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Professora Msc.

Mônica Cristina Combat Barbosa

Mestre em Educação Tecnológica pelo CEFET/MG


(Interface entre a Psicologia, a Educação e a Tecnologia)
Pós-graduada em Psicologia Clínica: Gestalt-terapia e
Análise Existencial – UFMG
Especialista em Gestão Estratégica em Recursos Humanos
Licenciatura plena em Psicologia (formação pedagógica)
Professora de Pós-graduação
Professora Universitária e Supervisora de Estágios
Supervisora de Psicologia Clínica para profissionais
formados
Psicóloga Clínica (Fenomenológico-existencial –
psicoterapia e psicoterapia breve) e do Trabalho

BH – MG

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3. SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO
3.1 SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO: DEFINIÇÃO E ASPECTOS
HISTÓRICOS 3.2 OS TIPOS DE PERCEPÇÃO

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A percepção humana

Segundo o dicionário de filosofia a percepção é: “(Perceptio; in.


Perceptio; fr. Perception; al. Wahrnehmung; it. Percezione).
Podemos distinguir três significados principais deste termo: 1º um
significado generalíssimo, segundo o qual este termo designa
qualquer atividade cognoscitiva em geral; 2º um significado mais
restrito, segundo o qual designa o ato ou a função cognoscitiva à
qual se apresenta um objeto real;

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3º um significado específico ou técnico, segundo o qual
esse termo designa uma operação determinada do
homem em suas relações com o ambiente. No primeiro
significado a percepção não se distingue do
pensamento.

No segundo, é o conhecimento empírico, imediato,


certo e exaustivo do objeto real. No terceiro significado
é a interpretação dos estímulos. Só no âmbito deste
último significado, podemos entender o que a
psicologia hoje discute como “problema da
percepção”. (ABBAGNANO, 1982:753)

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Percepção = forma do homem de conhecer o mundo através
de sua capacidade cognitiva de elaboração das informações
advindas e apreendidas pelos órgãos sensitivos (olfato,
paladar, tato, visão e audição); em correlação aos
conhecimentos prévios armazenados pela memória
(capacidade de retenção e registro das informações externas
e/ou internas do homem e suas vivências de diversas ordens –
física, cognitiva, emocional, racional e social).

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A percepção foi o processo estudado por Wilhelm Wundt em seu
laboratório de Psicologia Experimental em Leipzig (1879), que veio a ser
o marco que fez com que a Psicologia fosse reconhecida como ciência.
Wundt passa a ser conhecido como o pai da Psicologia moderna ou
científica, devido a sua extensa produção teórica na área. Desenvolveu a
concepção do paralelismo psicofísico, segundo a qual os fenômenos
mentais correspondem a fenômenos orgânicos.

Além disso, o estudo da sensação e percepção é um dos ramos mais


antigos de nossa ciência, visto que já era contemplado por Platão há mais
de 2.400 anos. Ele já sabia que o homem constrói seus mundos interno e
externo a partir da percepção dos objetos.

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De uma forma simples pode-se entender a percepção como
sendo a cognição da sensação, que por sua vez também pode
se apontada como sendo “o ponto em que a cognição e
realidade encontram-se e talvez a atividade cognitiva mais
básica da qual surgem todas as outra”. (DAVIDOFF, 2001:
141)

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FATORES QUE INFLUENCIAM A PERCEPÇÃO

• Fatores Externos:

Intensidade – sirene das ambulâncias;


Contraste – sinais de trânsito;
Movimento – brinquedo para crianças;
Incongruência – Vestimenta na praia;

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• Fatores Internos:

Motivação e interesse;
Experiência;
Estado emocional;
Diferenças Individuais;
Preconceito.

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TIPOS DE PERCEPÇÃO

• Percepção Visual:

Percepção de formas;
Percepção de cores;
Percepção de intensidade.

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• Percepção Auditiva:

Percepção de timbres;
Percepção de intensidade sonora;
Percepção rítmica;
Percepção de localização auditiva.
• Percepção Olfativa
• Percepção Gustativa

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• Percepção Tátil: • Percepção Espacial

Discriminação tátil; • Propiopercepção


Percepção de
calor/frio;
Percepção de dor. •
Percepção Temporal:

Percepção de duração;
Percepção de produção de ritmos
Percepção ordem temporal.

