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UFAL/CTEC – EAMB 013 – 2020

Profª Ivete Vasconcelos Lopes Ferreira

CICLOS BIOGEOQUÍMICOS

BIO → participação dos organismos vivos que interagem com síntese orgânica e decomposição de
elementos

GEO → refere-se ao meio terrestre, fonte dos elementos químicos

QUÍMICOS → ciclos dos elementos químicos.

FLUXO DE MATÉRIA E ENERGIA


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Tabela 1 – Macro e micronutrientes
Macronutrientes (>0,2% p.o.s.*) Micronutrientes (<0,2% p.o.s.*)
Carbono (C) Alumínio (Al)
Hidrogênio (H) Boro (B)
Oxigênio (O) Cromo (Cr)
Nitrogênio (N) Zinco (Zn)
Fósforo (P) Milibdênio (Mo)
Enxofre (S) Vanádio (V)
Cloro (Cl) Cobalto (Co)
Potássio (K)
Sódio (Na)
Cálcio (Ca)
Magnésio (Mg)
Ferro (Fe)
(*) peso orgânico seco do ser vivo

1. CICLO DO CARBONO

Carbono – principal constituinte da matéria orgânica (49% p.o.s.)

Reservatórios: atmosfera - 0,032% (CO2); oceanos (CO2, carbonatos e bicarbonatos); rochas de


carbono (principais reservatórios, mas com reciclagem lenta).

No Meio Ambiente o carbono inorgânico pode ocorrer sob 3 formas relacionadas com o pH:

• Carbono inorgânico “livre” (CO2)


• Íons bicarbonato (HCO-3)
• Íons carbonato (CO -2)
O íon bicarbonato é a forma de carbono inorgânico mais abundante nas águas naturais continentais
(Esteves et al., 2011).
Figura 1 - Variação das formas de carbono inorgânico em função do pH.

Soares et al., 2016

pH ≤ 5 → predomina CO2 livre

7 < pH < 9 → predomina HCO3- (bicarbonato)

pH > 10,3 → predomina CO32- (carbonato)


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O Carbono Orgânico Total (COT) é composto por:

• Carbono Orgânico Dissolvido: proteínas, carboidratos, lipídios e compostos húmicos →


Decomposição de organismos + produtos de excreção (toxinas, enzimas, etc).
• Carbono Orgânico Particulado Detrital: grande parte proveniente da ressuspensão dos
sedimentos.
• Carbono Orgânico Particulado da Biota.

Principais reações do ciclo do carbono:

1.1 Fotossíntese

1.2 Respiração

1.3 Difusão

1.1 FOTOSSÍNTESE: Processo em que a energia solar é captada pelos pigmentos (clorofila) e convertida
para energia química que fica armazenada nas ligações das moléculas orgânicas.

6CO2 + 6H2O + Energia Solar → C6H12O6 + 6O2

Seres autotróficos
fotossintetizantes
• Fixação do carbono em sua forma orgânica.
• Energia solar é armazenada como energia química nas moléculas orgânicas de glicose.

1.2 RESPIRAÇÃO: É o processo inverso à fotossíntese, ou seja, as moléculas orgânicas se decompõem


para liberar a energia usada pelo organismo. O carbono volta à forma inorgânica completando o ciclo.

A energia armazenada nas ligações químicas dos carboidratos é liberada para dar suporte às atividades
metabólicas.

C6H12O6 + 6O2 → 6 CO2 + 6 H2O + 675 Kcal/mol de glicose

1.3 DIFUSÃO: Interação entre os reservatórios atmosférico e aquático.

• O excesso de CO2 na atmosfera é absorvido pelos oceanos ficando dissolvido na água.

• O predomínio das formas HCO3- e CO32- ocorre para elevados valores de pH.

CO2 atmosférico
↕ Reação reversível = f(concentração de gás)

CO2 + H2O ↔ H2CO3 ↔ H+ + HCO3- ↔ 2H+ + CO32-


Aumento do pH
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CICLO DO CARBONO

Difusão

BLACK (2002)

2. CICLO DO NITROGÊNIO

Nitrogênio (N)– um dos elementos mais importantes no metabolismo de ecossistemas aquáticos, pela
sua participação na formação de proteínas da biomassa.

Reservatório de Nitrogênio (N2) – atmosfera (78 %)

Juntamente com o fósforo (P) o N é fator limitante1 do crescimento dos vegetais e um dos principais
fertilizantes utilizados na agricultura.

