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A mente

Caracterizar a mente como um conjunto intregrado de processos cognitivos,emocionais e conativos

Durante muito tempo associou-se o conceito de mente á dimensão cognitiva do ser humano. Falar
em mente humana era o mesmo que falar em raciocínio, dedução, abstração, juízos e conceitos.

Passado algum tempo, compreendeu-se que o funcionamento mental não se reduz á dimensão
cognitiva, á produção racional, abstrata dos conhecimentos. Compreendeu-se que a mente humana
implicava também a emoção, os sentimentos, a afetividade e a ação.

Mente passa então a ser encarada como um sistema que integra os processos cognitivos e também
os processos emocionais e conativos. É uma manifestação total de processos dinâmicos que
interagem constantemente de forma complexa: os processos mentais implicam-se mutuamente de
forma integrada.

Funcionamento dos 3 processos mentais:

- Processos cognitivos: estão relacionados com o saber, com o conhecimento, reportam-se á criação,
transformação e utilização da informação do meio interno e exterior. Associam-se á questão “O
quê?”. No âmbito dos processos cognitivos, estudaremos a perceção, a memória e a aprendizagem.

20-O caracter especifico dos processos cognitivos

Definir cognição

Cognição consiste no conhecimento humano e animal sob diferentes formas: perceção,


aprendizagem, memória,consciência, atenção e inteligência.

Segundo Marc Richelle, cognição é o conjunto de mecanismos pelos quais um organismo adquire
informação, a trata, a conserva, a explora; designa também o produto mental destes mecanismos,
quer seja encarado de um modo generalizado quer a propósito de um caso particular.

Reconhcer a perceção,a memoria e a aprendizagem como processos cognitivos

Os processos cognitivos são complexos,porque implicam um conjunto de estruturas que


recebem,filtram,organizam,modelam,retêm os dados provenientes do meio.

De entre os processos cognitivos,vamos abordar 3:

A perceção;

A aprendizagem;

A memoria

Definir perceção

A perceção é um processo cognitivo através do qual contactamos com o mundo, que se caracteriza
por exigir a presença da realidade a conhecer. Pela perceção, organizamos e interpretamos as
informações sensoriais. Por isso, a perceção começa nos órgãos recetores (sensoriais) que são
sensíveis a estímulos específicos.

A perceção é uma atividade cognitiva que não se limita ao registo da informação sensorial, implica
a atribuição de sentido, que remete para a nossa experiência. As perceções resultam de um trabalho
árduo de análise e síntese por parte do cérebro, destacando o seu caráter ativo e influenciado pelos
conhecimentos, experiências, expectativas e interesses do sujeito, é uma construção mental e uma
interpretação da realidade.

Explicar o processo percetivo


O nosso processo percetivo é construído por sistemas sensoriais: visão, olfato, audição, tato, paladar
e ainda pelo sentido do equilíbrio e o sentido dos movimentos corporais. Estes sistemas sensoriais
são sensíveis a determinados tipos de estímulos.

Embora a receção sensorial seja diferente para os diferentes órgãos dos sentidos, no processo
percetivo existe 3 elementos:

1- Estimulo físico;

2- A sua tradução em impulsos nervosos;

3- A resposta á mensagem como perceção

Reconhecer a perceção como uma construção mental

As perceções não são cópias do mundo á nossa volta. A perceção não reproduz o mundo como um
espelho, o cérebro não regista o mundo exterior como um fotógrafo tridimensional: constrói uma
representação mental ou imagem da realidade.

