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➙ integram aspetos relacionados com a dimensão (2) uma impressão provocada no recetor e transmitida
afetiva e sentimental. ao sistema nervoso central e
Limiar diferencial
➙ Por exemplo:
➙ Exemplo:
Discriminação figura-fundo
Sensação e perceção ➙ o nosso cerebro tende a destacar figuras a partir de
um plano de modo a conferir sentido aquilo que vê.
➙ Enquanto a sensação diz respeito ao modo como os
recetores sensoriais captam os estímulos e aos ➙ Esta capacidade é inata no ser humano, pois cegos de
mecanismos que permitem que essas informações sejam nascença a quem foi dado na idade adulta a
transmitidas ao cérebro, a perceção refere-se ao: possibilidade de começar a ver, também são capazes de
discriminar figuras num fundo neutro.
➙ processamento posterior da informação sensorial,
cujo resultado são as representações ou construções
mentais dos estímulos.
Pregnância ou boa forma (Gestalt)
➙ A perceção corresponde, assim, ao processo que nos
permite: ➙ temos tendência para percecionar as formas mais
simples e regulares , simétricas e equilibradas:
Exemplo:
➙ Assim, percecionamos um quadrado ou uma flor
- olhar para uma fotografia e, mais do que formas e mesmo quando eles verdadeiramente não estão lá
cores, reconhecer pessoas importantes das nossas vidas,
atribuir sentido e significado a um pôr do sol, a uma
composição musical ou até mesmo à nossa comida Organização percetual
favorita.
➙ forma como percebemos o que nos rodeia, envolve
um conjunto de aspetos que, desde cedo, despertaram a
Fatores do significação curiosidade dos psicólogos, em particular dos associados
ao movimento gestalt (ou Psicologia da forma).
➙ Nem todos percecionamos o mundo do mesmo
modo, pois ha fatores de significação que fazem da
perceção algo pessoal e único: Gestaltismo
• estruturas fisiológicas
• Experiências anteriores
➙ defendia que organizamos a realidade separando - quando é possível percebermos a profundidade apenas
figura e fundo e agrupando as unidades percetivas de com a visão de um olho.
modo a ganharem significado.
Por exemplo:
Indicadores monoculares de profundidade
- enquanto lês este texto distingues as letras (figura) do
papel branco onde estão impressas (fundo) e agrupa-las
(em palavras e frases) de forma a fazerem sentido para Interposição (sobreposição/oclusão)
ti.
➙ A sobreposição parcial das figuras permite-nos
➙ O mesmo acontece com uma melodia (figura) cujas perceber a sua localização face a outras e a distância que
notas se agrupam e destacam face aos ruídos ambientais mantêm relativamente ao observador.
(fundo).
Exemplo:
Tamanho relativo
Profundidade e à constância percetiva
➙ Quanto mais pequeno surge na retina do observador,
➙ Para além dos aspetos relacionados com a distinção mais distante parece aquilo que é observado.
entre figura e fundo e com os princípios de agrupamento
Exemplo:
das unidades percetivas, outros, nomeadamente os
relativos à perceção de profundidade e à constância - os dois jogadores que ocupam o centro da imagem
percetiva, captaram também o interesse dos estarão mais próximos do observador do que os
investigadores. restantes jogadores que surgem na fotografia.
➙ Quanto mais convergentes as linhas e itens ➙ O cérebro, por vezes, interpreta incorretamente a
parecerem ao observador, maior a perceção de distância informação e deixa-se enganar na forma como percebe a
e profundidade. realidade.
➙ Através destas duas propriedades, o observador ➙ são perceções distorcidas de uma situação e são
consegue interpretar as imagens bidimensionais como produzidas por fatores físicos ou psicológicos.
se tivessem propriedades tridimensionais.
➙ Resultam, portanto, da deficiente captação e
interpretação dos estímulos.
Constância percetiva
➙ O facto de a perceção desempenhar um papel ativo e ➙ A cultura está presente na forma como
de completar ou contextualizar os dados recebidos nos percecionamos o meio, influenciando-a, e como nos
sentidos, potencia as ilusões percetivas. deixamos ou não enganar pelas ilusões.
➙ Se,
➙ É a habilidade para adquirir e conservar informação - Esta informação é traduzida num código acústico
ou representações da experiência passada com base nos (padrão de sons), visual (sequência de letras e/ou
processos mentais de codificação, retenção e algarismos) ou semântico (pelo seu significado), de
recuperação. modo a poder ser armazenado.
