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UNIVERSIDADE PAULISTA

Marianna Carmona Pessoa – RA F01DFD-1

TÉCNICAS DE ENTREVISTA E DE OBSERVAÇÃO

Professora Carla Carotenuto

Atividade de estudo domiciliar

SÃO PAULO

2020
TEO - TÉCNICAS DE ENTREVISTA E DE OBSERVAÇÃO

Como estudo das técnicas de entrevista psicológica da disciplina TEO,


solicitamos a leitura e resumo dos capítulos da bibliografia indicada
abaixo:

BIBLIOGRAFIA:

BENJAMIN, A. A Entrevista de Ajuda. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

1. Capítulo 1: CONDIÇÕES (p. 17-26)

As condições favoráveis para uma entrevista visam facilitar o diálogo. As


condições internas e externas são importantes.

Dentre os fatores externos:

- A sala: não deve ter aspecto ameaçador, ser barulhenta ou provocar


distrações. Não precisa ser camuflada mas o entrevistado não pode ver
fichas de outros pacientes, anotações, etc. Propicia à comunicação.

- A roupa do entrevistador: apropriadas, assumir sua personalidade


enquanto entrevistador haja visto não conseguir nunca agradar a todos,
observando sim aos padrões mínimos.

Fatores internos e atmosfera: trazer-se a si mesmo; desejo de ajudar;


conhecer a si mesmo; confiar nas próprias ideias; ser honesto, ouvir e
absorver

Dentre os fatores internos:

- O que trazemos dentro de nós: o necessário para que não sejamos um


obstáculo a ajuda, mantermos a atitude de que estamos ali para ajudar
ao entrevistado, a ponto de ele tomar consciência disso, sentir
confiança em nós e que respeitamos ele. A confiança e o respeito
mútuos são o ponto de partida. Mostrar interesse pelo que o
entrevistado está dizendo, pela compreensão dele, de seus sentimentos
e de suas atitudes. Atentar para as expressões faciais e o tom de voz.
Conhecer-se, gostar de si próprio, sentir-se bem consigo mesmo, são
atitudes que podem auxiliar a entrevista.
-Conhecer-se a si mesmo e confiar nas próprias ideias: quanto mais nos
conhecemos mas podemos controlar o nosso comportamento melhor
compreender o comportamento dos outros. Quando estamos bem
conosco, é mais fácil fazermos o outro se sentir bem com ele mesmo.
Aceitando quem somos, não precisaremos de máscaras e isso tende a
inspirar mais confiança no entrevistado que saberá quem somos. Ele
saberá que não estamos nos escondendo e por isso se esconderá
menos. Assim também nos sentiremos mais livres para nos
concentrarmos no entrevistado, para escuta-lo e compreende-lo
porque nada em nós será um obstáculo para o que vem dele.

-Ser honesto, ouvir e absorver: honestidade de nós mesmos para


sermos honestos com ele. A maior parte do s entrevistados se sente
melhor com entrevistadores que lhe parecem seres humanos falíveis.
Portanto, se não escutou, compreendeu ou prestou atenção em algo,
procure retomar, pedir para que o entrevistado seja mais claro. Inclui
também dizer ao entrevistado que não temos a solução para o
problema dele. O que dizemos é muito menos importante do que nos
parece; a ânsia por dizer algo pode atrapalhar o processo de escuta. Não
impor o nosso espaço vital ao entrevistado.

Mecanismos de enfrentamento vs. mecanismos de defesa:

Coisas que fazemos inconscientemente para proteger nosso ego e


coisas que fazemos conscientemente para satisfazermos as imposições
da realidade. Encarar e confrontar os fatos e decidir então o que fará
com eles ao invés de reprimi-los ou racionaliza-los. Alcançar a atmosfera
em que o confronto será alcançado.

2. Capítulo 2: ESTÁGIOS (p. 27-54)

A entrevista de ajuda é mais uma arte e uma habilidade do que uma


ciência. Cada artista precisa descobrir seu próprio estilo e os
instrumentos para trabalhar melhor. Esse estilo amadurece com a
experiência e reflexão.