Fotossíntese

NO3- + CO2 + plantas verdes + luz solar → proteína vegetal

NH3 + CO2 + plantas verdes + luz solar → proteína vegetal

No ciclo do nitrogênio na biosfera, este nutriente se alterna entre várias formas e estados de oxidação,
como resultado de diversos processos bioquímicos.

No meio aquático o nitrogênio pode ser encontrado nas formas apresentadas na Tabela 1, a seguir.

1
Fator limitante: qualquer parâmetro ambiental que , quando existe num grau subótimo, impede o organismo
de alcançar plenamente seu potencial biótico.
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Tabela 1 - Formas predominantes de nitrogênio no esgoto

Souza et al., 2019

Efeito do nitrogênio no meio aquático – processo de eutrofização.

Principais formas nos ambientes aquáticos:

• nitrato (NO3-)
• nitrito (NO2-)
• amônia (NH3)
• íon amônio (NH4+)
• óxido nitroso (N2O)
• nitrogênio molecular (N2)
• nitrogênio orgânico dissolvido (peptídeos, aminas, aminoácidos, etc)
• nitrogênio orgânico particulado (bactérias, fitoplâncton, zooplâncton e detritos).

Principais mecanismos de transformação (Ciclo do Nitrogênio)

2.1. Fixação do nitrogênio atmosférico


2.2. Amonificação
2.3. Nitrificação (nitritação e nitratação)
2.4. Desnitrificação

2.1 FIXAÇÃO / ASSIMILAÇÃO DO NITROGÊNIO ATMOSFÉRICO

2.1.1 Durante as descargas elétricas grande quantidade de N2 é oxidada para N2O5 (pentóxido de
nitrogênio) que em contato com a água produz HNO3 (ác. Nítrico) (NO3-).

𝐍𝟐 (𝐧𝐢𝐭𝐫𝐨𝐠ê𝐧𝐢𝐨 𝐚𝐭𝐦𝐨𝐬𝐟é𝐫𝐢𝐜𝐨)

𝐍𝟐 𝐎𝟓 + 𝐇𝟐 𝐎 → 𝟐 𝐇 + 𝟐 𝐍𝐎−
𝟐

2.1.2 Fixação biológica: O N2 é convertido para proteínas por bactérias especiais e certas algas. Para
tanto utilizam uma enzima funcional denominada nitrogenase.

N2 + bactérias fixadoras e certas algas → proteína


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Bactérias fixadoras de N2 ➔ Ex: Azotobacter (aeróbia), Clostridium (anaeróbia).

Algas fixadoras de N2 → Ex.: Cianofíceas (Anabaena, Nostoc, etc).

2.2 AMONIFICAÇÃO:

Formação de amônia que ocorre durante o processo de decomposição da matéria orgânica morta
(animais e vegetais), fezes e urina (uréia) de animais, pela ação das bactérias saprófitas2, sob condições
aeróbias ou anaeróbias.

Proteína (N-orgânico) + bact. saprófitas → NH3

Utilizada pelas plantas para produzir proteína vegetal

2.3 NITRIFICAÇÃO:

2.3.1 Nitritação

A amônia liberada pela ação das bactérias sobre a uréia e proteína pode ser oxidada para nitrito por
bactérias nitrificantes autotróficas conhecidas como Nitrossomonas, sob condições aeróbicas.

Nitrossomonas

2NH3 + 3O2 2NO2- + 2H+ + 2H2O

2.3.2 Nitratação

O nitrito é então oxidado até nitrato, sob condições aeróbicas, por outro grupo de bactérias
nitrificantes conhecido por Nitrobacter.

Nitrobacter

2NO2- + O2 2NO3-

Como a taxa de crescimento das Nitrossomonas é menor que a taxa de crescimento de Nitrobacter, a
transformação de amônia a nitrito (Nitritação) é o passo limitante do processo de Nitrificação.

É uma parte importante do ciclo do nitrogênio, porque fornece aos vegetais a forma de nitrogênio
mais utilizável no seu metabolismo, o NO3-(nitrato).

2.4 DESNITRIFICAÇÃO

O nitrato e o nitrito produzidos pelas bactérias nitrificantes, podem ser reduzidos à nitrogênio gasoso
(N2) pela ação de bactérias desnitrificantes (ex. Pseudomonas, Thiobacillus desnitrificans etc).