Na perceção visual, que é a grande fonte de informação sobre o mundo, há todo um processo
biológico complexo em que o estímulo visual é transformado, não se projetando no nosso cérebro
como um slide num ecrã. Os estímulos luminosos, que sensibilizam a nossa retina, são codificados
em impulsos nervosos, que são transmitidos pelos nervos óticos às áreas visuais do córtex, que os
processam como uma representação.´

É no nosso cérebro que se vão estruturar e organizar as representações do mundo, é no cérebro que
se dá sentido ao que vemos e ouvimos. Por isso se diz que é no cérebro que se ouve, se vê, se sente o
frio, o calor, os cheiros, os sabores. A informação proveniente dos órgãos sensoriais é tratada pelo
cérebro. É nesta estrutura do sistema nervoso que ganha sentido e significado.

Concluir que a perceção é uma intrepretação da realidade/Enunciar algumas manisfestações da constancia


percetiva e o seu valor adaptativo

A visão que temos do mundo não é uma reprodução da realidade mas uma interpretação –
constância percetiva.

1- Constância de tamanho: percecionamos o tamanho de um objeto ou de uma pessoa


independentemente da distância a que se encontra. Ora, o mesmo objeto, apresentado a diferentes
distancias, forma na retina imagens com diferentes tamanhos: quanto mais longe está, mais
pequeno aparece. É no cérebro que interpretamos os dados que recebemos.

2- Constância da forma: um objeto nunca forma a mesma imagem retiniana: a luz é diferente, a
incidência e o angulo do olhar diferentes também, a distância muda constantemente. O
reconhecimento envolve sistemas elaborados em que intervêm a experiencia anterior do sujeito, as
memorias armazenadas, as aprendizagens do sujeito. Por exemplo, nós percecionamos a porta
como retangular, mas quando a abrimos ela perde essa forma.

3- Constância do brilho e da cor: mantemos constantes o brilho e a cor dos objetos, mesmo quando
as circunstâncias físicas nos dão outra informação. Percecionamos uma casa branca em plena luz
do sol e mantemos constante a cor, á noite, percecionamos o sangue sempre vermelho, a neve
sempre branca, independentemente da quantidade de luz

Enumerar fatores que contribuem para o caracter subjetivo da perceção

A nossa perceção do mundo é subjetiva, na medida em que percebemos o meio que nos rodeia em
função dos nossos conhecimentos adquiridos, necessidades, interesses, valores, expectativas e
experiências passadas. É importante perceber que não percecionamos de uma forma neutra e
objetiva, mas antes individual, parcial e subjetiva. E é devido a esta última característica que a
perceção nos permite antecipar acontecimentos e prever comportamentos, o que nos permite
prepararmo-nos para eles.
Por outro lado, a motivação e os estados emocionais de cada um têm grande influência na perceção
que o indivíduo tem da realidade numa dada situação, por exemplo, o nervosismo e o medo
implicam, regularmente, uma distorção e ampliação de factos que nos é incontrolável.

Também o interesse que os acontecimentos e assuntos nos despertam é importante para a perceção
já que os estímulos percetivos são selecionados pela nossa atenção e, por isso, tendemos a adquirir
mais conhecimentos nas áreas que mais nos fascinam.

Por fim, a subjetividade nota-se nas expectativas. Estas afetam as nossas perceções levando-nos,
frequentemente, à ilusão e consequente desilusão.

Mostrar que a cultura influencia o modo como o mundo é percecionado

A forma como percecionamos o mundo varia com a cultura, com o contexto cultural.
Reconhecemos que o modo como um chines, um europeu, um americano ou um indiano
representam o mundo, é diferente.

A perceção de profundidade é também afetada pela cultura. A diferença de tamanhos entre objetos
é interpretada como estando a distâncias diferentes: por exemplo um lápis estando mais longe,
parece mais pequeno.

Definir memoria

A memória pode ser entendida como o registo de todas as experiências existentes na consciência,
bem como a qualidade, extensão e precisão dessas lembranças. A memória é a capacidade do
cérebro em armazenar, reter e recordar a informação.

A memória está na base de todas as funções psíquicas: da perceção, da aprendizagem, da


imaginação, do raciocínio, etc.

