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PERCEPÇÃO: Apresentação do conceito, caracterização do processo e metodologia de

estudo. Atenção. Percepção de forma, padrões e cores – figura e fundo e agrupamento.

Debate: Percepção da forma.


Transformamos as sensações em percepções. Nós criamos o significado.

PERCEPÇÃO

Em psicologia, neurociência e ciências cognitivas, percepção é a


função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais, a partir
do histórico de experiências passadas.

Através da percepção, um indivíduo organiza e interpreta as suas


impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio. Consiste
na aquisição, interpretação, seleção e organização das informações
obtidas pelos sentidos.

Na psicologia, o estudo da percepção é de extrema importância porque


o comportamento das pessoas é baseado na interpretação que fazem
da realidade e não na realidade em si.

Por este motivo, a percepção do mundo é diferente para cada um de


nós, cada pessoa percebe um objeto ou uma situação de acordo com
os aspectos que têm especial importância para si própria.

Muitos psicólogos cognitivos e filósofos de diversas escolas sustentam


a tese de que, ao transitar pelo mundo, as pessoas criam um modelo
mental de como o mundo funciona (paradigma).

À medida que adquirimos novas informações, nossa percepção se


altera.

Diversos experimentos com percepção visual demonstram que é


possível notar a mudança na percepção ao adquirir novas informações.

As ilusões óticas e alguns jogos, como o dos sete erros se baseiam


nesse fato.

Assim como um objeto pode dar margem a múltiplas percepções,


também pode ocorrer de um objeto não gerar percepção nenhuma: Se
o objeto percebido não tem embasamento na realidade de uma pessoa,
ela pode, literalmente, não percebê-lo.

ATENÇÃO SELETIVA: a qualquer momento nós focalizamos nossa consciência em apenas um


aspecto limitado da totalidade de nossa experiência.
Você sabe que interpretações alternativas para esse cubo de Necker são possíveis, mas você só
pode experimentar conscientemente uma em cada momento. Isso ilustra um princípio
importante: nossa atenção consciente é seletiva.

Outro exemplo de atenção seletiva, o efeito cocktail party, é a capacidade de atentar


seletivamente para apenas uma voz entre muitas.

No nível da percepção consciente, qualquer coisa que chame sua atenção receberá sua atenção
por inteiro (p. 167).

Cegueira para mudança – falha na percepção em tomar ciência dos acontecimentos situados
em nosso campo de visão.

Será que os estímulos que não notamos podem nos afetar? Na verdade, podem.

Embora a percepção exija atenção, às vezes até estímulos para os quais não se está atento
possuem efeitos sutis.

Vídeo INGLÊS

ILUSÕES PERCEPTIVAS

As ilusões revelam o modo como nós normalmente organizamos e interpretamos nossas


sensações.

Elas ocorrem com todos os sentidos. A ênfase da psicologia sobre ilusões visuais reflete a
preeminência da visão entre nossos sentidos. Quando a visão compete com outras sensações, a
visão normalmente ganha – um fenômeno denominado captação visual.
Vídeo Drawing 3 D Levitating Red Bull

ORGANIZAÇÃO PERCEPTIVA

Para transformar informações sensoriais em percepções significativas, nós precisamos organizá-


las; nós devemos perceber os objetos como diferentes de seu meio, vê-los como tendo forma
constante e significativa, e discernir suas distâncias e movimentos.

A partir da multiplicidade de sensações, o observador humano as organiza em uma Gestalt –


termo alemão que significa “forma” ou “totalidade”.

Os psicólogos da Gestalt afirmam que, na percepção, o todo pode exceder a soma de suas
partes.

Nossa ânsia para unir traços visuais em formas completas envolve um processamento inferior
(bottom-up), começando com uma análise sensorial no nível de entrada, bem como um
processamento superior (top-down) que usa nossas experiências e expectativas para interpretar
essas sensações. Mas quanto mais aprendemos sobre esse sistema de processamento de
informação, mais vaga fica a distinção entre sensação e percepção. A sensação não é apenas um
processamento inferior, e a percepção não é apenas um processamento superior. Sensação e
percepção se misturam em um processo contínuo, processando de modo ascendente a partir
de células detectoras especializadas e de modo descendente a partir de nossas suposições.

Verdade fundamental ilustrada pelos psicólogos da GESTALT: A função do cérebro é mais do que
registrar informações sobre o mundo.
A percepção não é apenas a impressão de uma imagem no cérebro. Nós estamos
constantemente filtrando informações sensoriais e inferindo percepções de modo que façam
sentido para nós.

FIGURA E FUNDO

Nossa primeira tarefa perceptiva é perceber qualquer objeto (figura) como distinto de seus
arredores (fundo). Nós sempre organizamos o estímulo em uma figura vista contra um fundo.
Ilustrações de figura e fundo reversíveis demonstram que o mesmo estímulo pode disparar mais
de uma percepção.
AGRUPAMENTO

Tendo discriminado a figura do fundo, nós precisamos organizar a figura em uma forma
significativa. Alguns aspectos básicos de uma cena – como cor, movimento e contrastes
claro/escuro – são processados automática e instantaneamente.

