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1º Semestre, 2019/2020
Para responder a essa mesma pergunta, fez-se a seguinte experiência em grupos de três membros:
Conclusões
A sensação de toque é possível graças aos mecanorecetores.
Percepção
Na perspectiva de que o ser humano é um processador activo da informação, é desde logo incutida a
noção de que a percepção não é um mero registo passivo da informação que chega aos nossos
sentidos, havendo sempre alguma selecção e interpretação dessa informação.
A percepção, então, é um dos meios pelos quais o ser humano consegue adaptar-se ao meio em que
se encontra.
Para que o ser humano consiga estar integrado no meio ambiente em que se encontra dando
respostas adequadas a determinados estímulos (processo adaptativo), existem 4 momentos:
1. Recepção da informação do meio, refere-se ao encontro de vários estímulos que são
recebidos por recetores e que se transformam em fluxo nervoso transmitindo essa mesma
informação ao sistema nervoso central.
1.1. Um factor que determina se o estímulo é recebido pelos sentidos através dos
recetores é a sua intensidade.
2. Percepção, refere-se à interpretação do estímulo nervoso e criação de respostas adequadas.
3. Decisão, entre as opções consideradas na percepção é escolhido a resposta mais adequada
ao estímulo e ao meio onde se encontra
4. Execução do comportamento
Nível dos Receptores Periféricos, se o estímulo possui a intensidade necessário para ser
sentido pelos receptores;
Nível de Vigilância Geral, se o indivíduo se encontra recetivo/em vigilância para a receção
desse estímulo;
Nível de Focalização da Atenção, quanto mais interesse num estímulo, maior será a sua
captação;
Nível de Motivação, que faz variar o limiar sensorial (de forma positiva ou negativa) - Onde a
intensidade de estímulo aumenta ou diminui consoante o nível de motivação que o
indivíduo possui para a captar.
Os gestaltistas afirmam que, ao receber um estímulo visual, nosso cérebro não recebe uma
excitação sensorial isolada, mas vários sinais complexos que agrupam todas as características que
consideramos semelhantes, somando rapidamente todas as partes do item visto.
Isso significa que, à primeira vista, percebemos os objetos em sua totalidade, para só depois nos
focar nos detalhes.
Princípio do Fechamento: Tendência para percecionar formas simples e fechadas. (E.g Dois
círculos, um atrás do outro)
Figura-Fundo: Perante um estímulo com duas ou mias regiões tendemos a ver uma parte como
figura e o resto como fundo sendo uma das formas mais elementares de organização perceptiva.
(E.g Se focar-mos a nossa atenção na figura principal vê-mos uma jarra, contudo se o nosso foco for
o fundo conseguimos distinguir a forma de dois perfis destintos)
Perceção de distância: Há várias pistas para dar a percepção de profundidade sendo usadas por
pintores à séculos. (Isto só é possível em visão monocular)
Constâncias Percetivas: Significa que, independentemente da informação recebida pelos
estímulos em determinados fatores, a perceção desses mesmo elementos é sempre igual.
(E.g Independentemente da posição de uma porta, o indivíduo apreende sempre que ela é
retângular)
Exemplo da influência dos fatores sociais: Moeda vs Rodela de Cartão feita por
Bruner e Goodman
Exemplo da influência dos fatores culturais: Habitantes de Floresta Densa Não Têm
Constância do Tamanho Adequada
Exemplo da influência dos conhecimentos: Ilusão de Poggendorf pode ser desfeita
ou O quarto de Ames
Como é que se desenvolve a percepção?
Uma ideia de percepção encontrada nos bebés, sendo uma percepção precoce, é a
de vazio.
Os estímulos simples originam menos atenção pela parte do bebé do que estímulos
complexos.
Cegueira Antecional
Durante a aula prática seguinte fez-se a seguinte experiência de forma a perceber a influência da
atenção na perceção.
Dividiu-se a turma em 2 grupos de 16 pessoas cada. À vez, cada grupo via um vídeo de um grupo a
fazer passes com uma bola de basquetebol e pedia-se para que cada grupo contasse o número de
passes que determinada equipa fazia.
O primeiro grupo contou os passos da equipa branca e o segundo grupo contou os passos da equipa
preta.
No final do vídeo, perguntava-se se cada membro dos grupos tinham observado o urso. Os
resultados foram os seguintes:
Os resultados observados nestes grupos foram fora da norma, já que se esperava que mais membros
da equipa preta reparassem no urso já que o centro de foco eram pessoas com roupa preta sendo
que o urso também possuía essa cor.
58% dos membros da equipa preta vêm o urso enquanto contam os passos dados pela
equipa;
25% dos membros da equipa branca vêm o urso enquanto contam os passos dados pela
equipa.
