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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL


DEPARTAMENTO DE ENGRNHARIA FLORESTAL

REGIANE EDWIRGES TIBALDI DE OLIVEIRA


THAMIRIS KEVELLIM SILVA SOUZA

ABSORÇÃO FOLIAR E ADUBAÇÃO FOLIAR

Cuiabá-MT
2024
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 2
2. DESENVOLVIMENTO.......................................................................................... 3
2.1 ABSORÇÃO FOLIAR ........................................................................................... 3
2.1.1 Fatores que influenciam a absorção foliar ..................................................... 5
2.2 ADUBAÇÃO FOLIAR ........................................................................................... 7
2.2.1 Adubação foliar envolvendo macro e micronutrientes ................................... 9
2.2.2 Fatores que influenciam a adubação foliar ...................................................11
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................15
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................16

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1 INTRODUÇÃO
Para alcançar o máximo potencial de produção em uma lavoura, é crucial garantir
uma nutrição equilibrada. Esta é responsável por fornecer os nutrientes essenciais que
impulsionam o desenvolvimento da cultura.
Embora a adubação convencional através do solo seja amplamente utilizada para
manter ou restaurar a fertilidade do solo e promover um crescimento saudável das
plantas, a adubação foliar tem emergido como uma prática complementar na nutrição
das plantas, ganhando popularidade no mercado agrícola.
As folhas desempenham funções vitais, incluindo a realização das trocas gasosas
e a captação da luz solar para a fotossíntese e transpiração. Apesar de terem evoluído
para se tornarem órgãos de síntese especializados, as folhas mantêm a capacidade de
absorver água e nutrientes, uma função que remonta ao seu habitat original - o oceano.
Essa habilidade das folhas em absorver água e nutrientes é a base para a aplicação foliar
de nutrientes através da adubação foliar (Malavolta, 1981). Esses processos são
essenciais para o crescimento saudável das plantas e para a maximização da
produtividade agrícola.
A absorção foliar e a adubação foliar são conceitos fundamentais no contexto da
nutrição vegetal e da agricultura moderna, pois a absorção foliar permite que as plantas
absorvam nutrientes pelas folhas, sendo uma alternativa valiosa quando as raízes estão
comprometidas por doenças, excesso de umidade, compactação do solo ou pH
inadequados. Por outro lado, a adubação foliar envolve a aplicação direta de fertilizantes
sobre as folhas, suprindo as necessidades nutricionais das plantas, além de reduzir
perdas por lixiviação no solo. Esse método é especialmente benéfico em culturas com
dificuldades na absorção de nutrientes pelas raízes, como em solos de baixa qualidade
ou em condições de crescimento desfavoráveis.
Diante das informações apresentadas, este estudo tem como objetivo explorar
diversos aspectos relevantes relacionados à absorção e adubação foliar. Serão
destacados os princípios fundamentais desses processos, com uma análise específica
sobre a adubação foliar envolvendo macro e micronutrientes. Além disso, serão
discutidos os processos de absorção e movimentação desses nutrientes dentro das
plantas, bem como os fatores internos e externos que influenciam esses processos.
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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 ABSORÇÃO FOLIAR


A absorção é a entrada de um nutriente, passiva (penetração cuticular) ou
ativamente (absorção celular), estando em sua forma iônica ou molecular, no espaço
intercelular ou em qualquer região da célula viva das plantas (Mello, 2020). A fase passiva
consiste na penetração do nutriente através da cutícula para o interior da folha, de
maneira rápida num processo não metabólico (Rosolem, 2002).
Por outro lado, a absorção ativa é um processo metabólico que ocorre contra um
gradiente de concentração do elemento, o que demanda a utilização de energia
metabólica na forma de ATP. Nesse processo, o nutriente atravessa a membrana
plasmática (conforme ilustrado na Figura 1), ingressa no citoplasma e pode ser
armazenado no vacúolo ou transportado para outras regiões da planta (Rosolem, 2002).

Figura 1 - Um esquema da membrana plasmática destacando o processo ativo de absorção de


um nutriente (M+), mediado por um transportador dependente de ATP.

Fonte: Adaptado de Taiz & Zeiger (2009).