➙ É um campo complexo de processos baseados em - Nós recordamos este código de forma como foi
mecanismos biológicos e psicológicos. memorizado.
• Conservar a nossa identidade pessoal (quem sou, - Trata-se de nos lembrarmos da informação
como cheguei aqui). anteriormente armazenada
- criar, reter e recordar - são interdependentes, pelo que - Podes codificar a canção a partir das palavras usadas,
o sistema de memorização só funciona eficazmente se: da sequência de sons ou do seu significado, ou seja,
podes recorrer a um código:
- procedermos à codificação, ao armazenamento e à
recuperação da informação. - visual, acústico ou semântico.
➙ Aquisição e codificação
Teorias do processamento da informação
Efeito de recência
Exemplo:
Exemplo:
➙ Permite:
➙ recapitulação na memória:
Memórias de longo termo
- quando a informação é repetida várias vezes,
mantemo-la na memória de trabalho, o que aumenta a ➙ Por norma, os cientistas dividem as memórias de
probabilidade de ser transferida para a memória de longo termo em dois tipos:
longo termo.
➙ implícitas (procedimentais)-
- incluem procedimentos e ações transcrição meticulosa e absolutamente perfeita dos
acontecimentos.
- são coisas que sabemos, mas nas quais não
pensamos de forma consciente, são hábitos e ➙ Porém, a verdade é que o trabalho do cérebro como
capacidades motoras, como andar de bicicleta ou gravador é francamente mau.
desenhar uma forma.
➙ A memória humana está muito longe de ser um
➙ explícitas (declarativas) registo fotográfico fiel e objetivo de factos e
acontecimentos.
- incluem factos e proposições
➙ Inclui esquecimentos (que aumentam
- dizem respeito às coisas que sabemos por termos
progressivamente com a idade), distorções, falsas
lembrança, como a cor dos olhos da avó ou os
atribuições e, inclusivamente, efabulações e mentiras
acontecimentos de ontem à tarde.
descaradas, mesmo que inconscientemente construídas.
- distingue-se entre memória episódica ou
autobiográfica (relativa à nossa narrativa e história ➙ Habitualmente, usamos o termo esquecimento para
pessoal) e memória semântica (associada ao conceito nos referirmos aos casos em que a memória falha.
de cultura geral). ➙ Estas falhas de memória podem ter variadíssimas
- são memórias declarativas. causas, como, por exemplo, quebras na atenção ou erros
na codificação (o que implica que não estejamos a falar
Em síntese, podemos esquematizar a estrutura verdadeiramente em esquecimento, mas em informação
hierárquica dos sistemas de memória da seguinte forma: que não chegou a ser memorizada).
➙ Por exemplo:
➙ Muito do que sabemos hoje sobre a aprendizagem
resulta de investigações com animais não humanos. - quando se aproxima uma tempestade, aprendeste que
Cães, gatos, ratos e macacos, todos ajudaram a o relâmpago é seguido do trovão, por isso, mal o céu se
compreender melhor os processos que estão na base da ilumina, contas os segundos para o estrondo que se
mudança de comportamento e processos mentais. seguirá.
- é muito comum na forma como interagimos com o -Imagina que estás a tirar a carta de condução. Muito
mundo. provavelmente não entras no carro e, por tentativa e
erro, descobres onde fica a ignição para poderes pôr o • O alimento é o estímulo incondicionado (El), pois, por
veículo a funcionar. si só, desencadeia uma resposta automática, isto é, sem
necessidade de condicionamento (daí a designação
O condicionamento (clássico e operante)
incondicionado).
➙ é uma forma de aprendizagem que surge fortemente • A salivação produzida pelo alimento é a resposta
associada às teorias comportamentalistas (ou incondicionada (RI), assim chamada por se desencadear
behavioristas) e a respostas externas objetivamente diretamente em função do El, isto é, sem necessidade de
observáveis. aprendizagem prévia.
➙ Em contrapartida, os teóricos da aprendizagem por • O som da campainha ou a luz da lâmpada, antes do
observação focam-se nos aspetos mais internos e condicionamento, designa-se estímulo neutro (EN) e,
cognitivos da aprendizagem. após o condicionamento, estímulo condicionado (EC).
➙ Comecemos pelo condicionamento clássico e por • À salivação em função do som da campainha
alguns dos seus pressupostos básicos, utilizando como chamamos resposta condicionada (RC), isto é,
exemplo uma aplicação prática das experiências aprendida, adquirida.
laboratoriais de Ivan Pavlov com cães.