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A PRECISÃO DA PERCEPÇÃO – FATORES QUE
INCLUENCIAM

• Autoconhecimento;

• Flexibilidade;

• Equilíbrio ou ajustamento interno;

• Julgamento baseado em fatos.

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SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO – A RELAÇÃO
EXISTENTE ENTRE AS FUNÇÕES
• A sensação consiste numa espécie de apresentação isolada
das qualidades dos objetivos constituindo a base da
percepção;

• A percepção não pode ser isolada da sensação;

• É a via de contato com o meio fornecendo elementos


imediatos e sensíveis que vão ser objetos de um processo de
interpretação e organização.

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PERCEBENDO A PERCEPÇÃO

• Através da percepção um indivíduo organiza e interpreta as


suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu
meio.

• Consiste na recepção, seleção, aquisição, transformação e


organização das informações fornecidas através dos nossos
sentidos (BARBER, LEGGE, 1976, p.11).

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• EXEMPLO: Gêmeos univitelinos que tem a mesma
arquitetura biológica e genética terão suas próprias
percepções;

• Talvez aquilo que um deles percebe como uma cor ou cheiro,


não seja exatamente igual à cor e cheiro que o outro percebe.

• A percepção é a apreensão de uma situação objetiva baseada


em sensações, acompanhada de representações e
frequentemente de juízos

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• A percepção não é uma fotografia dos objetos do mundo
determinada exclusivamente, pelas qualidades objetivas do
estímulo.

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Acrescenta-se aos estímulos os seguintes elementos:

• da memória;
• do raciocínio;
• do juízo crítico;
• e do afeto.

• Portanto, é acoplado às qualidades objetivas dos sentidos


outros elementos subjetivos e próprios de cada indivíduo.

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***A percepção depende tanto do meio ambiente como
da pessoa que o percebe.

• Contribuições do meio ambiente

• Contribuições do sujeito da percepção

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Contribuições do Meio Ambiente

• O mundo que rodeia o ser humano fornece as


propriedades válidas que são recuperadas a partir das
informações sensoriais.

• Sem perceber, parece que “estudam-se” os padrões


que vão mudando à medida que o homem
movimenta-se (formas, texturas, cores, iluminação,
etc.)
 Ex: observação de um retângulo (qualquer ângulo),
será visto 4 cantos – identificador confiável

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Contribuições do Sujeito da Percepção

• Durante a percepção o conhecimento sobre o mundo


combina-se com:

• Habilidades Construtivas

• Fisiologia

• Experiências do sujeito

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Durante o processo da percepção e sua definição encontram-se
alguns aspectos importantes como:

Habilidades construtivas: a percepção entendida como uma


função complexa confere ao homem a capacidade para antecipar o
que vai acontecer ao articular informações e se elaborar uma
hipótese bastante próxima do real nem grande esforço para reter os
dados recebidos (capacidade de detecção – recepção advinda da
atenção) e também registrar os novos temas/conteúdos. Este
processo engloba teste das hipóteses, antecipação, capacidade de
retenção/armazenamento e integração em um todo coeso, ainda que
seja uma parte de um todo maior. A estimulação do ambiente aciona
a atenção humana e daí se inicia o ciclo perceptivo.

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• Ex: olho para a barriga de um cachorrinho, que está se
movimentando ritmadamente para dentro e para fora, o
que sugere que está dormindo.
• Depois ao ver seus olhos e o corpo imóvel é possível
confirmar a hipótese de que ele está realmente
dormindo.

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• Através da percepção o homem está continuamente
antecipando o que ocorrerá depois.

• As informações de cada ato perceptivo precisam ser


armazenadas momentaneamente na memória (do contrário
serão perdidas).

• Pouco a pouco combinam-se os dados das sucessivas


explorações que constroem o objeto percebido.

