como fertilizantes.

Fig. 4.1. Albrecht Daniel Thaer (1752-1828), um dos


maiores defensores da Teoria Humista.
Fig. 4.2 Alguns dos fundadores da moderna Ciência do Solo
Solo, baseada na Química Agrícola: J. H. Gilbert, J. B.
Lawes, Justus Von Liebig e J. B. D. Boussingault.

Fig. 4.3. Julius Hensel (1844-1903), autor


de Brot aus Steinen, pães de pedra.
São 16 os elementos químicos considerados essenciais às plantas: C,
H, O, N, P, K, Ca, Mg, S, Fe, Mn, Zn, B, Cu, Mo e o Cl.

As plantas retiram da água e do ar: C, H e o O, sendo os demais


elementos, retirados do solo. Como veremos adiante o N poderá também ser
retirado do ar (via fixação biológica de nitrogênio).

Dos elementos retirados do solo, o N, P, K, Ca, Mg, S são requeridos


em quantidades consideráveis pelas plantas e são, por isso, chamados de
macronutrientes. Alguns consideram apenas N, P e K como macronutrientes
e o Ca, Mg e S, como macronutrientes secundários.

Já o Fe, Mn, Zn, B, Cu, Mo e o Cl, embora também essenciais, são


requeridos em muito menores quantidades e por isso, são chamados de micro
nutrientes (ou oligoelementos). O Ni tem sido citado em trabalhos recentes,
como em TROEH e THOMPSON (2007), referenciando-se em RALOFF (1992),
como elemento nutriente essencial, necessário para a lise da uréia e para a
absorção de Ferro. No entanto, muitos autores não o consideram essencial,
pois deficiências de Ni em solos nunca foram relatadas, mas apenas em
trabalhos com soluções nutritivas e na terceira geração de plantas, sem adição
de Ni.
Para DECHEN e NACHTIGALL (2006), há elementos químicos que
embora não sejam considerados essenciais às plantas, são considerados
benéficos e entre eles são citados: Na (Sódio), Se (Selênio), Si (Silício) e Co
(Cobalto).
Alguns elementos potencialmente tóxicos às plantas: Al (Alumínio),
Br (Bromo), Cd (Cádmio), Cr (Cromo), F (Flúor), I (Iodo) e Pb (Chumbo).
Segundo DECHEN e NACHTIGALL (2006), ARNON e STOUT em 1939
estabeleceram três critérios de essencialidade para os elementos nutrientes, a
seguir:
Critério 1: um elemento nutriente é essencial se a sua deficiência
impede que a planta complete o seu ciclo vital;

Critério 2: para que um elemento seja essencial, ele não pode ser
substituído por outro, com propriedades similares. Por exemplo, o Na
apresenta propriedades semelhantes às do K, porém não pode substituí-
lo completamente.

Critério 3: o último critério a ser cumprido é de que o elemento deve


participar diretamente no metabolismo da planta e que seu benefício não
seja somente relacionado ao fato de melhorar as características do solo,
melhorando o crescimento da e na microflora ou algum efeito similar.
Tabela 4.1 Quantidades de nutrientes extraídos pela cana-de-açúcar (colmos),
milho (grãos) e pela mucuna preta (folhas e talos) em kg de nutrientes por cada
tonelada produzida (kg.t-1)
Milho Cana de Açúcar Mucuna Preta
Nutrientes (Zea mays) (Sacharum officinarum) (Mucuna aterrima)
-1 -1 -1
kg.t kg.t kg.t
Macro
N 20,0 1,32 32,0
P 3,0 0,18 2,3
K 4,0 1,33 17,0
Ca 2,0 0,19 11,0
Mg 2,0 0,31 3,0
S 1,0 0,12 -
Micro
Cl 0,3 - -
Cu 0,08 - 0,000014
Fé 0,4 0,03 -
Mn 0,4 0,015 0,000174

Mo - 0.00016 -
Zn - 0.00486 0,000029
Fonte: modificado de PUNDEK (1979) e COSTA (1993)

Figura 4.3. Barril que exemplifica a “Lei do Mínimo” de Liebig.


Fonte da figura: Lepsch, 2002.

4.1) NITROGÊNIO (N, ou N2)

Dos elementos químicos absorvidos do solo, é aquele requerido


em maiores quantidades. Ao ser absorvido combina-se com os hidratos
de carbono, formando os aminoácidos (AA). A combinação dos
aminoácidos leva à formação das proteínas.
É o elemento responsável pela coloração verde escura das
plantas, pois é componente da clorofila. Estimula o crescimento
vegetal.

O N controla a absorção de P e K.
O excesso de N pode provocar: o atraso na maturação; o
enfraquecimento do talo dos cereais e a diminuição da resistência às
doenças (ou o aumento da incidência das doenças vegetais).

1.2. Fontes de N:

O AR atmosférico apresenta de 79 a 80 % de N, sendo a fonte


fundamental do N dos solos. A transferência do nitrogênio para o solo ocorre
através de alguns processos:

a) Fixação Biológica Simbiótica do Nitrogênio, através das bactérias do


Rizóbio (Rhizobium), que se associa com as raízes de plantas da família
das leguminosas, alojando-se em nódulos e ali fixando grandes
quantidades de N, que podem variar desde 3 kg N.ha-1 a 600 kg.N.ha-1.
Veja a tabela abaixo.

