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Psicologia Cognitiva I

1º Semestre, 2019/2020

Resumo das Aulas Práticas e Teóricas


Sensações
A aula decorrerá com o objetivo a responder à seguinte pergunta: Será que diferentes partes do
corpo têm sensibilidade diferente?

Para responder a essa mesma pergunta, fez-se a seguinte experiência em grupos de três membros:

1. Decidir quem é o “participante”, o “experimentador” e o “observador” sendo que cada


membro terá de passar pelas três funções;
2. Com o participante de olhos fechados, o experimentador vai tocar com uma ou duas pontas
de um clipe em forma de U em 6 diferentes zonas do corpo;
3. Em cada parte do corpo, o clipe tocará na pele 4 vezes: 2 com uma ponta e 2 com duas
pontas;
4. Registar as vezes que o participante acertou.

Sujeito 1 Sujeito 2 Sujeito 3 Total do grupo Total turma


Ombro 3 2 4 9 85
Dedo 4 4 4 12 129
indicador
Costas 1 2 4 7 70
Barriga 2 2 3 7 95
Testa 4 4 4 12 122
Lábio 4 4 4 12 123

Conclusões
 A sensação de toque é possível graças aos mecanorecetores.

 Quanto mais mecanorecetores, maior será a sensibilidade de determinada zona.


 Após os mecanorecetores captarem a sensação, a informação é enviada para o cortex
sensorial para que haja a sua interpretação.
 Homúnculo sensorial é a representação das áreas que possuem maior quantidade de
mecanorecetores e que, por sua vez, possuem mais sensibilidade.
o As zonas que representam maior sensibilidade são as mãos, os pés e os lábios.

Percepção
Na perspectiva de que o ser humano é um processador activo da informação, é desde logo incutida a
noção de que a percepção não é um mero registo passivo da informação que chega aos nossos
sentidos, havendo sempre alguma selecção e interpretação dessa informação.

A percepção, então, é um dos meios pelos quais o ser humano consegue adaptar-se ao meio em que
se encontra.

Para que o ser humano consiga estar integrado no meio ambiente em que se encontra dando
respostas adequadas a determinados estímulos (processo adaptativo), existem 4 momentos:
1. Recepção da informação do meio, refere-se ao encontro de vários estímulos que são
recebidos por recetores e que se transformam em fluxo nervoso transmitindo essa mesma
informação ao sistema nervoso central.
1.1. Um factor que determina se o estímulo é recebido pelos sentidos através dos
recetores é a sua intensidade.
2. Percepção, refere-se à interpretação do estímulo nervoso e criação de respostas adequadas.
3. Decisão, entre as opções consideradas na percepção é escolhido a resposta mais adequada
ao estímulo e ao meio onde se encontra
4. Execução do comportamento

Percepção Visual (De que maneira é que recebemos informações e a


interpretamos?)
Diariamente, o ser humano é confrontado com inúmeros estímulos e, juntando esse aspecto ao
facto de que o processamento de informação é limitado, é necessário que haja a seleção de
informação.

Tipos de Seleção de Informação:

 Nível dos Receptores Periféricos, se o estímulo possui a intensidade necessário para ser
sentido pelos receptores;
 Nível de Vigilância Geral, se o indivíduo se encontra recetivo/em vigilância para a receção
desse estímulo;
 Nível de Focalização da Atenção, quanto mais interesse num estímulo, maior será a sua
captação;
 Nível de Motivação, que faz variar o limiar sensorial (de forma positiva ou negativa) - Onde a
intensidade de estímulo aumenta ou diminui consoante o nível de motivação que o
indivíduo possui para a captar.

Princípios Gestálticos de Organização


O princípio de Gestalt foi desenvolvido no início do século XX por dois famosos teóricos: Wolfgang
Köhler e Kurt Koffka. Eles observaram que a mente humana tem um comportamento bem
padronizado ao perceber as formas vistas nos objetos, nas pessoas, nos cenários e em tudo o que
enxergamos.

Os gestaltistas afirmam que, ao receber um estímulo visual, nosso cérebro não recebe uma
excitação sensorial isolada, mas vários sinais complexos que agrupam todas as características que
consideramos semelhantes, somando rapidamente todas as partes do item visto.

Isso significa que, à primeira vista, percebemos os objetos em sua totalidade, para só depois nos
focar nos detalhes.

Fazem parte desta teoria os seguintes princípios:

 Princípio da Aproximidade: Elementos próximos percecionados como parte do mesmo


grupo (E.g. 4 pares de linhas)
 Princípio da Semelhança: Elementos semelhantes percecionados como parte da mesma
forma (E.g Alternância entre bolas e cruzes)

 Princípio da Continuidade: Elementos orientados numa mesma direção são percecionados


como parte da mesma forma. (E.g Duas linhas em que uma começa em A e termina em B e
outra que começa em C e termina em D)

 Princípio do Fechamento: Tendência para percecionar formas simples e fechadas. (E.g Dois
círculos, um atrás do outro)
Figura-Fundo: Perante um estímulo com duas ou mias regiões tendemos a ver uma parte como
figura e o resto como fundo sendo uma das formas mais elementares de organização perceptiva.

(E.g Se focar-mos a nossa atenção na figura principal vê-mos uma jarra, contudo se o nosso foco for
o fundo conseguimos distinguir a forma de dois perfis destintos)

Perceção de distância: Há várias pistas para dar a percepção de profundidade sendo usadas por
pintores à séculos. (Isto só é possível em visão monocular)
Constâncias Percetivas: Significa que, independentemente da informação recebida pelos
estímulos em determinados fatores, a perceção desses mesmo elementos é sempre igual.
(E.g Independentemente da posição de uma porta, o indivíduo apreende sempre que ela é
retângular)

No exemplo da distância, embora haja o mesmo tamanho na projeção entre A e C,


conseguimos sempre percecionar a diferença de tamanho entre ela.

