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ARTIGO TÉCNICO 4
Extração e Exportação de Nutrientes em
Cultivares de Soja Enlist®, Xtend® e Roundup Ready®
Fernando Vieira Costa Guidorizzi1, Linker Augusto Santos Louvison2, Victor Hugo Ferreira Lima de Aguiar3,
Yush Spazziani Sardinha4, Lucas Elias dos Santos5, João Eduardo Zanon6, Carlos Roberto Sant Ana Filho7,
Guilherme Amaral de Souza8, João Augusto Lopes Pascoalino9
1
Engenheiro Agrônomo, Dr., ICL América do Sul, e-mail: fernando.guidorizzi@icl-group.com
2
Engenheiro Agrônomo, ICL América do Sul, e-mail: linker.louvison@icl-group.com
3
Engenheiro Agrônomo, ICL América do Sul, e-mail: victor.aguiar@icl-group.com
4
Engenheiro Agrônomo, ICL América do Sul, e-mail: yushsardinha@gmail.com
5
Engenheiro Agrônomo, ICL América do Sul, e-mail: lucas.elias@icl-group.com
6
Engenheiro Agrônomo, e-mail: jemzanon@gmail.com
7
Químico, ICL América do Sul, e-mail: carlos.santana@icl-groupcom
8
Engenheiro Agrônomo, ICL América do Sul, e-mail: guilherme.souza@icl-group.com
9
Engenheiro Agrônomo, Dr., ICL América do Sul, e-mail: joao.pascoalino@icl-group.com
Figura 1. Precipitação pluvial (barras cinzas), temperatura máxima (linha vermelha) e temperatura mínima (linha cinza) registradas
durante o ciclo de desenvolvimento das cultivares de soja Enlist®, Xtend® e Roundup Ready®. Dados oriundos da estação
meteorológica do Innovation Center (ICL).
Tabela 2. Extração e exportação de N, P2O5, K2O, Ca, Mg, S-SO4, B, Cu, Fe, Mn, Zn, Co, Mo, Ni e Se pelas cultivares de soja Enlist®, Xtend®
e Roundup Ready®.
Nutrientes Enlist® Xtend® RR® Enlist® Xtend® RR® Enlist® Xtend® RR®
- - - - - Extração (kg ha-1 t-1) - - - - - - - - - Exportação (kg ha-1 t-1) - - - - - - - - Exportação relativa (%) - - - -
N 142,9 (1)
179,9 145,8 53,9 55,1 55,6 37,7 30,6 38,1
P2O5 31,9 36,4 29,4 9,3 b 10,9 a 9,3 b 29,2 29,9 31,6
K2O 120,8 127,6 106,9 19,1 19,6 20,6 15,8 15,4 19,3
Ca 35,8 b 61,1 a 43,5 ab 2,2 2,3 2,1 6,1 3,8 4,8
Mg 13,6 18,9 14,7 2,5 2,5 2,6 18,4 13,2 17,7
S-SO4 17,9 27,3 22,2 6,7 8,6 8,3 37,4 31,5 37,4
A presença de letras minúsculas indica diferença estatística entre os tratamentos de acordo com o teste de Tukey a 5% de probabilidade.
(1)
No tratamento das sementes de soja foram utilizados amostragens das plantas, ou seja, nos estádios fenológicos
0,9 g ha-1 de Co, 18 g ha-1 de Mo e 1,8 g ha-1 de Ni (produto VE, V3, V4, V10, R1, R3, R4, R5.2, R5.4, R5.5, R6, R7 e R8
com 0,45% de Co, 9,0% de Mo, 0,9% de Ni e outros com- que correspondem a 0, 20, 40, 60, 80, 100 e 120 dias após a
postos), piraclostrobina, tiofanato metílico, fipronil, grafite, emergência (DAE), respectivamente. Cada unidade experi-
Bradyrhizobium japonicum ou Bradyrhizobium elkanii. mental foi composta por 6 linhas de 11,5 m de comprimento,
Na adubação de semeadura foram aplicados, no sulco de onde se utilizou como área útil as 4 linhas centrais de 10 m
semeadura, 20 e 80 kg ha-1 de N e P2O5, respectivamente de comprimento para realizar as avaliações.
