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UNIVERSIDADE PAULISTA

PSICOLOGIA: FORMAÇÃO DE PSICÓLOGO

DISCIPLINA: PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS

(Prof. Suzan Iaki)

Trabalho: Figuras Ambíguas

Aluno: Giuliana Andreia Akkawi | R.A: N434112

Aluno: Leonardo Ribeiro | R.A: N384697

Aluno: Mariana Carmona Pessoa | R.A: F01DFD1

Aluno: Raquel Bocato Chamelet | R.A: T8753F1

Aluno: Sabrina Amorim Bastos | R.A: T867479

Período: Noturno

SÃO PAULO

2019
Percepção Visual
Susan

1. O que é percepção

A organização e interpretação no cérebro dos estímulos externos processados através dos


nossos órgãos sensoriais nos levam ao entendimento da Percepção. Este processamento
ocorre de maneira paralela, podendo ser "​Top-Down​", quando uma experiência é agregada
a nova informação, ou "​Bottom-up​" quando os receptores enviam os impulsos aos sistemas
nervosos.

A percepção é subjetiva e está ligada à atenção, para que estes estímulos sejam
detectados precisamos apontar limiares que apresentem o mínimo de estimulação ou que
consigam discernir entre dois estímulos. Sendo assim para que o novo seja captado
desenvolvemos a adaptação sensorial, no qual nossa sensibilidade é diminuída a
fenômenos constantes e o interesse é direcionado às novas circunstâncias.

O tálamo é responsável pelo recebimento das informações obtidas pelos impulsos


sensitivos e de retransmiti-los à cada área do córtex, com exceção do olfato que não passa
por essa estrutura. Os lobos desempenham funções distintas e cada sensação é
direcionada à uma parte, por exemplo, o processamentos dos impulsos gerados pelos
nervos auditivos serão realizados pelo lobo temporal, já os impulsos do nervo óptico pelo
lobo occipital.

Para a psicologia da Gestalt, nossas percepções são holísticas, se orientam primeiramente


ao todo. A fim de reconhecer um objeto o todo é estudado separadamente das partes. O
cérebro tende a organizar as informações de uma maneira compreensível, o significado se
faz a partir da forma, figura/fundo, e profundidade, são agrupadas por características como
proximidade, semelhança, fechamento, entre outros.

2. O que é percepção visual

Percepção Visual é a transformação (transdução) da energia luminosa que nossos olhos


recebem em mensagens neurais que nosso cérebro processa. Pode ser entendida como o
que vemos conscientemente (MYERS; DEWALL, 2019).

A energia luminosa é o estímulo captado pelas nossas células receptoras e duas


características físicas da luz influenciam na experiência sensorial que temos dela. A
primeira é o comprimento de onda (distância entre um pico de onda e o seguinte) desse
pulso eletromagnético que determina o que chamamos de matiz (cor que percebemos). A
segunda característica da luz é a intensidade ou a quantidade de energia nas ondas
luminosas e que é determinada pela sua amplitude ou altura e influencia o brilho. Essas
propriedades físicas das ondas então influenciam nas cores e no brilho percebidos
(MYERS; DEWALL, 2019).
A percepção visual se dá através da entrada da luz através da pupila. A pupila pode ter seu
tamanho controlado pela íris que é um anel de tecido muscular que forma a porção ao redor
da pupila. Após passar pela pupila, os raios luminosos são focalizados pelo cristalino
(estrutura dos olhos que parecem uma lente transparente), formando uma imagem na
retina, um tecido de múltiplas camadas sensível à luz, localizada na superfície interna do
globo ocular. O cristalino, no processo de focalização das ondas luminosas, alteram sua
curvatura e sua espessura, em um processo denominado acomodação (MYERS; DEWALL,
2019).

Ao penetrar na retina, a luz dispara uma reação química nos bastonetes e cones. Os
bastonetes são as células receptoras da retina que detectam o preto, o branco e o cinza e
são necessários à visão periférica e crepuscular. Os cones por sua vezes são as células
receptoras da retina que funcionam em lugares bem iluminados, detectam detalhes finos e
originam as sensações de cores (MYERS; DEWALL, 2019).

Nos cones e bastonetes a energia luminosa desencadeia alterações químicas que disparam
sinais neurais e ativam as células bipolares a partir de impulsos neurais. As células
bipolares ativam as células ganglionares cujos axônios combinados formam o nervo óptico.
A informação então viaja através do nervo óptico e, após uma pequena parada no tálamo,
formam sinapses com os neurônios que vão para o córtex visual, no lobo occipital (MYERS;
DEWALL, 2019).

Cabe ressaltar a diferença entre os cones e bastonetes na percepção visual. Os cones se


concentram dentro e em torno da fóvea (área de foco central da retina e têm sua própria
linha direta para o cérebro (cada cone pode transmitir a mensagem individualmente para
uma única célula bipolar que transmite a mensagem do cone para o córtex visual,
preservando a informação precisa dos cones). Os bastonetes porém encontram-se
predominantemente na região periférica da retina e não possuem essa conexão direta pois
compartilham as células bipolares com outros bastonetes, enviando mensagens
combinadas (MYERS; DEWALL, 2019).
Representação de corte da retina. Imagem retirada de (MYERS; DEWALL, 2019)​.