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O fenômeno de absorção é facilitado quando os estômatos das plantas estão
abertos, permitindo a formação de uma corrente transpiratória. Essa corrente
transpiratória atua como um agente que "arrasta" os nutrientes pulverizados sobre a
superfície da folha para o interior da planta (Mocellin, 2004).
A etapa passiva da absorção é reversível e sua velocidade, assim como sua
reversibilidade, são influenciadas pelas características da folha e do ambiente. Por outro
lado, a etapa ativa é um pouco mais lenta, porém irreversível (Faquin, 2005; Rosolem,
2002).
O processo de absorção de nutrientes pelas folhas compreende várias etapas,
começando com a aplicação do fertilizante contendo os nutrientes na superfície das
folhas (figura 2) e culminando na distribuição desses nutrientes para os demais órgãos
da planta:
o Umectação da superfície foliar com a solução fertilizante, onde a cutícula e a
camada de cera hidrofóbica podem dificultar a penetração dos nutrientes. Por
vezes, são utilizados agentes umectantes para reduzir a tensão superficial e facilitar
a absorção;
o Penetração dos nutrientes através da parede externa das células epidérmicas, que
são protegidas pela cutícula e pela cera para evitar a perda de água por
transpiração. Acredita-se que os nutrientes penetram nas células através dos poros
na cutícula, pois a absorção direta pelos estômatos é improvável devido à presença
da cutícula também nas células-guarda;
o Entrada dos nutrientes na parede celular (apoplasto), que é constituída por paredes
celulares e espaços intercelulares contínuos. Os nutrientes penetram nos espaços
intercelulares após ultrapassarem a camada externa da epiderme;
o Absorção dos nutrientes dentro da célula (simplasto), onde os princípios fisiológicos
são similares aos observados na absorção pelas raízes, porém mais dependentes
de fatores externos como umidade e temperatura; e
o Distribuição dos nutrientes dentro das folhas e sua translocação para outros órgãos
da planta através do floema e xilema. Nutrientes móveis no floema, como potássio,
fósforo e nitrogênio, podem ser transportados para outras partes da planta com alta
demanda, enquanto nutrientes de mobilidade limitada, como cobre e ferro,
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permanecem predominantemente no xilema dentro da folha. A mobilidade do boro
na planta varia consideravelmente de acordo com o genótipo da planta.

Figura 2 - Estrutura e organização dos tecidos de uma folha

2.1.1 Fatores que influenciam a absorção foliar


Para garantir a eficácia e os resultados desejados do tratamento com
micronutrientes foliares, é essencial considerar diversos fatores, incluindo características
da folha, dos nutrientes, das soluções aplicadas e fatores externos.
No que diz respeito às características da folha, é importante considerar sua
estrutura, com uma quantidade maior de estômatos sendo preferível, a composição
química, onde uma menor quantidade de ceras e cutina é mais favorável, a idade das
folhas, sendo as mais novas mais propícias para absorção, e a posição das folhas na
planta. Dos fatores inerentes aos nutrientes, a mobilidade e sua capacidade de interação
metabólica são os mais relevantes.
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Entre os fatores externos que influenciam a absorção foliar de nutrientes minerais,
destacam-se a luz, a disponibilidade de água no solo, a temperatura, a umidade
atmosférica, os ventos e o modo de aplicação das pulverizações foliares.
A luz desempenha um papel crucial, sendo utilizada pela absorção iônica pelas
células e favorecendo a translocação dos nutrientes. A intensidade luminosa afeta
diretamente a absorção de nutrientes pelas folhas.
A temperatura também é um fator importante, sendo ideal para a absorção de
nutrientes minerais foliares entre 22ºC e 30ºC. Por isso, recomenda-se realizar as
pulverizações em períodos de menor insolação, preferencialmente pela manhã ou ao
entardecer. A alta umidade atmosférica também favorece a absorção foliar, mantendo a
cutícula hidratada e impedindo a evaporação da solução aplicada.
É fundamental considerar esses fatores para garantir uma distribuição adequada
dos nutrientes sobre a superfície da folha e maximizar sua absorção.
Segundo Filho et al. (2013), a taxa de absorção de nutrientes pelas folhas pode
ser afetada por vários fatores, como a espécie de planta, o tipo de íon acompanhante e
diversos outros elementos. A Tabela 1 oferece uma estimativa do tempo necessário para
a absorção dos nutrientes.

