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Como ficou constatado, é impossível conceber a aprendizagem como uma ação resultante de um
único processo. A seguir, serão abordados alguns processos (fatores ou aspectos) que contribuem para
que ela aconteça. Estes processos estão organizados em grupos didaticamente separados para observação
e compreensão mais direta dos papéis de cada um.
É fundamental ressaltar que não há nenhum fator, particularmente relevante, porque todos
constituem o resultado de uma intrincada inter-relação.
Fatores
Orgânicos
Emocionais
Intrínsecos Intelectuais
Cognitivos
Sócio – Culturais
Extrínsecos (meio – ambiente, família, religião, entre
outros)
Fatores Orgânicos
. Sistema Nervoso Periférico (SNP)
. Sistema Nervoso Central ( SNC )
. Desenvolvimento Neuro - Psicomotor (DNPM)
O SNP compreende toda a rede de elementos nervosos que se encontram fora do arcabouço ósseo
do crânio e da coluna espinal.
É um sistema tão complexo quanto o SNC e o SNA (sistema nervoso autônomo), mas aqui,
tomaremos apenas os órgãos do sentido – (SNP), uma vez que eles desempenham um papel crucial na
aprendizagem.
Estes órgãos são responsáveis pelas sensações como a visão, audição, olfação, gustação e tato.
Cada uma dessas impressões possibilita a chegada de informações apreendidas do mundo exterior ao
cérebro para serem “processadas”. Graças a cada uma delas podemos aprender uma mesma informação
sob diferentes aspectos sensitivos.
É por meio das sensações que se formam as gnosias – instrumentos imprescindíveis para as
funções psíquicas superiores.
A aprendizagem sistemática requer, principalmente, a integridade da audição e da visão pois,
sabe-se que perdas em torno de 40 decibéis já são prejudiciais à audição (Myklebust, 87) e que a miopia,
astigmatismo, entre outros, comprometem a decodificação do material impresso.
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O SNC compreende todo o sistema nervoso (cérebro e estruturas, medula espinhal) que se
encontra dentro do arcabouço ósseo do crânio e da coluna vertebral.
O cérebro tem seus próprios recursos para receber e processar as informações. Segundo Antunha,
(Conferência em 08/08/96 / Londrina – Pr) a incorporação da realidade externa pela realidade interna não
é apenas uma transformação, mas sim, a transdução de sistemas / instrumentos do SNC, que sejam
capazes de codificar e construir algo da maneira que só o cérebro possa realizar.
Myklebust,(87) organizou didaticamente o complexo processo das Hierarquias das Experiências
Cerebrais – toda a aprendizagem passa por estas etapas. Qualquer disfunção ou lesão pode comprometer o
equilíbrio desta hierarquia.
Auditivo
Conceituação
Simbolização
Imaginação
Percepção
Pe
Stelling sintetizou com coerência estas experiências:
Visual
Tátil
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Percepção (gnosias)
“ A percepção é definida de forma diferenciada pelos diversos autores, significando a habilidade
de reconhecer com segurança as aferências sensórias, ou informação, pois se trata de um processo
psicológico relativamente simples”.
A seguir podemos observar alguns comportamentos psicomotores propostos por Vitor da Fonseca,
(88):
Fatores Emocionais
“A natureza dos laços afetivos que podem estabelecer os vínculos das crianças com os adultos
depende da qualidade e quantidade das experiências emocionais que elas terão vivido na primeira infância
e resolver as reações emocionais trazidas pelo próprio viver e conviver no lar e fora do lar. É nesse
período precoce de 0 a 5 anos que se estabelecem as bases do equilíbrio mental e da personalidade do
futuro adulto. Nesses cinco primeiros anos se estruturam suas capacidades e aptidões a serem
desenvolvidas no curso da maturação pela vida afora”. (Haim e Feiga Grünspun )
É muito sério o compromisso dos pais, uma vez que, como tutores de seus filhos, eles são
responsáveis por sua saúde mental – (tanto que a O.M.S. considera este quesito fundamental para o bem
estar geral do ser humano).
Fatores Intelectuais
O funcionamento intelectual deve ser, pelo menos, dentro da média esperada para cada faixa
etária, para que o indivíduo possa apropriar-se das informações do meio ambiente, transformá-las,
generalizá-las e modificar suas estruturas internas.
Conteúdos acadêmicos que exigem conceituação, simbolização, abstração e algumas atividades da
vida diária (comportamento adaptativo) exigem integridade intelectual para serem executados
satisfatoriamente.
Fatores Cognitivos
Piaget elaborou uma teoria acerca da inteligência ou do desenvolvimento cognitivo, - como se dá e
como se desenvolve o conhecimento. Para ele, a criança não é só um ser cognitivo, ela é social e possui
emoções, que pertencem a um contexto histórico.
Afirma também que tantos os dotes genéticos quanto à ação da criança sobre o meio ambiente são
importantes para o desenvolvimento (e, junto a estes, a interação, a maturação, a experiência ambiental,
social e equilíbrio). A chave para o desenvolvimento é a ação sobre os objetos, acontecimentos que a
cercam. O desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem (que é provocada em geral por situações) jamais
podem ser diretamente observados, são constructos hipotéticos cuja existência é inferida, é um processo
espontâneo ligado à embriogênese.
Piaget organizou o conhecimento em três tipos:
Exemplo de áreas de Tamanho, cor, textura, Número, massa, volume, Linguagem, regras,
Conhecimento grossura, sabor, som, área, comprimento, moral, valores, cultura,
flexibilidade, densidade classe, velocidade, peso história, sistema de
símbolos
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Ele assinala que para ocorrer a aprendizagem é necessário primeiro haver um desequilíbrio
(“desequilíbrio equilibrante”) que motivará o indivíduo a construir novos conhecimentos (a ação é a
matéria prima para a assimilação e acomodação). A assimilação e acomodação são mecanismos opostos
mais complementares, a primeira permite que o indivíduo modifique o objeto de acordo com suas
estruturas para incorporá-lo e, a segunda consiste na transformação destas estruturas por força da ação do
objeto. As estruturas (schemata) “são organizações mentais de ordem superior, um passo acima das
operações”. Wadsworth, 84.
Desenvolvimento Cognitivo
Sendo o desenvolvimento cognitivo um processo contínuo que começa com o crescimento, Piaget
o dividiu em 04 períodos (estádios):
As faixas etárias estabelecidas para cada período são idades aproximadas, quando se observa uma
generalidade de características dos períodos, apresentadas pelas crianças. Há crianças que “entram” ou
“deixam” estes períodos mais precoce ou mais tardiamente que outras.
Com relação às crianças deficientes apresentam o seguinte quadro quanto ao atraso, em média, no
seu desenvolvimento: auditivo - um ano; e visual – 4 anos. As crianças com deficiência intelectual
podem, ainda, (dependendo do grau de seu comprometimento) estar bem atrasadas em seu ritmo
de crescimento. Mas, em todos os casos, todas as crianças parecem atravessar os estádios /
períodos dentro da mesma ordem.
Os períodos não são independentes nem relacionáveis entre si. O desenvolvimento é contínuo, ou
seja, cada estágio a seguir baseia-se no desenvolvimento anterior, incorporando-o e transformando-o; e
descontínuo, quando as mudanças qualitativas ocorrem de um estádio para outro.
As crianças não pulam estádios / períodos e os mesmos são irreversíveis, ou seja, uma vez que a
criança tenha desenvolvido a capacidade para um tipo determinado de pensamento, normalmente não
perde aquela capacidade.
* Sensório Motor
Quando a criança nasce o desenvolvimento da mente já teve início, o SNC e o SNP (sentidos) já
estão funcionando.