O processamento de cores se dá através de duas teorias complementares: a teoria de


Young-Helmholtz que demonstrou que a retina possui diferentes receptores de cor para o
vermelho, para o verde e para o azul e que as outras cores são percebidas através da
combinação destas e a teoria do processo oponente. Esta última diz que há três conjuntos
de cores oponentes (vermelho-verde, amarelo-azul e branco-preto) indicando que quando
alguns neurônios são “ligados” pelo vermelho, são “desligados” pelo verde, outros são
“ligados” pelo verde e “desligados” pelo vermelho (MYERS; DEWALL, 2019).

Para a detecção de características foi demonstrado que o cérebro desconstrói as imagens


visuais e depois as reconstrói, com a ajuda das células nervosas do cérebro denominadas
detectores de características as quais podem responder às características específicas de
uma cena como bordas, linhas, movimentos e ângulos. Esses detectores específicos
passam as informações específicas para outras áreas do córtex cerebral em que
supercélulas respondem a padrões mais complexos (MYERS; DEWALL, 2019).

Para que ocorra a percepção visual, nosso cérebro também utiliza o processamento
paralelo que é a integração de trabalhos efetuados de forma separada, ou seja, para
efetuar a análise de uma cena visual, nosso cérebro divide uma cena e subdivisões
(movimento, forma, profundidade e cor) e trabalha cada um destes aspectos mas
simultaneamente (MYERS; DEWALL, 2019).

MYERS, David G.; DEWALL, C. Nathan, ​Psicologia. ​Rio de Janeiro: LTC, 2019.

3. Fatores que influenciam o processo de percepção visual

A percepção do mundo e das coisas ao nosso redor é um processo diferente para cada ser
humano, e com isso, os fatores que influenciam essa percepção e a forma com que cada
pessoa percebe um objeto pode ser influenciada por aspectos que ela mesma considera
importante. Portanto, este é um processo que também é afetado pela singularidade e
experiências de cada ser humano. Outros fatores que fazem parte do processo de
percepção são atenção aos estímulos ambientais, imagem da retina, transdução,
processamento neural, percepção, reconhecimento e ação. Tudo que acontece no ambiente
pode ser percebido através da visão. Quando algum acontecimento ou objeto chama a
atenção do indivíduo, essa imagem é enviada para a retina através de uma luz que passa
através da pupila e da córnea, sendo assim a lente e a córnea em conjunto criam a imagem
sobre a retina.

Em seguida acontece a transdução, que é o processo de passar a imagem formada para o


cérebro, para que ocorram as interpretações. Após esse reconhecimento e interpretações
realizadas no cérebro, o indivíduo pode realizar uma ação.

Segundo McLeod (2010), às expectativas, emoções, motivação e cultura são os principais


fatores que influenciam a percepção. As expectativas estão relacionadas com o que
esperamos ver em determinada imagem, com isso vemos com mais facilidade aquilo que
segundo o nosso repertório faz mais sentido em nossa interpretação. A motivação e a
emoção também influenciam o processo de percepção, pois nossos valores, personalidade
e conhecimentos prévios também fazem diferença no momento da interpretação no cérebro
do objeto que estamos observando. E as questões culturais podem interferir na maneira
com que cada pessoa percebe o mundo, pois cada cultura possui referências próprias que
podem influenciar o repertório do indivíduo e consequentemente a percepção.

Percebemos então que a percepção é um processo influenciado por diversos fatores, desde
o momento em que a sensação, que é mais imediata, até o processo de percepção, que é a
interpretação deste objeto ou acontecimento em questão levando em conta o repertório de
cada indivíduo.
4. O que é figura ambígua na psicologia

A percepção é central na Gestalt, uma das abordagens na psicologia. Para os


gestaltistas, “entre o estímulo que o meio fornece e a resposta do indivíduo,
encontra-se o processo de percepção” (Bock, 1999). E ela oferece informações
importantes para entender o comportamento humano.

Assim como os behavioristas, os gestaltistas acreditam que a psicologia é a ciência


que estuda o comportamento. Mas, diferentemente dos primeiros, os gestaltistas
consideram que a análise do comportamento deva ser feita em um contexto amplo,
considerando a percepção do estímulo em suas análises – o que e como o indivíduo
percebe.

Para Basbaum et al. (2012), o mundo percebido é pré-objetivo, “anterior às


operações da razão, em que a percepção atua de modo ativo, buscando apreender
formas que permitam ao indivíduo situar-se de modo satisfatório na sua
circunstância”. Segundo ele, não existe neutralidade, já que tudo está envolto “em
pulsões, desejos e toda sorte de intenções com que meu corpo se põe a elucidar a
paisagem, atribuindo relevância a ‘isto’ ou ‘aquilo’, dispondo um mundo já banhado
em sentido”. E completa: “perceber é dispor um mundo constituído de relações
dinâmicas investidas de sentido”.