Não podemos conceber a vida humana sem memória. É a partir das informações que o indivíduo
possui que se adapta ao meio e atribui significado às experiências vividas. Sem ela, seria impossível
a transmissão e desenvolvimento cultural. O homem seria um ser puramente biológico.

É a memória que nos dá o sentimento de identidade pessoal: as experiências vividas, acumuladas e


que nos reconhecemos como nossas constituem o nosso património pessoal que nos distingue dos
outros e nos torna únicos. Sem memória não existe identidade.

A memória humana é limitada na sua capacidade de armazenamento e afetada pelos sentimentos,


emoções, experiências, imaginação e, ainda, pelo tempo.

Descrever os processos da memoria

Cabe ao cérebro selecionar o que é relevante para assegurar a própria sobrevivência do individuo e
da espécie. Se registássemos e recordássemos todos os estímolos, seriamos incapazes de responder
adequadamente ao que efetivamente é importante.

O que o cérebro determina como importante, ou não, ocorre no processo percetivo propriamente
dito e no processamento da informação:

1. Codificar a informação sonsorial;

2. Armazenar a informação;

3. Recuperar e utilizar a informação no processo de interpretação e ação sobre o meio.

Existem dois tipos de recordações, aquelas que nos vêm automáticamente á memória (Quantos
anos tens?) e aquelas que requerem algum esforço (Quais os processos de mundialização?). É nos
casos de maior esforço que nós iremos tentar associar a pergunta a alguma coisa para que a
recordação seja mais facil e a isto chamamos de reconhecimento e de seguida após associarmos as
coisas iremos tentar lembrarmo-nos exactamento aquilo que estas significam, o que é a evocação.

Distinguir memoria de curto prazo de longo prazo


Memória a curto prazo: memória que retém a informação durante um periodo limitado de tempo,
podendo ser esquecida ou passar para a memória a longo prazo. Na memória a curto prazo,
distinguem-se duas componentes, a memória imediata e a memória de trabalho.

A memória a longo prazo é um tipo de memória que é alimentada pelos materiais da memória a
longo prazo que são codificados em simbolos. A memória a longo prazo retém os materiais durante
horas, meses ou toda a vida.

Na memória a longo prazo há diferentes modalidades de armazenamento da informação para


diferentes registos: visual, auditivo, táctil e ainda da linguagem do movimento, e visto que as
memórias com origens diferentes são armazenadas em áreas diferentes do cérebro, a perda de uma
área não tem repercursões nas outras. Distinguem-se, geralmente, dois tipos de memória a longo
prazo que dependem de estruturas cerebrais diferentes: a memória não declarativa e a memória
declarativa.

Caracterizar memoria imediata de memoria de trabalho

Na memória imediata o material fica retido durante uma fração de tempo – cerca de 30 segundos.
Na memória de trabalho o tempo pode-se alongar se repetirmos mentalmente a informação. Neste
tipo de memória intregam-se outros registos em que a informação se pode manter durantes horas
(por exemplo, teres que trazer um teste assinado no dia seguinte). Qualquer informação que tenha
estado na memória a curto prazo e que se tenha perdido estará perdida para sempre, só se
mantendo se transitar para a memória a longo prazo.

Caracterizar memoria não declarativa e memoria declarativa

Memória não declarativa: memória automática, que mantém as informações subjacentes á questão
“Como?” (como andar de bicicleta? Como lavas os dentes? Como apertar as sapatilhas? Como
conduzir um carro?)

Quando desenvolvemos estes comportamentos, não temos consciencia de que são capacidades que
dependem da memória. O exercicio, o hábito, a repetição do conjunto das práticas tornam essa
atividade automática. Muitos dos nossos comportamentos são essenciais á vida do dia a dia,
dispensando a nossa atenção. Para executarmos estas atividades não é requerida a localização no
tempo, nem reconhecimento, a não ser que nos perguntem por exemplo para explicarmos por
palavras como se atam as sapatilhas. A maior parte destes comportamentos envolvem a atividade
motora. A memória não declarativa é também designada por memória implicita ou se registo.