(fertilizante com 10% de N e 49% de P2O5).
Foram realizadas as avaliações de acúmulo de maté-
Após a emergência, que ocorreu em 06/11/2023, a ria seca na parte aérea (MSPA), teores de N, P, K, Ca, Mg,
população de plantas foi aferida com o objetivo de alocar S, B, Cu, Fe, Mn, Zn e Se na parte aérea e nos grãos e a
as unidades experimentais em locais com a população de produtividade de grãos das cultivares de soja, conforme
plantas uniforme. Entre a amergência e a colheita foram metodologias descritas por Guidorizzi et al. (2021). Os teores
realizados manejos fitossanitários com glifosato, tiameto- de P, K e S foram convertidos e estão apresentados como
xam, lambda-cialotrina, acefato, imidacloprido, bifentrina,
P2O5, K2O e S-SO4.
trifloxistrobina, tebuconazol, fluxapiroxade, piraclostrobina,
Beauveria bassiana, Bacillus subtilis, Bacillus amylolique- A colheita para determinação da produtividade de
faciens, Bacillus pumilus e Trichoderma harzianum. Além grãos de soja foi realizada no estádio de desenvolvimento
disso, foram realizados manejos nutricionais e fisiológicos R8, quando os grãos apresentaram aproximadamente 14%
com pulverizações de fertilizantes foliares nos estádios de de umidade.
desenvolvimento V3, R1 e R3 da cultura da soja, conforme Os dados obtidos foram submetidos à análise de variân
prescrição agronômica da ICL. cia e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste
O experimento foi conduzido no esquema de parce- Tukey a 5% de probabilidade, utilizando o programa SISVAR
las subdivididas,com seis repetições por tratamento. As 5.4 (FERREIRA, 2011). Os resultados das épocas de amos-
parcelas foram compostas pelas cultivares de soja Enlist®, tragem foram avaliados por análise de regressão, utilizando
Xtend® e Roundup Ready® e as subparcelas pelas épocas de o programa SigmaPlot 12.5.
Figura 2. Acúmulo de matéria seca (MS) na parte aérea ao longo do ciclo de desenvolvimento de cultivares de soja Enlist®, Xtend® e
Roundup Ready®.
** Significativo a 1% de probabilidade de acordo com o teste F. Barras verticais indicam os valores de DMS entre os tratamentos pelo
teste Tukey a 5% de probabilidade.
Figura 5. Extração de Cu, Fe, Mn e Zn ao longo do ciclo de desenvolvimento de cultivares de soja Enlist®, Xtend® e Roundup Ready®.
** Significativo a 1% de probabilidade de acordo com o teste F. Barras verticais indicam os valores de DMS entre os tratamentos pelo
teste Tukey a 5% de probabilidade.
163,8, 186,3, e 171,3 0 g ha-1 de Cu, 2.678,8, 4.999,5 e Portanto, conforme mencionado para os demais
2.919,4 g ha-1 de Fe, 890,6, 1.184,0 e 996,5 g ha-1 de Mn e nutrientes, é essencial que os manejos nutricionais com Cu,
674,8, 758,8 e 756,8 g ha-1 de Zn. Nesse estádio, a extração Fe, Mn e Zn sejam revistos, principalmente no que diz res-
de Fe pela cultivar Xtend® foi maior do que as extrações peito às doses que estão sendo fornecidas para a cultura da
obtidas com a Enlist® e Roundup Ready®. Dessas quantida- soja. Ressalta-se que esses nutrientes podem ser fornecidos
des, foram exportados, respectivamente, pelas cultivares para a cultura através da matéria orgânica do solo, palhada
Enlist®, Xtend® e Roundup Ready®: 29,1%, 29,8% e 33,5% remanescente sobre a superfície do solo e fertilizantes para
de Cu, 16,8%, 22,3% e 18,3% de Fe, 7,2%, 4,6% e 7,9% de aplicação via solo e foliar.