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A fisiologia do processo perceptivo está no nosso aparato
fisiológico da sensação, dos órgãos sensitivos e funcionais, cuja
diferença se encontra notadamente nas diferentes especificidades
face aos mecanismos de diferentes animais, que também terão
processos perceptivos diferentes.

Esta fisiologia tem sua definição humana contudo difere


sutilmente entre as pessoas e também entre fatores como idade,
ou gravidez, acidentes, doenças e outras causas.

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• Exemplo: não se pode ouvir o som alto registrado pelos
morcegos, nem sentir o cheiro de suor que é exalado
pelos sapatos, embora os cães os sintam; bem como as
forças magnéticas sentidas pelos golfinhos. Isso confere
às diferentes sensibilidades entre os seres.

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E a experiência singular de cada ser humano mostra a criação
de expectativas e motivos subjetivos específicos que alterará a
percepção ainda que cognitiva e também devido ao fato de que
um conhecimento prévio já é uma hipótese de testagem rápida
que a pessoa fará uso na hora do processo de conhecimento do
mundo que a cerca, além da gama de informações a mais que a
pessoa terá no momento em que se processa tal percepção.

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• A percepção depende também do ponto de fixação da
pessoa

• Dados interpretados através de experiências passadas –


seus dados biográficos.

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DETERMINAÇÃO DA PERCEPÇÃO

• MECANISMOS DO PERCEBEDOR;

• CARACTERÍSTICAS DO ESTÍMULO;

• ESTADO PSICOLÓGICO DE QUEM PERCEBE.

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MECANISMOS DO PERCEBEDOR

• ÓRGÃOS RECEPTORES;

• NERVOS CONDUTORES;

• CÉREBRO.

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CARACTERÍSTICAS DO ESTÍMULO

• São condições externas ao percebedor;

• Determinantes objetivos da percepção;

• Alguns estímulos chamam mais a nossa atenção que


outros;

• Outros nem são percebidos.

• Ex: ruídos de 20 decibéis

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Algumas características dos estímulos

• Intensidade – tende-se a selecionar estímulos de maior


intensidade.
• Ex: clarão forte, cheiro penetrante, som agudo.

• Tamanho – atentar-se mais para os anúncios maiores;

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• Forma - estímulos de forma definida e contornos são mais
percebidos;

• Cor - objetos coloridos atraem mais a atenção;

• Mobilidade – anúncios móveis são mais percebidos que os


estacionários.

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A repetição do estímulo

• A repetição ou a frequência do estímulo é um outro fator


de atenção.

• A repetição continuada resulta numa receptividade menor


ao mesmo estímulo.

• Ex: deixa se de ouvir o ruído de um relógio.

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• A repetição chama a nossa atenção quando o estímulo se
repete apenas algumas vezes.

• Ex: um anúncio que aparece duas vezes em uma revista ou


em um programa de TV.

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ESTADO PSICOLÓGICO DE QUEM PERCEBE
• É um fator determinante da percepção, seus motivos,
emoções e expectativas fazem com que perceba certos
estímulos do meio.

• Ex: procurar uma bola vermelha em uma loja.

• Os estímulos que despertam ansiedade, desagrado ou


frustração tem até certo grau de intensidade uma menor
probabilidade de serem percebidos.

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As imagens e o mecanismo perceptivo

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Abordagens teóricas da Percepção

Teorias Ascendentes (bottom-up):

Teoria da gestalt; teorias de padrão; teorias de protótipos; teorias


das características; teoria da descrição estrutural.

Essas teorias focalizam as características do estímulo físico


que percebemos, e então desenvolvem as noções de como
organizamos cognitivamente aquilo que percebemos.

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Abordagens teóricas da Percepção

Teorias Descendentes (top-down):

Perspectiva construtivista – ao perceber a pessoa constrói uma


representação cognitiva do estímulo, usando informações
sensoriais como base para a estrutura, além de usar outras fontes
de informação para construir a percepção. Esse ponto de vista
também é conhecido como percepção inteligente porque diz que
o pensamento de ordem superior cumpre papel importante na
percepção. Além disso, dá ênfase ao papel do aprendizado na
percepção. Nesse sentido, explica-se o efeito do contexto.