O N2 retorna à atmosfera. O fenômeno de desnitrificação é anaeróbio e ocorre em solos pouco aerados


e ambientes aquáticos anóxicos (sem O2, mas com nitrato)..

A desnitrificação é possível porque certos microrgaanismos apresentam a enzima Nitrogênio Redutase.

No tratamento de esgoto doméstico a desnitrificação tem como objetivo remover nitrato para evitar
eutrofização dos corpos receptores.

2
Saprófitos são organismos que se alimentam de matéria orgânica originária de processos de decomposição.
Eles são heterotróficos, pois obtém energia a partir de matéria orgânica de outros seres vivos. Os principais
seres vivos saprófitos são fungos terrestres e algumas espécies de plantas vasculares.
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CICLO DO NITROGÊNIO

Mihelsic, 1999

CICLO DO NITROGÊNIO NA BIOSFERA

Henrique Eisi Toma, 2015


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CICLO DO NITROGÊNIO (Solo)

Black, 2000

CICLO DO NITROGÊNIO (Meio aquático)

Significado sanitário e ambiental do nitrogênio


a) INDICADOR DE QUALIDADE SANITÁRIA
Águas com predominância de nitrogênio orgânico e amônia, significa que foram poluídas
recentemente por descarga de esgotos, e portanto, de grande potencial de perigo para a saúde
humana, pela maior concentração de patogênicos.
Para água em que a maior parte do nitrogênio está na forma de nitrato, considera-se que a poluição
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ocorreu há algum tempo e, portanto, com menores riscos de haver patogênicos.
O nitrogênio na forma de nitrato está associado à doença denominada methemoglobinemia, que é
caracterizada pela perda de capacidade de oxigenação no sangue, também conhecida como Cianose
infantil ou síndrome do bebê azul. As bactérias no estômago de bebês e nas mamadeiras reduzem o
nitrato a nitrito, e este se combina com a hemoglobina do sangue e promove sua oxidação impedindo
a absorção e o transporte de O2 para as células. Concentrações mais elevadas (≥10 mg/L) são perigosas.
O nitrato é reduzido à nitrito no estômago, e por sua vez a reação de nitrito com aminas formam as
Nitrosaminas que são associadas ao câncer gástrico. Há relatos na literatura de aborto em mulheres
que ingeriram água com altas concentrações de nitrato na (19-26 mg/L).

Significado ambiental do nitrogênio


b) DEMANDA DE OXIGÊNIO DISSOLVIDO
A descarga de efluentes ricos em amônia (esgoto sanitário, efluente industrial, excrementos de
animais, fertilizantes) na água e posterior nitrificação irá consumir o oxigênio dissolvido presente no
meio, o que pode afetar a vida aquática. Para cada mg de N-amoniacal nitrificado ≈ 3,57 mg O2.
Padrão de lançamento de efluentes (CONAMA 430/2011) – 20 mg/L N.

c) EUTROFIZAÇÃO DOS CORPOS D’ÁGUA


Crescimento excessivo de plantas aquáticas, tanto planctônicas quanto aderidas, a níveis tais que
sejam considerados como causadoras de interferências com os usos desejáveis do corpo d’água
(Thomann e Mueller,1987 apud Von Sperlling, 2005). Isso ocorre quando são lançados nutrientes em
excesso na água (N e P).
O termo “trófico” tem sua origem no grego antigo e significa alimentação ou nutrição. O prefixo “eu”
significa muito.
Causas da eutrofização
• Uso intensivo de fertilizantes a base de N e P, acima da capacidade de absorção pelas culturas;
• Drenagem urbana com carga de nutrientes;
• Lançamento de esgotos oriundos das atividades urbanas, os quais contêm nitrogênio e
fósforo, presentes nas fezes e urina, nos restos de alimentos, nos detergentes e outros
subprodutos das atividades humanas. A contribuição de N e P através dos esgotos é bem
superior à contribuição originada pela drenagem urbana.
• Lançamento de efluentes industriais.
Consequências da eutrofização

• Aumento da Biomassa e da produção primária do fitoplâncton e macrófitas aquáticas;