As constâncias perceptivas e as ilusões são influenciados por fatores sociais, culturais e


pelos conhecimentos.

 Exemplo da influência dos fatores sociais: Moeda vs Rodela de Cartão feita por
Bruner e Goodman
 Exemplo da influência dos fatores culturais: Habitantes de Floresta Densa Não Têm
Constância do Tamanho Adequada
 Exemplo da influência dos conhecimentos: Ilusão de Poggendorf pode ser desfeita
ou O quarto de Ames
Como é que se desenvolve a percepção?

 Uma ideia de percepção encontrada nos bebés, sendo uma percepção precoce, é a
de vazio.

 Os estímulos simples originam menos atenção pela parte do bebé do que estímulos
complexos.
Cegueira Antecional
Durante a aula prática seguinte fez-se a seguinte experiência de forma a perceber a influência da
atenção na perceção.

Dividiu-se a turma em 2 grupos de 16 pessoas cada. À vez, cada grupo via um vídeo de um grupo a
fazer passes com uma bola de basquetebol e pedia-se para que cada grupo contasse o número de
passes que determinada equipa fazia.

O primeiro grupo contou os passos da equipa branca e o segundo grupo contou os passos da equipa
preta.

No final do vídeo, perguntava-se se cada membro dos grupos tinham observado o urso. Os
resultados foram os seguintes:

Número de Passos Observação do Urso


Equipa Branca 6 1
Equipa Preta 7 0

Os resultados observados nestes grupos foram fora da norma, já que se esperava que mais membros
da equipa preta reparassem no urso já que o centro de foco eram pessoas com roupa preta sendo
que o urso também possuía essa cor.

 58% dos membros da equipa preta vêm o urso enquanto contam os passos dados pela
equipa;
 25% dos membros da equipa branca vêm o urso enquanto contam os passos dados pela
equipa.

Conclusões
 A atenção focaliza a perceção no facto da contagem de passos
 A perceção depende da atenção e não é fiável
 O facto de os observadores não repararem no urso é falha na perceção ou na memória?
o Se fosse erro na memória, o observador ao ser confrontado com o aparecimento do
urso, ia ser inundado por um momento de familiaridade e não de surpresa.

Existem dois fenómenos que explicam a influência da atenção na perceção humana:

Cegueira por desatenção: Quando a atenção é desviada para outro objeto ou tarefa, os
observadores frequentemente falham na perceção de um objeto inesperado mesmo se ele aparece
no campo de fixação (Mack & Rock, 1998) - E.g. A experiência com o urso

Cegueira à mudança: Os observadores frequentemente falham na perceção de mudanças de objetos


ou cenas, particularmente quando esses objetos não são o centro de interesse na cena (Rensink e tal
1997) - E.g. Mudanças de detalhes numa sala

É um exemplo da influência do contexto na perceção e, consequentemente, na atenção.

Atenção
Para vários psicológicos, a atenção é o filtro pelo qual há a escolha dos diversos estímulos que
escolhe os estímulos principais e os secundários. Assim, o estudo da atenção permite perceber como
os recursos de processamento são geridos cognitivamente sendo que estes processos são limitados.

Atenção Passiva: Atenção que deriva de estímulos externos, como uma conversa.
Atenção Ativa: Atenção que deriva de estímulos internos, como a motivação do indivíduo.

Atenção Focalizada: Foco de um único estímulo entre diversos outros;


Atenção Invertida: Tentativa de se focar em diversos estímulos ao mesmo tempo.

Teorias Iniciais da Atenção

Teoria do Filtro Inicial: Enunciada por Broadbent (1958) diz que o indivíduo num primeiro instante
se focaliza nas características físicas do estímulo e, só depois, se foca no conteúdo do estímulo
escolhendo a que estímulos focar a sua atenção;

Teoria da Seleção Posterior: Enunciada por Deutsch & Deutsch (1963) diz que o indivíduo processa
todos os estímulos de forma superficial sendo que, apenas depois, é que filtra a sua atenção para um
dos estímulos;

Teoria da Atenuação: Enunciada por Treisman (1964) diz que o indivíduo processa todo o tipo de
estímulos de forma deficiente embora dê atenção a apenas um dos estímulos.

A experiência de Trreisman (1960) tenta perceber a flexibilidade e a atenção na perceção auditiva


através de uma tarefa dicótica, onde do lado esquerdo dos auscultadores era apresentado um tipo
de estímulo e no direito outro tipo de estímulo, havendo uma série de variáveis.
De forma a perceber a atenção visual, Sperling (1960) fez uma experiência onde apresentou um
conjunto de letras num determinado período de tempo (que podia variar) e perguntava ao
participantes quantas letras tinham decorado e quais eram. Concluiu-se que, quanto maior o tempo
menos a capacidade de memorização.

Como é que há o reconhecimento de padrões visuais? (Como é que percebemos que cada
estímulos pertencem a certo grupo? Ex. Como percebemos que óculos são óculos?)

As teorias que tentam explicar o reconhecimento de padrões visuais são:


Hipótese dos Template- Onde o indivíduo olha para um determinado estímulo e, através de
Matching padrões retidos anteriormente, há a comparação desse mesmo
estímulo com os padrões e a caracterização desse mesmo estímulo no
padrão.
Contudo, esta
hipótese tem falhas, já que o Homem tem a flexibilidade de
reconhecer as mesmas formas e os mesmos estímulos de diversas
formas.

Análise de Determinação de características de vários estímulos, que, quando o


Características indivíduo é confrontado por outro estímulo há a caracterização desse
(Treisman & Gelade estímulo num grupo com as mesmas características.
(1980) e Kinney,
Marsetta & Showman
(1966))

Treisman e Gelade (1980)


Contudo, a caracterização dos estímulos num determinado grupo
depende do contexto e dos conhecimentos do indivíduo.