Tabela 1 - Velocidade de absorção foliar de nutrientes

Fonte: Malavolta (1980)

Portanto, nota-se que cada nutriente exibe propriedades específicas durante o


processo de absorção, resultando em diferentes velocidades de entrada na planta. Após
a absorção, os nutrientes também variam em sua mobilidade, ou seja, na capacidade de
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se moverem das folhas para outros órgãos através do floema, o que pode diferir de um
elemento para outro.

2.2 ADUBAÇÃO FOLIAR


A aplicação de fertilizantes diretamente nas folhas, conhecida como adubação
foliar, representa uma alternativa importante que pode ser utilizada em circunstâncias
particulares ou como um complemento à adubação convencional do solo. De acordo com
Taiz e Zeiger (2009), a maioria das plantas possui a capacidade de absorver nutrientes
minerais quando aplicados nas folhas.
A absorção de solutos pelas folhas ocorre através da cutícula e dos estômatos.
Entretanto, ao aplicar nutrientes via foliar, alguns obstáculos à penetração são
encontrados. O primeiro é a cutícula, composta por uma camada externa cerosa e
hidrofóbica e uma camada interna de cutina, hidrofílica e capaz de se hidratar na
presença de água (Rena e Fávaro, 2000). Além disso, uma segunda barreira é formada
pela plasmalema, enquanto uma terceira barreira é encontrada no simplasto, onde os
solutos são posteriormente disponibilizados para a planta (Marschner, 1991).
Tanto a cutícula quanto a parede celular possuem cargas negativas, o que dificulta
a entrada de íons carregados positivamente até a plasmalema. Na parede celular, poros
são encontrados, o que facilita a passagem de solutos. Dessa forma, ânions e
substâncias neutras têm livre trânsito na matriz, sendo limitados apenas pelo tamanho
da molécula em relação ao tamanho do poro (Marschner, 1995).
Segundo Faquin (2005), a adubação foliar deve ser realizada em quatro condições
distintas:
1. Adubação foliar corretiva: tem como finalidade corrigir deficiências nutricionais que
possam surgir durante o ciclo da cultura, visando respostas rápidas à aplicação
de adubos foliares;
2. Adubação foliar preventiva: é realizada quando um nutriente não atinge a
concentração considerada ideal e sua aplicação via solo não é eficaz;
3. Adubação foliar complementar: neste caso, a adubação foliar complementa a
adubação via solo, ou seja, parte dos nutrientes é aplicada no solo e o restante
via adubação foliar;
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4. Adubação foliar suplementar: é realizada como um complemento adicional,
especialmente em situações onde se busca uma alta produtividade.
Embora os fertilizantes sólidos à base de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK)
sejam mais econômicos, a simples presença desses nutrientes no solo não garante sua
efetiva assimilação pelas plantas. Gráficos indicam estágios na vida da planta onde a
demanda por certos nutrientes supera sua capacidade fisiológica de captá-los, mesmo
quando presentes em abundância no solo. Fertilizantes solúveis em água à base de
nitrogênio e potássio podem ser lavados do solo, enquanto os fosfatados podem reagir
com outros íons, tornando-se ineficazes. Por outro lado, os nutrientes foliares são
mobilizados diretamente para as folhas das plantas, aumentando a taxa de fotossíntese
e estimulando a absorção de nutrientes pelas raízes.
Os fertilizantes foliares são altamente eficazes na aplicação de micronutrientes ou
como suplementos dos principais elementos. Eles podem corrigir deficiências, aumentar
a produção e a qualidade do crescimento, além de serem utilizados em conjunto com
fertilizantes sólidos para equilibrar rapidamente os nutrientes no solo e melhorar a
absorção pelas raízes. O uso de fertilizantes foliares não substitui os fertilizantes sólidos,
mas complementa-os, aumentando a disponibilidade dos principais nutrientes.
Em comparação com a adubação via solo, a adubação foliar possui vantagens e
desvantagens (Lopes, 2000). Entre as vantagens, destaca-se a alta eficiência na
utilização de micronutrientes pelas plantas, o que resulta em doses totais menores. Rena
e Fávaro (2000) destacam a eficiência na oferta de zinco, especialmente em solos
altamente argilosos. Além disso, as respostas das plantas são rápidas, permitindo a
correção de deficiências mesmo após o aparecimento durante o crescimento das plantas,
embora em alguns casos os rendimentos das culturas possam já estar comprometidos
(Volkweiss, 1991). A adubação foliar também é eficaz no fornecimento de ferro em solos
com pH neutro ou alcalino.
Em contrapartida, a adubação foliar apresenta algumas desvantagens. Em geral,
seu efeito residual é menor em comparação com a adubação via solo. Além disso, podem
ocorrer problemas de incompatibilidade, onde a presença de um nutriente na solução
pode afetar negativamente a absorção de outro, principalmente em soluções
multinutrientes. Além disso, a aplicação foliar pode aumentar os custos de produção.
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Diversos especialistas oferecem recomendações específicas para a aplicação de
micronutrientes por pulverização foliar. Segundo Malavolta (1981), é aconselhável
realizar a pulverização em períodos de alta umidade relativa do ar, como de manhã cedo
ou no final da tarde, para evitar que a solução aplicada seque rapidamente na superfície
das folhas. Rena e Fávaro (2000) destacam a importância de formar uma película
extremamente fina sobre o maior número possível de folhas, sem permitir que a solução
escorra.