O recém nascido tem na maior parte de seu comportamento atitudes reflexas. Nesta fase, as
“experiências” deste bebê, suas ações motoras e perceptivas sobre o mundo que o rodeia, iniciam a
influência sobre seu desenvolvimento.
Os reflexos sensório-motores modificam-se através da maturação (aqui se refere ao crescimento
fisiológico e ao desenvolvimento do SNC) e da interação com o meio ambiente e começam a aparecer
comportamentos que não estavam presentes ao nascimento do bebê.
Pelo reflexo de sucção, o bebê começa a diferenciar um bico que lhe fornece alimentos de outros
objetos que sua boca encontra. Isto é desenvolvimento, aprendizagem, é a inteligência sensório – motora
em funcionamento no nível mais primitivo.
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O bebê pequeno tem inteligência prática, ele não consegue representar internamente os
conhecimentos e pensar deste modo, mas ele realmente „pensa‟ com seu corpo por meio
de suas ações. Os problemas práticos são resolvidos e essas soluções implicam uma
forma de inteligência primitiva ou, mesmo, não mental. A inteligência sensório –
motora é precursora necessária ao pensamento representacional posterior comumente
chamado de “pensamento”.
As ações do bebê, como por exemplo, sugar, são assimiladas em padrões (esquemas) novos de
comportamento após certa acomodação por ele estabelecida. Por volta dos 18 meses / 02 anos, a criança
começa a representar internamente os objetos e acontecimentos experimentados no seu meio ambiente.
Ela começa manipular mentalmente objetos e situações através da representação. Neste momento, começa
a desenvolver a capacidade de desempenhar mentalmente seqüências de ações realmente evidentes.
A criança, então, começa a solucionar de maneira nova alguns de seus antigos problemas sensório
– motores (pela representação de seqüências de ações e tentando soluções ocultas) em sua cabeça.
Ao contrário de apoiar-se na tentativa e erro, a criança começa a solucionar seus problemas por
meio da representação interna, o pensamento.
* Pré - Operacional
A criança pequena começa a usar símbolos para representar objetos quando ela tem desenvolvido
e estabelecida a representação interna.
Durante a primeira metade do período ( 2 / 4 anos ) ocorre o desenvolvimento da linguagem
falada. Por volta dos 4 anos e meio de idade a criança já adquiriu a maior parte de sua língua materna.
Para Piaget, o desenvolvimento da linguagem falada só é possível depois que a criança faz as
representações internas.
Antes dessa representação, a fala da criança pequena é enganadora. Embora ela possa estar
“falando” (usando palavras) os sons usados não representam objetos ou acontecimentos.
A criança que diz mamãe (com aproximadamente, 01 ano de idade) o faz, não porque está
representando a sua mãe, mas sim, porque aprendeu que emitindo aquele som consegue atenção de sua
mãe – reforço.
Durante o período pré-operacional, a criança apresenta condições de fazer representações de
objetos de acontecimentos e “pensa” porém, é um pensamento pré – lógico ou parcialmente lógico; seu
pensamento é baseado na percepção. Seus julgamentos são sempre baseados no “parecer”.
Outra característica é o animismo, onde tudo o que se movimenta é vivo e o que não se movimenta
não é. O movimento é tido como explicação „lógica‟. O egocentrismo também é uma característica
bastante marcante. A criança acredita que todos pensam como ela, e que tudo que pensa é certo. Esta
criança típica, raramente questiona o seu pensamento e tem dificuldade em aceitar o pensamento de
outras pessoas. Ela não acredita que haja ponto de vista diferente do seu.
O egocentrismo do pensamento, nesta idade e período, diminui lentamente quando a criança
convive com outras e seus pensamentos entram em conflito com os do grupo.
* Operações Concretas
* Operações Formais
Ocorrendo entre os 11 e 15 anos (o que pode ir muito além desta idade) a criança torna-se capaz
de aplicar o pensamento lógico a todas as classes de problemas. Pode-se dizer que as estruturas para o
pensamento lógico tornaram-se totalmente desenvolvidas. Não há limites para a logicidade do
pensamento que o homem é capaz de desenvolver. Há estudos onde se observa que algumas pessoas
jamais desenvolvem conceitos de pensamento formal.
E, como ocorre em outros períodos, não é só porque o adolescente está no período formal que
pensará ou comportar-se-á sempre com lógica.
O adolescente típico deste período ainda não pensa como um adulto. No início, o uso da lógica é
egocêntrico (diferente do egocentrismo pré-operacional) no sentido de que ao usar a lógica ele tende a
utilizá-la como único critério para o que é bom, e certo, etc. Ele tenta sempre reduzir o mundo ao que é
lógico, ainda não consegue diferenciar o lógico do real. O adolescente não consegue compreender a idéia
de que nem sempre os acontecimentos e o mundo são ordenados logicamente. É neste ponto que
verificamos o egocentrismo do pensamento, lógico, mas não realista. Assim, muitos adolescentes
revelam-se bastante idealistas quantos a seus pensamentos. Esse idealismo adaptar-se-á quando o
adolescente enfrentar o mundo „real‟. Não é um ponto negativo. É normal e necessário que haja o
idealismo „falso‟ para o desenvolvimento do pensamento realista (que eventualmente possa ser ou não
mantido o idealismo).
Informações obtidas em Wadsworth, 84.
Apesar da intensa discussão acerca da importância das habilidades básicas para o aprendizado da
leitura, escrita e aritmética, faz-se necessário ressaltar que as mesmas são imprescindíveis para esse
processo.
As habilidades básicas, também conhecidas como pré-requisitos ou prontidão geral, são um
conjunto de modalidades especializadas, que podem ser utilizadas em conjunto ou individualmente, de
acordo com a tarefa a ser desenvolvida em aprendizagem sistemática e assistemática.
A seguir, tomaremos as definições usadas por Verônica Braun, em sua Coleção Pra Pré, que de
forma clara e objetiva explica cada uma das habilidades:
COORDENAÇÃO MOTORA FINA: “Desenvolvida por meio de exercícios especiais que levarão a
criança a obter a precisão, a rapidez e a força muscular dos membros superiores e especialmente das
mãos. A criança passa do movimento espontâneo para o movimento consciente. É a capacidade de
coordenar a musculatura fina, em que é exigida a tarefa mão – olho”.
SÍNTESE: “Capacidade de unir, de juntar partes, unidades ( ex: sílabas ), para formar um todo ( ex:
palavra ), a partir de uma união das partes, tira-se conclusões do todo”.
ANÁLISE: “Capacidade de decompor, de separar um todo em partes, em unidades menores ( ex: palavras
em sílabas )”.
ANÁLISE E SÍNTESE: “É um processo em que cada uma das partes do todo tem ligação com as outras
partes. Este processo tem grande relevância na aprendizagem da leitura e da escrita”.
PERCEPÇÃO: FIGURA e FUNDO: “ Capacidade de perceber objetos no primeiro plano ( como figura )
e de diferencia-los significativamente (...). A diferenciação de objetos significativos do ambiente requer
concentração, atenção. Esta percepção é fundamental na aprendizagem da leitura e escrita”.
CONCEITUAÇÃO INICIAL
Dificuldades de Aprendizagem
outrem
- Interiorização da imagem corporal
- Coordenação, caligrafia, leitura harmoniosa,
gestual,
ritmo de leitura (frase, palavra), imitação /
cópia...