- Abrindo a primeira entrevista: iniciada pelo entrevistado;

Deixar o entrevistado expor com suas próprias palavras exatamente o


que o trouxe. Podemos ajuda-lo a iniciar a entrevista, falar de forma
rápida e neutra para não interferir no rumo como “Conte-me por favor
o que o trouxe aqui” ou “Fique a vontade para falar sobre o que você
está pensando.”. Evitar as palavras “ajuda”, “problema”

- Iniciada pelo entrevistador: o ideal é permanecer quieto após termos


indicado o propósito da entrevista e dado alguma informação que seja
necessária. O entrevistado tem o direito de saber imediatamente o
nosso objetivo ao chama-lo. Evitar “nós dois sabemos porque você está
aqui”.

- Explicação do nosso papel

Apenas nos identificar e situar nossa posição ali para que ele prossiga
com tranquilidade. Não precisamos descrever nossa profissão ou as
complexidades do nosso papel.

- Emprego de formulários

Pode ser um obstáculo ter que preencher um formulário. Pode ser


melhor preencher durante o processo da entrevista. Formalidade a ser
cumprida de maneira rápida e sem prejuízo. Se o formulário for longo
ou complicado, o entrevistador poderá marcar um encontro especial
para preencherem juntos.

- O fator tempo

Interfere na confiança e no respeito. O ideal é que a entrevista ocorra


no horário marcado ou que se dê uma boa justificativa. Devemos ser
honestos quanto ao tempo, informando às pessoas implícita ou
explicitamente quanto do nosso tempo podemos dedicar a elas. Em
geral uma entrevista dura de 30 a 45 minutos. “Muito bem, se não tem
mais nada a acrescentar, creio que terminamos por aqui. Obrigada por
ter vindo.”

- Três estágios principais:

Indicam movimento da entrevista mas se fundem. A ausência pode


demonstrar que nada ocorreu.

-abertura ou colocação do problema:

Estágio em que é situado o assunto ou problema. Encerra quando todos


compreendem e concordam o que será discutido. O foco pode ser
alterado, parte ou integralmente, durante a entrevista.

-desenvolvimento ou exploração:
Trata-se da exploração do assunto. Neste item o autor diz poder ajudar
pouco mas orienta leitura de estudos de caso. Orienta também ir
moldando um modelo aprendido com as entrevistas passadas,
discutidas com colegas e supervisores o autor coloca que isso ajudará
ainda mais do que a literatura. Perguntas pertinentes que devemos
fazer: “Você ajudou o entrevistado a ampliar seu campo de percepção
até o limite possível¿ Ele descobriu seu próprio ‘eu’ que pensou devia
encontrar¿ Não julgar, tentar se aproximar do sentimento do
entrevistado com o objetivo de se aproximar. O interesse deve ser na
estrutura interna do entrevistado, estar preocupado no que é central
para ele e não pra você. Ter sensibilidade. Existem também muitas
formas de silêncio, temos que aprender a lidar com os diferentes tipos
de silêncio. O respeito ao silêncio pode ser mais benéfico do que muitas
palavras do entrevistador. Por outro lado, a confusão interna do
entrevistado frequentemente o levará ao silêncio e nesse caso, quanto
menor o silêncio, melhor. Existe também o silêncio de resistência em
que o entrevistado esteja resistindo por considerar aquela entrevista
um interrogatório ou por achar você uma figura autoritária. Você pode
se sentir incomodado e rejeitado. Importante aqui não responder como
se estivesse sendo atacado e sim mostrar ao entrevistado que podemos
aceitar o silêncio dele. Existem os silêncios rápidos em que o
entrevistado apenas está organizando seus pensamentos para falar.
Não devemos interromper. Não ceder à tentação de usar o exemplo ou
experiência pessoal pois podem não ter significado nenhum para o
entrevistado.

-encerramento:

Na fase de encerramento os dois participantes devem ter consciência


do fato de que o encerramento está ocorrendo, e aceitar esse fato, em
particular o entrevistador e durante a fase do encerramento nenhuma
material novo deverá ser introduzido.