• Aumento da frequência de florescimento de Cianobactérias que produzem hepatotoxinas e
neurotoxinas;
• Diminuição da concentração de oxigênio dissolvido do meio aquático devido à decomposição
da matéria orgânica (algas mortas), por bactérias, com consumo de oxigênio. Caso o oxigênio
do meio aquático seja totalmente consumido, os processos anaeróbios passam a ocorrer,
tendo como consequência a produção de H2S que é tóxico e de odor desagradável, dentre
outros compostos;
• Alteração (diminuição) da diversidade de espécies. Só ficam as mais resistentes;
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• Deterioração da qualidade da água pela diminuição da transparência, sabor e odor


acentuados pela presença de algas.
• A quantidade de N na água para provocar eutrofização:
N-NH4+ ➔ 0,3 mg/L
N-NO3- →0,3 mg/L

d) CONSUMO DE CLORO NA DESINFECÇÃO

No tratamento de água, a presença de amônia da água provoca a formação de cloraminas,


aumentando o consumo de cloro na etapa de desinfecção. Esse assunto será tratado com mais detalhe
na disciplina de Tratamento de Águas de Abastecimento.

e) GÁS TÓXICO (NH3)

Sabe-se que o nitrogênio amoniacal total é dado por:

N- Amoniacal total = NH3 + NH4+

Quando na forma NH3, o nitrogênio amoniacal é gás tóxico para os peixes em baixas concentrações e
cheira mal.

• Concentrações a partir de 0,25 mg/L afetam o crescimento de peixes, e a partir de 0,5 mg/L é
letal (mata 50% dos indivíduos).

• Em condições naturais, raramente as concentrações de amônia atingem níveis letais


(Margalef, 1974 apud Steves et al., 2011).

• A predominância da amônia na forma gasosa ou livre (NH3) é função do pH e da temperatura,


conforme equação a seguir, que permite o cálculo da proporção de amônia livre em relação à
amônia total (nitrogênio amoniacal).

Efeito do pH ( > pH → > NH3)

pH < 8 → praticamente toda a amônia está como NH4+


pH = 9,5 → 50% de NH3 e 50% NH4+
pH >9,5 → praticamente toda a amônia na forma NH3
Efeito da temperatura ( > T → > NH3)
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Tabela 2 - Proporção das formas de amônia livre e ionizada,


com relação à amônia total, em função de valores do pH e da temperatura

Souza et al., 2019

Figura 2 - Percentual de amônia livre e amônia ionizada em função do pH para a temperatura de 25 °C

Souza et al., 2019

Figura 3 - Mudanças das formas de nitrogênio em águas poluídas sob condições aeróbias.

Sawyer; McCarty e Parkin (2003)

f) CONSUMO DE OXIGÊNIO NO MEIO AQUÁTICO

Nitrogênio amoniacal consome oxigênio dissolvido em ambientes aquáticos pela sua oxidação
bioquímica a nitrato por bactérias nitrificantes.
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3 CICLO DO FÓSFORO

O fósforo é um nutriente essencial aos seres vivos, presente na constituição dos ácidos nucléicos (DNA
e RNA), ADP (Difosfato de adenosina), ATP (Trifosfato de adenosina) – responsáveis pelo
armazenamento de energia química, membranas celulares (através de fosfolipídios), ossos e dentes.

ATP →

Importante no metabolismo biológico, o P é o elemento mais escasso (normalmente limitante da


produtividade primária3).

O ciclo do fósforo é fundamentalmente sedimentar sendo o seu principal reservatório a litosfera,


mais precisamente as rochas fosfatadas.

Os processos erosivos liberam o fósforo na forma de fosfatos, que são utilizados pelos produtores.

Parte desse fosfato é carreada para os oceanos, onde se perde em depósitos profundos, ou é
consumida pelo fitoplâncton.

Forma inorgânica importante: ortofosfato (PO4-3).

As formas em que o P se apresenta na água são:

• Fosfatos orgânicos → forma em que o P compõe as moléculas orgânicas

• Ortofosfatos → representados pelos radicais


• PO4-3 (fosfato)
Combinam-se com cátions formando sais inorgânicos
• HPO4-2 (hidrogenofosfato)
Ex: Na3PO4 (fosfato trissódico)
• H2PO4- (dihidrogenofosfato)
Na2HPO4 (fosfato dissódico)
NaH2PO4 (fosfato monossódico)
(NH4)2HPO4 (fosfato diamônio)

• Polifosfatos ou fosfatos condensados → são polímeros de ortofosfatos. Não são importantes


no estudo de qualidade da água porque sofrem hidrólise e se convertem em ortofosfatos.
• Ex: hexametafosfato de sódio (Na3(PO3)6);
tripolifosfato de sódio (Na5PO3O10) utilizado no detergente como agente
sequestrante.
Pirofosfato tetrassódico (Na4P2O7) quando passa por hidrólise → Na4P2O7 + H2O →
2Na2HPO4 (ortofosfato)
Os microrganismos do solo participam do ciclo do P de duas maneiras:

• Secretam fosfatases que clivam fosfato orgânico de organismos em decomposição em


fosfatos inorgânicos.