Lateralidade - Identificação da dominância lateral
- Reconhecimento da direita/esquerda
-Ordem espacial, direção gráfica (=>), ordem,
letras /
números /discriminação visual
Estruturação espaciotemporal - Noções espaciais e temporais
- Estruturação rítmica
Percepção visual e - Identificação de ruídos e sons
auditiva - Identificação e combinação de letras e
números
(modalidades visuais, auditivas e cinestésicas)
- Esquerda versus direita, Alto / baixo: b / p; n
/ u ; ou / on
Dentro / fora: espaço para escrita.Progressão /
grandeza; classificação / seriação; Orientação /
Cálculos
Praxia global e fina -Perturbações do grafismo (motora fina)
-Manipulação / preensão
Transtornos de Aprendizagem
“Os transtornos de aprendizagem são diagnosticados quando os achados do individuo em três testes
padronizados e individualmente administrados de leitura, matemática ou expressão escrita são
substancialmente abaixo do esperado para a sua idade, escolarização e nível de inteligência.”
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Quadro comparativo dos critérios diagnósticos do TA no DSM -IV - TR e no DSM -5 (APA, 2003, 2010, 2013).
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A avaliação do sujeito não se dará mais pelo QI, mas pela sua capacidade de adaptação, segundo o
DSM-5. Segundo a OMS, a Deficiência Intelectual se classifica como:
Moderado:
O máximo que podem alcançar é o ponto de assumir um nível pré-operativo. São pessoas que podem ser
capazes de adquirir hábitos de autonomia e, inclusive, podem realizar certas atitudes bem elaboradas.
Quando adultos podem frequentar lugares ocupacionais, mesmo que sempre estejam necessitando de
supervisão.
Leve:
São casos perfeitamente educáveis. Podem chegar a realizar tarefas mais complexas com supervisão. São
os casos mais favoráveis.
A escrita disgráfica pode observar-se com traços pouco precisos e incontrolados. Há uma
desorganização das letras, letras retocadas e “feias”. O espaço entre as linhas, palavras e letras são
irregulares. Há uma desorganização do espaço ocupado na folha e pode-se referir à problemas de
orientação espacial.
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Há falta de pressão com debilidade dos traços, ou traços demasiadamente forte o que causa
cansaço e lentidão na hora da escrita. Além disso, devido a letra ilegível há dificuldades de entendimento
na hora da leitura por parte dos alunos e professores.
Características:
● Lentidão na escrita.
● Letra ilegível.
● Escrita desorganizada.
●Traços irregulares: ou muito fortes que chegam a marcar o papel ou muito leves.
●Desorganização geral na folha por não possuir orientação espacial.
●Desorganização do texto, pois não observam a margem parando muito antes ou ultrapassando. ●Quando
este último acontece, tende a amontoar letras na borda da folha.
●Desorganização das letras: letras retocadas, hastes mal feitas, atrofiadas, omissão de letras, palavras,
números, formas distorcidas, movimentos contrários à escrita (um S ao invés do 5 por exemplo).
●Desorganização das formas: tamanho muito pequeno ou muito grande, escrita alongada ou comprida.
●O espaço que dá entre as linhas, palavras e letras são irregulares.
●Liga as letras de forma inadequada e com espaçamento irregular.
O disgráfico não apresenta características isoladas, mas um conjunto de algumas destas citadas
acima. Não recomenda-se o uso do caderno de caligrafia, que poderá sobrecarregar o punho, ocasionando
dores no braço indo até os ombros. É preciso intervenção.
Tipos:
- Disgrafia motora (discaligrafia): a criança consegue falar e ler, mas encontra dificuldades na
coordenação motora fina para escrever as letras, palavras e números, ou seja, vê a figura gráfica, mas não
consegue fazer os movimentos para escrever.
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- Disgrafia perceptiva: não consegue fazer relação entre o sistema simbólico e as grafias que representam
os sons, as palavras e frases. Possui as características da dislexia sendo que esta está associada à leitura e
a disgrafia está associada à escrita.
Tratamento
É importante que se faça uma avaliação fonoaudiológica o quanto antes, para evitar o
fracasso escolar.
O tratamento requer uma estimulação lingüística global e um atendimento individualizado
complementar à escola.
Discalculia
CLASSIFICAÇÃO
Por meio de estímulos e contato com o meio em que vive, canal de TV, número da residência, do
telefone, etc., a criança é capaz de construir conceito de número e desenvolver seus processos cognitivos:
reconhecer semelhanças e diferenças de objetos; estabelecer relação entre um elemento e um grupo, de
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inclusão e disjunção. Comportamentos de classificação podem ser considerados como uma das primeiras
manifestações de pensamento lógico do ser humano.
SERIAÇÃO
São sequências dadas, identificadas por meio de uma regra de formação. Permite à criança,
desenvolver seu cognitivo para perceber que cada elemento de uma série de contagem é um a mais que o
anterior e um a menos que o posterior.
CONSERVAÇÃO
A criança será capaz de justificar com argumentos claros e precisos suas respostas.
TEMPO E ESPAÇO
A criança compreenderá sua localização no espaço, presente, passado e futuro; seqüência lógica
dos fatos com implementação de idéias e conceitos; relação de fatos entre si; inclusões; raciocínio de
causa e efeito; significação.
Para a aquisição da leitura, escrita e aritmética, é necessário que a criança compreenda e seja
capaz de usar conceitos numéricos e abstratos e operações aritméticas indicativas de seu desenvolvimento
cognitivo, bem como a concentração e a atenção. Tende a capacitar a criança a adquirir informações, de
sua riqueza de idéias e qualidade de linguagem (fluência verbal). Compreende a matemática por meio do
enunciado verbal. Usa conhecimentos da vida prática (compra, venda e troca) e escolares, exigindo seu
raciocínio, memória, capacidade de compreensão e associações que revelam o interesse e nível cultural do
sujeito.
ORIENTAÇÃO ESPACIAL
1º Desenvolver a consciência da situação de seu próprio corpo em relação a um meio ambiente (objetos e
pessoas);
2º Desenvolver a consciência da relação espacial dos objetos entre si;
3º Conhecer noções de deslocamento. Ex: “Vá até à estante de jogos”...;
4º Orientação espacial: dominar os diversos termos espaciais para se orientar. Ex: “Fique ao lado da
cadeira virada para frente”.
5º Organização Espacial: Combinar diversas noções espaciais e organizá-las dentro de um espaço
delimitado (labirinto; jogos de tracejo, etc) Os exercícios devem sempre partir da seguinte hierarquia:
EM RELAÇÃO A SI – EM RELAÇÃO AO ESPAÇO – GRÁFICO
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ORIENTAÇÃO TEMPORAL
1º Trabalho com sucessão dos acontecimentos (antes, durante e depois);
2º Duração dos intervalos (ex: noção de tempo longo e curto; noção de cadência rápida e cadência lenta);
3º Renovação cíclica de certos períodos (dias da semana, meses do ano, estações);
4º Diferença entre tempo objetivo e tempo subjetivo.
5º Ritmo: abrange as noções de ordem, sucessão, duração e de alternância.
Transtorno de Leitura
Sua característica primordial consiste em um rendimento de leitura, velocidade (compreensão da
leitura), substancialmente inferior ao esperado para:
A idade cronológica do individuo;
QI médio ou acima da média e;
A escolaridade do sujeito.
Em 1968 em Dallas, Texas, a Federação Internacional de Neurologia apresentou a terminologia
Problemas de leitura de origem Genética. Em 1969, MacDonald Critchley, presidente da Federação
Mundial de Neurologia, apresentou a definição de Dislexia especifica do desenvolvimento.
De acordo com Critchley:
“Dislexia específica do desenvolvimento é uma anomalia que se manifesta por dificuldade para aprender
a ler, apesar de instrução convencional, inteligência adequada e oportunidades sócio-culturais. Depende
de distúrbios cognitivos fundamentais, freqüentemente de origem constitucional”.
