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Translocação e Distribuição
de Assimilados nas Plantas

Anna Lygia de Rezende Maciel

e-Tec Brasil – Alfabetização Digital

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Meta
Discutir a importância e as aplicações práticas da Translocação e Distribuição
de Assimilados nas Plantas.

Objetivos
Ao final desta aula, você, aluno (a) do Curso Técnico em Cafeicultura, deverá
ser capaz de:
1. Identificar os conceitos de translocação e distribuição de assimilados no
cafeeiro.
2. Relacionar a importância translocação e distribuição de assimilados à cultura
cafeeira.

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INTRODUÇÃO

Nos seres vegetais a translocação e a distribuição de assimilados é


realizada por dois sistemas de tecidos: o xilema e o floema que têm como
função a distribuição e a redistribuição dos nutrientes minerais e de solutos nas
plantas.
Prezados (as) alunos (as), durante esta aula iremos estudar a
distribuição de assimilados no cafeeiro. Vamos prestar bastante atenção, pois
esta aula é bastante interessante!

1. ESTRUTURA DOS VASOS CONDUTORES

Figura 1: Estrutura do floema e xilema.

O xilema como já vimos, na aula 15 é o tecido que transporta água e


sais minerais das raízes para a parte aérea, enquanto o floema é o tecido que

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transloca os produtos da fotossíntese das folhas maduras para as áreas de
crescimento e de reserva do cafeeiro (como raízes, frutos, folhas jovens, etc.).
O floema também redistribui água e vários compostos orgânicos na planta.
Alguns destes compostos chegam na folha madura via xilema e podem ser
redistribuídos para as demais regiões da planta sem sofrer qualquer
modificação metabólica.
No xilema também são encontrados solutos orgânicos, como os produtos da
assimilação do nitrogênio, dentre outros.

TRANSLOCAÇÃO

Nesta aula, no entanto, estudaremos apenas o floema e suas funções na


translocação e distribuição de fotoassimilados. A remoção desta casca em
ramos de árvores (o conhecido anelamento) provoca o acúmulo de materiais
translocados das folhas na região acima do corte (Figura 2).

Acúmulo de
materiais
translocados

Anelamento

Figura 2: Representação esquemática do experimento de Malpighi no momento e


após o anelamento.
Fonte: Taiz, 1991

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Situação de campo...
Em plantas jovens de café tem-se observado que a geada ou

elevadas temperaturas do solo tem provocado fenômenos semelhante,


levando a um anelamento natural do caule, promovendo, inicialmente, uma
severa murcha da parte aérea, na direção da base da planta.
A morte da parte aérea será precedida pela morte do sistema radicular.
Este fenômeno se explica pelo fato de que, com o anelamento, interrompe-se
o abastecimento de carboidratos para as raízes levando o sistema radicular a
morte. Vamos prestar atenção, com a morte das raízes, diminui o fluxo de
água e minerais para a parte aérea, daí ocorre a murcha da planta. O
resultado final em casos de geadas ou altas temperaturas no solo é a morte
dos cafeeiros afetados (Figura 3).

Canela de
Geada

Figura 3: Plantas atingidas pela geada – canela de geada.


Fonte: http://www.iapar.br/modules/noticias/article.php?storyid=32

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VELOCIDADE DE TRANSLOCAÇÃO DE FOTOASSIMILADOS

Podemos observar que a velocidade de transporte de assimilados varia


de espécie para espécie vegetal, dentro da própria espécie e mesmo da própria
planta, com a condição ambiental e principalmente com a força do dreno.
Quando se estima a quantidade de substâncias necessárias para manter
o rápido crescimento dos órgãos de reserva, nota-se que a importância do
transporte para o movimento de substâncias no floema.
Pesquisadores obtiveram conhecimento da intensidade de translocação
no floema avaliando o aumento do peso de frutos, tubérculos, raízes de reserva
e outros órgãos que demandam grandes quantidades de assimilados
Precisamos levar em consideração que o aumento de peso seco não
ocorre devido apenas às substâncias importadas. O órgão também pode
aumentar de peso através de sua própria fotossíntese, ou pode perder algum
peso como resultado da respiração ou da exportação de assimilados. Você
concorda?

PADRÕES DE TRANSLOCAÇÃO: DA FONTE PARA O DRENO

A fonte exporta enquanto o dreno importa assimilados.

FONTE TRANSLOCAÇÃO DRENO

Na realidade, os materiais são translocados de áreas de suprimento


conhecidas como fontes, para áreas de consumo (metabolismo) ou reserva,
conhecidas como drenos.