• O adjetivo condicionado indica que o EC provoca a RC
➙ Um dia, estando a trabalhar no laboratório, a estudar única e exclusivamente após o organismo ter passado
a salivação dos cães no sentido de compreender o seu por um processo de treino ou de aprendizagem.
papel no aparelho digestivo, Pavlov apercebeu-se que os
cães salivavam antes de lhes ser apresentado o alimento. O condicionamento clássico explica:
➙ Thorndike fechava gatos famintos no interior de uma - Outras experiências suas igualmente célebres são as
caixa-problema, colocando do lado de fora um prato relativas ao reforço negativo, ou seja, à criação de uma
com comida que estes podiam ver e cheirar. associação que visa aumentar uma resposta através da
eliminação de um estímulo aversivo, por exemplo, a
O objetivo era: gaiola onde se encontra o rato produzir um som alto ou
➙ que os animais encontrassem o mecanismo que lhes eletrochoques até que este pressione a alavanca.
daria acesso ao alimento.
➙ Thorndike antecipa o trabalho de Burrhus Skinner e a ➙ Apesar de semelhante ao estímulo original, um outro
sua teoria do condicionamento operante. estímulo não produz a resposta condicionada (valorizam-
se as diferenças entre ambos).
➙ Skinner foi um dos primeiros investigadores a
distinguir condicionamento clássico de Extinção
condicionamento operante.
➙ A resposta condicionada perde intensidade ou
➙ Estava particularmente interessado em compreender desaparece na ausência de reforço.
as situações em que agimos de modo a realizar no
➙ O que acontece quando a aprendizagem envolve
ambiente uma mudança que conduza à recompensa e
punição em vez de reforço?
que habitualmente designamos por ações voluntárias.
Apesar, à primeira vista, parecerem semelhantes, o
➙ As suas experiências mais conhecidas foram
reforço negativo e a punição (positiva ou negativa) são
realizadas com ratos, que eram colocados em gaiolas
distintos:
experimentais com uma alavanca.
Objetivo do reforço
➙ Quando o rato pressionava a alavanca, agia sobre o
meio e recebia alimento, que funcionava como reforço ➙ aumentar a frequência do comportamento
da resposta de pressão.
Objetivo da punição
➙ Este processo ficou conhecido por reforço positivo,
➙ reduzir a sua frequência.
uma vez que se produz um aumento da resposta através
- Positivo e negativo querem dizer adicionar e eliminar, Thorndike, mas aprendem também por insight lou
respetivamente, não tendo nada que ver com bom ou compreensão súbita).
mau, prazeroso ou doloroso.
Muito rudimentares a nível procedimental, os estudos
➙ Tal como o reforço, também a punição pode ser de Köhler incluíam dois tipos de situações
positiva ou negativa. Ambas visam a redução frequência experimentais:
da resposta, mas a punição positiva (também chamada
• Experiências mais simples envolvendo elementos
aversiva) envolve a apresentação de um estímulo
próximos uns dos outros: por exem-plo, uma situação
aversivo e a punição negativa envolve a eliminação de
em que o chimpanzé se encontra no interior de uma
um estimulo. Exemplificando: numa briga entre dois
jaula onde está também uma vara que foi colocada perto
irmãos, num cenário de gritaria e luta pelo comando da
das grades e próxima de uma banana que se encontra
televisão, os pais têm de decidir entre castigá-los com
pendurada no exterior da jaula e fora do seu alcance.
uma repreensão assertiva (punição positiva ou aversiva)
ou retirar-lhes o acesso à televisão durante uma semana • Experiências de maior dificuldade envolvendo
(punição negativa). elementos distantes uns dos outros: por exemplo, uma
situação onde toda a disposição dos elementos é
semelhante - o chimpanzé está dentro da jaula e existe
uma banana no seu exterior fora do seu alcance -, no
entanto, a vara foi colocada no interior da jaula, mas
longe das grades.