Tabela 4.2. Quantidade de Nitrogênio fixado pela simbiose Rhizobium/


Leguminosa.
Espécie kg N.ha-1

Phaseolus vulgaris (feijão) 3 – 110


Vigna unguiculata 73 – 354
(feijão de corda, caupi)
Arachis hipogaea (amendoim) 72 – 124
Cajanus cajan (guandu) 168 – 280
Calopogonium sp 370 – 450
Cicer arietinum (grão de bico) 50 – 103
Pisum sativum (ervilha) 52 - 77
Glycine max (soja) 60- 178
Leucaena SP 500 – 600
Centrosema pubescens 126 – 398
Stylosanthes spp 34 – 220
Pueraria phaseoloides 30 – 99
Acácia mearnsii 200
Flor. Tropical (em Regeneração) 71 – 78
Flor. Tropical (Estabilizada 40 anos) 34 - 45

Siqueira & Franco, 1988

b) Fixação Biológica Não-Simbiótica do Nitrogênio, através de organismos


livres, que vivem no solo e que também possuem a capacidade de fixar
nitrogênio do ar atmosférico. Os mais comuns são: Azotobacter,
Azospirilum, Bejierinckia, Clostridium que são muito importantes em solos
tropicais, as algas azul-esverdeadas ou cianofíceas, (hoje chamadas de
cianobactérias), muito importantes em condições de redução (solos
alagados, por exemplo). A fixação pode alcançar de 20 a 40 kg N.ha-1 por
ano. Não leguminosas Noduladas: Alnus (organismo associado:
Actinomicetos, Frankia), fixa em torno de 50 a 150 kg.N.ha.ano-1 e
espécies de Gunera (organismo associado, cianobactéria, Nostoc) 10 a 20
kg.N.ha.ano-1. Não Leguminosas Não Noduladas: Pangola Grass, o
Capim Pangola (Digitaria decumbens), associada com Azospirillum, fixa de
5 a 30 kg.N.ha.ano-1 e Bahia Grass, a grama batatais (Paspalum notatum
cv Batatais) associada à bactéria Azotobacter paspali, na rizosfera. As
quantidades podem chegar a 60 a 90 kg.N.ha-1 por ano (segundo
Döbereiner, 1983).

c) Descargas Elétricas São reações provocadas por faíscas elétricas na


baixa atmosfera e que combinam o N com o H e principalmente com o O
(formando NO3-) e através das águas da chuva, esses compostos
nitrogenados são incorporados ao solo. As quantidades podem variar de
3 a 10 kg N.ha-1 por ano, promovendo também o enriquecimento dos
solos em N.
1.3. Compostos Nitrogenados

Inorgânicos: Amônio (NH4+); Óxido Nitroso (N2O); Óxido Nítrico


(NO); Nitrogênio Elementar (N2); Nitrato (NO3-); Nitrito (NO2-).

Orgânicos: Proteínas (20 a 40% do Total); Carbohidratos Aminados


( 5 a 10% do Total); Compostos Cíclicos (1 a 2 % do Total).
Compostos desconhecidos (50% do Total).

4. O Ciclo do Nitrogênio.

Figura 4.4. O Ciclo do N. Figura 4.5. O ciclo do Nitrogênio, outra imagem.


1.5. Transformações do N no Solo

As plantas absorvem o N principalmente na forma nítrica, (nitrato, NO3- )


em solos oxidados, isso é em condições de oxidação, que são as
predominantes. Em condições de encharcamento (redução), ou alagamento, a
forma predominante que é absorvida pelas plantas é o amônio (NH4+). Dessa
forma, para que a maioria das plantas tenha o N disponível para ser absorvido,
são necessárias algumas transformações, já que nem sempre o N está na
forma prontamente disponível e absorvível. Entre essas transformações pode-
se destacar: aminação, amonificação, nitrificação e desnitrificação.

Aminação: é a transformação do N orgânico, das proteínas, em amina.


A ação de microorganismos heterotróficos é responsável por essa
transformação.

Proteínas  R ---NH2 + CO 2 + Energia

Amonificação: é a transformação da amina em amônio (NH4+),


passando pela fase intermediária de amônia (NH3). Atuam aqui, também
microorganismos heterotróficos (bactérias, fungos e actinomicetos).

R ---NH2  NH4+ + Energia

Nitrificação: é a transformação do amônio (NH4+), em nitrato (NO3-),


passando pela fase intermediária de nitrito (NO2-). É uma reação complexa,
mas pode-se considerar devida a dois grupos de bactérias (nitrosomonas e
nitrobacter):

NH 4+ Nitrosomonas  NO2- Nitrobacter  NO 3-

Desnitrificação: é a transformação do nitrato em N2 (nitrogênio


elementar), ou em óxido nitroso (N2O) em condições de redução, sendo
perdido para a atmosfera. Diversos microorganismos heterotróficos que agem
nos processos de aminação e amonificação, podem atuar também nessa
transformação do N.