3
Produtividade primária: quantidade de matéria orgânica produzida pelos seres autotróficos a partir da
energia solar (fotossíntese) e química (quimiossíntese).
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• Convertem fosfato inorgânico em ortofosfato → solúvel em água e utilizado tanto por
vegetais quanto por microrganismos.

As fontes (antrópicas) de fósforo nos cursos d’água são:

• Despejos domésticos → detergentes com agente sequestrante tripolifosfato de sódio


(Na5P3O10), um de seus componentes, responsável pela formação de espuma.

• Fertilizantes.

CICLO DO FÓSFORO

fosfatase

Black, 2000
Significado ambiental do fósforo

1. EUTROFIZAÇÃO

O excesso de P nos corpos receptores está associado à eutrofização. Concentrações em torno de 0,01
mg P-PO4-3/L são suficientes para desencadear o processo.

Normalmente, o fósforo é mais preocupante do ponto de vista de processos de eutrofização, sendo


comumente considerado o nutriente limitante (particularmente em climas quentes) (Souza et al.,
2019).

2. FORMAÇÃO DE ESPUMA DOS CORPOS HÍDRICOS


A espuma evita/dificulta a penetração de luz e realização da fotossíntese pelas algas, em ambientes
aquáticos.
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Lago eutrofizado (Tundizi, 2009) Pirapora do Bom Jesus, SP. Rio Tietê (Espuma)

4. CICLO DO ENXOFRE

Enxofre – um dos dez elementos mais abundantes na crosta terrestre. Para os organismos vivos sua
importância está na participação da composição dos aminoácidos (cisteínas e metioninas) e coenzimas.

Cisteína Metionina

Tabela 3 - Estado de oxidação de alguns compostos de enxofre

Souza et al., 2019


FASES DO CICLO DO ENXOFRE

4.1 REDUÇÃO ASSIMILATÓRIA DE ENXOFRE:

Transformação de formas de enxofre inorgânico em orgânico. O processo consiste na redução de


sulfato (SO4 2- ou qualquer forma de enxofre inorgânico com estado de oxidação maior que -2) para
sulfeto, que é então utilizado na formação de aminoácidos.

S-inorgânico S-orgânico

• O sulfeto produzido é incorporado ao material celular.


• Organismos que participam do processo → plantas verdes, a maioria dos fungos e a maioria
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das bactérias aeróbicas.

Atlas & Bartha, 1987 apud Ferreira, 1988

4.2 REDUÇÃO DISSIMILATÓRIA DE SULFATO:

Em ambientes anaeróbios, as bactérias redutoras de sulfato reduzem sulfato para sulfeto à medida
que degradam a matéria orgânica, segundo a equação:
Bactérias de Redução Dissimilatória de
sulfato
SO4-2 + MO S-2 + CO2 + H2O

• O sulfeto produzido é liberado para o meio.


• Organismos que participam do processo → bactérias de redução dissimilatória de sulfato,
anaeróbias estritas. Ex.: Dessulfovibrio.

4.3 DESSULFURAÇÃO:

Decomposição da matéria orgânica morta (proteínas) com a liberação de H2S e mercaptanas.

• O processo é catalisado por bactérias proteolíticas (que degradam proteínas).


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4.4 OXIDAÇÃO FOTOTRÓFICA DO ENXOFRE:

Na ausência de O2, bactérias fotossitetizadoras utilizam compostos reduzidos do enxofre


(principalmente H2S) como doadores de elétrons durante a fotossíntese anoxigênica (sem liberação de
oxigênio). Portanto, bactérias anaeróbias fototróficas oxidam sulfeto e enxofre elementar para sulfato
com a redução de CO2 para substrato de célula.
Luz
4CO2 + 2H2S + 4H2O 4CH2O + 2H2SO4
Bactérias Anaeróbias Fototróficas
Bactérias Verdes e púrpuras

• Bactérias anaeróbias fototróficas (bactérias verdes e púrpuras do enxofre) apresentam


pigmentos para captar luz necessária à fotossíntese, denominados bacterioclorofilas.

Ex.: Bactérias púrpuras comuns em lagoas de estabilização: Chromatium vinosum, Thiocystis


violácea. Ex.: Bactérias verdes Chloronema, Chloroflexus.