Durante os processos de captação de estímulos, há duas formas de o fazer:


 Processos Botton-Up, onde o estímulo começa a ser construído através da base, ou seja, as
características do estímulo;
 Processos Top-Down, onde o estímulo começa a ser construído através do topo, ou seja, os
conhecimentos de cada indivíduo.

De forma a perceber até onde o cérebro tem a capacidade de ir nos processos cognitivos, ou seja, a
flexibilidade cerebral, há dois processos:
Processos Automáticos  Desencadeados sem intervenção da
vontade
 Difíceis de parar já que há treino e
conhecimento nesses casos
 Efeito facilitador no desempenho já que
utiliza menos processos cognitivos
devido ao conhecimento.
 Efeito de Stroop é um exemplo de
processos automáticos
E.g. Ao aprender a ler, uma criança dispensará
de mais tempo e processos cognitivos já que irá
focalizar a sua atenção em todas as letras e
processos que tem de utilizar para ler do que
um adulto com treino e conhecimento na
leitura que lê mesmo quando não pretende.
Processos Controlados  Desencadeados voluntariamente
 Efeito facilitador para a tarefa eleita já
que não utiliza muitos processos
cognitivos
 Efeito inibidor para as outras tarefas

O Homem consegue focar a sua atenção em dois estímulos ou mais ao mesmo tempo? De acordo
com Cf. Eysenk & Keane (2015) é possível contudo os estímulos/tarefas são diferentes (modalidade
percetiva diferente, ou seja, tem de ser, por exemplo, uma tarefa auditiva e outra de tato), fáceis e
bem treinadas (ou seja, serem parte dos processos automáticos)

O Efeito Stroop
John Ridley Stroop (1897-1973) foi um psicólogo que, para estudar a relação entre a atenção seletiva
e a flexibilidade cognitiva realizou a experiência designada como o Efeito de Stroop.

Stroop também tinha como objetivo estudar a forma como os processos automáticos (processos
que não só exigem pouca ou nenhuma cognição central para serem executados como também
parecem ser difíceis de parar de executar) era processados, como é o caso da leitura para um
indivíduo experiente.

Durante o efeito de Stroop existem 3 condições:

 Congruente, onde a forma aleatória tinha a mesma cor de tinta do seu nome;
 Conflito/Incongruente, onde a forma aleatória tinha uma cor diferente do seu nome;

 Controle/Neutro, onde eram apresentadas formas brancas quando os sujeitos tinham de


dizer o nome da cor da forma ou eram apresentados quadrados coloridos quando tinham de
dizer o nome da cor da tinta da forma.
Os resultados demonstraram que a tanto o tempo de reação ao tempo de resposta iam aumentado
à medida que o cérebro lida simultaneamente com informações conflitantes.
Como os resultados se encontram associados com a flexibilidade mental do individuo, é possível
utilizar este teste como ferramenta de diagnóstico de impulsividade ou inibição insuficiente no
córtex pré-frontal. (E.g PHDA)

Existem 2 teorias que tentam explicar este fenómeno.

Teoria da Velocidade de Procedimento O cérebro lê as palavras mais rápido do que


reconhece as cores, sendo que há um atraso
enquanto o cérebro reconhece a cor.
Teoria da Atenção Seletiva O cérebro precisa usar mais atenção para poder
reconhecer uma cor do que ler uma palavra,
por isso demora um pouco mais, sendo que
para inibir o processo de reconhecimento mais
forte com a atenção seletiva.
Variantes no Teste de Stroop
Memória I
A memória tem 3 estádios:
1. Codificação;
2. Armazenamento
3. Recuperação

Codificação e Armazenamento

A informação que vem do meio através de estímulos tende a ser armazenada em armazéns
sensoriais (a memória sensorial visual designa-se icónica e a memória sensorial auditiva designa-se
ecóica).
Contudo, para esta informação ser captada é necessário que haja atenção.
Memory Span: Conceito que define a capacidade limitada da memória a curto prazo. De acordo com
Miller (1956), pode ser medida através de chunk (peça integrada de informação) sendo que o limite
é de 7 chunks ± 2.

Memória Longo Prazo vs. Memória Curto Prazo


Memória Curto Prazo Esquecimento resulta do apagamento dos
traços mnésicos.

Traço Mnésico: Marca deixada por uma


informação no sistema nervoso central que
pode ser permanente ou temporária.
Memória Longo Prazo Esquecimento resulta da interferência.

Interferência: Dois traços de memória


que competem entre si. (Baddeley 1997)
 Interferência Proativa: Ocorre quando
a aprendizagem é perturbada por
hábitos antigos; Antigos hábitos
permanecem. (E.g Troca das torneiras
quando num pais estrangeiro)
 Interferência retroativa: Ocorre
quando uma nova aprendizagem
perturba velhos hábitos; Novos hábitos
permanecem. (E.g Esquecimento do
número de telemóvel antigo quando
tem um novo)
Memória de Trabalho Sistema para manter e manipular
temporariamente a informação sendo que
permite o armazenamento temporário de
informação com capacidade limitada.
Temos diversas informações que serão
manipuladas e mantidas durante a tarefa em
que são necessárias.
Tem múltiplos componentes:
 Elo Fonológico ou Articulatório,
responsável pela manutenção da
informação verbal
 Registo Visuo-Espacial, responsável
pela informação gráfica e espacial
 Executivo Central, responsável por
toda a coordenação da informação
necessária à tarefa.

Contudo, após os anos 60 onde a memória a curto e longo prazo teve uma ascensão, descobriu-se
que, aquilo que as distinguia eram importantes em ambos os tipos de memória. Além de que, a
repetição passiva não melhora o desempenho na sua recuperação, já que o indivíduo dá atenção a
outra tarefa. (Glenberg, Smith e Green, 1977)
Desta maneira, a grande diferença entre a memória de curto e de longo prazo é o nível de
processamento da informação.