Critchley prosseguiu:
...”A dislexia específica do desenvolvimento, constitui uma grande porcentagem de casos dentro da gama
dos que lêem mal... Porém, nem todas as crianças com distúrbios de leitura são disléxicas, especialmente
não tem dislexia de desenvolvimento ou genética”.
Segundo a ABD (Associação Brasileira de Dislexia):
“A dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica
ou baixa inteligência. Ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda
alterações no padrão neurológico.”
A Dislexia é caracterizada por uma dificuldade especifica em compreender as palavras ou frases
escritas e impressas, onde sua leitura oral caracteriza-se por:
Distorções,
Substituições, ou
Omissões.
Tanto a leitura por voz alta quanto silenciosa, são caracterizadas por lentidão e erros de
compreensão. Nos Estados Unidos, foram diagnosticados indivíduos com transtornos de leitura, entre 60
a 80% do sexo masculino e 4% em crianças em idade escolar.
A predominância do transtorno de leitura é difícil de estabelecer, visto que muitos estudos se
concentram na prevalência dos estudos de aprendizagem, sem distingui-los em transtornos de leitura,
escrita e matemática. Estes três transtornos isoladamente consistem aproximadamente em quatro a cinco
casos dos transtornos de aprendizagem.
Diagnóstico:
O transtorno de leitura raramente é diagnosticado antes do final da idade pré-escolar ou inicio da 1ª
serie, sendo que o ensino formal da leitura não se inicia antes disto na maioria das escolas.
Sinais sugestivos em faixa etária menor classificam paciente com “situação de risco” para o
desenvolvimento da dislexia.
Quanto mais precoce, melhor o prognostico.
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O transtorno de leitura também pode persistir até a idade adulta, onde também é feito o diagnostico
e tratamento.
De acordo com a ABD:
“Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes de um diagnóstico multidisciplinar, só indicam
um distúrbio de aprendizagem, não confirmam a dislexia. E não para por aí, os mesmos sintomas podem
indicar outras situações, como lesões, síndromes e etc.”
As dificuldades de leitura geram implicações na aprendizagem escolar dos indivíduos com
problemas de adaptações. O aluno que não consegue ler ou lê com dificuldade, fracassa na maioria das
matérias escolares e não se propaga intelectualmente, socialmente e emocionalmente num ambiente que
exige dele leitura de sinais, advertências, avisos, instruções, notícias, cartas, etc.
O expandir da linguagem tem etapas, a criança primeiramente recebe estímulos relacionados aos
sentidos tais como: visuais, táteis, auditivos, gustativos e olfativos, os quais uma vez associados pela
mesma torna-se significativos, fazendo-a formar uma linguagem interna. Após um período de assimilação
referente à imitação, a criança utiliza símbolos verbais entrando assim no período da linguagem
expressiva.
Ao ingressar na escola, a criança aprende a ler pela imposição de símbolos verbais visuais à
linguagem auditiva. A palavra impressa representa símbolos auditivos, onde mais tarde, a criança se
expressa através da escrita de símbolos gráficos. Assim sendo, as etapas do exercício verbal seriam:
aquisição de significados, compreensão da palavra falada, expressão da palavra falada, compreensão da
palavra impressa (leitura) e expressão da palavra impressa (escrita).
Características da Dislexia
Segundo Condemarin e Blomquist (1989), a característica mais marcante do disléxico, seu
sintoma mais notório, é a acumulação e persistência de seus erros ao ler e escrever. A análise qualitativa
da leitura oral de um disléxico revelará alguma ou várias das seguintes dificuldades:
1. Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia: a-o; c-o; e-c; f-t; h-n; i-j;
m-n; v-u; etc.
2. Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente orientação no
espaço: b-d; b-p; b-q; d-b; d-p; d-q; n-u; w-m; a-e.
3. Confusão entre letras que possuem um ponto de articulação comum, e cujos sons são
acusticamente próximos: d-t; j-x; c-g; m-b; m-b-p; v-f.
4. Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras: me-em; sol-los; som-mos; sal-las; pal-pla.
5. Substituição de palavras por outras de estrutura mais ou menos similar ou criação de palavras,
porém com diferente significado: soltou/salvou; era/ficava.
6. Contaminações de sons.
7. Adições ou omissões de sons, sílabas ou palavras: famoso substituído por fama; casa por casaco.
8. Repetições de sílabas, palavras ou frases.
9. Pular uma linha, retroceder para linha anterior e perder a linha ao ler.
10. Excessivas fixações do olho na linha.
11. Soletração defeituosa: reconhece letras isoladamente, porém sem poder organizar a palavra como
um todo, ou então lê a palavra sílaba por sílaba, ou ainda lê o texto “palavra por palavra”.
12. Problemas com a compreensão.
13. Leitura e escrita em espelho em casos excepcionais.
14. Em geral, as dificuldades do disléxico no reconhecimento das palavras obrigam-no a realizar uma
leitura hiperanalítica e decifratória. Como dedica seu esforço à tarefa de decifrar o material,
diminuem significativamente a velocidade e a compreensão necessárias para a leitura normal.
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Quando os disléxicos fazem a leitura silenciosa, realizam uma leitura subvocal, isto é, murmuram
ou movem os lábios, pois precisam pronunciar as palavras para compreendê-las, por isso lêem mais
lentamente.
As características descritas na leitura dos disléxicos freqüentemente se acompanham de outras
perturbações que alteram a aprendizagem, tais como:
Os problemas emocionais interferem no aprendizado e, na maior parte das vezes, aparece no disléxico
depois de seus fracassos escolares, ou seja, somente depois de ingressar na escola é que demonstram
sinais de pavor noturno, enurese, agressividade, tristeza, pessimismo, etc.
8. Não insistir em exercícios de fixação repetitivos e numerosos, pois isso não diminui a sua
dificuldade;
9. Dar explicações de "como fazer" sempre que possível, posicionando-se ao seu lado;
10. Utilizar o computador, mas certificar-se de que o programa é adequado ao seu nível. Crianças com
dificuldade de linguagem são mais sensíveis às críticas, e o computador, quando usado com
programas que emitem sons estranhos cada vez que a criança erra, só reforçará as idéias negativas
que elas tem de si mesmas e aumentará sua ansiedade;
11. Permitir o uso de gravador;
12. Esquematizar o conteúdo das aulas quando o assunto for muito difícil para o aluno. Assim, o
professor terá a garantia de que ele está adquirindo os principais conceitos da matéria através de
esquemas claros e didáticos;
13. "Uma imagem vale mais que mil palavras": demonstrações e filmes podem ser utilizados para
enfatizar as aulas, variar as estratégias e motivá-los. Auxiliam na integração da modalidade
auditiva e visual, e a discussão em sala que se segue auxilia o aluno organizar a informação. Por
exemplo: para explicar a mudança do estado físico da água líquida para gasosa, faça-o visualizar
uma chaleira com a água fervendo;
14. Não insistir para que o aluno leia em voz alta perante a turma, pois ele tem consciência de seus
erros. A maioria dos textos de seu nível é difícil para ele.
Os alunos disléxicos podem ser bem sucedidos em uma classe regular. O sucesso dependerá do
cuidado em relação à sua leitura e das estratégias utilizadas pelos professores.