Insight:
Reforço vicariante:
➙ Reforço e punição são estratégias de aprendizagem, ➙ Esta forma de reforço distingue-se do reforço direto,
mas nem toda a aprendizagem se alcança desta forma. em que o próprio sujeito recebe um prémio a seguir ao
Se os gatos estudados por Thorndike, por exemplo, comportamento desejado.
tinham de descobrir sozinhos como sair da caixa, na
➙ Independentemente de se tratar de um reforço direto
generalidade das aprendizagens humanas não é isso que
(o comportamento do agente é reforçado) ou vicariante
acontece, isto é, quando nascemos, temos à nossa
(o comportamento do modelo observado é reforçado), a
disposição um enorme conjunto de conhecimentos: não
conduta passa a fazer parte do conjunto de respostas
precisamos de redescobrir o fogo ou de reinventar a
comportamentais do sujeito.
roda, do mesmo modo que sabemos como devemos
agasalhar-nos quando refresca o tempo. O modelo proposto por Bandura
➙ Apesar de reconhecer, à semelhança de Skinner, a ➙ Apresenta o processo cognitivo como essencial para a
influência dos esquemas de reforço externo na aprendizagem, já que o ser humano pode aprender uma
aprendizagem, Bandura defendia também a extensa gama de comportamentos, bastando para tal
possibilidade de haver mudança comportamental sem observar um modelo, avaliar as consequências da sua
existência de reforço direto, através do que denominou conduta e decidir conscientemente realizar, ou não, um
reforço vicariante. comportamento semelhante ao observado.
• O fator G (capacidade para discernir relações ➙Pelo contrário, cada individuo é único.
complexas):
➙A inteligência resulta, nesse sentido, não de um fator
- o qual está presente no mesmo grau num mesmo geral, mas de uma combinação de sete aptidões gerais,
indivíduo em todo o seu desempenho inteligente; que designou por aptidões mentais primárias:
• Os fatores S (por exemplo, visual, verbal e numérico) • Compreensão verbal (V): compreensão de
ideias expressas atraves de palavras.
- que são responsáveis por atividades intelectuais
especificas. • Fluência verbal (W): produção rápida de
palavras a partir de instruções apresentadas.
➙ Assim, de acordo com a proposta de spearman, se
soubermos que um individuo atinge desempenhos • Fluência numérica (N): gestão de números e
elevados numa tarefa que exija em alto grau o fator G produção rápida de operações aritméticas simples.
(determinante), poderemos predizer, com segurança,
níveis semelhantes de desempenho para outra tarefa • Espacial (S): visualização de objetos num
que também exija este fator em alto grau. espaço bidimensional ou tridimensional.
- a edução de correlatos (capacidade para aplicar a Teoria multifatorial da inteligência: Thurstone propôs a
relação inferida, criando novas ideias). existência de várias aptidões, diversas na sua natureza e
relativamente independentes entre si, podendo, todavia,
➙ A maior ou menor destreza do sujeito nestas três cada uma delas entrar com pesos diferentes em várias
operações justificaria as diferenças individuais na atividades.
inteligência geral.
Múltiplas inteligências.
Teoria bifatorial da inteligência: Spearman interpretava
fator G (denominador comum) como uma energia ➙ Contra as clássicas da inteligência, fatoriais e
mental essencialmente inata, ao passo que os fatores S psicométricas (preocupadas com a determinação do
dependeriam da aprendizagem e da ativação do fator G. famoso QI ou quociente de inteligência), dois psicólogos
e investigadores contemporâneos, Howard Gardner e
Robert Sternberg, propuseram a existência de múltiplas
Teoria multifatorial da inteligência inteligências.
➙ Os efeitos de lesões cerebrais (em que os indivíduos • A inteligência interpessoal, presente nas
mantêm inalteradas as suas capacidades para certas relações com os outros, permitindo compreender as
tarefas, apesar de terem perdido definitivamente outras suas emoções e comportamentos.
aptidões) • A inteligência intrapessoal, implicada na
compreensão de si mesmo.
➙ a existência de indivíduos portadores da síndrome de
savant (pessoas com atrasos cognitivos profundos que • A inteligência naturalista, utilizada para
mantêm, em áreas muito específicas, comportamentos reconhecer e categorizar seres e objetos da natureza,
inteligentes acima da média), de sobredotados e de como ani-mais, plantas e rochas, por exemplo, e foi
outros indivíduos excecionalmente talentosos em áreas incluída na teoria em resultado de descobertas
específicas neurobiológicas recentes sobre o funcionamento do
córtex cerebral.
➙ conduziram Gardner à constatação da independência
entre as diferentes capacidades cognitivas. Teoria das inteligências múltiplas: apresenta-se como
uma teoria empírica, o que significa que o número de
➙ Se é verdade que cada pessoa possui, em grau
inteligências, a sua delimitação e configuração podem
distinto, cada capacidade cognitiva, a forma como cada
ser alterados em função de novas observações e
um de nós mistura ou combina os diversos tipos de
conclusões.
inteligência gera múltiplas formas de comportamento
inteligente.