NO 3-  N 2

NO 3-  N 2O
1.6. Fatores que influenciam na nitrificação:

 Relação C:N (Relação Carbono:Nitrogênio)

C:N > 30:1 {imobilização do N ( há excesso de C, muita palha p.e.)}

C:N < 20:1 { mineralização do N}

C:N = 10:1 {estabilidade da Matéria orgânica do Solo}

 Reação do Solo (pH)

pH ideal para a nitrificação = 7,5 (aproximadamente)

 Aeração do Solo

É necessária boa aeração, pois a nitrificação é um processo em que atuam


microorganismos aeróbicos.

 Temperatura Ideal:

Em torno de 30º C.

 Suprimento de NH4+

Através de adubações com fertilizantes minerais e orgânicos.

1.7. Retenção e Perdas de Nitrogênio:

- Retenção: fixação do NH4+ em argilas, ou pelas argilas 2:1, da mesma forma


como a Ilita (tipo de argila silicatada) fixa o K+ em sua superfície.

- Imobilização: através da ação microbiana, dependendo das condições da


relação C:N.

- Perdas: através da LIXIVIAÇÃO, perda do nitrato através da descida para o


lençol freático, arrastados pelas águas infiltrantes nos solos. Através da
DESNITRIFICAÇÃO.
Tabela 4.3. Alguns Fertilizantes Nitrogenados.

Tabela 4.4. Teor de N-P-K em alguns Adubos Orgânicos

Tabela 9. Conversão de Nutrientes.


Perguntas:

1) Um saco de fertilizantes com a fórmula 4-14-8 (os conteúdos estão


em N, P2O 5 e K2O no saco de fertilizante) tem quantos kg de N e de
K e de P?

2) Se eu tiver que aplicar uma dose de 20 kg de N, 70 kg de P e 40 kg


de K, quantos sacos desse fertilizante deverei utilizar?

3) Uma dose de 10 kg.m-2 de húmus (produto final do composto),


corresponderiam a uma aplicação de quantos kg de húmus em 2,5
ha?

4) Uma dose de 40 t.ha-1 de esterco de gado bovino de Minas Gerais


(Coronel Pacheco), com teores de 1,26 % de N, 1,08 % de P2O5,
1,45 % de K2O, 1,18 % de Ca e 0,23 % de Mg significaria quantos kg
de N, P, K, Ca, Mg e S seriam aplicados ao solo?

4.2. FÓSFORO

4.2.1. Funções do P nas Plantas:

 Importante na divisão celular.


 Importante na formação de gorduras e proteínas.
 Importante na floração, frutificação e formação das sementes.
 Importante no desenvolvimento das radicelas.
 Importante na resistência a certas doenças.

O fósforo (P) participa de vários processos metabólicos nas


plantas, como a transferência de energia (ADP-ATP), a síntese de ácidos
nuclêicos, a síntese da glicose, a respiração, a síntese e estabilidade de
membranas, a ativação e desativação de enzimas, as reações redox, o
metabolismo de carbohidratos e a fixação de N2 (Vance et al. 2003, citado
por Araújo e Machado, 2006).

O P constitui cerca de 0,12 % da crosta terrestre e as maiores


reservas de P encontram-se em sedimentos marinhos, nos solos, em
fosfatos inorgânicos dissolvidos nos oceanos, em rochas, com minerais
como a apatita. O teor total de P nos solos está entre 0,2 a 5,0 g.kg-1
(grama por kilograma de solo), mas apenas um apequena fração está em
formas disponíveis às plantas (Araújo e Machado, 2006).

4.2.2. Generalidades

A maioria das plantas cultivadas absorve de 20 a 30 kg de


P2O5.
O P sofre processos de fixação em solos ácidos, através da
combinação com Fe, Al e Mn. Em condições de manejo
convencional, com pouco uso de matéria orgânica, as
quantidades de fertilizantes fosfatados devem ser aplicadas de
3 a 4 vezes a mais que as necessidades das plantas (entre 60
e 120 kg de P2O5.ha-1).

4.2.3. Formas de P no Solo

Fundamentalmente divide-se em duas formas: Orgânicas (Po) e


Inorgânicas (Pi).

4.2.3.1. Formas Orgânicas (Po)

Combinações orgânicas mais importantes são as fitinas (nas sementes


e frutos), os ácidos nucléicos e os fosfolipídios. Do total do P no solo, de 5 a
30% pode estar na forma orgânica.

A mineralização do Po depende da relação C:P (átomos de C para


átomos de P). Até 200:1, dá-se a mineralização, acima de 300:1 ocorre a
imobilização. A mineralização do P orgânico (Po) é muito lenta.

4.2.3.2. Formas Inorgânicas (Pi)

A forma inorgânica solúvel (prontamente disponível às plantas)


predominante de P nos solos é HPO 4- e H2PO4-2, sendo que a primeira forma,
predomina em nossas condições de solos tropicais.