3. Capítulo 4: O REGISTRO DA ENTREVISTA (p. 79-85)

- Anotações: abordagens diferentes; alguns “não faça”; honestidade


essencial

O registro é importante e uma possibilidade de acompanharmos nossa


evolução. Muitas pessoas associam o ato de tomar nota a uma posição
de superioridade. É importante não deixar que as anotações interfiram
no ritmo da entrevista. Não fazer segredo de nossas anotações. Cada
um desenvolve o seu próprio estilo de entrevistar exatamente da
mesma forma que desenvolve sua própria maneira de fazer anotações
sobre as entrevistas. De modo algum devemos prometer sigilo se não
tivermos certeza de que poderemos cumprir.

- Gravação

Não é a mesma coisa que tomar notas. É mais fácil recorrer a notas do
que a entrevistas gravadas. As utilidades da gravação são: o aprendizado
e a pesquisa. Em qualquer caso de gravação o entrevistado deve
consentir. O autor cita os benefícios do entrevistado ouvir suas
gravações. Ao escutar sua entrevista, o entrevistado pode avaliar mais
profundamente sua seriedade, esclarece para si mesmo sua finalidade
e obtém muitos insights importantes.

https://www.youtube.com/watch?v=_5xmyV2o7I8

4. Capítulo 5: A PERGUNTA (p. 87-116)

- Questionando a pergunta

Não podemos tornar um modelo de perguntas e respostas, ou seja, o


interrogatório não se torne um modelo a ser seguido pelo entrevistado.
Tendo feito perguntas e obtido as respostas do entrevistado, você se
sentirá obrigado a formular uma solução. Devemos examinar os tipos
de perguntas antes de faze-la.

- Perguntas abertas vs. Perguntas fechadas

A pergunta aberta é ampla, é um convite ao entrevistado às suas


concepções, opiniões, pensamentos e sentimentos, a pergunta fechada
é restrita, se limita a uma resposta específica e a fatos objetivos.

Exemplo: Tenho certeza de que você gosta da sua irmãzinha. Ela é


adorável, não é¿

ou

Sua irmãzinha me parece adorável, mas acontece que não sou o irmão
dela. Como é que você se sente em relação a ela¿

Você gosta da escola, não é mesmo¿

ou

Você gosta da escola¿


- Perguntas diretas vs. Perguntas indiretas

Perguntas diretas são interrogações precisas, perguntas indiretas


perguntam sem parecer faze-lo. As perguntas indiretas geralmente
aparecem sem um ponto de interrogação no final.

Exemplo: É duro trabalhar de dia e estudar a noite¿ Direta

ou

Deve ser duro trabalhar durante o dia e estudar a noite.

Podemos iniciar as perguntas indiretas com:

Estou tentando imaginar como...

Deve...

Você deve...

Gostaria muito que você falasse...

- Perguntas duplas

Não tem utilidade na entrevista pois geralmente o entrevistado não


sabe a qual pergunta responder ou limitam o entrevistado a escolher
entre duas alternativas. Caso ocorra de fazermos perguntas duplas,
devemos revisitar a questão e separa-las. Exemplo: você quer café ou
chá¿

- Bombardeio

Tão ruim quanto o interrogatório. Vai deixar o entrevistado perdido.

- Situação invertida: perguntas do entrevistado sobre outras pessoas;


perguntas do entrevistado sobre nós; perguntas do entrevistado sobre
ele mesmo

Nem todas as perguntas vão exigir uma resposta mas todas vão exigir
uma atenção respeitosa, como qualquer fala do entrevistado. Se
pudermos aprender a ameaçar menos com nossas perguntas e a nos
sentir menos ameaçados com as perguntas que nos dirigem, seremos
melhores profissionais na entrevista de ajuda. Mesmo fazendo
ostensivamente uma pergunta o entrevistado pode estar comunicando
uma outra coisa, vale a pena examina-la com sensibilidade. Em todos os
casos devemos responder ele a cada pergunta tentando ajudar o
entrevistado. Quando a pergunta é sobre terceiros podemos dizer que
não o conhecemos tão bem para opinar ou ainda se for de um outros
paciente devemos dizer que assim como há o sigilo na entrevista dele,
do outro paciente também há.