1) Memória declarativa: implica a consciencia do passado, do tempo, reportando-se a


acontecimentos, factos, pessoas. (Também designada de memória explicita ou com registo).
Distinguem-se, neste tipo de memória, dois subsistemas:

a. Memória episódica que envolve as recordações. Daí aparecer associada ao termo


“autobiografia”, porque se reporta a lembranças da tua vida pessoal. É então uma memória pessoal
que manifesta uma relação intima entre quem recorda o que se recorda.

b. Memória semantica refere-se ao conhecimento geral sobre o mundo. Neste tipo de memória não
há localização no tempo, não estando ligada a nenhum conhecimento ou ação especificos, nem
referenciado e nenhum facto especifico do passado.

Reconhecer que a memoria é um processo ativo que reconstroi os dados que recebe

A memória é um processo ativo e dinâmico na medida em que não reproduz fielmente aquilo que
armazenou. A memória reconstrói os dados, o que implica que dê mais relevo a uns, distorça outros
ou mesmo os omita. Por outro lado, quando os acontecimentos são muito emotivos, a memória deixa
escapar pormenores que depois são substituídos/reconstruídos pelo cérebro. Quem conta um conto,
acrescenta um ponto e, assim, quanto mais se reproduz o que aconteceu, mais elaborada e complexa
vai ficando a história, chegando a um ponto em que muitos factos não passam de imaginação.
No entanto, as representações que temos são sempre tão claras como se fossem plenas reproduções
da realidade, o que faz com que este processo ativo e dinâmico nos passe completamente
despercebido. Por este motivo, o mesmo acontecimento pode ser descrito de formas bastante
diferentes por diferentes pessoas. Não mentem, apenas têm diferentes interpretações resultantes de
diferentes sentimentos, emoções e atenção.

Mostrar que o esquecimento é um processo inerente á memoria

A memória é seletiva e limitada na sua capacidade de armazenamento. Por isso, o esquecimento é


condição essencial ao normal funcionamento da memória.

Podemos definir esquecimento como a incapacidade de recordar, de recuperar dados, informações,


experiências que foram memorizadas no passado. O esquecimento pode ser provisório ou definitivo.
Apesar de estar carregado de uma imagem negativa, o esquecimento é essencial. Só continuamos,
ao longo de toda a vida, a memorizar informação porque conseguimos esquecer outra. O
esquecimento tem uma função seletiva e adaptativa, já que despreza a informação inútil e
desnecessária e os conteúdos conflituosos, impedindo um excesso de informação acumulado no
cérebro que bloquearia a captação de novos assuntos.

O esquecimento está, normalmente, mais relacionado com a memória a longo prazo uma vez que,
na memória a curto prazo, o tempo de retenção da informação é demasiado curto: esta ou passa
para a memória a longo prazo ou é apagada.

Distinguir diferentes tipos de esquecimento

O esquecimento regressivo acontece quando há dificuldades em apreender novas informações e


relembrar conhecimentos, factos, nomes e números recentes. É frequente ocorrer,
maioritariamente, em pessoas mais idosas devido à degenerescência dos tecidos cerebrais. Apesar
disso, o envelhecimento pode ser retardado com uma vida ativa, empenhada e equilibrada.

O esquecimento motivado aparece na sequência da teoria do psiquismo humano de Freud. Assim,


esquecemos o que, inconscientemente, nos convém esquecer. De forma a assegurar o equilíbrio
psicológico, o cérebro tende a esquecer todos os conteúdos que possam ser traumatizantes,
dolorosos angustiantes, fenómeno a que chamamos recalcamento. Através deste mecanismo de
defesa, os conteúdos do inconsciente são impedidos de atingir a consciência, diminuindo a
incidência de momentos tensos provocados por conflitos internos.

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