Para trazer ordem e forma para as sensações básicas (cor, movimento, contraste claro/escuro),
nossa mente obedece a certas regras de agrupamento de estímulos. Essas regras, identificadas
pelos psicólogos da Gestalt e aplicadas até por bebês de 6 meses, ilustram que o todo percebido
difere da soma de suas partes.

Semelhança:
Boa continuidade (ou sequência)

Nós percebemos padrões contínuos e suaves em vez de padrões descontínuos

Ligação
Nós percebemos linhas, áreas ou pontos como um única unidade quando eles são uniformes e
encadeados.

..... ..... ..... ..... ..... ..... ..... .....

Fechamento (ou closura)

Nós preenchemos espaços em branco para criar um objeto completo, inteiro.

Normalmente, esses princípios de agrupamento nos ajudam a construir a realidade. Às vezes,


porém, eles podem nos enganar.
AULA 5

PERCEPÇÃO: Percepção de profundidade e distância – dicas monoculares e


binoculares; Percepção de movimento; Constância perceptiva.

Debate: restrição sensorial e visão restaurada.

PERCEPÇÃO DE PROFUNDIDADE

Imagens bidimensionais entram em nossas retinas, porém nós de algum modo organizamos
percepções tridimensionais. A visão dos objetos em três dimensões, denominada PERCEPÇÃO
DE PROFUNDIDADE possibilita-nos estimar suas distâncias em relação a nós.

Essa competência é parcialmente inata.

A maturação biológica predispõe nossa precaução contra alturas e a experiência a amplifica.


Quando os bebês passam de engatinhar para andar, eles ficam ainda mais cautelosos com
alturas.

VÍDEO – Visual Cliff Experiment (Penhasco Visual)

Como transformamos duas imagens retinianas bidimensionais diferentes em uma única


percepção tridimensional?

Alguns indicadores de profundidade – indicadores binoculares – requerem ambos os olhos.


Outros – os indicadores monoculares – estão disponíveis em cada olho separadamente.

INDICADORES BINOCULARES
Os indicadores binoculares são importantes ao julgar distâncias de objetos próximos.

Nossas retinas recebem imagens ligeiramente diferentes do mundo (os olhos estão distantes
em média 6 cm um do outro). Quando o cérebro compara essas duas imagens, a diferença entre
elas – a disparidade retiniana – fornece um indicador importante para a distância relativa de
objetos diferentes.

Quando se coloca o dedo diretamente em frente do nariz, as retinas recebem imagens bem
diferentes. (Você pode ver isso se fechar um olho e depois o outro). A uma distância maior –
digamos, quando o dedo está à distância de um braço – a disparidade é menor.

A profundidade percebida, de duas imagens ligeiramente diferentes e sobrepostas, ocorre


quando cada olho focaliza uma imagem e o cérebro integra as duas versões em uma única
imagem em 3-D.

A percepção não é mera projeção do mundo em nosso cérebro. Ao contrário, as sensações são
convertidas em partículas de informações que o cérebro reagrupa em seu próprio modelo
funcional do mundo exterior. Nosso cérebro constrói a percepção.
INDICADORES MONOCULARES

De que modo julgamos se uma pessoa está a 10 ou a 100 metros de distância? Dependemos de
indicadores monoculares, pois em ambos os casos a disparidade retiniana, ao se olhar direto
para a frente, é pequena. Dependemos de indicadores monoculares como os seguintes:

TAMANHO RELATIVO

Se pressupomos que dois objetos possuem tamanhos semelhantes, nós percebemos aquele que
projeta a menor imagem retiniana como sendo o mais distante. Ex.: Para um motorista, os
pedestres distantes parecem menores – o que também significa que pedestres que parecem
menores (crianças) podem, às vezes, ser mal interpretados como se estivessem mais distantes
do que realmente se encontram.
INTERPOSIÇÃO

Se um objeto bloqueia parcialmente nossa visão de outro objeto, nós o percebemos como se
estivesse mais próximo.
CLARIDADE RELATIVA

Nós percebemos objetos nebulosos como se estivessem mais distantes do que objetos bem
definidos.
GRADIENTE DE TEXTURA

A modificação gradual de uma textura áspera e distinta para uma textura fina e indistinta indica
o aumento de distância.

ALTURA RELATIVA
Nós percebemos os objetos altos em nossos campos de visão como se estivessem mais
afastados. Graças à altura relativa, os objetos mais baixos parecem mais próximos – e, portanto,
são normalmente percebidos como figura (e não como fundo).

MOVIMENTO RELATIVO

Quanto mais distante o objeto estiver, mais lenta será sua velocidade aparente.