- “Por que”

O por que como interrogação, apesar de significar a investigação da


causa ou razão, é muitas vezes empregada de forma errônea,
conotando reprovação ou alguma desconforto. Quando usada pelo
entrevistador, pode comunicar ao entrevistado que ele agiu errado ou
comportou-se mal, mesmo que não seja essa a intenção, e o
entrevistado pode reagir querendo se defender ou até mesmo atacar.
Se apesar de nossas precauções, sentimos que a nossa pergunta colocou
o entrevistado em situação embaraçosa, podemos retira-la e formula-la
de outro modo.

- Reflexões finais: como utilizar as perguntas; quando utilizar as


perguntas

Devemos tentar escutar com grande concentração, tentando


compreender o entrevistado.

As perguntas devem ser tão abertas quanto possíveis. Perguntas únicas


e não duplas ou múltiplas. Devem ser anunciadas com a maior
brevidade possível, embora de forma muito clara e inteligível. Se
puderem ser indiretas ao invés de diretas, melhor ainda. Quanto menos
perguntas fizermos, melhor. Após fazermos a pergunta, devemos parar
naquele instante e ouvir a resposta.
Exercícios aplicados à disciplina para revisão e estudo:

1. Quanto a técnica de entrevista descreva abaixo as áreas da psicologia


na qual ela pode ser aplicada e por quê?
Entrevista de triagem: avaliar a demanda do sujeito e fazer um
encaminhamento.
Entrevista de anamnese: levantamento detalhado da história do
desenvolvimento do sujeito, principalmente na infância. Muito utilizado
no psicodiagnóstico infantil.
Entrevista de diagnóstica: visa descrever, avaliar, relacionar e
compreender o funcionamento psíquico do indivíduo.
Entrevista sistêmica: visa avaliar estruturas das relações de casais e
famílias
Entrevista de devolução: tem por finalidade comunicar ao sujeito o
resultado da avaliação.

2. Explique de que forma a entrevista de anamnese se diferencia da


entrevista devolutiva?
Na anamnese faz se um levantamento da história do sujeito, com a
aplicação de um questionário, em que o entrevistado fala muito mais do
que o entrevistador, em que são feitas mais perguntas diretas e
fechadas. Na devolutiva o entrevistador fala mais do que o entrevistado,
fazendo observações feitas em entrevistas anteriores, podendo dar um
diagnóstico para o sujeito.

3. A entrevista psicológica, se diferencia em termos de sua estruturação,


conforme proposto por Bleger (2003) podem ser de três tipos. Cite e
descreva quais são estas.
Anamnese, Interrogatório e Entrevista.
Anamnese: é uma entrevista semi-estruturada, na qual visa o
levantamento da história do sujeito, o entrevistador tem clareza dos
seus objetivos, existem as perguntas mas não é algo tão rígido.
Entrevista: pretende verificar como funciona o indivíduo e não como
ele diz que funciona. Segundo o autor, o que aprendemos com o Freud
é que ninguém pode dar uma informação fidedigna de si mesmo. Aqui
trata-se de uma entrevista não estruturada pois o entrevistador está
interessado no discurso espontâneo do entrevistado.
Interrogatório: é uma entrevistada um pouco mais estruturada ou
fechada, é altamente padronizada. Permite eliciar a mesma informação
de diferentes entrevistados.
4. Quais as etapas do processo psicodiagnóstico, conforme estudado em
Cunha (2000).
Abertura da entrevista ou colocação do problema, que pode ser pelo
entrevistado ou pelo entrevistador. Desenvolvimento ou exploração do
assunto. Por fim, o encerramento.