2.2.1 Adubação foliar envolvendo macro e micronutrientes


Os teores de nutrientes nos solos brasileiros, de modo geral, não são elevados,
situando-se geralmente na faixa de baixo a médio (Staut, 2006). Com a intensificação da
agricultura, especialmente em regiões tropicais e subtropicais, as exigências pelos
diversos nutrientes, bem como sua remoção, sejam por plantas ou perdas por lixiviação,
são ampliadas (Staut, 2006). Portanto, se estes não forem repostos, seus teores no solo
decrescerão rapidamente. Os nutrientes aplicados no solo precisam de várias reações
para serem disponibilizados e absorvidos pelas plantas, além disso, sofrem a influência
de vários fatores inerentes ao solo, tais como, textura e densidade os quais reduzem a
sua disponibilidade para absorção pelas raízes das plantas, esses fatores podem ser os
principais responsáveis pelo sucesso da complementação através da adubação foliar,
principalmente se fornecidos nos momentos críticos, isto é, nos períodos de maior
demanda pela plantas (Staut, 2006).
A disponibilidade de produtos comerciais contendo macronutrientes e
micronutrientes tem aumentado nos últimos anos, e existem resultados experimentais
mostrando grande variabilidade de resposta à sua aplicação (Souza et al., 2009).
Algumas condições específicas no solo causadas pelo pH, excesso de umidade
ou baixas temperaturas, podem tomar alguns nutrientes inatingíveis para as raízes das
plantas.
O uso de nutrientes foliares durante esses períodos de demanda maior das
plantas, aumenta a produção, segundo pesquisas realizadas nas colheitas.
Fertilizantes foliares podem suprir a falta de um ou mais micro e macro nutrientes
(especialmente de micronutrientes) corrigindo deficiências, fortalecendo colheitas fracas
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ou danificadas, aumentando a velocidade e qualidade de crescimento das plantas
(Mocellin, 2004).
As aplicações de fertilizantes foliares podem ser feitas em diversos estágios do
plantio proporcionando a conquista de diferentes objetivos, elas também são um meio de
incrementar um programa de alta produtividade.
Além do NPK com somente 3 elementos necessários em maiores quantidades,
existem outros 20 micro nutrientes também necessários às plantas e aos animais, porém
em pequenas quantidades. Caso em uma propriedade rural exista alguma deficiência de
micronutrientes, nem todo o NPK do mundo irá repor estas deficiências nutricionais do
solo (Mocellin, 2004).
Fertilizantes foliares é o modo mais eficiente de aplicar micronutrientes minerais e
outros elementos principais. Os micronutrientes prontamente disponíveis são mais
facilmente absorvidos, pois não precisam serem dissolvidos pela umidade do solo para
depois serem absorvidos pelo sistema radicular das plantas.
Isso não quer dizer que a aplicação de fertilizantes foliares substitua o uso de
fertilizantes no solo. O que ele faz é aumentar a captação de nutrientes, uma pequena
quantidade de micronutrientes utilizada aumenta em muitas vezes a retirada de
nutrientes do solo (Mocellin, 2004).
Enquanto isótopos são de 8 -10 vezes mais efetivos para alimentar uma planta
com os nutrientes necessários e na velocidade requerida, outros pesquisadores
mostraram que os fertilizantes foliares são de 12 a 100 vezes mais efetivos. Essa
pesquisa foi aplicada não somente com micros tal como zinco, ferro e magnésio, mas
com fósforo também mostrando uma efetividade de 20 para 1. Os micronutrientes
utilizados estavam na forma de sulfato. Se quelatizados, mostram um aumento na
absorção de 3 a 10 vezes dependendo do elemento utilizado (Mocellin, 2004).
Fertilizantes foliares devem ser aplicados quando a planta não está captando água
em sua máxima potência. Aplicações de micronutrientes via foliar são melhor aplicados
quando a planta está túrgida (cheia d’água). Os momentos mais críticos para a aplicação
são momentos de grande esforço da planta que são os períodos de grande crescimento
ou quando a planta está saindo do seu estado vegetativo e passando para um estado
reprodutivo (Mocellin, 2004).
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A maioria das aplicações foliares deve conter Nitrogênio para agir como um
eletrólito carregando os íons de micronutrientes para dentro da planta. Pequenas
quantidades de Fósforo são recomendadas para a circulação interna. Geralmente o
principal meio de absorção foliar é o estômato (aberturas especiais nas folhas). Quando
os estômatos estão abertos, a absorção foliar é mais eficiente (Mocellin, 2004).