Conclusões
A atenção focaliza a perceção no facto da contagem de passos
A perceção depende da atenção e não é fiável
O facto de os observadores não repararem no urso é falha na perceção ou na memória?
o Se fosse erro na memória, o observador ao ser confrontado com o aparecimento do
urso, ia ser inundado por um momento de familiaridade e não de surpresa.
Cegueira por desatenção: Quando a atenção é desviada para outro objeto ou tarefa, os
observadores frequentemente falham na perceção de um objeto inesperado mesmo se ele aparece
no campo de fixação (Mack & Rock, 1998) - E.g. A experiência com o urso
Atenção
Para vários psicológicos, a atenção é o filtro pelo qual há a escolha dos diversos estímulos que
escolhe os estímulos principais e os secundários. Assim, o estudo da atenção permite perceber como
os recursos de processamento são geridos cognitivamente sendo que estes processos são limitados.
Atenção Passiva: Atenção que deriva de estímulos externos, como uma conversa.
Atenção Ativa: Atenção que deriva de estímulos internos, como a motivação do indivíduo.
Teoria do Filtro Inicial: Enunciada por Broadbent (1958) diz que o indivíduo num primeiro instante
se focaliza nas características físicas do estímulo e, só depois, se foca no conteúdo do estímulo
escolhendo a que estímulos focar a sua atenção;
Teoria da Seleção Posterior: Enunciada por Deutsch & Deutsch (1963) diz que o indivíduo processa
todos os estímulos de forma superficial sendo que, apenas depois, é que filtra a sua atenção para um
dos estímulos;
Teoria da Atenuação: Enunciada por Treisman (1964) diz que o indivíduo processa todo o tipo de
estímulos de forma deficiente embora dê atenção a apenas um dos estímulos.
Como é que há o reconhecimento de padrões visuais? (Como é que percebemos que cada
estímulos pertencem a certo grupo? Ex. Como percebemos que óculos são óculos?)
De forma a perceber até onde o cérebro tem a capacidade de ir nos processos cognitivos, ou seja, a
flexibilidade cerebral, há dois processos:
Processos Automáticos Desencadeados sem intervenção da
vontade
Difíceis de parar já que há treino e
conhecimento nesses casos
Efeito facilitador no desempenho já que
utiliza menos processos cognitivos
devido ao conhecimento.
Efeito de Stroop é um exemplo de
processos automáticos
E.g. Ao aprender a ler, uma criança dispensará
de mais tempo e processos cognitivos já que irá
focalizar a sua atenção em todas as letras e
processos que tem de utilizar para ler do que
um adulto com treino e conhecimento na
leitura que lê mesmo quando não pretende.
Processos Controlados Desencadeados voluntariamente
Efeito facilitador para a tarefa eleita já
que não utiliza muitos processos
cognitivos
Efeito inibidor para as outras tarefas
O Homem consegue focar a sua atenção em dois estímulos ou mais ao mesmo tempo? De acordo
com Cf. Eysenk & Keane (2015) é possível contudo os estímulos/tarefas são diferentes (modalidade
percetiva diferente, ou seja, tem de ser, por exemplo, uma tarefa auditiva e outra de tato), fáceis e
bem treinadas (ou seja, serem parte dos processos automáticos)
O Efeito Stroop
John Ridley Stroop (1897-1973) foi um psicólogo que, para estudar a relação entre a atenção seletiva
e a flexibilidade cognitiva realizou a experiência designada como o Efeito de Stroop.
Stroop também tinha como objetivo estudar a forma como os processos automáticos (processos
que não só exigem pouca ou nenhuma cognição central para serem executados como também
parecem ser difíceis de parar de executar) era processados, como é o caso da leitura para um
indivíduo experiente.
Congruente, onde a forma aleatória tinha a mesma cor de tinta do seu nome;
Conflito/Incongruente, onde a forma aleatória tinha uma cor diferente do seu nome;
Codificação e Armazenamento
A informação que vem do meio através de estímulos tende a ser armazenada em armazéns
sensoriais (a memória sensorial visual designa-se icónica e a memória sensorial auditiva designa-se
ecóica).
Contudo, para esta informação ser captada é necessário que haja atenção.
Memory Span: Conceito que define a capacidade limitada da memória a curto prazo. De acordo com
Miller (1956), pode ser medida através de chunk (peça integrada de informação) sendo que o limite
é de 7 chunks ± 2.
Contudo, após os anos 60 onde a memória a curto e longo prazo teve uma ascensão, descobriu-se
que, aquilo que as distinguia eram importantes em ambos os tipos de memória. Além de que, a
repetição passiva não melhora o desempenho na sua recuperação, já que o indivíduo dá atenção a
outra tarefa. (Glenberg, Smith e Green, 1977)
Desta maneira, a grande diferença entre a memória de curto e de longo prazo é o nível de
processamento da informação.