A escola e o professor devem flexibilizar o planejamento das aulas com novas formas de
possibilitar a aprendizagem do aluno disléxico, promovendo, contudo, o desenvolvimento de algumas
habilidades para que este possa saber lidar com suas dificuldades, tais como: habilidade corporal,
lateralidade, noção direita-esquerda, orientação espacial e temporal, ritmo e outros, e ter uma vida
melhor, sem angústias e medos. Com ausência desse acompanhamento a criança não consegue
desenvolver tais habilidades pelo fato de ser um problema com base neurológica e precisar de um
tratamento adequado.
A família e o professor devem buscar meios que facilitem a aprendizagem na escola pela criança,
o estabelecimento de horário para as atividades do dia-a-dia, ajudar a organizar o material escolar e as
roupas a fim de diminuir a ansiedade do disléxico, além de atendimento individualizado. Não se deve
expô-las a pressão de tempo ou competição para não desenvolver angústias e nem possíveis problemas
emocionais que poderão mascarar a dificuldade que a criança apresenta.
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Segundo o Ministério da Educação (MEC), também foram elaboradas políticas direcionadas a alunos com
transtornos de aprendizagem, déficit de atenção, hiperatividade e distúrbios como a dislexia,
disortografia, disgrafia, discalculia.
TDAH, O QUE É?
O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é considerado um problema de saúde
mental que apresenta três características básicas: a desatenção, a agitação (ou hiperatividade) e a
impulsividade. Este transtorno pode levar a dificuldades emocionais, de relacionamento familiar e social,
bem como um baixo desempenho escolar. Muitas vezes, é acompanhado de outros problemas de saúde
mental (ROHDE e BENCZIK, 1999, s.p.).
Sintomas/características do TDAH
Segundo a tabela de critérios diagnósticos do DSM (Manual de Estatística e Diagnóstico da
Associação Americana de Psiquiatria), no grupo dos sintomas de desatenção encontram-se:
Algumas crianças e adolescentes apresentam muitos dos sintomas listados, na maioria das vezes,
estão presentes vários, mas não todos. É importante destacar que para se considerar que algum dos
sintomas citados está presente é necessário que ele ocorra frequentemente. Segundo Rohde e Benczik, as
pesquisas mais recentes têm mostrado que são necessários pelo menos seis dos sintomas de desatenção
e/ou seis dos de hiperatividade/ impulsividade para que se possa pensar na possibilidade do diagnóstico
de TDAH (1999, p. 41).
As crianças com TDAH são freqüentemente acusadas de "não prestar atenção", mas na verdade
elas prestam atenção a tudo. O que não possuem é a capacidade para planejar com antecedência, focalizar
a atenção seletivamente e organizar respostas rápidas. Elas afetam o desempenho acadêmico, os
relacionamentos familiar e social e o ajustamento psicossocial, portanto, devem ser alvo de intervenção.
A quantidade e o ritmo de movimentos acima do normal, também causam dificuldades. A
movimentação da criança é tanta que ela precisa ser vigiada o tempo todo, pois corre riscos de se envolver
em situações perigosas. A criança hiperativa tem mais energia e menos necessidade de sono e repouso.
Outra questão clinicamente relevante é a da duração dos sintomas de desatenção e/ou
hiperatividade/impulsividade.
Normalmente, as crianças com TDAH apresentam uma história de vida desde a idade pré-escolar
com a presença de sintomas ou, pelo menos, um período de vários meses com sintomas. A presença de
sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade por curtos períodos (dois a três meses) que se
iniciam claramente após um desencadeante psicossocial (por exemplo, a separação dos pais) deve alertar
o clínico para a possibilidade de que a desatenção, a hiperatividade ou a impulsividade sejam mais
sintomas do que parte de um quadro de TDAH. Os sintomas de desatenção e/ou
hiperatividade/impulsividade precisam ocorrer em vários ambientes da vida da criança (por exemplo,
escola e casa) e manterem-se constantes ao longo do período avaliado. Sintomas que ocorrem apenas em
casa ou somente na escola devem alertar para a possibilidade de que a desatenção, a hiperatividade ou a
impulsividade possam ser apenas sintomas de uma situação familiar desestruturada ou de um sistema de
ensino inadequado. Da mesma forma, variações entre períodos com sintomas e períodos assintomáticos
não são características do TDAH.
Podemos resumir a "história clássica" de TDAH na tabela abaixo:
Na escola é que a criança hiperativa vai demonstrar as características que definem a doença,
como: dificuldade em se concentrar; não conseguir ficar envolvida com uma coisa só; movimentar-se e
conversar constantemente. Um outro sintoma é a impulsividade, comportamento que se caracteriza por
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não pensar antes de agir podendo provocar situações perigosas, como atravessar a rua sem antes olhar.
Em indivíduos com TDAH, as interações com os iguais são reduzidas, pois as próprias características da
criança (impulsividade, agressividade, etc.) tendem a provocar a rejeição dos outros. Carecem, portanto,
do tipo de experiência que proporcionam estas interações, que são de vital importância para o
desenvolvimento social do indivíduo. Coll (1995, p. 164) destaca que, o isolamento e rejeição social têm
conseqüências negativas sobre a valorização de si mesma..
As crianças com TDAH na escola, podem demonstrar, em geral, a inteligência média ou acima da
média, porém, apresentam alguns problemas na aprendizagem ou no comportamento, associados aos
desvios das funções do sistema nervoso central, propiciando dificuldades na percepção, conceitualização,
linguagem, memória, controle da atenção, função motora e impulsividade (RAZERA apud SILVA, 2004,
p. 36).
Na idade escolar, crianças com TDAH, apresentam maior probabilidade à repetência, evasão
escolar, baixo rendimento acadêmico e dificuldades emocionais e de relacionamento.
Supõe-se que os sintomas da TDAH sejam catalisadores, tornando as crianças vulneráveis ao
fracasso nos dois processos mais importantes para um bom desenvolvimento: o relacionamento social e a
escola. Nessa situação, faz-se importante a atuação do psicopedagogo trabalhando de forma a orientar a
família e as instituições sobre características das diferentes etapas do desenvolvimento, sobre o progresso
nas aprendizagens, sobre as condições psicodinâmicas e determinantes destas dificuldades na
aprendizagem, não só em nível de defasagem de conteúdo, mas ainda em nível cognitivo, algumas vezes
relacionada a aspectos também sociais e psico-afetivos (Gasparian apud Kortmann, [2008?], p. 6).
Rohde e Benczik (1999, p. 55) citam que os achados científicos têm indicado a presença de
disfunção em uma área do cérebro conhecida como região orbital frontal. Essa região é situada na parte
da frente do cérebro, logo atrás da testa. É uma das regiões mais desenvolvidas em seres humanos e
parece ser a responsável pela inibição do comportamento, pela atenção sustentada, pelo autocontrole e
pelo planejamento para o futuro. Silva (2003, p. 178) diz que nas pessoas com TDAH, a região frontal
recebe um menor aporte sangüíneo do que deveria e, como conseqüência , há uma diminuição do
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metabolismo nesta região, que ao receber menos glicose (oriunda do sangue), terá menos energia e
funcionará com seu desempenho reduzido.
O lobo frontal é o principal responsável pela ação reguladora do comportamento, então, podemos
avaliar que seu hipofuncionamento está diretamente ligado às alterações funcionais apresentadas no
TDAH. A forma como o lobo frontal regula o comportamento ocorre pelas seguintes funções: fazer
manutenção dos impulsos; planejar ações futuras; regular o estado de vigília; “filtrar” estímulos
irrelevantes, responsáveis pela distração; acionar reações de luta e fuga; estabelecer ligação direta com o
sistema límbico (centro das emoções), com o centro da fome e da sede; regular a sexualidade, o grau de
disposição física e mental e outros impulsos de aspecto fisiológico.