Tabela 2 - Teores foliares de micronutrientes geralmente considerados adequados

2.2.2 Fatores que influenciam a adubação foliar


Comparada à absorção de nutrientes pelas raízes, a adubação foliar é mais rápida
e eficaz, especialmente para micronutrientes em baixas concentrações no solo. No
entanto, as barreiras impostas pelas características das plantas, do ambiente e dos
produtos utilizados limitam sua eficiência. Portanto, não é aconselhável depender
exclusivamente da adubação foliar para suprir as necessidades nutricionais das plantas.
A velocidade de absorção de diferentes nutrientes pelas folhas varia, com o
potássio, elementos secundários e micronutrientes sendo absorvidos em horas a um dia,
enquanto o fósforo é absorvido mais lentamente. Essas variações são cruciais para

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determinar o momento adequado para a adubação foliar. Vários fatores interagem e
afetam significativamente a eficácia da adubação foliar, como detalhado na Tabela 3.

Tabela 3 - Fatores que influenciam na eficiência da adubação foliar

Fonte: Camargo e Silva (1975); Malavolta (2006); Rosolém (1984); Rosolém e Boaretto (1989).

A resposta à adubação foliar pode ser altamente variável e complexa devido à


influência das condições do solo e do ambiente sobre os diferentes fatores envolvidos. O
gerenciamento adequado desses fatores é fundamental para determinar a eficácia
agronômica da aplicação.
A adubação foliar pode ser impactada por uma série de fatores, incluindo
características das plantas, dos nutrientes, das soluções pulverizantes e fatores
externos.
No que diz respeito aos fatores associados às plantas, destacam-se:
I. A estrutura da folha, onde características como uma cutícula fina, alta densidade
de estômatos e um grande número de ectodesmas podem facilitar a absorção de
nutrientes. Observa-se ainda que a absorção é mais eficiente na face abaxial em
comparação com a face adaxial da folha;
II. A composição química da folha, uma vez que cutículas bem hidratadas
demonstram maior permeabilidade à água e a substâncias hidrossolúveis,
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enquanto substâncias lipoides têm mais facilidade de penetração em folhas mais
maduras;
III. A idade da folha, visto que a absorção de nutrientes é mais ativa em folhas jovens
do que em folhas maduras ou envelhecidas;
IV. O estado iônico interno, pois a capacidade de absorção foliar pode ser limitada
pela quantidade de determinado elemento já presente nas folhas.

