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A mente humana é uma maravilha de complexidade, repleta de funções cognitivas que nos
permitem entender, interpretar e interagir com o mundo que nos cerca. Duas dessas funções
cognitivas fundamentais são a percepção e a imaginação. A percepção e a atenção nos capacitam
a receber informações do ambiente, enquanto a imaginação nos permite criar mundos internos,
ideias e visões alternativas da realidade. Neste contexto, exploraremos o conceito, as bases
fisiológicas, teorias, classificação e formação de ambas as funções cognitivas. Além disso,
mergulharemos na intrigante área da percepção social, que influencia nossa interação com os
outros, e nas teorias e classificações que delineiam a imaginação, uma faculdade que abre portas
para a criatividade e a expressão humana. Juntos, esses tópicos revelarão a profundidade e a
complexidade das funções cognitivas que moldam nossa compreensão do mundo e nossa
capacidade de criar e inovar dentro dele.
A imaginação, por sua vez, é a alquimista que transforma esses padrões em cenários hipotéticos,
ideias inovadoras e narrativas cativantes. Ela nos permite transcender as limitações do presente e
explorar futuros alternativos. Através dela, nascem obras de arte, invenções revolucionárias e
histórias que tocam nossos corações e mentes.
A profundidade dessas funções cognitivas transcende a mera observação e criação. Elas são
essenciais para a nossa interação com os outros, formando a base da percepção social, que
influencia nossos julgamentos, empatia e conexões com pessoas ao nosso redor.
Nesta exploração das funções cognitivas da percepção, atenção e imaginação, vamos desvendar
os mecanismos por trás de nossas experiências sensoriais, mergulhar nas teorias que tentam
compreender esses processos e analisar como nossas vivências individuais e contextos culturais
moldam essas faculdades. Através dessa jornada, esperamos lançar luz sobre os mistérios da
mente humana e apreciar a riqueza de nossa capacidade cognitiva.
1. Percepção e Atenção
a) Percepção
De acordo com Goldstein (2019): A percepção é o processo cognitivo pelo qual o cérebro
interpreta e organiza informações sensoriais para criar uma representação significativa do mundo
ao nosso redor. Envolve a identificação e a interpretação de estímulos sensoriais, como visão,
audição, tato, olfato e gustação.
b) Atenção
Segundo Posner (1980): A atenção é um processo cognitivo que envolve a concentração seletiva
em estímulos, informações ou tarefas específicas, ao mesmo tempo que envolve a supressão ou o
desvio da atenção de estímulos irrelevantes. É a capacidade de direcionar recursos cognitivos
para algo específico enquanto se ignora o resto do ambiente.
2. Bases Fisiológicas
Corbetta & Shulman (2002): A percepção e a atenção têm bases fisiológicas complexas. Os
sentidos, como visão, audição, tato e olfato, são mediados por sistemas sensoriais específicos,
como o sistema visual, que inclui a retina e o córtex visual. A atenção está ligada a redes neurais,
como a rede de atenção dorsal (envolvida na atenção orientada para objetos) e a rede de atenção
ventral (envolvida na atenção sustentada).
Segundo Wertheimer (1923): Existem várias teorias sobre percepção e atenção, incluindo a
Teoria da Gestalt, que enfatiza a organização perceptual com base em princípios de proximidade,
semelhança e continuidade. A Teoria da Seletividade do Processamento propõe que a atenção
funciona como um filtro, permitindo o processamento de informações importantes e inibindo
informações irrelevantes.
a) Teoria da Gestalt
Kurt Koffka (1935): A Teoria da Gestalt enfatiza a organização perceptual com base em
princípios de proximidade, semelhança, continuidade e fechamento. Os psicólogos da Gestalt
argumentam que percebemos o mundo como um todo significativo, em vez de simplesmente
como um conjunto de partes separadas.
Donald Broadbent (1958): Essa teoria sugere que a atenção funciona como um filtro, permitindo
que informações importantes passem e inibindo informações irrelevantes. Ela aborda a questão
de como o cérebro seleciona quais estímulos merecem nossa atenção.
Anne Treisman (1980): Essa teoria afirma que o cérebro pode processar várias informações em
paralelo, o que permite que realizemos várias tarefas ao mesmo tempo. Ela contrasta com a ideia
de que a atenção seletiva é sempre necessária.
4. Classificação da Percepção
Segundo Palmer (1999): A percepção pode ser classificada em diferentes tipos, incluindo
percepção visual, auditiva, tátil, gustativa e olfativa. Cada tipo de percepção envolve sistemas
sensoriais específicos que processam informações sensoriais exclusivas.