• Os sentimentos possuem uma relação privilegiada ➙ Em resultado deste estado interno do organismo, é
com a consciência. provável que:
- fiquemos lívidos,
➙ Experiência mental e privada dos afetos e das
emoções. Distingue-se da emoção pelo seu caráter - falemos alto
subjetivo, avaliativo e cognitivo.
- e gesticulemos energicamente (componente
comportamental).
Dimensões biológicas e sociais dos processos Resposta emocional
emocionais ➙ Quando desencadeamos uma resposta emocional,
todo o corpo é envolvido, mas existem estruturas que
➙ É possível encontrar três componentes das emoções:
assumem papéis significativos a nível neurofisiológico.
- a componente neurofisiológica, que desencadeou,
através dos sistemas nervoso e endócrino, o estado de ➙ As duas mais importantes são:
alerta (aumentando o batimento cardíaco); - a amígdala (pequena estrutura do sistema limbico)
- a componente cognitiva: que te informou das - e o córtex orbitofrontal (região do córtex pré-frontal
características que já conhecias dessa pessoa; a ligada ao sistema limbico).
componente comportamental, que te permitiu reagir
através da elevação do tom de voz. Exemplo:
➙ Nem sempre nos apercebemos imediatamente da ➙ Imagina que, no teu regresso a casa dás de caras com
relação entre estas três componentes, mas todas um leão no meio da rua.
funcionam de forma articulada e rápida.
➙ Sentirás, com toda a certeza, medo.
Todas as emoções são compostas por três componentes
➙ Normalmente, os sinais recebidos do meio seguem
desencadeadas por um estímulo interno ou externo.
dos órgãos sensoriais para o tálamo, que, por sua vez, os
• Componente neurofisiológica (ativação dos reenvia para o córtex cerebral.
sistemas nervoso e endócrino).
Sinais visuais
• Componente cognitiva (interpretação e
➙ No caso dos sinais visuais, a mensagem é
significado atribuidos aos estimulos sensoriais).
encaminhada para o córtex visual, onde é analisada e
• Componente comportamental (dimensão avaliada, processando-se uma resposta ajustada.
observável das emoções).
Informação emocional
➙ Para Damásio, o ato de decidir está suportado: ➙ Compreendemos hoje que os diferentes processos
mentais são interdependentes.
- por um lado, no raciocínio (avaliação da situação e dos
meios para se chegar ao objetivo) e, ➙ A última geração de cientistas transformou a emoção
no seu tema de investigação de eleição e mostrou,
- por outro lado, na avaliação emocional baseada nas
através de pesquisas conclusivas, que:
experiências anteriores e nas nossas preferências.
- nem a cognição é tão lógica e racional como em
➙ Estes dois elementos permitem ao indivíduo:
tempos se defendeu,
- tomar decisões rapidamente
- nem a emoção é tão ilógica e irracional como se
- e empenhar a energia necessária para empreender a julgava.
ação.
➙ Graças aos seus trabalhos, conhecemos as etapas a
➙ É também neste sentido que se afirma hoje que: que obedecem os processos emocionais e as estruturas
que neles estão envolvidas.
- existe uma estreita relação entre a emoção e a
motivação humanas, como analisaremos mais à frente. ➙ Sabemos agora que, na presença de um estímulo, o
nosso organismo inicia um processo de:
Lateralização das emoções
- interpretação, avaliação e produção de resposta
➙ Richard Davidson emocional que implica de forma especial a amígdala e o
➙ Numa série de estudos recentes, Davidson e a sua córtex orbitofrontal.
equipa descobriram uma maior ativação do córtex pré-
frontal direito na presença de emoções negativas e uma
maior ativação do córtex pré-frontal esquerdo perante Emoções primárias e emoções secundárias ou sociais
emoções positivas.
➙ Da mesma forma que os neurocientistas se
➙ Este padrão é conhecido como assimetria cerebral concentraram na investigação da componente
das emoções. neurofisiológica das emoções, os antropólogos e
psicólogos de várias áreas ocuparam-se em investigar a
➙ Pesquisas a este nível mostram também que o dimensão comunicativa destes processos, dedicando-se:
hemisfério direito está mais envolvido na compreensão
do material emocional do que o esquerdo. - ao estudo da sua componente comportamental.