Mn e 29,1%, 25,1% e 31,3% de Zn. As áreas que receberam calagem recentemente
As exigências de Cu, Fe, Mn e Zn pelas três cultivares merecem atenção especial em relação ao fornecimento de
de soja foram altas devido às adequadas condições edafo- Cu, Fe, Mn e Zn, pois o aumento do pH do solo pode diminuir a
climáticas, alto acúmulo de MSPA e produtividade de grãos. disponibilidade desses micronutrientes. Além disso, nas áreas
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As exigências nutricionais de N, P2O5, K2O, Ca, Mg, S-SO4,
B, Cu, Fe, Mn, Zn, Co, Mo, Ni e Se pelas cultivares de soja
Enlist®, Xtend® e Roundup Read® foram baixas até o estádio
de desenvolvimento V3, porém a partir de V4 as extrações
se intensificaram e foram incrementadas até R6. Diante do
exposto, é importante que todos os nutrientes estejam dis-
poníveis para absorção da cultura da soja entre os estádios
de desenvolvimento V4 e R6.
Todos os nutrientes foram exigidos em grandes quan-
tidades devido à alta produtividade de grãos obtida com
as cultivares de soja Enlist®, Xtend® e Roundup Read®
(85-97 sacos de soja por hectare). Dessa forma, para obten-
ção de altas produtividades de grãos de cultivares de soja é
essencial que os manejos nutricionais para fornecimento de
N, P2O5, K2O, Ca, Mg, S-SO4, B, Cu, Fe, Mn, Zn, Co, Mo, Ni e Se
sejam revistos, atualizados nos boletins de recomendação
de adubação no Brasil e recomendados de acordo com as
exigências de cada cultivar.
AGRADECIMENTOS
Expressamos nossa gratidão à ICL, à dedicada equipe
de Pesquisa e Desenvolvimento e ao Departamento Técnico.
Agradecemos pelos investimentos e pelo apoio fundamental
que tornaram possível a realização desta pesquisa.
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Figura 7. Extração de Co, Mo e Ni ao longo do ciclo de desenvol-
partitioning, and remobilization in modern soybean varieties.
vimento de cultivares de soja Enlist®, Xtend® e Roundup
Agronomy Journal, v. 107, p. 563–573, 2015.
Ready®.
** Significativo a 1% de probabilidade de acordo com o teste F. BORTOLON, L.; BORTOLON, E. L. S. O.; CAMARGO, F. P.; SERA-
Barras verticais indicam os valores de DMS entre os tratamentos GLIO, N. A.; LIMA, A. O.; ROCHA, P. H. F.; SOUZA, J. P. S.; SOUZA,
pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. W. C.; TOMAZZI, M.; LAGO, B. C.; NICOLODI, M.; GIANELLO, C.
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G.; FERNANDES, A. M.; SOUZA, E. F. C. Biomass and nutrient 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 888p.
BALANÇO DE NUTRIENTES
(Cortesia temporária da NPCT)
O balanço de nutrientes nas culturas (BNC) é uma
das ferramentas para avaliação do uso de fertilizan-
tes na agricultura e representa a diferença entre a
saída de nutrientes pela colheita (exportação) e sua
entrada no sistema (adubação). Saldos negativos,
nos quais a exportação excede a adubação, levam à
diminuição da fertilidade do solo e, eventualmente,
à redução da produtividade, uma vez que a disponi-
bilidade de nutrientes cai abaixo dos níveis críticos.
Saldos positivos geralmente estão associados ao
aumento da fertilidade do solo e podem, eventu-
almente, representar um elevado risco de perda de
nutrientes para o ambiente.
A NPCT, acreditando que a principal função do
manejo nutricional é facilitar o equilíbrio entre
exportações e adições de nutrientes em níveis
que suportem o crescimento ideal das culturas e
a mínima perda de nutrientes, desenvolveu esta
ferramenta visando facilitar o acesso de agrônomos,
consultores, produtores e técnicos às informações
de exportação e balanço de nutrientes em 18 cul-
turas cultivadas no Brasil.