No entanto, não se pode esquecer que todas as regiões do cérebro interligam-se, formando uma
grande rede de informações. Essas informações são passadas de neurônio para neurônio, de regiões a
regiões, pelos neurotransmissores que irão determinar a ativação ou inibição destas modulando, assim, o
agir dos indivíduos. No caso do TDAH, os neurotransmissores mais participativos nesse processo de
desregulagem no funcionamento do lobo frontal seriam as catecolaminas, que incluem a noradrenalina e a
dopamina.
Como pode-se ver, várias hipóteses explicam as causas da hiperatividade. Tanto pode ocorrer em
crianças de famílias com tendência a problemas psiquiátricos como em famílias normais. Acredita-se que
com um diagnóstico e o tratamento correto, um grande número de problemas como: repetência escolar,
abandono de estudos, depressão, distúrbios de comportamento, problemas vocacionais e de
relacionamento, bem como o uso de drogas, podem ser adequadamente tratados e até mesmo evitados.
O conceito de retardo mental (RM), adotado pela DSM-IV, requer a combinação de baixo QI
associado a significativo prejuízo adaptativo. Conforme Souza (2007, s.p.), aproximadamente 85% dos
casos são de retardo mental leve, que é geralmente diagnosticado após os 5 anos de idade, no período
escolar, quando ocorre uma maior demanda social e intelectual. Em mais de 50% dos pacientes
portadores de RM, outras condições psiquiátricas estão presentes, sendo as mais comuns o transtorno de
controle do impulso, de ansiedade, do humor e TDAH. Segundo a autora, ainda hoje, o diagnóstico de
TDAH em crianças com déficits intelectuais é controverso, uma vez que a diminuição da atenção e
condutas inadequadas são características dessa população, podendo ser mais bem explicadas pela
capacidade intelectual deficitária, o que levaria à dificuldade do diagnóstico da comorbidade TDAH-RM.
Portanto, deve-se avaliar a validade do diagnóstico de TDAH em crianças com RM observando a
correlação clínica, história familiar, resposta terapêutica, estudos laboratoriais, curso e prognóstico.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Diagnóstico
c) Persistência dos sintomas em vários locais e ao longo do tempo. Os sintomas de desatenção e/ou
hiperatividade/impulsividade precisam ocorrer em vários ambientes da vida da criança (por exemplo,
escola e casa) e manterem-se constantes ao longo do período avaliado. Sintomas que ocorrem apenas em
casa ou somente na escola devem alertar o clínico para a possibilidade de que a desatenção,
hiperatividade ou impulsividade possam ser apenas sintomas de uma situação familiar caótica ou de um
sistema de ensino inadequado. Da mesma forma, flutuações de sintomatologia com períodos
assintomáticos não são características do TDAH.
d) Prejuízo clinicamente significativo na vida da criança. Sintomas de hiperatividade ou impulsividade
sem prejuízo na vida da criança podem traduzir muito mais estilos de funcionamento ou temperamento do
que um transtorno psiquiátrico.
e) Entendimento do significado do sintoma. Para o diagnóstico de TDAH, é necessária uma avaliação
cuidadosa de cada sintoma, e não somente a listagem de sintomas. Por exemplo, uma criança pode ter
dificuldade de seguir instruções por um comportamento de oposição e desafio aos pais e professores,
caracterizando muito mais um sintoma de transtorno opositor desafiante do que de TDAH.
Todos os dados apresentados podem ajudar a entender melhor o TDAH e a suspeitar fortemente
que o indivíduo apresente ou não este problema. Entretanto, o diagnóstico só deve ser realizado por um
profissional de saúde mental, seja ele médico ou psicólogo.
O diagnóstico de TDAH é fundamentalmente clínico, existem escalas que descrevem os sintomas
de atenção, hiperatividade e impulsividade e medem de forma objetiva sua intensidade de acordo com a
opinião dos pais e professores.
Rohde e Benczik (1999, p.49) sugerem a Escala de Conners e a Escala de Problemas de Atenção
do Inventário de Comportamento de Crianças e Adolescentes, que nas suas versões para pais e
professores têm sido as mais usadas e podem ser muito úteis como ferramentas auxiliares no processo do
diagnóstico, mas não servem como instrumentos isolados.
O exame neurológico evolutivo, realizado por neuropediatras e alguns testes psicológicos como a
Escala de inteligência de Wechsler 5 para crianças, podem indicar dados que fortalecem o diagnóstico.
Entretanto, os resultados destas avaliações isoladamente ou em combinação não são suficientes para o
diagnóstico, pois algumas crianças com sintomas importantes podem apresentar resultados normais
nesses exames e testes, porque são realizados em ambientes altamente estruturados, com poucos
estímulos externos e com cuidado individualizado á criança. Segundo estes autores, outros testes
neuropsicológicos mais complexos e exames mais modernos, como as tomografias por emissão única de
fóton (SPECT), são bastante promissores para o futuro.
Intervenção Multidisciplinar
uso de medicação
orientação de manejo para a família;
orientação de manejo para os professores.
Além disso, considera-se de fundamental importância os pais colocarem limites para as crianças
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em todas as situações necessárias. Isso é necessário para que ela possa transferir suas atitudes positivas
para o ambiente escolar. Os pais devem ser constantemente trabalhados com orientações e
questionamentos nas atitudes errôneas e a criança com jogos, mostrando o erro e causa deles (CHAMAT,
2008, s.p.)
Aqui apresentamos algumas dicas elaboradas por Edward M. Hallowell para o trato de crianças
com TDAH na escola. As sugestões a seguir visam auxiliar o professor na sala de aula. Algumas
sugestões vão ser evidentemente mais adequadas às crianças menores, outras às mais velhas, mas, em
termos de estrutura, educação e encorajamento, são pertinentes a qualquer um.
01 – Antes de tudo, certifique-se de que está lidando com o DA (Déficit de Atenção). Definitivamente
não é tarefa dos professores diagnosticar o DA, mas você pode e deve questionar. Especificamente tenha
certeza de que alguém tenha testado a audição e a visão da criança recentemente e tenha certeza também
de que outros problemas médicos tenham sido resolvidos. Tenha certeza de que uma avaliação adequada
foi feita. Continue questionando até que se sinta convencido. A responsabilidade disso tudo é dos pais e
não dos professores, mas o professor pode contribuir para o processo.
02 – Segundo, prepare-se para suportar. Ser uma professora na sala de aula onde há duas ou três crianças
com DA pode ser extremamente cansativo. Tenha certeza de que você possa ter o apoio da escola e dos
pais. Tenha certeza de que há uma pessoa com conhecimento á qual você possa consultar quando tiver um
problema (pedagogo, psicólogo infantil, assistente social, psicólogo da escola ou pediatra) mas a
formação da pessoa não é realmente importante. O que importa é que ele ou ela conheça muito sobre DA,
conheça os recursos de uma sala de aula e possa falar com clareza. Tenha certeza de que os pais estão
trabalhando com você. Tenha certeza de que os colegas podem ajudar você.
03 – Conheça seus limites. Não tenha medo de pedir ajuda. Você, como professor, não pode querer ser
uma especialista em DA. Você deve sentir-se confortável em pedir ajuda quando achar necessário.
04 – PERGUNTE À CRIANÇA O QUE PODE AJUDAR. Estas crianças são sempre muito intuitivas.
Elas sabem dizer a forma mais fácil de aprender, se você perguntar. Elas ficam normalmente temerosas
em oferecer informação voluntariamente porque isto pode ser algo muito ousado ou extravagante. Mas
tente sentar sozinho com a criança e perguntar-la como ela pode aprender melhor. O melhor especialista
para dizer como a criança aprende é a própria criança. É assustador a frequência com que suas opiniões
são ignoradas ou não são solicitadas. Além do mais, especialmente com crianças mais velhas, tenha
certeza de que ela entende o que é DA. Isto vai ajudar muito a vocês dois.