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As fontes incluem alguns órgãos, tipicamente folhas maduras, que são
capazes de produzir fotoassimilados além da suas próprias necessidades.
Também podem ser consideradas fontes, órgãos de armazenamento durante a
fase de exportação. Este é o caso das sementes durante o processo de
germinação, em que as substâncias acumuladas no endosperma ou
cotilédones são metabolizadas e translocadas para o eixo embrionário em
crescimento. Alguns órgãos subterrâneos, como tubérculos, bulbos, rizomas e
raízes tuberosas, apresentam comportamento semelhante aos das sementes, e
podem ser consideradas fontes durante a fase de exportação.
Os drenos incluem órgãos não fotossintéticos da planta e aqueles que
produzem uma quantidade de fotoassimilado insuficiente para o seu
crescimento ou necessidade de estoque. Raízes, órgãos de armazenamento,
frutos em desenvolvimento e folhas imaturas, os quais importam carboidratos
para o seu desenvolvimento normal, são exemplos de tecidos drenos. Em
geral, folhas jovens se comportam como dreno. Em seguida ela passa por uma
fase de transição e posteriormente ela passa a comportar-se como fonte. No
caso de dicotiledôneas, como o cafeeiro, tem sido observado que a folha
começa seu desenvolvimento como dreno. Quando ela atinge em torno de 25%
da sua expansão ela entra numa fase de transição dreno/fonte. Finalmente,
quando ela atinge de 40 a 50% da sua expansão, termina a fase de transição e
a folha se torna uma fonte de fotoassimilados.

Preste bastante atenção!


As folhas, independente de sua idade, sempre produzem

fotoassimilados. A distribuição mostrada acima está associada à diferença


entre a produção e o consumo. Ela é dreno quando consome mais que
produz e fonte quando produz mais que consome.

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ATIVIDADE 1– Atendendo o objetivo 1

Você como aluno (a) do curso técnico em cafeicultura responda qual a


diferença entre fonte e dreno.
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Situação de campo...
As raízes de cafeeiro logo após a recepa, poda drástica, onde a parte
aérea é retirada a cerca de 40 cm do solo (Figura 4), passam drasticamente
de dreno para fonte.
Vamos entender por quê?
Neste processo, os carboidratos que nelas se encontravam
armazenados passam a serem retranslocados até as regiões de crescimento
da parte aérea. Normalmente ocorre uma grande morte das radicelas devido
ao consumo de carboidratos pela parte aérea.
Com o crescimento da parte aérea as folhas retomam a sua função de
fonte, passando a exportar os elementos que até então vinham das raízes.
Nesse momento as raízes passam a ser drenos novamente e retomam seu
crescimento.
Para se evitar a paralisação do crescimento do sistema radicular (na
fase que ele está comportando como fonte) é conveniente fazer a “recepa
com pulmão”, isto é, deixar alguns ramos plagiotrópicos com folhas na parte
inferior do ramo ortotrópico (a “saia” do cafeeiro). Com este procedimento, as
folhas funcionarão como fonte de carboidratos, evitando assim, a exaustão
das reservas radiculares (Figura 5). Parte aérea e sistema radicular crescerão

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ao mesmo tempo (Alves et al., 2000).
Acho que muitos de vocês já conviveram com uma situação semelhante
a esta que citei acima, inclusive com vários comentários a respeito de morte
de raízes superficiais (radicelas).
Agora espero que vocês tenham entendido fisiologicamente o que
ocorre com o cafeeiro para que ele possa se recuperar o mais rápido possível
após uma recepa.

Figura 4: Recepa do cafeeiro sem pulmão.

Figura 5: Planta após a recepa totalmente recuperada e em produção.

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As fontes produzem assimilados, pela fotossíntese ou por mobilização
de reservas, enquanto os drenos utilizam assimilados na respiração e
crescimento ou armazenam assimilados.
Como já estudamos, o transporte no floema é bidirecional (2 direções). A
determinação da direção do transporte é determinada pela distância relativa
entre as áreas de produção e consumo de fotoassimilados. Desse modo, tem
sido evidenciado que folhas do terço inferior do cafeeiro exportam mais para as
raízes que para a região apical da parte aérea. A região apical da parte aérea é
geralmente abastecida pelas folhas dos terços médio e superior.
Você observou que durante esta aula estudamos como o produto da
fotossíntese é redistribuído no cafeeiro.
Espero que vocês tenham aproveitado estas informações.

ATIVIDADE 2 – Atendendo o Objetivo 2


Você como aluno (a) do curso técnico em cafeicultura responda:
No cafeeiro em produção (alta produção de frutos) quais órgãos são
considerados drenos e quais são fontes?
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_____________________________________________________________.