E como as percepções podem levar a interpretações diferentes da realidade – já


que ela é subjetiva e particular –, a figura ambígua é usada na psicologia para o
entendimento do comportamento. O psicólogo dinamarquês Edgar Rubin, em seu
trabalho com figuras ambíguas, mostrou como elas podem ser figura e fundo,
alternadamente.

Na Gestalt, “figuras emergem em relação a um fundo, e essa relação entre figura e


fundo funciona dinamicamente e dá significado aos fenômenos”, reagindo a padrões
de necessidade imediata (Antony e Ribeiro, 2004). Assim, a interpretação passa
pelas expectativas do receptor, já que o ser humano tende a fazer isso de forma a
torná-la mais coerente, dependendo da forma como constrói a representação de
objetos, pessoas e situações.

Antony e Ribeiro argumentam que, na Gestalt, há dois componentes que formam o


eixo básico da forma de pensar, sentir e agir de uma pessoa: o contato (processo
psíquico ou comportamental pelo qual o indivíduo entra em relação consigo, com o
outro e com o mundo em busca da diferenciação) e o awareness (dá o significado e
sentido da experiência, formando gestalten). Segundo eles,

Contato representa um processo ativo e consciente de ajustamento criativo


e enfatiza o princípio ontológico existencial que concebe o indivíduo como
ser relacional. Os movimentos dialéticos representativos da experiência do
contato ocorrem por meio da auto-regulação organísmica realizada pelo self
no campo organismo/ambiente. Esse processo revela um fluxo dinâmico de
ciclos sucessivos de satisfação de necessidades, onde uma figura emerge
de um fundo indiferenciado. A interrupção sistemática e repetida do fluxo de
formação e dissolução de figuras deixa gestalten abertas e necessidades
não satisfeitas. (2004, pág. 129).

Nessa experiência do contato, definida como um excitamento crescente consciente,


há quatro estágios, segundo Antony e Ribeiro (2004). O primeiro é o pré-contato, no
qual o corpo é o fundo e o estímulo ambiental ou a excitação organísmica é a figura.
O segundo é o contato em si, em que “o excitamento no corpo torna-se o fundo e
algum objeto ou conjunto de possibilidades é a figura” ou “há a escolha e a rejeição
de possibilidades, ocorrendo as identificações e alienações de objetos e
experiências”. No terceiro, o contato final, o fundo são o ambiente e o corpo; a figura
é o objetivo vívido. No quarto e último, chamado de pós-contato, por ocorrer uma
interação entre organismo/ambiente, não há diferenciação figura/fundo.

Não só a psicologia se apropriou das figuras ambíguas. Ela é utilizada em outras


áreas do conhecimento, como pedagogia e a medicina, já que “estudos
eletrofisiológicos e trabalhos de neuroimagem descrevem padrões diferenciados de
ativação do córtex occipto-temporal do cérebro humano quando um indivíduo
observa figuras ambíguas”, segundo Alonso, Lamas, Sampaio e Rehder (2008).
Os pesquisadores avaliaram 39 crianças do primeiro ao quarto ano do ensino
fundamental por meio de figuras ambíguas. Dessas, 26 não apresentavam
dificuldade de leitura ou desempenho escolar insatisfatório e 13 tinham dislexia do
desenvolvimento. Para avaliá-las, apresentaram figuras como os vasos de Rubin e o
pato-coelho de Jastrow. A conclusão foi a de que as crianças com diagnóstico de
Dislexia do desenvolvimento perceberam número menor de figuras em relação às
do grupo controle.
5. Quais os fatores que influenciam nas percepção visual de figuras ambíguas

Figura 1 - Laços eternos

Fonte: Acervo pessoal de Mara Carmona

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALONSO, Lílian Braga et al . Figura ambígua e dislexia do desenvolvimento.​ Rev.


bras.oftalmol.​, Rio de Janeiro , v. 67, n. 2, p. 59-62, Apr. 2008 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72802008000200002
&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25 set. 2019.

ANTONY, Sheila; RIBEIRO, Jorge Ponciano. A criança hiperativa: uma visão da


abordagem gestáltica.​ Psic.: Teor. e Pesq.​, Brasília , v. 20, n. 2, p. 127-134, Aug.
2004 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722004000200005
&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25 Set. 2019.

BASBAUM, Sérgio Roclaw et al . Percepção e Linguagem: descrição de figuras


ambíguas por alunos universitários da área biológica.​ Estud. pesqui. psicol.​, Rio
de Janeiro , v. 12, n. 2, p. 462-478, ago. 2012 . Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-4281201200020
0009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 25 set. 2019.

BOCK, A. M. et al. ​Psicologias​: uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo:


Saraiva, 1999.

​ io de Janeiro: LTC, 2019.


MYERS, David G.; DEWALL, C. Nathan, ​Psicologia. R

PERCEPTUAL SET. Disponível em:


<​https://www.simplypsychology.org/perceptual-set.html​>. Acesso em: 22 set. 2019.

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