A concentração dessa forma de fósforo (prontamente disponível às


plantas), é muito baixa, menos de 0,1 ppm (parte por milhão), ou seja, 0,1 g de
P em 1 tonelada de solo ou cerca de 0,2 kg (200 g) de P em 1 ha ( 10.000 m2).
Por essa razão, essa baixa quantidade deve ser constantemente renovada (2 a
três vezes ao dia) à partir de formas não prontamente disponíveis ou não
solúveis, para que as plantas possam receber a nutrição de fósforo necessária.
A presença do fósforo pode variar, de acordo com o pH do solo, como se
pode ver na figura 14. As formas são as seguintes:

a) Apatitas: São pouco solúveis (chamadas também de


insolúveis), necessitando de transformações para serem
absorvidas pelas plantas. As formas mais comuns são as
hidroxiapatitas {C10(PO4)6(OH)2} e a fluorapatita
{C10(PO4)6F2}.

2.3.3.
Figura 4.6. Formas de
Disponibilidade pouco
fósforoSolúveis
na solução do solo de acordo com o
pH (ácido ortofosfórico). {Segundo Malavolta (1981)}.

b) Fosfatos Bi e Tri-cálcicos: Não são solúveis em água, mas os


bi-cálcicos podem ser solubilizados, com certa facilidade. As formas são
a Bi-calcina {CaHPO4} e a Tri-calcina {Ca3(PO4)2}

c) Fosfatos de Alumínio e de Ferro: representa o P solúvel que


foi precipitado. Através de reações, pode retornar á solução do solo,
mas parcialmente. Divide-se em superficiais e oclusas.
c.1) Superficiais: variscita {Al(PO)42.H2O} e estrengita
(FePO4.2H2O}. A variscita forma-se primeiro que a estrengita e ambas
podem tornar-se disponíveis às plantas.

c.2) Oclusas: quando as precipitações não são recentes as


formas superficiais são recobertas por uma camada de óxidos. Nessa
forma considera-se o P praticamente indisponível às plantas.

Figura 4.7. Fosfatos de Alumínio e de Ferro oclusos


por uma rede de óxidos. (Desenho do autor).

d) Argila-Fosfatos

Ocorre nas argilas 1:1.

Figura 4.8. Fixação do fosfato na superfície das


-
argilas 1:1, trocado por OH . (Desenho do autor).

As formas e frações do P no solo, também podem ser


visualizadas da seguinte maneira, nas seguintes frações: a) a da
solução do solo (prontamente disponíveis às plantas); b) a fração
trocável (ou lábil), que pode vir a estar disponível às plantas e c) a
fração não trocável (ou não lábil). Veja a figura 16, que apresenta essas
frações.
Figura 4.9. Diferentes frações do P no solo, mostrando
esquematicamente o equilíbrio das possíveis frações do
elemento: disponível (na solução do solo), trocável e não
trocável. (Modificado de MENGEL e KIRKBY, 1987).

4.2.3.4. Fatores que Interferem na disponibilidade do P

 Tipo e quantidade de argila

Argila 1:1 fixa mais que 2:1


Relação R2O3:SiO2, quanto mais alta, maior será a fixação de P.

 pH do Solo

Quanto maior a acidez (pH baixo), maior a fixação.

 Tempo de reação

Quanto maior o tempo decorrido após a aplicação do P, maior será a fixação.

 Matéria Orgânica

A adição de matéria orgânica ao solo, aumenta a disponibilidade de P às


plantas, pois cobre os R2O3 (óxidos e hidróxidos de Fe e Al), reduzindo os
sítios de fixação do P.
 Textura do Solo

Quanto mais argila > Maior fixação do P


Quanto mais areia > maior lixiviação do P

 Depende também da espécie cultivada

Algumas espécies necessitam de mais P que outras. Por exemplo, a


soja necessita de mais P que o trigo, assim extrai esse elemento em maiores
quantidades do solo.

2.3.5. O P em Solos Alagados

Em condições de redução, há maior disponibilidade de P. Os fosfatos


ferrosos são mais solúveis que os férricos.

4.2.3.6. Equilíbrio do Fósforo

Figura. 4.10. O equilíbrio do P no solo e os diversos processos de


transformação que o nutriente pode passar de fases disponíveis às plantas (na
solução do solo e trocáveis) para fases totalmente indisponíveis (oclusas e
lixiviado). Desenho do autor, modificado de MALAVOLTA (1981) e PUNDEK
(1979).

4.2.3.7. Fontes de Fósforo

São diversas as fontes do fósforo para as plantas, como pode ser


visto na tabela 9, na qual algumas dessas fontes são apresentadas.
Também variam em muito, as quantidades do elemento disponível, de
acordo com o tipo de fertilizantes utilizado, indo desde os de alta
solubilidade em água (superfosfato triplo e simples e.g.) até os
praticamente insolúveis em água. Usa-se também indicar a solubilidade
em ácido cítrico, pois demonstraria frações do P que poderiam vir a ser
disponíveis a partir do ataque de substâncias do solo, ou das raízes das
plantas. Segundo MALVOLTA (1981), pode-se considerar a solubilidade
em citrato de amônio, como semelhante a da água, para as condições
tropicais e sub-tropicais, pois haveriam condições de rápida solubilidade,
tornando o fósforo disponível ás plantas.
Em condições de manejo ecológico do solo, com rotação de
cultura, adubação verde, adubações orgânicas, com ampla incorporação
de matéria orgânica e processos de humificação e mineralização,
propiciando intensa atividade da biota do solo, ou seja, dos organismos,
macro, meso e micro do solo, as condições de solubilidade das fontes
de fósforo são potencializadas.