De acordo com Baddeley (1977) o memory span – o tamanho ou a extensão da memória -


não tem a ver com a quantidade de items ou chunks mas sim com a velocidade com que podemos
repetir a informação.

Como podemos processar a informação de forma mais elaborada? Com a experiência realizada por
Bobrow e Bower (1969) onde, a um grupo, foi apresentada um conjunto de frases feitas pelos
experimentadores e a outro grupo as frases foram do tipo sujeito-verbo-objeto foram criadas por
eles, concluiu-se que o objeto de cada frase foi relembrada por 29% dos indivíduos do 1ºgrupo e por
58% dos indivíduos do 2ºgrupo, pode-se concluir que, para processar a informação de forma mais
elaborada é necessário envolver o item a ser recordado com informação adicional.

Como podemos processar textos de forma mais elaborada? De acordo com Anderson, passando
pelos seguintes passos:
 Examinar
 Questionar
 Ler
 Refletir
 Relatar
 Rever

Retenção e Recuperação

De acordo com Binhouse, o esquecimento acontece na sua maior parte na primeira hora após a sua
retenção sendo que, a partir desse momento o esquecimento vai sendo mais lento. Contudo o
esquecimento depende não sendo algo fixo que se possa generalizar.
Mecanismos Capazes de Produzir Esquecimento
 Declínio da força do traço - Tempo;
 Interferência de outras memórias

Outro tipo de memórias


Memória Prospetiva Memória que é capaz de recordar momentos,
coisas futuras; Lembrar de fazer coisas.
As informações são curtas e breves (E.g
Amanhã tenho reunião com o conselho
pedagógico)
Memória Retrospetiva Memória que é capaz de recordar situações
passadas e tudo o que ocorreu nesse evento;
Lembrar de coisas passadas.
As informações são longas e duradouras (E.g Na
semana passada tive com o conselho
pedagógico; O que aconteceu detalhadamente,
como é que correu, etc)
Memória Explicita Aquilo que verbalizamos que fazem entender
que retemos aquela informação.
Memória Implicita Informações que retemos, contudo é difícil de
as verbalizarmos. Mesmo assim, demonstramos
essa mesma retenção através de outras formas.
(E.g Regras gramaticais - Utilizámos
diariamente, contudo é difícil de enunciá-las;
Teclado – Escrevemos automáticamente sem a
necessidade de procurar ou encontrar as letras,
contudo é-nos difícil dizer que letra se encontra
ao pé de outra.)

A organização é um fator que é importante para a retenção. Um do exemplo disso são as


mnemónicas.
Através de uma experiência realizada em sala de aula, concluiu-se que, quando certos
conceitos, imagens se encontram organizadas por significado, categorias e uma ordem lógica, as
pessoas tendem, em média, a recordarem-se de mais palavras do que as palavras que não possuem
nenhuma significado, organizadas por categoria e com lógica.
Recuperação por Inferência: Muitas das recordações da vida real envolvem inferências plausíveis e
não recordações exatas, ou seja, muitas das nossas recordações têm influências pessoais como a
forma como nos sentimos, a nossa opinião sobre o que aconteceu, etc.
O estudo de Sulin e Dooling é um exemplo de recuperação por interferência: Leram-se, a
dois grupos, uma mesma história onde a única diferença era a protagonista, uma era Carol Harris e
outra a Hellen Keller (sendo a última mesmo surda, muda e cega). No final, perguntou-se se a frase
“Ela era surda, muda e cega” se encontrava na história sendo que esta não se encontrava na história.
Onde a protagonista era a Carol apenas 5% disseram que sim e onde a protagonista era Hellen 50%
disseram que sim.

Esquema: Exposição sumária da articulação e das ideias essenciais de um projeto, de um discurso,


de uma obra, de uma ideia sobre categorias, etc
O estudo realizado por Brewer e Treyens (1981) descobriu que os esquemas são, também,
uma recuperação por interferência, sendo que durante 35 segundos um participante foi posto num
suposto gabinete de professor universitário sendo perguntado, depois, quais os objetos que tinham
memorizado. Além de objetos que se encontravam no gabinete, os participantes mencionavam
objetos que era esperado encontrá-los num gabinete (como livros, papéis, canetas, etc) contudo eles
não se encontravam no gabinete.

Contextos: Conjunto de circunstâncias que rodeiam um acontecimento; situação.

Através de uma experiência onde foi pedido a um grupo de participantes a memorização em


dois contextos diferentes (Um fora de água e outro dentro de água) sendo que, para a sua
recuperação foram divididos em dois subgrupos dentro dos grupos (Um onde continua no contexto
de memorização e o outro onde mudavam de contexto). Concluiu-se que os participantes que
mudavam de contexto entre uma etapa e a outra tinham uma recordação de menos de 40% do que
os que permaneciam no mesmo contexto.
Memória II
A Hipótese da Congruência do Humor – o indivíduo memoriza e recorda com mais facilidade com
um humor positivo do que com um humor negativo, sendo que a capacidade de memorização
também depende do humor do indivíduo. Ou seja, quando se encontra num humor mais positivo a
captação de informação e a sua memorização facilita se o tipo de informação for de encontro com o
seu humor. - é a principal hipótese que explica a importância do contexto emocional na memória.

O esquecimento é uma área da memória onde também se percebe a importância das emoções. Para
Freud, o esquecimento surge de motivação para tal sendo que essa motivação surge das emoções
do indivíduo.

Os atos falhados são um tipo de esquecimento que surge da manifestação do inconsciente,


sendo que as memórias substituídas são outro tipo de esquecimento onde memórias penosas são
substituídas por outras memórias inconscientemente.

Memória no Mundo Real


A memória no mundo real surge através da sua utilização no quotidiano, sendo que as memórias
utilizadas não são a réplica exata do acontecimento vivido, mas sim o resultado das suas alterações
continuas e de adicionamento de informação.
Tem duas abordagens: A ecológica e a laboratorial, sendo que a solução se encontra numa
abordagem mista das duas. Assim, a investigação de laboratório é enriquecida e alargada e a
investigação do quotidiano é disciplinada e orientada.