Como podemos processar a informação de forma mais elaborada? Com a experiência realizada por
Bobrow e Bower (1969) onde, a um grupo, foi apresentada um conjunto de frases feitas pelos
experimentadores e a outro grupo as frases foram do tipo sujeito-verbo-objeto foram criadas por
eles, concluiu-se que o objeto de cada frase foi relembrada por 29% dos indivíduos do 1ºgrupo e por
58% dos indivíduos do 2ºgrupo, pode-se concluir que, para processar a informação de forma mais
elaborada é necessário envolver o item a ser recordado com informação adicional.
Como podemos processar textos de forma mais elaborada? De acordo com Anderson, passando
pelos seguintes passos:
Examinar
Questionar
Ler
Refletir
Relatar
Rever
Retenção e Recuperação
De acordo com Binhouse, o esquecimento acontece na sua maior parte na primeira hora após a sua
retenção sendo que, a partir desse momento o esquecimento vai sendo mais lento. Contudo o
esquecimento depende não sendo algo fixo que se possa generalizar.
Mecanismos Capazes de Produzir Esquecimento
Declínio da força do traço - Tempo;
Interferência de outras memórias
O esquecimento é uma área da memória onde também se percebe a importância das emoções. Para
Freud, o esquecimento surge de motivação para tal sendo que essa motivação surge das emoções
do indivíduo.
De acordo com Cohen (1996), a memória no mundo real tem as seguintes características numa
abordagem ecológica:
1. São realçados os aspetos funcionais da memória, como por exemplo, qual a sua função
autobiográfica;
2. É dada grande importância ao contexto;
3. A Aprendizagem é acidental
4. A quantidade não significa qualidade
Cohen também refere diferentes métodos para investigar esta memória sendo alguns métodos os
auto relatórios, a introspeção, os protocolos verbais, os inquéritos e questionários e as experiências
naturalisticas.
A memória no mundo real tem diversas áreas de investigações, sendo algumas as seguintes:
Memórias Autobiográficas
Tulving (1972) faz a distinção entre memórias sobre conhecimentos gerias e memórias sobre
experiências pessoais:
Embora a memória episódica e a memória semântica sejam diferentes no seu conteúdo, não
utilizam processos diferentes. Isto acontece devido à grande interdependência das duas já que o
indivíduo se pode lembrar do momento em que aprendeu a ler (memória episódico), contudo o que
domina é o conhecimento (memória semântica)
De acordo com Cohen (1996), a característica que define a memória autobiográfica é a sua relação
com o self, já que “os eventos recordados têm um significado pessoal e são os tijolos a partir dos
quais o self é construído”.
Contudo, devido ao carácter ativo dos processos, as memórias autobiográficas não são uma réplica
exata da experiência que vivemos sendo que o evento original é recriado com novas informações,
com o que o indivíduo sentiu naquele momento, etc.
A memória para acontecimentos remete para a capacidade do indivíduo de descrever da forma mais
detalhada e verdadeira um acontecimento assistido. É uma memória importante para as
testemunhas oculares de crimes.
As Memórias Flashbulb são um caso específico das memórias das testemunhas oculares, sendo que
consiste na recordação intensa e detalhada, de modo não habitual, que os indivíduos têm sobre a
ocasião em que pela primeira vez ouviram sobre algo muito dramático, surpreendente, importante e
com caráter emocional.
Os que tinham sido induzidos numa maior velocidade após a visualização do vídeo,
responderam que tinham observado vidros no chão - Criação de falsas memórias por indução.
Fizeram-se várias experiências onde foi demonstrado que em paciente com amnésia que têm uma
deficiência grave de novas informações na memória episódica e que consideram que a memória
semântica está intacta, isto ocorre porque este estudos estão relacionados com a memória episódica
testada com informações depois da amnésia e a memória semântica com estudos anteriores à
amnésia.
O que Heisenkel e Kienne vêm dizer é isso mesmo, que o problema está entre o antes e o depois da
amnésia e não entre a memória episódica e a memória semântica.
Efeito de Recência - Os estímulos que foram apresentados no fim da lista são melhor
recordados (Ex: Ação da memória a curto prazo)
Efeito de Primazia – Os estímulos apresentados no início da lista são melhor recordados
também (Ex: Entraram na memória a longo-prazo)
Representações Mentais
Representação: Refere-se a qualquer notação, sinal ou conjunto de símbolos que “representam”
algo para nós durante a sua ausência (aspecto do mundo externo ou objeto de nossa imaginação).