Tabela 4.10. Principais fertilizantes fosfatados utilizados no Brasil e suas


características.
Fertilizante Solúvel Solúvel Solúvel
P2O5 em em em água N CaO MgO S
Ácido Citrato
Total Cítrico de
(2%) Amônio
P 2O5 Em % de P 2O5 Em % do Nutriente
Total
Superfosfato 20 18 18 17 0 28 0 12
Simples
Superfosfato 45 40 44 38 0 20 0 1
Triplo
Fosfato 52 50 52 50 10 0 0 0
Monoamônico
Fosfato 45 42 44 40 17 0 0 0
Diamônico
Termofosfato 19 16 13 0 0 28 16 0
Escória de 19 15 12 0 0 25 - 0
Thomas
Farinha de 30 25 17 0 0 36 0 0
Ossos
Fosfato de 26 5 1 0 0 43 0 0
Olinda
Hiperfosfato 27 12 6 0 0 40 0 0
Patos de 23 4 1,5 0 - 0 0 0
Minas
Catalão 37 2,5 0,5 0 0 0 0 0
Araxá 36 5 2 0 09 42 0 0
Fonte: modificado de MALAVOLTA (1981).

Sendo a mobilidade do P relativamente baixa, quando comparada com


outros elementos fertilizante (o N, por exemplo), a absorção do P depende
muito da extensão do sistema radicular e da morfologia da planta considerada
(MENGEL e KIRKBY, 1987). Destaca-se também a necessidade de aplicação
do fertilizante fosfato em áreas próximas ao sistema radicular, concentradas
em proximidade com as linhas de plantio e não em forma de cobertura sobre
toda a área cultivada.
É preciso lembrar ainda que em sistema ecológicos de produção
agrícola a dependência de mecanismos de reação biológica, como os
microorganismos solubilizadores de fósforo, as reações e mecanismos na
rizosfera das plantas (como a extrusão de prótons que acidifica a rizosfera) e
as associações do tipo microrrizas, passam a ter grande importância. As MVA
(micorrizas vesiculares-arbusculares) podem aumentar significativamente a
área de exploração radicular e a absorção de P, micronutrientes e água, como
mostra a figura 18 e 19.
O Brasil possui grandes reservas de fosfatos, cuja origem está
relacionada à alteração de maciços ígneos carbonatíticos. Essas rochas têm
originalmente teores elevados de nióbio (Nb) e fósforo (P) e são facilmente
alteráveis, pois seus constituintes são principalmente carbonatos. O P está
associado à apatita. A gênese é controlada, estritamente, por fatores
litológicos. As maiores jazidas de fósforo e nióbio do Brasil estão em Catalão,
Goiás e em Araxá, Minas Gerais. Em Araxá, MG está a maior reserva de Nb do
mundo. (Toledo et al. 2009).

Figura 4.11 MVA (Micorriza-vesicular-arbuscular) mostrando suas


estruturas e a ampliação da capacidade de absorção de água, P e
micronutrientes, das plantas, em função do aumento da área
explorada através dos pelos radiculares. (Desenho do autor com base em
Van der Werff, 1992).

Como estimular a população de micorrizas? Muitos trabalhos


apontam que um solo rico em matéria orgânica e em húmus é capaz de
fornecer micorrizas em grandes quantidades para associação às raízes
das plantas. Já em 1940, O Agrônomo inglês Sir Albert Howard
(HOWARD, 2007), chamava atenção para esse fato.
4.3. POTÁSSIO

4.3.1. O Potássio tem as seguintes funções:

O K tem relação direta com o vigor dos vegetais.


O K aumenta a resistência das plantas ás doenças.
O K neutraliza os problemas causados pelo excesso de N.
O K é essencial na formação do amido, portanto é importante na
nutrição dos grãos, tubérculos e raízes.
O K é necessário na formação da clorofila.

4.3.2. Generalidades:

A maioria dos solos minerais tem um elevado teor de KTotal. Extremos de


60 t.ha-1 não são raros. Esse K na sua maior parte acha-se retido ou fixado em
formas apenas moderadamente disponíveis aos vegetais.
Grandes quantidades disponíveis, não prejudicam as plantas. Elas
podem absorver quantidades que excedam as suas necessidades, o que é
chamado de “consumo supérfluo”.

4.3.3. Formas e Disponibilidade do K

 KSolúvel: é prontamente disponível às plantas. Pode ser perdido


em quantidades consideráveis por lixiviação. Está na forma de
cátion (K+), que é a forma pela qual é absorvido pelas plantas.
Está em equilíbrio dinâmico com o K-trocável e apresenta-se em
quantidades muito pequenas (cerca de 5 % do K- trocável).

 KTrocável: é também prontamente disponível. Encontra-se


adsorvido à superfície dos colóides, daí não ser perdido por
lixiviação. Está na forma de K. Com relação ao K-total, as suas
quantidades são pequenas, mas representa cerca de vinte vezes
mais em relação ao K-solúvel. A soma de K-trocável com K-
solúvel representa apenas de 1 a 2% do K-total.