De acordo com Cohen (1996), a memória no mundo real tem as seguintes características numa
abordagem ecológica:

1. São realçados os aspetos funcionais da memória, como por exemplo, qual a sua função
autobiográfica;
2. É dada grande importância ao contexto;
3. A Aprendizagem é acidental
4. A quantidade não significa qualidade

Cohen também refere diferentes métodos para investigar esta memória sendo alguns métodos os
auto relatórios, a introspeção, os protocolos verbais, os inquéritos e questionários e as experiências
naturalisticas.

A memória no mundo real tem diversas áreas de investigações, sendo algumas as seguintes:

 Memória para intenções (ações e planos)


 Memória para lugares (mapas, localizações)
 Memória para eventos (testemunhos e flashbulb)
 Memória para pessoas (caras, vozes, nomes)
 Memórias para conhecimentos
 Memória para expetise
 Memória para discurso (conversas, textos, histórias)
 Memória para pensamentos e sonhos

Memórias Autobiográficas

As memórias autobiográficas referem-se ao sistema de memória de uma pessoa construída a partir


de uma combinação de experiências e conhecimentos gerais coletados ao longo de uma vida,
havendo uma combinação de conhecimentos gerais e de experiências pessoais.

Tulving (1972) faz a distinção entre memórias sobre conhecimentos gerias e memórias sobre
experiências pessoais:

 Memória Semântica, referente aos conhecimentos gerais e factos acerca do mundo


(esquemas e categorias)
 Memória Episódica, refere-se a experiências pessoais em algum momento e lugar.
o As memórias autobiográficas fazem parte deste tipo de memória sendo que as
experiências pessoais são relevantes para a construção do self.

Embora a memória episódica e a memória semântica sejam diferentes no seu conteúdo, não
utilizam processos diferentes. Isto acontece devido à grande interdependência das duas já que o
indivíduo se pode lembrar do momento em que aprendeu a ler (memória episódico), contudo o que
domina é o conhecimento (memória semântica)
De acordo com Cohen (1996), a característica que define a memória autobiográfica é a sua relação
com o self, já que “os eventos recordados têm um significado pessoal e são os tijolos a partir dos
quais o self é construído”.

Função das Memórias Autobiográficas:

 Construção da identidade das pessoas;


 Usada para regular o estado de espírito, o humor, o mood;
 Para fazer e manter relações já que estas se formam a partir da troca de narrativas pessoais;
 Recordar o que aconteceu no passado ajuda a prever o que pode acontecer no futuro.

Contudo, devido ao carácter ativo dos processos, as memórias autobiográficas não são uma réplica
exata da experiência que vivemos sendo que o evento original é recriado com novas informações,
com o que o indivíduo sentiu naquele momento, etc.

Quando as recriações são demais ou há a substituição de memórias, há a criação de falsas


memórias. Estas falsas memórias não surgem apenas de recriações ou substituição de memórias,
sendo então possível incuti-las nas pessoas acabando por acha-las verdadeiras. E.g Jovem de 14 anos
foi convencido pelo irmão mais velho de que se tinha perdido num centro comercial quando tinha 5
anos sendo que o irmão acreditou começando a criar novas informações a essa memória. Quando
foi confrontado pelo irmão, não acreditou que aquela seria uma memória falsa.

Memória para Acontecimentos

A memória para acontecimentos remete para a capacidade do indivíduo de descrever da forma mais
detalhada e verdadeira um acontecimento assistido. É uma memória importante para as
testemunhas oculares de crimes.

Contudo, ao serem interrogadas para a descrição do acontecimento, os investigadores podem levar


a que haja enviesamento de memórias falsas e manipuladas, sendo assim foi desenvolvido a
Entrevista Cognitiva.

Esta método consiste nas seguintes etapas:

1. Restabelecer mentalmente o contexto do evento alvo (recordar a cena, o tempo, o que


pensou e sentiu na altura, etc)
2. Reportar todos os detalhes que recorda, mesmo que pareçam irrelevantes ou triviais;
3. Reportar o episódio em diversas ordens temporais diferentes;
4. Tentar descrever o episódio como sendo visto de diferentes perspetivas e não apenas a
partir da sua.

As Memórias Flashbulb são um caso específico das memórias das testemunhas oculares, sendo que
consiste na recordação intensa e detalhada, de modo não habitual, que os indivíduos têm sobre a
ocasião em que pela primeira vez ouviram sobre algo muito dramático, surpreendente, importante e
com caráter emocional.

E.g. Ouvir a notícia de que o Presidente John Kennedy foi assassinado.


Durante a entrevista de testemunhas oculares de crimes, devido ao período de tempo que decorre
entre o acontecimento traumático e a descrição perante as autoridades, há a criação de falsas
memórias. De forma a prová-lo, Loftus & Palmer (1974) realizaram uma experiência onde
mostraram, aos participantes, um vídeo de breves segundos de um acidente entre dois veículos
onde foi feita uma pergunta relativa à velocidade a que os carros se deslocavam no momento do
choque. Foi adicionado vários tipos de adjetivos que davam a entender pouca ou uma grande
velocidade. Passado uma semana da visualização, foram chamados novamente e perguntou-se se se
tinham observado vidros no chão após o choque.

Os que tinham sido induzidos numa maior velocidade após a visualização do vídeo,
responderam que tinham observado vidros no chão - Criação de falsas memórias por indução.

A criação de falsas memórias em investigação criminal pode levar:

 Mudança errado no rumo das investigações;


 Não culpabilização dos reais criminais;
 Culpabilização de pessoas inocentes.