Os tipos de representações externas podem ser, por exemplo, mapas, menus, quadros ou
linguagem escrita, entre outros. São notações escritas ou gráficas (figuras e diagramas).
A Teoria do Código Duplo (Paivio, 1971 e 1986) defende que as palavras com 2 códigos potenciais
(imagem e palavra) são melhor recordadas e que as figuras são melhores recordadas do que as
palavras que representam essas figuras num efeito designado de Efeito de Superioridade da Figura.
A experiência de Santa (1977) através da apresentação de dois quadros com certas figuras e
palavras e a responde positiva ou negativa dos participantes ao verem outros quadros e dizerem se
têm os mesmos elementos iniciais concluíram que, em ambas as situações, as respostas estão
corretas contudo o tempo de resposta no caso das figuras foi menor do que no caso das palavras.
Pela experiência de Kosslyn (1976) sobre as representações proposicionais e analógicas, concluiu
que para cada conceito existe uma característica muito associada e outra característica pouco
associada. Desta forma, pediram a um grupo para imaginarem o gato e a outro grupo que apenas
pensassem no conceito. Perante a apresentação de duas frases: “O gato tem garras” e “O gato tem
cabeça” concluiu-se que a característica mais associada foi mais rápida no grupo com o conceito e a
característica menos associada foi mais rápida no grupo com a imagem.
Com a experiência de Mayer (1973) de comparação de tamanhos, pediu-se aos participantes que
respondessem a perguntas do gênero “O que é maior, um alce ou uma barata?” ou “O que é maior,
um lobo ou um leão?” e concluiu-se que, para que pudessem responder a estas perguntas, os
participantes tiverem de representar uma imagem mental desses animais sendo que, em animais
com tamanhos semelhantes, os participantes demoravam mais tempo.
O tempo de julgamento (reação) diminui consoante há o aumento da diferença no tamanho
estimado.
Imagem Visual: Representa a aparência de uma coisa de um certo ponto de vista sendo uma
representação egocêntrica.
As imagens mentais podem ter diversas interpretações e significados dependendo do ponto
de vista do indivíduo.
Modelo Mental: É uma estrutura abstrata independente do ponto de vista sendo algo icónico (Ex: As
suas partes e relações entre elas corresponde às do estado de coisas que representa) e análogo -
contém os elementos e a relação entre eles.
Cognitivamente somos preguiçosos já que nos basta uma representação de um mesmo
modelo.
Taxonomia dos conhecimentos: Uma classificação, que destingue vários tipos de conhecimento.
Bruno Bara (Cognitive Science) faz um esquema rudimentar com o objetivo de destacar o
papel central pelos conhecimentos.
Voltando ao Anderson, o que ele destaca é que as representações do significado são representações
que retêm o significado das coisas, mas não vão ao detalhe. Estes conhecimentos todos estão na
memória de longo prazo. Sabemos que, temos em princípio melhor memória visual do que verbal
(Ex: Contar uma história: Podemos não nos lembrar da história palavra por palavra, mas sim o
significado sendo que, se nos mostrarem uma imagem podemos memorizar vários detalhes dessa
imagem, em média sendo superior)
Apesar de termos uma melhor memória para figuras, não significa que não haja significado.
De acordo com a experiência realizada por Mandler & Ritchey (1977), onde há a
observação das três imagens pelos participantes onde o objetivo é de observar a imagem b)
e c) dizendo qual delas é a mais idêntica à imagem a), concluiu-se que a imagem c) é a mais
rejeitada. Isto acontece porque ao observarmos uma imagem tiramos o seu significado (Ex:
Aula de Geografia nas imagens a) e b)) mudando assim o seu significado essencial na imagem
c). (94% rejeita a imagem c) enquanto 60% rejeita a b)).
De acordo com Rosh et. Al (1976), muitos conceitos estão organizados em 3 tipos
de níveis:
1. Superordenadas (Mobiliário)
2. Nível Básico (Cadeira), são as mais utéis e utilizadas na investigação.
3. Subordinadas (Cadeira de baloiço), relacionadas com o expertise.
Bower, Black & Turner (1979) os participantes ouvem histórias com 12 ações
típicas, sendo que 4 delas aparecem numa posição temporal não habitual (Ex: O
menu é visto no fim da refeição). Verificam tendência para recordar estes items na
ordem habitual.
Também revela que os sujeitos confundiam eventos que dependiam de scripts
distintos (Ex: Consulta dentista e consulta médido)
♦ Os scripts são pouco fléxiveis não contemplando o imprevisto
Os resultados demonstraram que o segundo grupo conseguiu memorizar, em média, mais imagens
do que o segundo grupo.