 KFixado: é apenas moderadamente disponível e está em equilíbrio


com as formas prontamente disponíveis. Ele ocupa os espaços
entre as unidades cristalográficas das argilas 2:1, na ocasião das
substituições isomórficas. A quantidade em relação ao KTotal varia
de 1 a 9%.

K Fixado KSolúvel + KTrocável


 K nos minerais: na grande maioria são de difícil disponibilidade.
Constituem os feldspatos e as micas (muscovita e biotita). Sua
importância para a nutrição das plantas é de longo prazo e
depende do intemperismo e da pedogênese. As quantidades são
consideráveis, representando a maior parte do K, ou seja de 90 a
98% do Ktotal.

4.3.4. Equilíbrio do Potássio

Pode ser assim representado:

Figura 4.12 Equilíbrio do K. Desenho do autor, modificado de RAIJ,


(1991)

4.3.5 Fatores que Afetam o Equilíbrio do K

 Tipo de Argila

2:1 pode fixar K


1:1 Não pode fixar K

 Secagem: quando seco o solo o K é retido com maior força nas


argilas, devido a maior concentração das mesmas.
 pH do Solo: a calagem aumenta a capacidade de adsorção do K,
diminuindo a sua lixiviação. Veja a reação abaixo.

4.4. CÁLCIO

4.4.1. Funções do Cálcio

 Síntese das proteínas.


 Ativador de Enzimas.
 Transpiração.
 Desenvolvimento das raízes.
 Composição da parede celular.

4.4.2. Generalidades

Consumido em quantidades muito variadas, em diferentes culturas,


variando em 10 até 200k g.ha-1 de Ca. Os teores nas folhas variam muito, indo
de menos de 0,4 até cerca de 4%, em plantas cultivadas em condições
normais. (RAIJ, 1991).
Trata-se de um elemento não móvel na planta, não sendo transportado
pelo floema. Sua deficiência provoca a redução do crescimento do tecido
meristemático, acarretando prejuízos para as extremidades e folhas novas, que
ficam cloróticas e deformadas. A deficiência em plantas em condições de
campo é rara, exceto em casos de espécies com elevada necessidade do
elemento. Em geral as aplicações de calcário são suficientes para a nutrição
vegetal. Outras fontes de Ca seriam os fosfatos e o gesso (RAIJ, 1991).

4.4.3. Fontes e Formas

Calcita: (CaCO3)
Apatita: {Ca5(PO4)3(OH, F, Cl}.
Dolomita: {CaMg(CO3)2}
Fosfatos: hidroxiapatitas {C10(PO4)6(OH)2} e a fluorapatita {C10(PO4)6F2},
que predominam em solos neutros e alcalinos e variscita {AlPO4.2H2O},
entre outros que predominam em solos ácidos.
Gesso: {Ca(SO4).2H2O}
Matéria Orgânica: Complexos de Carbono+Ca; Humatos de Ca, etc.
4.4.4. Formas

Solúvel: na solução do solo, na forma de cátion Ca2+, que é a forma absorvida


pelas plantas.
Carbonatos, Fosfatos e Sulfatos.
Trocável: nas argilas e em equilíbrio com o solúvel.
Em compostos orgânicos.

4.4.5. Fatores que afetam a disponibilidade do Ca

Tipo de Argila: a) as argilas 2:1 retêm mais que as 1:1; b) pH do Solo: afeta
indiretamente pela mineralização da matéria orgânica. Quanto menor a acidez
(mais alcalinidade) maior será a disponibilidade de Ca, e c) Textura do Solo: a
lixiviação do Ca será maior em textura mais arenosa e menor em textura de
solo mais argilosa.

4.5. MAGNÉSIO

4.5.1. Funções:

 O Mg toma parte na composição química da clorofila.


 O Mg ativa enzimas relacionadas com o metabolismo dos carbohidratos.
 O Mg participa da síntese das proteínas.

4.5.2. Fontes e Formas:

Fontes:

Dolomita {CaMg(CO3)2}
Biotita
Matéria Orgânica

Formas:

Solúvel: na solução do solo o cátion Mg2+ é assim absorvido pelas


plantas.
Carbonatos e Sulfatos.
Trocável: o Mg2+ adsorvido às argilas e em equilíbrio com o solúvel.

4.5.3. Fatores que afetam a disponibilidade do Mg

Tipo de argila: nas argilas 2:1 o Mg está mais retido que nas 1:1.

pH do Solo: afeta indiretamente pela mineralização da matéria orgânica.


Quanto menor a acidez, maior a disponibilidade de Mg.

Textura do Solo: quanto mais arenoso o solo, maior será a lixiviação do Mg.
4.6. ENXOFRE (S)

4.6.1. Funções:

 O enxofre (S) é componente de alguns aminoácidos como a cistina e a


metionina.

 O enxofre é componente de vitaminas, como a biotina (Vitamina H, B7


ou B8) e a tiamina (Vitamina B1).

4.6.2. Fontes e Formas:

Rochas magmáticas e sedimentares e a matéria orgânica, que é a


principal fonte.

Sulfatos e sulfetos, S elementar (raro) e os compostos orgânicos.


A forma é SO42- que se encontra na solução do solo e é sob essa
forma que é absorvido pelas plantas. A forma está adsorvida nos sítios
de trocas aniônicas das argilas e em equilíbrio com a forma solúvel.