➙ Davidson defende que: ➙ Ainda que não possamos pôr-nos no lugar de outra
pessoa e experienciar as suas emoções da mesma forma:
- a lateralização das emoções está de alguma forma
ligada à maior ou menor motivação, isto é, à maior ou - é nos possível inferir o que está a passar-se com os
menor confiança e esforço na busca de objetivos. outros através da análise das suas expressões faciais e
postura corporal.
Críticos de Davidson
Componente comportamental das emoções
➙ Críticos de Davidson defenderam, posteriormente,
que: ➙ A componente comportamental das emoções é muito
importante, pois:
- as expressões emocionais são comunicações não ➙ A teoria de Ekman tem por base:
verbais poderosas na interação com os outros.
- as expressões faciais
Exemplo:
- e a forma como cada uma das emoções básicas pode
A expressão: ser expressa através de músculos faciais.
Teoria de Ekman
- embora as emoções primárias ou básicas pareçam ser programadas, pelo menos em parte, ou que as emoções
expressas da mesma maneira em diferentes contextos, a primárias não possam ser influenciadas pela cultura.
verdade é que as regras de expressão (ou de exibição)
definem, em cada cultura, quem pode revelar uma
determinada emoção a quem, quando, como e com que As emoções
intensidade.
➙ As emoções têm por base dispositivos inatos e estes
➙ Ou seja, Ekman não rejeitou o papel da aprendizagem mecanismos fazem parte da história evolutiva da nossa
e da cultura nas respostas emocionais. espécie.
Exemplo:
Outras reações emocionais
-a morte de alguém próximo está, em muitas culturas,
➙ Facilmente te dás conta de que existem outras associada a expressões emocionais de tristeza ou de dor,
reações emocionais para além deste conjunto restrito de mas a forma como essas emoções se manifestam e são
seis emoções básicas. avaliadas pelos outros é, claramente, cultural e pessoal.
Exemplo:
Papel da sociedade
- se tivermos má nota num teste, ficaremos,
➙ O papel desempenhado pela sociedade na formação
provavelmente, tristes; mas, se avaliarmos o resultado
das emoções secundárias é maior do que nas primárias.
como decorrente da nossa falta de empenho ou excesso
➙ Todavia, isto não significa que as emoções
de confiança, poderemos sentir alguma culpa e decidir,
secundárias não sejam, também elas, biologicamente
em função disso, que nos empenharemos o bastante
para o próximo teste, de modo a que não volte a repetir- - sentir empatia e ter esperança.
se o mau resultado.
➙ Os antecedentes deste novo conceito estão
presentes em dois tipos de inteligência pessoal e social
considerados no modelo das inteligências múltiplas de
Conclusão: Gardner:
➙ As emoções não são apenas biológicas e, menos - a inteligência interpessoal
ainda, exclusivamente socioculturais:
- a inteligência intrapessoal.
- são processos adaptativos e autorreguladores
complexos de natureza biocultural.
Habilidades propostas em algumas teorias sobre
inteligência emocional
O papel das emoções no comportamento humano ➙ Controlarmos, discriminarmos e entendermos as
➙ A expressão das emoções, a sua orientação e nossas emoções e as dos outros ou
controlo são, pois, uma bússola que regula a nossa ação. ➙ usarmos a informação emocional de forma
inteligente para guiar o pensamento e as ações
Papel das emoções não inatas ➙ Porém, é importante ter presente que se trata de
➙ Todas as emoções não inatas - tanto as agradáveis, mais uma forma de entender que existem outras
quanto as que implicam dor e sofrimento - têm um perspetivas de se ser inteligente e não de uma receita
papel na orientação do nosso comportamento e para o êxito ou para a felicidade.
construção da personalidade e implicam aprendizagem.
Modelo mental proposto por John D. Mayer e Peter
Salovey
➙ Basta lembrar as limitações de Elliot e Gage, para
percebermos a sua importância e o seu papel regulador ➙ Uma das mais relevantes perspetivas sobre a
do comportamento humano. inteligência emocional parte do modelo mental
proposto por John D. Mayer e Peter Salovey, que aborda
Inteligência emocional a inteligência emocional como um conjunto de
capacidades ou habilidades mentais.
➙ O interesse científico pelo estudo dos processos
emocionais, bem como o crescente interesse pelo papel ➙ Estes investigadores defendem que a emoção pode
das emoções no quotidiano intra e interpessoal, deram facilitar a resolução de problemas, oferecendo aos
origem, na década de 1990, ao conceito de inteligência recursos cognitivos soluções mais diversificadas e
emocional e ao florescimento de diversas teorias nesta criativas.