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A Abordagem Gestáltica – estudos importantes sobre
percepção

• Leis que governam a percepção, segundo os psicólogos


gestálticos:

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• Constância: percebemos os
objetos como tendo
propriedades constantes.

• Ex: Um homem não encolhe


enquanto se afasta, mas sua
imagem fica menor na retina.

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Organização perceptiva

Percepção da forma:

Figura e fundo – Ao perceber algo, um objeto, tem-se a figura e os


seus arredores, o fundo, ou parte desse. A relação que existe entre
figura e fundo está quando a figura está perante um fundo. Desse
modo, a percepção pode ser observada de vários modos,
provocados pelos diferentes estímulos do meio.

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• O contorno é simplesmente uma transição entre os dois
tipos de estímulo.

• Nem sempre se vê imediatamente as figuras emergirem


do fundo.

• Por ex, quando se olha para paisagens distantes ou


animais camuflados.

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• Agrupamento: separar agrupamentos de elementos
e tratá-los como uma unidade.

• Tendemos a perceber os estímulos agrupados,


segundo algum critério.

• Proximidade

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Similaridade: elementos visuais com cores, formas
ou texturas similares são vistos como agrupados.

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• Proximidade: elementos visuais próximos uns dos
outros são vistos como um todo.

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• Simetria: elementos visuais que compõem formas
regulares, simples e bem equilibradas são vistos como
um todo.

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• Continuidade: elementos visuais que permitem que
linhas, curvas ou movimentos continuem em uma
direção já estabelecida tendem a ser agrupados.

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• Fechamento: objetos incompletos são normalmente
preenchidos e vistos como completos.

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As cores – percebendo-as...

Três propriedades das cores:

1. Tonalidade: corresponde ao termo cor. São características


das cores cromáticas. Cores acromáticas: variações de
cinza, incluindo preto e branco.

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2. Brilho: para ver cores como rosa choque e variações
de cinza. Está relacionada com a intensidade.

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3. Saturação: pureza de uma tonalidade (o quanto uma
tonalidade parece desbotada ou pálida como resultado
de uma mistura com luz branca).

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1. Tamanho familiar

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2. Perspectiva linear

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3. Luz e sombra

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4. Gradiente de textura

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5. Perspectiva aérea

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6. Interposição

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Os indicadores pictóricos são aprendidos.
Comparamos as imagens na retina com memórias de
experiências passadas enquanto contrastamos
dimensões como tamanho, forma, nitidez e inteireza.

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Há que se considerar ainda esses atributos perceptivos:

• PERCEPÇÃO DE PROFUNDIDADE;
• PERCEPÇÃO DE MOVIMENTO;
• CONSTÂNCIA PERCEPTIVA;
• CONSTÂNCIA DE FORMA E DE TAMANHO;
• CONSTÂNCIA DE CLARIDADE;
• INTERPRETAÇÃO PERCEPTIVA;
• ADAPTAÇÃO PERCEPTIVA;
• CONJUNTO PERCEPTIVO;
• PERCEPÇÃO E O FATOR HUMANO.
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Referências Bibliográficas
BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA,
Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao
estudo de psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
BRAGHIROLLI, E.M. Psicologia geral. Porto Alegre: Vozes,
1990.
FELDMAN, R. S. Introdução à Psicologia. 10 ed. Porto
Alegre: AMGH, 2015, cap. 3 - Sensação e Percepção.
GLEITMAN, H. REISBERG, H. GROSS, J. Psicologia. 7ed.
Porto Alegre: Artmed, 2009. Cap. 4.

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GAZZANIGA, M. HEATHERTON, T.; HALPERN, D. Ciência
psicológica. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. Capítulo 1
– A ciência da Psicologia.
MYERS, D. G. Psicologia - 9ª ed. Rio de Janeiro: LTC,
2012.
RENNER, T.; MORRISSEY, J. Psico. Porto Alegre: AMGH,
2012. Série A – capítulo 3 – Sensação e Percepção.

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Obrigada!

Professora Msc. Mônica Combat


monica_combat@yahoo.com.br

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