4.6.3. Fatores que afetam a disponibilidade do S:

Depende do tipo de Matéria Orgânica e da relação C:N:S. Com uma


relação 110:10:1,3 a 1,5 ocorre a mineralização do S, em relações maiores
(mais C), ocorre a imobilização.

pH do Solo: quanto menor a acidez há menor adsorção do SO4.


Tipo de argila: as do tipo 2:1 adsorvem o SO4.

1. 4.BORO (B)

4.7.1. Funções:

O B atua na divisão celular.


O B favorece o movimento dos açúcares no tecido vegetal.
É elemento essencial na síntese das pectinas.

4.7.2. Fontes e Formas:

Fontes: Mineral (Turmalina, por exemplo, o Dravite, um silicato de Boro e


Alumínio: (NaMg3Al 6Si6O18(BO3)3(OH)4).

Matéria Orgânica

Formas: Solúvel, na solução do solo, na forma de B4072-, forma pela qual é


mais freqüentemente absorvido pelas plantas.
Trocável, pouco conhecido.
Em forma de compostos orgânicos.

4.7.3 Fatores que afetam a disponibilidade de B

Textura do solo: em solo arenoso a disponibilidade do B aumenta com a


profundidade, em contraste com os solos argilosos, em que a disponibilidade
diminui com a profundidade. Aqui se tomando os limites das profundidades
normalmente exploradas pelas raízes. Em grandes profundidades a
disponibilidade cai para ambas as texturas.

pH do Solo: a elevação do pH diminui a disponibilidade do B.

Umidade do solo: o aumento da umidade, em direção a capacidade de


campo, eleva a disponibilidade do B.

4.8. ZINCO (Zn)

4.8.1. Funções:

O Zn atua na ativação de enzimas.


O Zn participa da síntese do ácido indolacético.

4.8.2. Fontes e Formas:

Fontes: Mineral (rochas)


Matéria Orgânica

Formas: Solúvel, na solução do solo, na forma de Zn2+ na qual é absorvido


pelas plantas.
Trocável, adsorvido nas argilas, em equilíbrio com o solúvel.
Em forma de compostos orgânicos complexos.

4.8.3 Fatores que afetam a disponibilidade de Zn2+

pH do Solo: a elevação do pH diminui a disponibilidade do Zn2+.

Nível de P no solo: o aumento da nível de P promove a precipitação, nas


forma de Zn-P, diminuindo a disponibilidade de Zn2+.

Adsorção às argilas: o Zn é fortemente adsorvido às argilas, sendo somente


superado pelo H, da seguinte maneira: H > Zn > Ca > Mg > K

Matéria Orgânica (MO): a elevação dos teores de MO reduz a disponibilidade


de Zn, pois o mesmo é complexado pela MO.
4.9 MANGANÊS (Mn)

4.9.1. Funções:

 O Mn é essencial no processo de respiração.


 O Mn atua no metabolismo do N.
 O Mn é ativador enzimático.

4.9.2. Fontes e Formas

Fontes:

Na matéria orgânica (MO)


Minerais das rochas (basalto, p.e. pó de basalto usado como fertilizantes,
associado ao esterco eqüino, apresentava 0,20 % de MnO, segundo KNAPIK e
ÂNGELO, 2007).

Formas:

Solúvel: na solução do solo, na forma de Mn2+, que é absorvida pelos


vegetais.

Trocável: Adsorvido ás argilas e em equilíbrio com o solúvel.

Complexado pela MO.

Na forma de óxidos: Mn2O3 e MnO2

4.9.3 Fatores que afetam a disponibilidade de Mn

pH do solo: a elevação do pH, aumenta diminui a disponibilidade do Mn,


devido a formação de óxidos de Mn.

Mn2+ em pH= 8,0 se passa a MnO2


Mn2+ em pH = 7,0, passa a Mn2O3

Matéria Orgânica: com a elevação do pH, aumenta também a capacidade da


MO em complexar o Mn.

Umidade: com maior umidade, aumenta a redução (predomina Mn2+), mas o


aumernto da umidade e do pH concomitantemente, reduzem o Mn2+.

Atividade Microbiana: elevada atividade microbiana, libera o manganês


complexado na Mo.

Solos com elevados teores de manganês (na faixa de 20 ppm), podem ser
tóxicos às plantas. É o caso de solos originários de basalto, nos estados de
Santa Catarina e Paraná. Culturas como soja, trevo e milho, podem ser
afetadas.

4.10. COBRE (Cu)

O cobre total varia nos solos de 5 a 50 ppm. Na solução do solo, pode


variar de 1,0 x 10-8 a 60 x 10-8. Cerca de 98% do Cu está complexado na
matéria orgânica. E geral o Cu aparece numa relação de 1/10 com o Mn e é
então absorvido em pequeníssimas quantidades (MENGEL e KIRKBY, 1987).
O Cu faz parte de complexos ezimáticos: platocianina, superóxido-
dismutyase e amino-oxidases (MENGEL e KIRKBY, 1987).
O Cu está relacionado com o metabolismo das poliaminas.
Há indicações da imporância do Cu na fixação biológica de nitrogênio (trevo
subterrâneo) mas são necessários estudos mais amplos e aprofundados. É
preciso lembrar que por estar relacionado com a síntese de carbohidratos, o Cu
pode influenciar indiretamente a fixação biológica de nitrogênio, já que o
processo de fixação demanda muita energia e a falta de Cu pode interferir na
síntese de energia, dificultando assim o processo ( MENGEL e KIRKBY, 1987).