No que se refere aos fatores ligados aos nutrientes, podem ser destacados:
I. A mobilidade, que classifica os nutrientes em móveis (como nitrogênio, fósforo,
potássio, magnésio, cloro e molibdênio), parcialmente móveis (como enxofre,
cobre, ferro, manganês e zinco) e imóveis (como cálcio e boro) (Malavolta, 2006);
II. As interações entre os nutrientes, que podem ser sinérgicas, como no caso das
aplicações foliares de zinco junto com nitrogênio, aumentando consideravelmente
as concentrações de zinco nas folhas novas, ou antagônicas, como nas aplicações
foliares de cobre e zinco, em que o cobre diminui a absorção de zinco.

Quanto aos aspectos relacionados às soluções pulverizantes, é importante considerar:


I. A solubilidade dos nutrientes, pois conhecer o nível de solubilidade dos sais evita
a formação de resíduos insolúveis nas folhas, o que pode causar danos;
II. A concentração da solução pulverizante, visto que algumas plantas suportam
concentrações mais elevadas de sais nas folhas, enquanto outras podem ser
prejudicadas por concentrações baixas. Em certas condições, resultados mais
eficazes podem ser alcançados com várias aplicações foliares em intervalos
semanais ou quinzenais, utilizando soluções com baixas concentrações, em vez
de uma aplicação única com solução mais concentrada;
III. As combinações de nutrientes e outros solutos, pois soluções pulverizantes
concentradas em sais podem causar fitotoxidade. Para aumentar a eficácia, é
recomendado o uso de agentes protetores, sulfactantes e espalhantes;
IV. Os efeitos do pH, que têm impacto direto na absorção e disponibilidade dos
elementos.

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No que diz respeito aos fatores externos, é importante considerar:
I. A luz, que desempenha um papel crucial na absorção iônica pelas células e na
translocação dos nutrientes. A intensidade da luz também afeta a produção de
cera na superfície foliar;
II. A disponibilidade de água no solo, pois plantas com boa disponibilidade hídrica
mantêm suas células túrgidas, facilitando a absorção foliar de nutrientes;
III. A temperatura, que geralmente aumenta a absorção foliar com o aumento da
temperatura, mas pode diminuir com o metabolismo. Além disso, a temperatura
favorece a evaporação na superfície das folhas e aumenta a concentração dos
nutrientes, o que pode resultar em uma maior absorção, mas também pode ser
prejudicial em concentrações elevadas;
IV. A umidade atmosférica, que favorece a absorção foliar ao manter a cutícula
hidratada. No entanto, altos níveis de umidade em combinação com baixas
temperaturas podem causar a formação de neblina ou orvalho, revertendo o
gradiente de concentração e prejudicando a absorção. Por outro lado, baixos
níveis de umidade favorecem a evaporação e podem levar à concentração
excessiva de nutrientes, tornando-os tóxicos;
V. O modo de aplicação das pulverizações foliares, pois, pulverizações grosseiras
podem resultar em gotas grandes que molham excessivamente a folhagem,
levando ao gotejamento e escorrimento da solução para o solo.

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A adubação foliar é uma técnica amplamente utilizada na agricultura para
complementar a fertilização do solo, fornecendo nutrientes diretamente à planta através
das folhas, ela pode ser integrada a outros métodos de fertilização, como a aplicação no
solo, para fornecer um suprimento nutricional balanceado às plantas ao longo do ciclo de
crescimento. A absorção foliar refere-se ao processo pelo qual as plantas absorvem os
nutrientes aplicados como solução às suas folhas.
Em resumo, a adubação e a absorção foliar são ferramentas importantes na
gestão de nutrientes das plantas e proporcionam uma forma rápida e eficiente de fornecer
nutrientes quando necessário. No entanto, é importante compreender as limitações
destas técnicas e utilizá-las com cautela e supervisão adequadas para maximizar os
benefícios e minimizar potenciais efeitos colaterais, alguns nutrientes podem não ser
facilmente absorvidos pelas folhas, e a eficácia da técnica pode variar de acordo com
fatores como a espécie da planta, a condição da folha e o clima.

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4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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