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RESOLUÇÃO – ATIVIDADES PRÁTICAS

Atividade 1
A fonte exporta enquanto o dreno importa assimilados.

FONTE TRANSLOCAÇÃO DRENO

Na realidade, os materiais são translocados de áreas de suprimento


conhecidas como fontes, para áreas de consumo (metabolismo) ou reserva,
conhecidas como drenos.

Atividade 2
As fontes incluem alguns órgãos, tipicamente folhas maduras, que são capazes
de produzir fotoassimilados além da suas próprias necessidades.
Os drenos incluem órgãos não fotossintéticos da planta e aqueles que
produzem uma quantidade de fotoassimilado insuficiente para o seu
crescimento ou necessidade de estoque. Em cafeeiros em produção são
considerados drenos raízes, frutos em desenvolvimento e folhas imaturas, os
quais importam carboidratos para o seu desenvolvimento normal, são
exemplos de tecidos drenos. Em geral, folhas jovens se comportam como
dreno.

CONCLUSÃO
Nesta aula tivemos a oportunidade de estudar a translocação de
fotoassimilados nas plantas e identificar quais órgãos são drenos e fontes nas
diferentes situações de campo.
Espero que você, na prática, consiga identificar os drenos e as fontes no
cafeeiro.

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RESUMINDO...

Nos seres vegetais a translocação e a distribuição de assimilados é realizada


por dois sistemas de tecidos: o xilema e o floema que têm como função a
distribuição e a redistribuição dos nutrientes minerais e de solutos nas plantas.
A fonte exporta enquanto o dreno importa assimilados.

FONTE TRANSLOCAÇÃO DRENO

Na realidade, os materiais são translocados de áreas de suprimento


conhecidas como fontes, para áreas de consumo (metabolismo) ou reserva,
conhecidas como drenos.
As fontes incluem alguns órgãos, tipicamente folhas maduras, que são
capazes de produzir fotoassimilados além da suas próprias necessidades.
Também podem ser consideradas fontes, órgãos de armazenamento durante a
fase de exportação. Este é o caso das sementes durante o processo de
germinação, em que as substâncias acumuladas no endosperma ou
cotilédones são metabolizadas e translocadas para o eixo embrionário em
crescimento. Alguns órgãos subterrâneos, como tubérculos, bulbos, rizomas e
raízes tuberosas, apresentam comportamento semelhante aos das sementes, e
podem ser consideradas fontes durante a fase de exportação.
Os drenos incluem órgãos não fotossintéticos da planta e aqueles que
produzem uma quantidade de fotoassimilado insuficiente para o seu
crescimento ou necessidade de estoque. Raízes, órgãos de armazenamento,
frutos em desenvolvimento e folhas imaturas, os quais importam carboidratos
para o seu desenvolvimento normal, são exemplos de tecidos drenos. Em
geral, folhas jovens se comportam como dreno.

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PRÓXIMA AULA

Na próxima aula iremos estudar a nutrição do cafeeiro.


Espero que vocês tenham aproveitado bastante as informações
oferecidas durante esta aula.
Até a próxima aula!

BIBLIOGRAFIA

ALVES, J.D. Morfologia do cafeeiro. . In: CARVALHO, C.H.S. Cultivares de


café: origem, características e recomendações. Brasília, DF. EMBRAPA, 2008.
334p.

ALVES, J.D.; LIVRAMENTO, D.E. Morfologia e fisiologia o cafeeiro. Lavras,


MG: Universidade Federal de Lavras, 2003. v.1, 49p.

MENDES, A.N.G.; GUIMARÃES, .J. Morfologia e Fisiologia do Cafeeiro.


Lavras, Lavras, MG: Universidade Federal de Lavras, 1998. v.1, 38p.

MERCADANTE, C. et al. - BIOLOGIA, Ed. MODERNA - volume único- 2002.

PAIVA, R. Fisiologia vegetal. Lavras, MG: Universidade Federal de Lavras,


2000. v.1, 75p.

PAULINO, W. R. - Biologia Atual - Ed. ÄTICA - 3 volumes- 2003.

RENA, A.B.; MAESTRI, M. Fisiologia do cafeeiro. In: RENA, A.B et al. Cultura
do cafeeiro: fatores que afetam a produtividade. Piracicaba, SP: POTAFOS,
1986. 447p.

SOARES, J. L. - Fundamentos de Biologia. Ed. SCIPIONE - 3 volumes- 2003.

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