A toxicidade de Cu é rara em vegetais, pois liga-se as partículas do solo,


formando complexos, especialmente com a matéria orgânica. Entretanto, em
áreas de mineração de Cu pode haver problemas de fitotoxicidade. Outra
possibilidade seria com o uso de resíduos orgânicos, especialmente os de
origem industrial, como pode ser visto na tabela abaixo. Na França, o uso
repetido e continuado de Calda Bordaleza, em cultivos vinícolas, trouxe
problemas de fitotoxicidade com Cu (DROINEAU e MAZOYER, 1962 citados
por MENGEL e KIRKBY, 1987).

Tabela 11. Teores de Cobre em diferentes fertilizantes orgânicos.


Cobre (Cu) em µ g.g-1 (ppm)
Fertilizantes Orgânicos Peso Fresco Peso Seco
Esterco Bovino 9 34
Esterco Suíno 21 86
Esterco Frango 30 69
Chorrume Suíno 18 265
Chorrume Bovino 4 43
Lodo de Esgoto (Doméstico) 46 113
Lodo de Esgoto (Industrial) 353 1477
Modificado de MENGEL e KIRKBY (1987).
4.11. Mo (Molibdênio)

Em geral os solos possuem suficientes quantidades de Mo para as


necessidades vegetais, no entanto, em pH abaixo de 5,5 (comum em regiões
tropicais) pode haver fixação do Mo no solo, provocando a deficiência do
nutrientes às plantas. Em áreas com solos ácidos e arenosos o problema pode
ser considerável, embora possa ser mascarado pelo uso da calagem (MENGEL
e KIRKBY, 1987).
As plantas variam muito em suas necessidades do elemento, sendo que
as crucíferas, como a couve-flor e o repolho, apresentam elevada demanda de
Mo. As leguminosas, também apresentam uma razoável demanda, visto que o
Mo é parte do complexo enzimático responsável pela fixação biológica de
nitrogênio (a nitrogenase é uma molibdo-ferro-proteína). Em um estudo em 21
estados dos EUA, BERGER, (1962) citado por MENGEL e KIRKBY, (1987),
afirma que a alfafa (leguminosa) seria a planta com maior freqüência a
apresentar deficiência de Mo seguida da couve-flôr, do brócoli (crucífera), da
soja, do trevo (ambas leguminosas) e dos citros. Na África (Zimbabwe), foi
registrada a deficiência de Mo em milho, em Oxisolos (Latossolos no Brasil)
originários de rocha ferrífera. A aplicação de 100 g.ha-1 de molibdato de Na, foi
capaz de reverter o problema (TANNER e GRANT, 1977 citados em MENGEL
e KIRKBY, 1987).
A tabela 12 apresenta resultados da aplicação de Mo em diversas
espécies cultivadas. BERGMAN (1960, citado em MENGEL e KIRKBY, 1987),
recomenda doses de 150 a 200 g de molibdato de Na por hectare para
pastagens e forrageiras, a cada 4 a 6 anos. Para cultivos anuais, olerícolas em
geral e frutíferas, a mesma dose de 150 a 200 g anualmente e no caso da
couve-flor, ele recomenda 500 a 2.000 g anualmente.

Tabela 12. Efeito da aplicação de Mo em várias espécies de plantas


Taxa de aplicação de Mo
Espécie Sem Aplicação 4 kg de Na2MoO4.ha-1
ppm de Mo na matéria seca
Medicago sativa (alfafa) 0,03 1,58
Trifolium repens (trevo branco) 0,02 13,00
Trifolium pratense (trevo vermelho) 0,14 28,60
Lolium multiflorum (azevém) 0,08 2,19
Bromus mollis (cevadilha ) 0,03 2,65
Taraxacum officinale (dente de leão) 0,31 37,40
Modificado de GRAUPPE (1966) citado em MENGEL e KIRKBY (1987).
BIBLIOGRAFIA

ARAÚJO, A. P. e MACHADO, C. T. de T. Fósforo. In: Nutrição Mineral de


Plantas, (Fernandes, M. S. Org.), Viçosa: SBCS, 2006. pp. 253-280.

DECHEN, A. R. e NACHTIGALL, G. R. Elementos essenciais e benéficos às


plantas superiores. In: Nutrição Mineral de Plantas, Fernandes, M. S. (ed.).
Viçosa: SBCS, 2006. pp 1 a 7.

DÖBEREINER, J. Dinitrogen fixation in rhizosphere and phyllosphere


associations. In: Inorganic Plant Nutrition ( Läuchli, A. and Bieleski, R. L.
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Springer-Verlag, 1983. pp 330-350.

MENGEL, K. and KIRKBY, E. Principles of Plant Nutrition. International


Potash Institute: Bern, Swiss. 4 th Ed., 1987.

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