07 – Estabeleça regras. Tenha-as por escrito e fáceis de serem lidas. As crianças se sentirão seguras
sabendo o que é esperado delas.
08 – Repita as diretrizes. Escreva as diretrizes. Fale das diretrizes. Repita as diretrizes. Pessoas com DA
necessitam ouvir as coisas mais de uma vez.
09 – Olhe sempre nos olhos. Você pode “trazer de volta” uma criança DA através dos olhos nos olhos.
Faça isto sempre. Um olhar pode tirar uma criança do seu devaneio ou dar-lhe liberdade para fazer uma
pergunta ou apenas dar-lhe segurança silenciosamente.
10 – Na sala de aula coloque a criança sentada próxima à sua mesa ou próxima de onde você fica a maior
parte do tempo. Isto ajuda a evitar a distração que prejudica tanto estas crianças.
11 – Estabeleça limites, fronteiras. Isto deve ser devagar e com calma, não de modo punitivo. Faça isto
consistente, previa, imediata e honestamente. Não seja complicado, falando sem parar. Estas discussões
longas são apenas diversão. Seja firme.
12 – Preveja o máximo que puder. Coloque o plano no quadro ou na mesa da criança. Fale dele
frequentemente. Se você for alterá-lo, como fazem os melhores professores, faça muitos avisos e prepare
a criança. Alterações e mudanças sem aviso prévio são muito difíceis para estas crianças. Elas perdem a
noção das coisas. Tenha um cuidado especial e prepare as mudanças com a maior antecedência possível.
Avise o que vai acontecer e repita os avisos à medida em que a hora for se aproximando.
13 – Tente ajudar as crianças a fazerem a própria programação para depois da aula, esforçando-se para
evitar um dos maiores problemas do DA: a procrastinação.
14 – Elimine ou reduza a frequência dos testes de tempo. Não há grande valor educacional nestes testes e
eles definitivamente não possibilitam as crianças DA mostrarem o que sabem.
15 – Propicie uma espécie de válvula de escape como, por exemplo, sair da sala de aula por alguns
instantes. Se isto puder ser feito dentro das regras da escola, poderá permitir à criança deixar a sala de
aula ao invés de se desligar dela e, fazendo isto, começa a aprender importantes meio de auto-observação
auto-monitoramento.
18 – Divida as grandes tarefas em tarefas menores. Esta é uma das mais importantes técnicas de ensino
das crianças DA. Grandes tarefas abafam rapidamente as crianças e elas recuam a uma resposta
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emocional do tipo eu nunca vou ser capaz de fazer isto. Através da divisão de tarefas em tarefas mais
simples, cada parte pequena o suficiente para ser facilmente trabalhada, a criança foge da sensação de
abafado. Em geral estas crianças podem fazer muito mais do que elas pensam. Pela divisão de tarefas o
professor pode permitir à criança que demonstre a si mesma a sua capacidade. Com as crianças menores
isto pode ajudar muito a evitar acessos de fúria pela frustração antecipada. E com os mais velhos, pode
ajudar as atitudes provocadoras que elas têm freqüentemente. E isto vai ajudar de muitas outras maneiras
também. Você deve fazer isto durante todo o tempo.
19 – Permita-se brincar, divertir. Seja extravagante, não seja normal. Faça do seu dia uma novidade.
Crianças DA adoram novidades. Elas respondem às novidades com entusiasmo. Isto ajuda a manter a
atenção – tanto a delas quanto a sua. Estas crianças são cheias de vida, elas adoram brincar. E acima de
tudo, elas detestam ser molestadas. Muitos dos tratamentos para elas envolvem coisas chatas como
estruturas, programas, listas e regras. Você deve mostrar a elas que estas coisas não estão necessariamente
ligadas às pessoas, professores ou aulas chatas. Se você, às vezes, se “fizer de bobo” poderá ajudar muito.
20 – Novamente, cuidado com a superestimulação. Como um barro de vaso no forno, a criança pode ser
queimada. Você tem que estar preparado para reduzir o calor. A melhor maneira de lidar com os caos na
sala de aula é, em primeiro lugar, a prevenção.
21 – Esforce-se e não se dê satisfeito, tanto quanto puder. Estas crianças convivem com o fracasso, e
precisam de tudo de positivo que você puder oferecer. O fracasso não pode ser super – enfatizado: estas
crianças precisam e se beneficiam com os elogios. Elas adoram o encorajamento. Elas absorvem e
crescem com isto. E sem isto elas retrocedem e murcham. Frequentemente o mais devastador aspecto do
DA não é DA propriamente dito e sim o prejuízo à auto-estima. Então, alimente estas crianças com
encorajamento e elogios.
22 – A memória é frequentemente um problema para eles. Ensine a eles pequenas coisas como
mnemônicos, cartão de lembretes, etc. Eles normalmente têm problemas com o que Mel Levine chama de
Memória do Trabalho Ativa, o espaço disponível no quadro da sua mente, por assim dizer. Qualquer coisa
que você inventar – rimas, códigos, dicas – pode ajudar muito a aumentar a memória.
23 – Use resumos. Ensine resumido. Ensine sem profundidade. Estas técnicas não são fáceis para crianças
DA, mas, uma vez aprendidas, podem ajudar muito as crianças a estruturar e moldar o que está sendo
ensinado, do jeito que é ensinado. Isto vai ajudar a dar a criança o sentimento de domínio durante o
processo de aprendizagem, que é o que elas precisam, e não a pobre sensação de futilidade que muitas
vezes definem a emoção do processo de aprendizagem destas crianças.
24 – Avise sobre o que vai falar antes de falar. Fale. Então fale sobre o que já falou. Já que muitas
crianças com DA aprendem melhor visualmente do que pela voz, se você puder escrever o que será falado
e como será falado, isto poderá ser de muita ajuda. Este tipo de estruturação põe as idéias no lugar.
26 – Acostume-se a dar retorno, o que vai ajudar a criança a tornar-se auto-observadora. Crianças com
DA tendem a não ser auto-observadora. Elas normalmente não têm idéia de como vão ou como têm se
comportado. Tente informá-las de modo construtivo. Faça perguntas como: Você sabe o que fez? ou
Como você acha que poderia ter dito isto de maneira diferente? ou Você acha que aquela menina ficou
triste quando você disse o que disse?. Faça perguntas que promovam a auto-observação.
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29 – Se a crianças parece ter problemas com as dicas sociais – linguagem do corpo, tom de voz, etc –
tente discretamente oferecer sinais específicos e explícitos, como uma espécie de treinamento social. Por
exemplo, diga antes de contar a sua história, procure ouvir primeiro a de outros ou olhe para a pessoa
enquanto ela está falando. Muitas crianças com DA são vistas como indiferentes ou egocêntricas, quando
de fato elas apenas não aprenderam a interagir. Esta habilidade não vem naturalmente em todas as
crianças, mas pode ser ensinada ou treinada.
31 – Faça a criança se sentir envolvida nas coisas. Isto vai motivá-la e a motivação ajuda o DA.
32 – Separe pares ou trios ou até mesmo grupos inteiros de crianças que não se dão bem juntas. Você
deverá fazer muitos arranjos.
33 – Fique atento à integração. Estas crianças precisam se sentir enturmadas, integradas. Tão logo se
sintam enturmadas, se sentirão motivadas e ficarão mais sintonizadas.