Fatores que aumentam a tendência de criação de memórias falsas durante o interrogatório:

 Exposição limitada aos acontecimentos;


 Grandes intervalos de tempo entre a exposição ao acontecimento e o interrogatório;
 Sugestões realizadas pelos agentes repetidas vezes;
 Repetição dos acontecimentos incitando as testemunhas a ir para além do que a pessoa se
recorda.

Amnésia e Teorias da Memória


A amnésia aqui tratada remete para a do Síndrome Amnésico, ou seja, amnésias causadas por dano
cerebral e não por fatores emocionais.

Os indivíduos que sofrem do Síndrome Amnésico possuem as seguintes características:

 Amnésia Anterógrada, marcada deficiência para relembrar novas informações, informações


após a amnésia
 Amnésia Retrógada, grande dificuldade de relembrar informações anteriores à lesão
 Nível de inteligência normal, havendo a restrição da perturbação à memória
 Boa memória imediata
 Má memória a longo prazo para informação nova, apesar de terem alguma capacidade para
aprenderem depois da amnésia.
 Processamento deficitário do contexto, sendo que conseguem lembrar-se de informações
mas não as enquadram no contexto;
 Boa aprendizagem procedimental e má aprendizagem declarativa
o Conhecimentos Declarativos: Conhecimentos que eu faço e que consigo explicar;
o Conhecimento Procedimental: Conhecimentos que eu faço mas que só consigo
demonstrar. E.g Tecla do computador, eu posso conseguir escrever no computador
sem olhar para o teclado mas se me perguntarem qual a tecla da letra que está à
esquerda do G eu não sei dizer.
 Bom desempenho em testes para memória implícita e mau desempenho em memória
explícita
Memória Episódica vs. Memória Semântica

Fizeram-se várias experiências onde foi demonstrado que em paciente com amnésia que têm uma
deficiência grave de novas informações na memória episódica e que consideram que a memória
semântica está intacta, isto ocorre porque este estudos estão relacionados com a memória episódica
testada com informações depois da amnésia e a memória semântica com estudos anteriores à
amnésia.

O que Heisenkel e Kienne vêm dizer é isso mesmo, que o problema está entre o antes e o depois da
amnésia e não entre a memória episódica e a memória semântica.

Efeitos típicos encontrados nas experiências de memória:

 Efeito de Recência - Os estímulos que foram apresentados no fim da lista são melhor
recordados (Ex: Ação da memória a curto prazo)
 Efeito de Primazia – Os estímulos apresentados no início da lista são melhor recordados
também (Ex: Entraram na memória a longo-prazo)

Representações Mentais
Representação: Refere-se a qualquer notação, sinal ou conjunto de símbolos que “representam”
algo para nós durante a sua ausência (aspecto do mundo externo ou objeto de nossa imaginação).

Os tipos de representações externas podem ser, por exemplo, mapas, menus, quadros ou
linguagem escrita, entre outros. São notações escritas ou gráficas (figuras e diagramas).

Esta diferença entre representações gráficas ou escritas também aparecem nas


representações mentais. Nas representações mentais as representações gráficas são designadas
como representações analógicas enquanto que as representações escritas são designadas como
representações proposicionais.

Os dois tipos de representações mentais


Representações Analógicas De um modo mais ou menos direto preservam
a estrutura da informação original e tendem a
ser imagens.
Representações Proposicionais Devem capturar o conteúdo concetual das
situações e coisas independentemente da
modalidade original em que a informação foi
encontrada. - Preservam o significado da
informação.

A Teoria do Código Duplo (Paivio, 1971 e 1986) defende que as palavras com 2 códigos potenciais
(imagem e palavra) são melhor recordadas e que as figuras são melhores recordadas do que as
palavras que representam essas figuras num efeito designado de Efeito de Superioridade da Figura.

A experiência de Santa (1977) através da apresentação de dois quadros com certas figuras e
palavras e a responde positiva ou negativa dos participantes ao verem outros quadros e dizerem se
têm os mesmos elementos iniciais concluíram que, em ambas as situações, as respostas estão
corretas contudo o tempo de resposta no caso das figuras foi menor do que no caso das palavras.
Pela experiência de Kosslyn (1976) sobre as representações proposicionais e analógicas, concluiu
que para cada conceito existe uma característica muito associada e outra característica pouco
associada. Desta forma, pediram a um grupo para imaginarem o gato e a outro grupo que apenas
pensassem no conceito. Perante a apresentação de duas frases: “O gato tem garras” e “O gato tem
cabeça” concluiu-se que a característica mais associada foi mais rápida no grupo com o conceito e a
característica menos associada foi mais rápida no grupo com a imagem.

Características das imagens mentais


Rotação Mental Com as representações mentais de certo conceito, é possível fazer uma rotação
mental.
 Quanto mais rotações e orientações diferentes, mais tempo se demora.

Percursos Com as representações mentais de um percurso, é possível fazer um percurso


Mentais mental de forma a chegar do ponto A ao B.
 Quanto maior a distância do percurso, maior a demora para chegar ao
ponto B;
 Numa experiência onde foi pedido aos participantes para se
imaginarem a percorrerem certo percurso na pele de um animal mais
veloz e outro menos veloz, concluiu-se que chegavam mais cedo ao
ponto B quando se encontravam na pele de um animal mais veloz;
 Desta forma, concluiu-se que as representações mentais imitam a
realidade.
Imagens Perante a apresentação de uma imagem complexa, tende-se a decompô-las em
Complexas figuras menos complexas, ou seja, dividir essa imagem em chunks de
informação.

Com a experiência de Mayer (1973) de comparação de tamanhos, pediu-se aos participantes que
respondessem a perguntas do gênero “O que é maior, um alce ou uma barata?” ou “O que é maior,
um lobo ou um leão?” e concluiu-se que, para que pudessem responder a estas perguntas, os
participantes tiverem de representar uma imagem mental desses animais sendo que, em animais
com tamanhos semelhantes, os participantes demoravam mais tempo.
O tempo de julgamento (reação) diminui consoante há o aumento da diferença no tamanho
estimado.