4.5 OXIDAÇÃO BIOQUÍMICA DO ENXOFRE:

Na presença de oxigênio bactérias oxidadoras do enxofre oxidam compostos reduzidos (Ex.: H2S e S0)
até sulfato.
Bactérias oxidadoras
H2S + ½ O2 S0 + H2O

• O enxofre elementar é armazenado intracelularmente, e na ausência de H2S é oxidado para


sulfato.
• Ex.: Bactérias incolores - Thiobacillus, Pseudomonas
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• Bactérias oxidadoras de H2S são de grande interesse no tratamento de esgoto sanitário , pois
eliminam odor.

4.6 OXIDAÇÃO QUÍMICA DO ENXOFRE:

Reação espontânea sem mediação de microrganismos. Compostos reduzidos do enxofre são oxidados
desde que oxigênio molecular esteja disponível.

Problemas ambientais relacionados ao enxofre

a) ODOR: Em estágios anaeróbios de tratamento de águas residuárias, onde há grande produção de


gás sulfídrico (H2S), ocorre a liberação de odores desagradáveis, principalmente em países de clima
quente. Outra fonte de odor são as mercaptanas, compostos liberados na decomposição da matéria
orgânica morta, juntamente com o gás sulfídrico, no processo de dessulfuração.

O valor do pH é importante na questão de geração de odor, pois determina a forma em que o sulfeto
está presente no ambiente aquático.

• Em pH 7, cerca de 50% do sulfeto está na forma de H2S e 50% na forma de HS-


• A forma não ionizada (H2S) é o principal componente para pH inferior a 7;
• A forma ionizada (HS- ) prevalece para pH entre 7 e 14;
• A concentração de sulfeto livre (S2- ) é negligenciável na faixa de pH associada com o
tratamento de esgoto.
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Figura 4 - Diagrama de distribuição do sulfeto de hidrogênio em meio aquoso em função do pH, a
uma temperatura de 25 °C

Souza et al., 2019.

b) EFEITO TÓXICO DO GÁS SULFÍDRICO SOBRE OS ORGANISMOS VIVOS: O valor do pH é importante na


questão de geração de odor, pois determina a forma em que o sulfeto está presente no ambiente
aquático.

Tabela 4 - Efeitos causados no ser humano pelo H2S ao ser humano

Souza et al., 2019

Problemas econômicos relacionados ao enxofre

c) CORROSÃO: Bactérias do ciclo do enxofre podem catalisar processos de corrosão de ferro, aço,
concreto etc.

• Ex.: Tiobacillus → oxida compostos reduzidos do enxofre na presença de oxigênio, com


produção de ácido sulfúrico e diminuição do pH, responsáveis pela corrosão de tubos de
esgotos de concreto.
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Piveli, 2005

CICLO DO ENXOFRE

Black, 2000
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA/RECOMENDADA

1. BLACK, J. G. Microbiologia: Fundamentos e Perspectivas. 4ª edição. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara


Koogan. 2000.

2. BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental, Prentice Hall, 1a Edição. São Paulo-SP. 2002.

3. FERREIRA, I. V. L. Contribuição ao estudo do ciclo do enxofre em lagoas de estabilização profundas


em série. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental.
Departamento de Engenharia Civil. Universidade Federal da Paraíba, Campus II. Campina Grande, 1988.

4. SAWYER, C. N.; McCARTY, P. L.; PARKIN, G. F. Chemistry for Environmental Engineering and Science.
5 th Edition. McGrow-Hill, 2003. 752p.

5. VON SPERLING, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias: Introdução à


qualidade das águas e ao tratamento de esgoto, Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais,
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2005. 452p.

6. SOUZA, C. L.; SANTOS, A. B.; SILVA, M. E. R.; AQUINO, S. F. Aspectos qualitativos de correntes de
esgotos segregadas e não segregadas. In: Caracterização, Tratamento e Gerenciamento de
Subprodutos de Correntes de Esgotos Segregadas e Não Segregadas em Empreendimentos
Habitacionais. Fortaleza: Gráfica e Editora Imprece, 2019. p. 118-218. Disponível em <
http://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/historico-de-
programas/prosab/06_11_2019_Prosab_Tratamento_de_Esgoto.pdf> Acesso em 01.07.2021.

7. ESTEVES, F. A. (Coord.). Fundamentos de Limnologia. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2011. 826p.

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