35 – Experimente um caderno escola – casa – escola. Isto pode contribuir realmente para a comunicação
pais – professores e evitar reuniões de crises. Isto ajuda ainda o freqüente retorno de informação que a
criança precisa.
37 – Incentive uma estrutura do tipo auto-avaliação. Troca de idéias depois da aula pode ajudar. Utilize
também os intervalos de aula.
38 – Prepare-se para imprevistos. Estas crianças necessitam saber com antecedência o que vai acontecer,
de modo que elas possam se preparar. Se elas, de repente, se encontram num imprevisto, isto pode evitar
excitação e inquietos.
40 – Com as crianças mais velhas, faça com que escrevam pequenas notas para eles mesmos, para
lembrá-los das coisas. Essencialmente, eles anotam não apenas o que é dito a eles mais também o que eles
pensam. Isto pode ajudá-los a ouvir melhor.
41 – Escrever à mão às vezes é muito difícil paras estas crianças. Desenvolva alternativas. Ensine como
utilizar teclados. Faça ditados. Aplique testes orais.
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42 – Seja como um maestro: tenha a atenção da orquestra antes de começar. Você pode utilizar do
silêncio ou bater o seu giz ou régua para fazer isto. Mantenha a turma atenta, apontando diferentes partes
da sala como se precisasse da ajuda deles.
43 – Sempre que possível, prepare para que cada aluno tenha um companheiro de estudo para cada tema,
se possível com o número do telefone (adaptado de Gary Smith).
45 – Reúna-se com os pais frequentemente. Evite o velho sistema de se reunir apenas para resolver crises
ou problemas.
46 – Incentive a leitura em voz alta em casa. Ler em voz alta na sala de aula tanto quanto for possível.
Faça a criança recontar estórias. Ajude a criança a falar por tópicos.
48 – Exercícios físicos. Um dos melhores tratamentos para DA, adultos ou crianças, é o exercício físico.
Exercícios pesados, de preferência. Ginástica ajuda a liberar o excesso de energia, ajuda a concentrar a
atenção, estimula certos hormônios e neurônios que são benéficos. E ainda é divertido. Assegure-se de
que o exercício seja realmente divertido, porque deste modo a criança continuará fazendo para o resto da
vida.
49 – Com os mais velhos a preparação para a aula deve ser feita antes de entrar na sala. A melhor idéia é
que a criança já saiba o que vai ser discutido em um certo dia e o material que provavelmente será
utilizado.
50 – Esteja sempre atento às dicas do momento. Estas crianças são muitos mais talentosas e artísticas do
que parecem. Elas são cheias de criatividade, alegria, espontaneidade e bom humor. Tendem a ser
resistentes, sempre agarradas ao passado. Tendem a ser generosas de espírito, felizes de poder ajudar
alguém. Normalmente têm algo especial que engrandece qualquer coisa em que estão envolvidas.
Lembre-se de que no meio do barulho existe uma sinfonia que precisa ser escrita.
Além disso, considera-se de fundamental importância os pais colocarem limites para as crianças
em todas as situações necessárias. Isso é necessário para que ela possa transferir suas atitudes positivas
para o ambiente escolar. Os pais devem ser constantemente trabalhados com orientações e
questionamentos nas atitudes errôneas e a criança com jogos, mostrando o erro e causa deles (CHAMAT,
2008, s.p.)
Metilfenidato,
Imipramina,
Nortriptilina,
Bupropiona,
Clonidina.
b) Ser coerentes, previsíveis em suas ações e mostrar apoio às crianças em suas interações diárias, pois
como foi dito, este não é apenas um problema que pode ser curado. O distúrbio afetará a criança durante
toda sua vida.
e) Cuidar para que seus pedidos sejam feitos de maneira positiva ao invés de negativa.
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g) Planejar adequadamente.
h) Aprender a reagir aos limites de seu filho de maneira positiva e ativa. As regras devem ser claras e
concisas. Atividades ou situações nas quais já ocorreram problemas, devem ser evitadas.
Conforme Silva:
Quando for necessário o castigo por desobediência, é necessário que os pais sejam coerentes e
constantes: se disser que irá castigá-lo, realmente o faça. Dizer e não fazer será interpretado pela
criança como sinal de que nada acontecerá. E faça o que realmente disse que faria. Por exemplo,
uma semana de castigo deve durar uma semana. Encurtar o período porque a criança está fazendo
birra, cara de choro ou sendo um “anjinho” terá o efeito de mostrar para a criança que ela pode
controlá-lo e manipulá-lo. Então ela irá aprender a manipular em vez de aprender que há
consequências desagradáveis para seu inadequado comportamento. Após a repreensão, mostre a
ela que novas chances de acertar serão sempre dadas e incentive-a a aproveitá-las sempre (2003, p.
70).
E, acima de tudo, os pais devem ter sempre em mente que toda melhora de comportamento leva
tempo e somente o treinamento repetido torna a criança apta a “administrar” seu TDAH.
Disciplinar uma criança, especialmente uma criança com TDAH, torna-se muito mais complicado
pela própria reação emocional ao que consideramos mau comportamento ou outras falhas sociais. Quanto
mais consumidos emocionalmente com o comportamento dos filhos, mais os pais ficam propensos a usar
estratégias disciplinadoras ineficientes ou inadequadas, como bater, gritar, ameaçar, incomodar ou não
demonstrar amor e atenção. Quando a emoção toma conta, o resultado é tipicamente inferior ao desejado,
talvez até passível de arrependimento. Escolher a maneira de disciplinar é um dos aspectos mais
importantes ao educar uma criança com TDAH. Um aspecto essencial ao aprender como disciplinar um
filho de maneira eficiente é compreender o que ele é capaz de fazer e quando está mais preparado para
fazê-lo. Uma criança com TDAH precisa se apoiar em seu pai nas ocasiões em que não consegue se
controlar. Se ele ficar zangado, aborrecido ou fora de controle, não vai poder propiciar o tipo de apoio
emocional e disciplinar necessários para resolver o problema.
Conforme Kicarr:
Uma criança com TDAH precisa do apoio dos pais da mesma maneira que uma pessoa com o pé
quebrado necessita de muleta. A muleta não é permanente. No entanto, para se sentir confortável
na continuação da rotina, é preciso que o pé quebrado e a muleta trabalhem juntos para minimizar
o desconforto. À medida que a criança com TDAH amadurece, precisa menos do apoio dos pais e
mais da sua experiência e de seus recursos. Crianças portadoras de TDAH anseiam por soluções de
uma maneira saudável, principalmente quando se vêem como a fonte do problema (2006, s.p.).
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Há influência do uso de treinamento parental em populações com TDAH. Segundo esse ponto de
vista, o fato de haver uma criança com TDAH coloca a família em maior risco de perturbações nos
relacionamentos familiares, podendo incluir problemas na aliança entre pai e mãe ou entre irmãos,
que excluem o irmão afetado. Quando isso ocorre, a teoria dos sistemas familiares prevê que deve
haver mudanças na estrutura familiar para que o funcionamento melhore. Com essa finalidade, o
treinamento parental pode fortalecer a aliança entre os pais ensinando-os maneiras de criar um
filho com TDAH. (apud BARKLEY, 2008, p. 467).
Enfim, conhecer as características do transtorno, permanecer calmo com os filhos com TDAH e
estabelecer hábitos eficientes de disciplina são atitudes inseparáveis. Ficar calmo e disciplinar com
consistência traz como resultado uma criança que compreende, focaliza sua atenção e assume
responsabilidade por suas próprias ações e comportamentos.
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REFERÊNCIAS DISLEXIA
REFERÊNCIAS TDAH
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