Imagem Visual: Representa a aparência de uma coisa de um certo ponto de vista sendo uma
representação egocêntrica.
As imagens mentais podem ter diversas interpretações e significados dependendo do ponto
de vista do indivíduo.
Modelo Mental: É uma estrutura abstrata independente do ponto de vista sendo algo icónico (Ex: As
suas partes e relações entre elas corresponde às do estado de coisas que representa) e análogo -
contém os elementos e a relação entre eles.
Cognitivamente somos preguiçosos já que nos basta uma representação de um mesmo
modelo.

Organização dos Conhecimentos


Os conhecimentos que nós temos, a quantidade que temos, desde conhecimentos mais teóricos
outros mais práticos, temos numa quantidade imensa de conhecimentos que vamos acumulando ao
longo da vida.
Sabemos que estão na memória a longo prazo, mas acedemos tão rapidamente, que temos
de ter várias maneiras de o organizar.

Taxonomia dos conhecimentos: Uma classificação, que destingue vários tipos de conhecimento.
Bruno Bara (Cognitive Science) faz um esquema rudimentar com o objetivo de destacar o
papel central pelos conhecimentos.

Bara distingue assim o conhecimento em:


1. Conhecimento Explícito - As teorias que temos acerca do mundo, que engloba um conjunto
de identidades conceptuais, em forma de preposições, classes de objetos (Ex: Copo),
relações (Ex: O vinho está no copo), processos (Ex: Amadurecimento das uvas), normas de
comportamento (Ex: Não se deve beber quando se vai guiar), etc. Conhecimento declativo,
tudo o que pode ser expresso por palavras (Ex: O que é um triângulo isósceles), este tipo de
conhecimento, quando é intencionalmente ativado torna-se consciente.
2. Conhecimento Tático - Refe.se ao tipo de conhecimento que permitem interagir com o
mundo, é o tal Knowing-How para agir, a maior parte destes conhecimentos são
automáticos (Ex: Expert em alguma coisa), não requerem controlo nem atenção.
3. Conhecimento de Modelos – O Bruno Bara fala disto, modelos mentais, este conhecimento
no fundo integra os outros dois, tem a ver com um saber teórico e um saber fazer, vamos
falar de modelos mentais no próximo semestre.

Knowing-That: Conhecimento de factos, conceitos, pessoas e acontecimentos (Conhecimento


declarativo).
Conhecimento mais teórico, tipo de conhecimento comunicável, por isso é que se chama
conhecimento declarativo, pode ser adquirido rapidamente e é um tipo de conhecimento
flexível.

Knowing-How: Conhecimento procedimental.


Conhecimento de saber fazer as coisas, só que é um tipo de conhecimento mais difícil ou
impossível de comunicar, sabemos fazer mas não explicar como se faz, é um conhecimento
que mostramos ter pelo modo como agimos (Ex: Tecla do computador), nível procedimental,
ao nível declarativo tem alguma dificuldade, tipo de conhecimento aprendido regularmente,
requer prática e é usado em situações bem definidas. É a prática que leva a automatização.

Voltando ao Anderson, o que ele destaca é que as representações do significado são representações
que retêm o significado das coisas, mas não vão ao detalhe. Estes conhecimentos todos estão na
memória de longo prazo. Sabemos que, temos em princípio melhor memória visual do que verbal
(Ex: Contar uma história: Podemos não nos lembrar da história palavra por palavra, mas sim o
significado sendo que, se nos mostrarem uma imagem podemos memorizar vários detalhes dessa
imagem, em média sendo superior)
Apesar de termos uma melhor memória para figuras, não significa que não haja significado.
De acordo com a experiência realizada por Mandler & Ritchey (1977), onde há a
observação das três imagens pelos participantes onde o objetivo é de observar a imagem b)
e c) dizendo qual delas é a mais idêntica à imagem a), concluiu-se que a imagem c) é a mais
rejeitada. Isto acontece porque ao observarmos uma imagem tiramos o seu significado (Ex:
Aula de Geografia nas imagens a) e b)) mudando assim o seu significado essencial na imagem
c). (94% rejeita a imagem c) enquanto 60% rejeita a b)).

De acordo com Anderson, organizamos os conhecimentos da seguinte forma:


 Imagens Mentais e Modelos Mentais (Última aula)
 Redes Semânticas
 Conceitos
 Esquemas
 Scripts

Organização dos Conhecimentos


Redes Ideia dos anos 60 com o objetivo principal de criar um programa de
Semânticas computador para compreender texto. Posteriormente foi estudado por um
psicólogo de forma a entender se se podia aplicar aos seres humanos.
 Rede que liga vários conceitos e que tem uma organização hierárquica.

 Cada nódulo é um conceito que tem vários atributos tendo uma


organização hierárquica estando no topo, por exemplo, os animais,
dividindo-se posteriormente em pássaros e peixes. Cada um deste, assim,
se divide em outros, cada um com as suas características.
 A hierarquia implica que as propriedades do pássaro se apliquem aos
nódulos seguintes (Canário e avestruz).
 Não é uma coisa que se use muito para um certo tipo de informação, sendo
um uso restrito (Ex: Matéria de Biologia que se consegue fazer estas redes)
 Assume-se que, quanto mais nódulos as pessoas têm de percorrer, mais
tempo demoram a dizer que é verdade ou falso.
 Assume-se, também, que todas as ligações têm a mesma força tornando-se
difícil de explicar porque é mais fácil identificar características comuns do
que atípicas. (Ex: Ao pensarmos na categoria de pássaro somos capaz de a
relacionar com outros nódulos comuns como os pombos ou a gaivota,
contudo os nódulos atípicos, como a avestruz, têm mais dificuldade em
autenticar)
 Útil para um conhecimento declarativo, já que favorece ao ter esta
representação hierárquica, mas não para um conhecimento procedimental.