O cérebro utiliza os indicadores de velocidade e direção para computar as distâncias relativas


dos objetos.

Objetos que estão além do ponto de fixação parecem estar se movendo com você, quanto mais
distante o objeto estiver, mais lenta será sua velocidade aparente.

PERSPECTIVA LINEAR

As linhas paralelas, tais como os trilhos do trem, parecem convergir com a distância. Quanto
mais as linhas convergem, maior a distância percebida.
LUZ E SOMBRA

Os objetos que estão próximos refletem mais luz para os olhos. Assim, dados dois objetos
idênticos, o objeto mais escuro parece estar mais distante. (Acidentes na neblina)

PERCEPÇÃO DE MOVIMENTO

Seu cérebro computa o movimento com base na suposição de que os objetos que diminuem de
tamanho estão se afastando (não ficando menores), e os objetos que aumentam de tamanho
estão se aproximando. Mas você de forma alguma é PRECISO no que diz respeito à percepção
de movimento.
Os objetos grandes, como um trem, parecem mover-se mais lentamente do que os objetos
menores, como um carro que esteja se deslocando na mesma velocidade.

Filmes de animação – 24 imagens por segundo – o movimento que vemos não está no filme, que
simplesmente apresenta uma série de slides super-rápidos. O movimento é construído em
nossas cabeças.

FILME – OPA GANGHAM STYLE EM DESENHO

As propagandas luminosas – duas luzes paradas acendem e apagam em sequência rápida, nós
percebemos uma única luz se movendo.

CONSTÂNCIA PERCEPTIVA

Permite-nos perceber um objeto como imutável mesmo através dos estímulos que recebemos
de sua mudança.

CONSTÂNCIA DE FORMA E DE TAMANHO

Às vezes, um objeto cuja forma atual não pode ser modificada parece mudar de forma de acordo
com o ângulo de visão.
Nós percebemos a forma de objetos familiares como constante mesmo enquanto as imagens
retinianas desses objetos mudam. Ex. quando uma porta se abre, ela projeta na retina uma
forma em modificação, mas ainda assim conseguimos perceber a porta como tendo a forma
constante de uma porta.

Graças à constância de tamanho nós percebemos os objetos como tendo um tamanho


constante, mesmo enquanto nossa distância deles varia. Exemplo: A constância de tamanho nos
leva a perceber um carro como grande o bastante para carregar pessoas, mesmo quando vemos
sua pequena imagem a dois quarteirões de distância.

Relação Tamanho-Distância: A facilidade com que ocorre a percepção de tamanho é uma


verdadeira maravilha. Dada a distância percebida de um objeto e o tamanho de sua imagem na
retina, nós, inconsciente e instantaneamente, deduzimos o tamanho do objeto.

Embora os monstros projetem as mesmas imagens retinianas, a perspectiva linear informa ao


nosso cérebro que o monstro perseguidor está mais distante. Sendo assim, nós o percebemos
como maior.
Esse truque visual, é denominado ilusão de Ponzo. As duas barras projetam imagens de tamanho
idêntico em nossa retina. E, no entanto, a experiência nos diz que um objeto mais distante cria
uma imagem de igual tamanho do objeto mais próximo apenas se ele for realmente maior.
Como resultado, nós percebemos a barra que parece mais distante como maior.

Constância de Claridade (também denominada constância de brilho) – nós percebemos um


objeto como tendo luminosidade constante mesmo enquanto sua iluminação varia. A claridade
percebida depende da luminância relativa – a quantidade de luz que um objeto reflete em
relação às suas adjacências.

A percepção da forma, da profundidade, do movimento e da constância perceptiva nos revelam


o modo como organizamos nossa experiência visual. A organização perceptiva se aplica a outros
sentidos também. Ela explica por que agrupamos em padrões os tiques constantes do relógio.

INTERPRETAÇÃO PERCEPTIVA

Privação Sensorial e Visão Restaurada

Pacientes anteriormente cegos quase sempre não conseguiam reconhecer, pela visão, os
objetos conhecidos pelo toque.

Sem estimulação, as células corticais não desenvolveram conexões normais.

Tanto em humanos quanto em animais, um período semelhante de privação sensorial não causa
dano permanente se ocorrer mais tarde na vida. Os efeitos das experiências visuais durante a
infância sugerem haver um período crítico para o desenvolvimento perceptivo e sensorial
normal. A experiência orienta e sustenta a organização neural do cérebro.

Os bebês humanos que nascem com cristalinos opacos (cataratas) normalmente passarão por
cirurgia corretiva dentro de alguns meses. A rede cerebral responsável pelos olhos já então
corrigidos rapidamente se desenvolverá, possibilitando a melhora da acuidade visual dentro de
um tempo tão curto como uma hora de experiência visual. A educação constrói o que foi dotado
pela natureza. Nós retemos as impressões das primeiras experiências visuais futuro afora.

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