5. Considere as técnicas de entrevistas psicológicas estudadas em aula e


justifique a frase ao lado, com suas próprias palavras: “um erro
diagnóstico impõe ao paciente um esforço inútil no sentido de que ele
nos expõe seu mundo interno, falando de seus sofrimentos e angustias
e, ao final, diante do erro, poderá não mais confiar em um processo
psicoterápico que, se iniciado, não alcançará seu objetivo, que é o da
cura”. (extraído de: Freud (1913) em: O Início do Tratamento).
Nas entrevistas de ajuda ou entrevistas clínicas que ocorrem durante o
processo psicoterapêutico o principal objetivo é auxiliar o cliente, ele
deve ser o foco da atenção e não o cargo ou a pesquisa. Um erro
diagnóstico pode acontecer por uma precipitação em fornecer um
diagnóstico, que pode ser causada por diferentes motivos como a falta
de experiência do entrevistador, ansiedade do entrevistador, pressão
por parte do entrevistado em exigir uma solução para o seu problema,
entre outros. A entrevista psicológica quer averiguar o que o
entrevistado não sabe sobre si mesmo e por isso um erro diagnóstico
pode ser determinante no processo psicoterapêutico. Freud considera
em seu artigo “Sobre o início do tratamento” quando devemos fazer
nossas considerações ao paciente e alguns autores consideram
interessante usar a interpretação na 1ª entrevista para ver como o
entrevistado reage, inclusive para nos informar sobre a capacidade de
insight do entrevistado. O mais importante no primeiro contato é
escutar com respeito, interesse e empatia o que o paciente nos trás,
trabalhando primeiramente o vínculo entre terapeuta e paciente.
Contudo, Freud diz que é importante dar tempo ao paciente para que
ele vincule a figura do analista a uma das imagos das pessoas que o
tratavam com afeição. Tecnicamente falando, as hipóteses levantadas
devem ser comprovadas clinicamente
6. A entrevista clínica é considerada uma das principais competências do
psicólogo, destaque as questões internas e externas que podem ocorrer
conforme visto em Benjamim (2011).
Dentre os fatores externos:
- A sala: não deve ter aspecto ameaçador, ser barulhenta ou provocar
distrações. Não precisa ser camuflada mas o entrevistado não pode ver
fichas de outros pacientes, anotações, etc. Propicia à comunicação.
- A roupa do entrevistador: apropriadas, assumir sua personalidade
enquanto entrevistador haja visto não conseguir nunca agradar a todos,
observando sim aos padrões mínimos.
Fatores internos e atmosfera: trazer-se a si mesmo; desejo de ajudar;
conhecer a si mesmo; confiar nas próprias ideias; ser honesto, ouvir e
absorver
Dentre os fatores internos:
- O que trazemos dentro de nós: o necessário para que não sejamos um
obstáculo a ajuda, mantermos a atitude de que estamos ali para ajudar
ao entrevistado, a ponto de ele tomar consciência disso, sentir
confiança em nós e que respeitamos ele. A confiança e o respeito
mútuos são o ponto de partida. Mostrar interesse pelo que o
entrevistado está dizendo, pela compreensão dele, de seus sentimentos
e de suas atitudes. Atentar para as expressões faciais e o tom de voz.
Conhecer-se, gostar de si próprio, sentir-se bem consigo mesmo, são
atitudes que podem auxiliar a entrevista.
-Conhecer-se a si mesmo e confiar nas próprias ideias: quanto mais nos
conhecemos mas podemos controlar o nosso comportamento melhor
compreender o comportamento dos outros. Quando estamos bem
conosco, é mais fácil fazermos o outro se sentir bem com ele mesmo.
Aceitando quem somos, não precisaremos de máscaras e isso tende a
inspirar mais confiança no entrevistado que saberá quem somos. Ele
saberá que não estamos nos escondendo e por isso se esconderá
menos. Assim também nos sentiremos mais livres para nos
concentrarmos no entrevistado, para escuta-lo e compreende-lo
porque nada em nós será um obstáculo para o que vem dele.
-Ser honesto, ouvir e absorver: honestidade de nós mesmos para
sermos honestos com ele. A maior parte do s entrevistados se sente
melhor com entrevistadores que lhe parecem seres humanos falíveis.
Portanto, se não escutou, compreendeu ou prestou atenção em algo,
procure retomar, pedir para que o entrevistado seja mais claro. Inclui
também dizer ao entrevistado que não temos a solução para o
problema dele. O que dizemos é muito menos importante do que nos
parece; a ânsia por dizer algo pode atrapalhar o processo de escuta. Não
impor o nosso espaço vital ao entrevistado.

7. Sobre o procedimento e estrutura da entrevista clínica, como o


psicólogo deve proceder no início e no final desta entrevista?
De maneira geral, no início de uma primeira entrevista deve informar
quanto ao tempo, ao espaço e ao papel do entrevistador.