5. Formação da Percepção
a) Processamento Sensorial
b) Transdução
Purves et al.(2001): As informações sensoriais captadas são convertidas em sinais elétricos pelos
órgãos sensoriais. Esse processo é chamado de transdução e é fundamental para a comunicação
das informações sensoriais ao cérebro.
c) Integração Multissensorial
Stein & Stanford (2008): O cérebro integra informações sensoriais de diferentes modalidades
(por exemplo, visão, audição e tato) para criar uma representação unificada do ambiente. Isso
permite que percebamos objetos e eventos de maneira mais completa e precisa.
d) Organização Perceptual
Felleman & Van Essen (1991): Além da percepção espacial, o cérebro também é capaz de
perceber a continuidade temporal. Isso permite que percebamos eventos como sequências
ordenadas e acompanhemos mudanças ao longo do tempo.
g) Atribuição de Significado
i) Percepção Subjetiva
Marr (1982): É importante ressaltar que a percepção é, em última instância, subjetiva. Duas
pessoas podem perceber o mesmo estímulo de maneira ligeiramente diferente, com base em suas
experiências individuais e interpretações. -
Percepção Social
Para Adolphs (2009): A percepção social refere-se à forma como percebemos e interpretamos
outras pessoas. Isso inclui a capacidade de identificar emoções, intenções e características
pessoais em indivíduos. A percepção social desempenha um papel importante nas interações
sociais e na compreensão das relações interpessoais.
2. A imaginação
Segundo John Dewey (1934): Via a imaginação como uma faculdade que desempenha um papel
central na aprendizagem e no pensamento criativo. Ele acreditava que a imaginação estava
intrinsecamente ligada à experiência e à resolução de problemas.
Jean-Jacques Rousseau (1762): Enfatizou a imaginação como a faculdade criativa que permite a
expressão da subjetividade e da individualidade. Ele considerava a imaginação como a fonte da
criatividade artística e literária.
Teorias da imaginação
a) Teoria da Simulação: Esta teoria sugere que a imaginação envolve a simulação mental
de experiências ou cenários hipotéticos. Ela postula que a imaginação nos permite prever
os resultados de diferentes ações e escolhas, contribuindo para a tomada de decisões e a
resolução de problemas.
Johnson-Laird, P. N. (1983):
Amabile, T. M. (1996):
Freud, S. (1900):
Geertz, C. (1973):
Anderson, J. R. (1995):
Classificação da imaginação
Szpunar et al.(2014):
Formação da imaginação
Na primeira parte, discutimos a percepção como o processo pelo qual nosso cérebro interpreta
informações sensoriais para criar uma representação significativa do ambiente. Abordamos
teorias importantes, como a Teoria da Gestalt e a Teoria da Seletividade do Processamento, que
nos ajudam a entender como organizamos e interpretamos o que percebemos. Além disso,
exploramos a classificação da percepção em diferentes tipos sensoriais e discutimos como a
formação da percepção é influenciada por experiências, cultura e processos cognitivos.
Na segunda parte, adentramos o reino da imaginação, definindo-a como uma faculdade que
desempenha um papel crucial na aprendizagem, criatividade e representação mental de cenários
hipotéticos. Analisamos várias teorias da imaginação, incluindo a Teoria da Simulação, Teoria
da Representação Mental e Teoria da Criatividade, que iluminam diferentes facetas desse
processo cognitivo. Além disso, discutimos como a imaginação pode ser classificada em tipos
diversos, como a imaginação criativa e a imaginação social.
Por fim, destacamos que tanto a percepção quanto a imaginação são habilidades dinâmicas que
se desenvolvem ao longo da vida, influenciadas por experiências pessoais, contexto cultural e
estímulos criativos. Essas funções cognitivas não são apenas intrincadamente conectadas à nossa
compreensão do mundo, mas também são as molas propulsoras por trás da inovação, da
expressão artística e do enriquecimento da experiência humana. Em conjunto, elas moldam a
forma como percebemos e interagimos com o mundo ao nosso redor, revelando a notável
complexidade da mente humana.
Referências bibliográficas
Purves, D., Augustine, G. J., Fitzpatrick, D., Hall, W. C., LaMantia, A. S., McNamara, J. O., &
Williams, S. M. (2001). Neurociência (2ª ed.). Sinauer Associates.
Felleman, D. J., & Van Essen, D. C. (1991). Processamento Hierárquico Distribuído no Córtex
Cerebral do Primata. Córtex Cerebral, 1(1), 1-47.
Nisbett, R. E., & Miyamoto, Y. (2005). A Influência da Cultura: Percepção Holística Versus
Analítica. Tendências em Ciências Cognitivas, 9(10), 467-473.