área.
➙ Segundo Mayer e Salovey, a inteligência emocional
➙ O interesse pelo tema é de tal ordem que tem dado remete-nos para um "pensador com um coração" que
origem a vários livros, artigos de investigação, espaços percebe, compreende, constrói e transforma relações
na televisão e na rádio, sítios na web, etc. sociais.
➙ A inteligência emocional é hoje um conceito ➙ O modelo que propuseram na década de 1990
comummente utilizado para designar a capacidade de integra quatro habilidades inter-relacionadas.
usarmos as emoções para promovermos o sucesso
pessoal.
➙ Abrange:
- o conjunto de competências pessoais e sociais que
explicam a variabilidade na acuidade das respostas
emocionais
- inclui a capacidade de a pessoa se motivar a si mesma
e persistir nos objetivos, a despeito das frustrações
- controlar os impulsos e adiar as recompensas
- impedir que o desânimo tolde o pensamento e tolha a
Daniel Goleman
ação
➙ Daniel Goleman parte da necessidade de conciliação Motivação
entre as dimensões racional e emocional humanas, na
➙ A generalidade das ações humanas é orientada em
medida em que considera que estas se potenciam
mutuamente, favorecendo o desenvolvimento do função de um objetivo.
indivíduo. ➙ O nosso comportamento não se limita a caminhar,
➙ Descreve a inteligência emocional como: alcançar ou fugir, mas responde a motivações que
podem assumir formas muito variadas.
- a capacidade de uma pessoa ter consciência e gerir as
suas emoções, de modo que estas sejam expressas de ➙ Caminhamos para nos dirigirmos a determinado lugar
maneira apropriada e eficaz. ou objeto, esticamo-nos para alcançar algo que
queremos ou necessitamos naquele momento e fugimos
➙ Segundo o psicólogo, o controlo das emoções é de algo que nos é aversivo.
essencial para o desenvolvimento da inteligência do
indivíduo. Exemplo:
- O alpinista Aron Ralston tornou-se mundialmente
➙ Define a inteligência emocional como:
conhecido quando, após uma queda, tomou a decisão
- a "capacidade de identificar os nossos sentimentos e os de cortar o próprio braço para sobreviver.
dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as
- Aron escalava as montanhas do Utah quando uma
emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos".
pedra resvalou, provocando a sua queda.
- é a maior responsável pelo sucesso ou insucesso dos
- No final, um dos seus braços ficou preso sob a rocha.
indivíduos e pode ser desenvolvida ao longo de toda a
Durante cinco dias, Aron tentou libertar-se de todas as
vida.
maneiras, até que, desesperado, no limite da sua
resistência física e mental, percebeu que só com uma
decisão drástica poderia salvar-se. Foi então que
Modelo sobre a inteligência emocional amputou o próprio braço.
➙ O seu modelo sobre a inteligência emocional centra- O que é um motivo?
se num conjunto de competências (pilares) que, na sua
perspetiva, se forem desenvolvidas, favorecem um ➙ A resposta é complexa, já que pode ser uma
melhor desempenho pessoal e profissional. São elas: necessidade, uma vontade, um interesse ou um desejo
que orienta o teu comportamento.
• Autoconsciência - capacidade de reconhecer as
próprias emoções e sentimentos. ➙ De forma simples, podemos falar em motivação e no
conjunto de forças (internas e externas) que mobilizam,
• Autorregulação - capacidade de lidar com as próprias dirigem ou sustentam o teu comportamento,
emoções, adequando-as a cada situação vivida. conferindo-lhe força, direção e persistência.
• Automotivação - capacidade de se motivar e de se Na base do comportamento humano estão diferentes
manter motivado. tipos de motivação. Os motivos fisiológicos, primários ou
• Empatia - capacidade de perceber a perspetiva das orgânicos, estão orientados para a autopreservação e
outras pessoas. incluem, por exemplo, a necessidade de alimento. Os
motivos pessoais, sociais ou secundários, por seu lado,
• Habilidades sociais/de relacionamento - conjunto das incluem as intenções e a tentativa de realização de
capacidades envolvidas na interação social. objetivos ou projetos.