Leia o caso abaixo e responda as questões:

Carlos (nome fictício) é um menino de 8 anos, cursando a quarta série


do ensino fundamental de uma escola pública, terceiro filho, mora com
sua mãe e seus irmãos de 18 anos e 12 anos na periferia de São Paulo.
Seu pai abandonou a família sem aviso e desapareceu, quando ele ainda
era um bebê de 3 meses. A situação financeira da família é complicada
e seus recursos econômicos muito precários. Por vezes, durante o
atendimento psicoterápico, faltou dinheiro para comprar alimentos,
quando isso ocorria sua mãe levava Carlos para a casa da avó materna
e desta forma ele faria ao menos uma refeição. Carlos é um garoto
alegre e bem humorado, não apresenta dificuldades na escola,
considerado simpático e comunicativo pelos familiares e colegas. Já no
primeiro encontro com a psicóloga Ana, ele mostrou-se afetivo e pode
estabelecer um bom vínculo com ela. Marta, sua mãe procurou o
consultório da psicóloga Ana alegando que: "não sabia mais o que fazer
com ele", segundo suas palavras. Na escola as professoras reclamavam
do seu comportamento em sala de aula, apesar de Carlos apresentar um
bom rendimento acadêmico.

8. De acordo com o que você aprendeu em TEO esclareça como a


psicóloga Ana deve proceder com Carlos (8 anos) e sua mãe Marta,
antes de começar qualquer tipo de intervenção terapêutica?

Antes de qualquer intervenção terapêutica, Ana deve conversar


separadamente com Carlos e com mãe de Carlos buscando entender
qual é a queixa principal (no caso de Carlos, buscar compreender o que
ele sabe acerca do motivo pelo qual está ali, se ele mesmo possui uma
queixa e se ele está motivado a iniciar o processo terapêutico). Tendo a
mãe apresentado uma queixa em relação ao filho, buscar entender se
realmente essa é a queixa principal. Caso Ana perceba que cabe uma
intervenção terapêutica, deve fazer alguns comunicados em relação ao
processo psicoterápico em relação ao tempo, espaço e ao papel dela
enquanto profissional. Caso seja necessário, deve encaminhar a mãe a
um outro profissional que possa entrevista-la.

9. Dentre os tipos de entrevista conhecidos por você, que tipo delas seria
indicado para o caso?

Por tratar-se de uma queixa em relação ao comportamento de uma


criança, acredito ser interessante inicialmente a entrevista de
anamnese para buscar levantar a história do desenvolvimento do
Carlos. A partir dessa entrevista, pode-se buscar um psicodiagnóstico
para que o processo psicoterapêutico se dê.

10. A entrevista fechada seria indicada para o caso acima?

Acredito que a entrevista fechada, objetiva e padronizada com


perguntas fechadas iria restringir e limitar as respostas. Acredito que o
melhor seria uma entrevista semiaberta.

11. Elabore um roteiro de entrevista semiaberta para Ana realizar


entrevista sobre o caso de Carlos.
a. Quem poderia ser chamado para entrevista?

A mãe e a avó poderiam ser chamadas. Dependendo do caso, poderia


solicitar uma entrevista na escola de Carlos.

b. Quais as questões, que deveriam ser feitas por Ana, para coleta de
dados sobre Carlos?

Situação familiar, relação do Carlos com a mãe, com a avó e com os


irmãos. Tendo o pai de Carlos abandonado a família quando ele tinha 3
meses, o que Carlos sabe sobre isso. Qual é a ocupação dos membros
da família. Como a mãe, a avó e os irmãos mais velhos o tratam. Qual o
papel da criança na família. Quais são as exigências e expectativas da
família em relação ao Carlos. Como ele se comporta em casa.

Leia o caso abaixo e responda as questões:

Ana psicóloga relata que, durante uma sessão, Carlos lhe fazendo a
pergunta, “você tem filhos?”, enquanto modela com as mãos, duas
metades de massinhas branca imitando um pão e encaixa outra marrom
entre as duas, como se fizesse um hamburguer. Ana lhe informa que
não. Ele pergunta a seguir se ela sabia fazer panqueca, e quando
respondi que não, ele fala: "Quando você tiver filhos vai ter que saber
fazer hamburguer, assim como minha mãe faz para mim". Ana pergunta
se a mãe faz hamburguer para ele e ele diz que quando não tem pão,
pois não têm dinheiro para comprar, a mãe lhe faz panqueca.
Esse relato de Carlos fez Ana sentir-se abalada, seus olhos encheram de
lágrimas e ela chorou tentando esconder de Carlos o rosto molhado
passou a sentir uma raiva inexplicável da mãe do menino e a ter
dificuldade em atender à Carlos, com isso quando era dia da sessão ela
frequentemente sentia-se indisposta com dores de cabeça e atrasava-
se para o atendimento.