 As Redes Semânticas representam uma economia cognitiva já que diminui a


quantidade de informação que precisas de recordar sobre algo.
Conceitos Refere-se à representação mental de qualquer coisa.

 Representam uma importante economia cognitiva já que há a divisão do


mundo em classes de coisas, diminuindo assim a quantidade de informação
necessária para aprender, percecionar, recordar e reconhecer (Collins &
Quilian, 1969)
 São de importância vital nas nossas vidas já que são centrais para a
percepção, aprendizagem, memória e o uso da linguagem.
 Permitem fazer previsões (Ex: Gato vs. Leão)

De acordo com Rosh et. Al (1976), muitos conceitos estão organizados em 3 tipos
de níveis:
1. Superordenadas (Mobiliário)
2. Nível Básico (Cadeira), são as mais utéis e utilizadas na investigação.
3. Subordinadas (Cadeira de baloiço), relacionadas com o expertise.

A organização dos conceitos é realizada por:


 Atributos Definidores – Solteiro = Homem, não casado, adulto
 Protótipos - Elemento mais típico, como piriquito
 Representação de exemplares – Muitas instâncias específicas armazenadas
na memória)

Conceitos vs. Conhecimentos: Os conceitos não são representados em isolamento


estando sempre em relação com outro tipo de conhecimentos, como a causalidade,
os esquemas e scripts, regras, etc.
Teoria de Simulação Situada: Barsalou (1999, 2003) tem mostrado a
importância do contexto, bem como do sistema perceptivo e motor, no uso que
fazemos dos conceitos.
Esquemas Refere-se a estruturas do conhecimento que representam conhecimentos
genéricos de objetos, situações, acontecimentos ou ações e que foram
adquiridos pela experiência passada.

 É influenciado por aquilo que já sabemos como é demonstrado na


experiência de Brewer & Treyens (1981) onde os participantes dizem ter
observado objetos na sala do professor que não se encontravam mesmo na
sala, mas no esquema pessoal do que deve de estar presente numa sala de
professor.
Os processos de reconstrução da memória modificam-se porque são a todo o
momento construídas e reconstruídas. Definem 5 características gerias do
esquema:
 Representam conhecimento, mas a nossa experiência pessoal reflete-se no
esquema mais do que o pensamento abstrato e por isso é que os esquemas
vão mudando com o acumular das nossas experiências;
 Podem representar conhecimento a todos os níveis, que podemos ter um
esquema de uma coisa simples (O que é um euro) até esquemas de coisas
mais complexas (Estrutura social)
 Relacionam-se uns com os outros, podem até ser incluídos uns nos outros.
(Esquema sobre como comprar um gelado, pode envolver um esquema
sobre transações comerciais, sobre o dinheiro, etc)
 Tem variáveis, porque um esquema tem uma informação geral (Um
restaurante - todos temos a ideia geral de um restaurante e a maior parte
dos restaurantes deve servir nesses esquemas) mas também há variáveis
(Uns self-service, outros são os trabalhadores que nos servem)
 Ativos, dinâmicos e sempre em mudança, estes esquemas vão sendo
adquiridos pela nossa experiência, temos uma ideia sobre qualquer coisa, e
vamos com nova informação refazendo os nossos esquemas. Reconstrução
permanente que fazemos das nossas memórias.
Scripts Refere-se a versões mais especifícas de esquemas, sendo conhecimentos gerais
sobre certo tipo de acontecimentos (Ex: Ir a um restaurante - temos a ideia do
que se passa lá desde que entramos até que saímos.)

 Sequência de eventos/ações pré-determinada e esteriotipada que define


uma situação bem conhecida (Schank & Abelson, 1977)
 Sequência de ações, temporalmente ordenadas e com direção a um
objetivo.
 Pacotes de organização de memória: A um nível superior os scripts,
falamos em cenas, não são tão específicas mas são mais abrangentes e
flexíveis, o que permite lidar com coisas mais inesperadas. (Ex: Cena de
entrada em vários contextos)
 Pontos de organização temática: Nível mais superior, menos ligado a um
conjunto específico de coisas, que podemos ligar a um tema. (Ex: A
classificação dos filmes por temáticas)

Bower, Black & Turner (1979) os participantes ouvem histórias com 12 ações
típicas, sendo que 4 delas aparecem numa posição temporal não habitual (Ex: O
menu é visto no fim da refeição). Verificam tendência para recordar estes items na
ordem habitual.
Também revela que os sujeitos confundiam eventos que dependiam de scripts
distintos (Ex: Consulta dentista e consulta médido)
♦ Os scripts são pouco fléxiveis não contemplando o imprevisto

Como memorizamos as imagens?


As imagens têm uma estrutura superficial que se refere à representação visual e uma estrutura
profunda que se refere à mensagem dessa representação.

À semelhança da linguagem, as imagens têm um vocabulário (o traço ou as sombras), um conjunto


de regras de combinação e regras convencionais para interpretar o que a imagem representa.
Estudos anteriores (como o de Bransford & Johnson, 1972) mostram que as pessoas conseguem
recordar melhor uma frase quando esta faz as pessoas relembrar uma situação referencial
apropriada, ou seja, um cenário prototípico. Assim, a frase torna-se compreensível e memorizável.

De forma a perceber se o significado da representação aumenta a sua memorização, fez-se uma


experiência em sala de aula onde foi apresentado um conjunto de 16 representações. A turma foi
dividida em 2 grupos, sendo que o primeiro grupo viu as representações sem nenhum significado a
acompanhar e o segundo grupo viu as 16 representações juntamente com uma frase que lhes dava
um significado.

Os resultados demonstraram que o segundo grupo conseguiu memorizar, em média, mais imagens
do que o segundo grupo.

As representações visuais que estão baseados no significado são:


 Estruturas Proposicionais – Codificam informações importantes sobre um evento;
 Esquemas – Representam categorias de eventos ou objetos em termos das suas
características típicas.

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