Teste de inteligência emocional para avaliar o ➙ A ação humana pressupõe a consciência de si, dos
quociente emocional objetivos a atingir e das potencialidades da própria
➙ Diferente do quociente de inteligência (QI), que conduta.
avalia os conhecimentos de cariz inte-lectual, científico e ➙ É esta força autorreguladora que permite às pessoas
académico do indivíduo, Daniel Goleman desenvolveu o adiar gratificações (satisfação de necessidades) em favor
teste de inteligência emocional para avaliar o quociente de objetivos a longo prazo (realização de projetos).
emocional (QE), isto é, a capacidade de a pessoa
reconhecer e lidar com os seus sentimentos e emoções,
visando o seu desenvolvimento pessoal e profissional
Experiência de Walter Mischel
baseado nos cinco pilares propostos.
➙ Um dos mais célebres estudos sobre esta
problemática foi realizado pelo psicólogo Walter Mischel
que deu início a um importante projeto experimental ➙ Observando estes comportamentos, Mischel e a sua
que pretendia avaliar: equipa perceberam que as crianças que conseguiam
esperar pela segunda guloseima utilizavam estratégias
- o autocontrolo e a capacidade das crianças adiarem
de autoproibição e de autodistração (sentar-se sobre as
gratificações.
mãos, esconder o doce, olhar para o lado ou cantar uma
A experiência: canção, por exemplo), o que indicava que o
autocontrolo tinha mais que ver com estratégia e
➙ Realizadas no contexto de investigação sobre esforço consciente do que com um comportamento
personalidade e conhecidas como teste dos natural das crianças, o que reforça a importância do
marshmallows, as experiências de Mischel implicavam o papel da motivação no comportamento humano.
seguinte desafio:
➙ Em estudos posteriores, em que voltou a analisar as
- Uma criança de 4 anos é levada por um adulto para mesmas crianças, Mischel verificou que:
uma sala.
- a capacidade de adiar a gratificação é um bom preditor
- Passados alguns instantes, o adulto diz à criança que de sucesso, uma vez que as crianças que se revelaram
precisa de se ausentar por um certo tempo, a fim de capazes de esperar pela gratificação apresentavam:
resolver um pequeno problema.
- melhores resultados escolares
- Nessa altura, é proposto à criança um prémio
constituído por duas guloseimas, se conseguir aguardar - maior fluência verbal
pelo regresso do adulto.
- atenção
- Caso não consiga esperar, ganhará apenas uma
- confiança em si
guloseima, mas imediatamente.
- capacidade de planear e de antecipa
- Depois do acordo, o experimentador abandona a sala
deixando junto da criança a guloseima que esta poderá - menos probabilidade de perder o controlo sob
comer se preferir a gratificação imediata. stresse do que as crianças que revelaram menos
capacidade de resistência no teste dos marshmallows.
Mente
Conclusões
➙ A mente, por sua vez, enquanto lugar da totalidade ➙ Neste sentido, inclui a imaginação, lembranças,
da atividade psíquica, cria os significados que atribuímos soluções de problemas, devaneios e muitos outros
ao mundo e à nossa própria existência. processos.
- pensamos sobre as nossas vivências ➙ Fecha os olhos e pensa numa pessoa de quem gostes
especialmente.
- os cambiantes emocionais que atribuímos às nossas
experiências ➙ Consegues, provavelmente, trazer à memória de
trabalho (ou de curto termo) uma imagem que te
- e as nossas ações e as daqueles com quem nos mostra como essa pessoa é.
relaciona-mos.
➙ Essa imagem da sua aparência física é uma
representação mental que te ajuda a "ver" alguém
➙ Aliás, uma das principais atividades da mente é significativo para ti, mesmo quando essa pessoa está
pensar, isto é, construir e manipular imagens (visuais, ausente.
auditivas, táteis, olfativas ou gustativas) e representar ➙ Podes também pensar no seu nome ou nas suas
simbólica e mentalmente o mundo. principais características psicológicas, qualidades e
habilidades e continuarás a ter representações mentais.
➙ As representações ou imagens que a nossa mente e - utilizamos a atenção seletiva para nos concentrarmos
cérebro continuamente constroem (e que são a base do em determinados estímulos e ignorarmos outros.
pensamento, da inteligência, da imaginação e da
- De forma semelhante, para pensarmos naquilo que nos
consciência) formam-se na complexa rede de neurónios
rodeia (pessoas, eventos, objetos, ideias...),
do nosso cérebro em consequência das relações que
simplificamos e formamos imagens visuais e conceitos.
cada um de nós estabelece com os ambientes físicos,
sociais e culturais envolventes. - A importância desta última forma de representação
mental é enorme, daí que normalmente as imagens
(atributos sensoriais) estejam associadas a conceitos.
Pensamento