Ao longo dos atendimentos, Ana se perguntava se seria terapêutico


trazer para Carlos um lanche. Ele lhe disse que antes de vir para a sessão
muitas vezes, não tomava café da manhã. Quando isso ocorria Carlos
tomava apenas um café, na sala de espera do consultório, em que havia
uma garrafa térmica com café, da qual ele se servia e depois de tomar
guardava o resto para dar à sua mãe.

12. De acordo com o caso acima faça uma análise da entrevista, em


relação ao processo de transferência e contratransferência
manifestados por Ana e Carlos.

Um processo de transferência foi desencadeado por Carlos ao atualizar


sentimentos e atitudes inconscientes do papel que gostaria que fosse
da mãe mas que naquele momento atribuiu à Ana. Em resposta a esse
processo de transferência, desenvolve-se um processo de contra
transferência pois Ana

Ao longo do tempo, Carlos foi se sentindo mais seguro e isso


desencadeou um processo de transferência, em que ele parecia querer
encontrar na sessão alguém que cuidasse dele, como a mãe em casa. As
brincadeiras passaram a ser sobre cuidados de um para o outro, em que
o principal aspecto era o de fazer e dar alimentos. Carlos desenhou Ana,
não mais como um cachorro bravo como na entrevista inicial, mas como
uma pessoa capaz de dar cuidados e de ajudá-lo.

13. Preencha o espaço acima com a palavra, que indica corretamente o


processo que está ocorrendo com Carlos.

14. No filme Terapia do amor (2005) Assista ao trailer disponível no link


acessado em 17/03/2020:
https://www.youtube.com/watch?v=2_QUns4JLFM e discuta as
questões envolvidas no processo de Transferência e
Contratransferência, que podem ser destacadas do filme (trailer).

Do relacionamento entre paciente e analista, desse encontro entre duas


pessoas, duas vivências, surgem sentimentos, afetos e vivências
inconscientes. Através do trailer do filme percebemos que a paciente
expressa seu contentamento em estar de relacionando com um homem
dez anos mais jovem. A analista, num primeiro momento apoia o
romance de sua paciente. Enquanto isso, descobre que seu filho está
namorando uma mulher mais velha e como mãe, não aprova o
relacionamento do filho. Pude observar um processo de
contratransferência da analista em relação a sua paciente pois a analista
demonstra uma satisfação e até uma inveja do relacionamento que a
paciente está vivendo (é possível haver contratransferência sem haver
um processo de transferência ou devo chamar o processo da analista
também de transferência¿¿¿).

15. Sobre a entrevista inicial, leia o artigo, de Pasqua (2011) abaixo


relacionado e como sugestão: assista ao seriado: “Em Terapia”.
Leitura obrigatória:
CUNHA, J. A. A história do examinando. In: CUNHA, J. A.
Psicodiagnóstico - V. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2000, cap. 6 (p. 57-
66).
BENJAMIN, A. A entrevista de ajuda. 13ª ed. São Paulo: Martins Fontes,
2011.
OCAMPO, M. L. S. & ARZENO, M. E. G. A entrevista inicial. In: OCAMPO,
M. L. S. O processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas. 11ª ed.
São Paulo: Martins Fontes, 2009, cap. 2 (p.21-43).
CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico – V. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2000,
cap. 11 (p.105-138).
PASQUA, L. D.; A técnica das entrevistas iniciais partindo do seriado
“Em terapia”. Diaphora | Revista da Sociedade de Psicologia do Rio
Grande do Sul 12(1) | 2011 | 99-106.
disponível em:
http://www.sprgs.org.br/diaphora/ojs/index.php/diaphora/article/vie
w/52 (acessado em 17/03/2020).

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