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CONCEITUANDO
As palavras são formadas a partir de partículas portadoras de sentido. Essas partículas chamam-se
morfemas constituem a estrutura das palavras. A partir dos morfemas, podemos formar outras palavras.
Conhecer os morfemas é o mesmo que estudar a estrutura das palavras. Quando estudamos o modo
como os morfemas se organizam e formam palavras, passamos a conhecer os processos de formação
das palavras.
Na nossa língua, os morfemas que contribuem para formar palavras são os seguintes:
Radical
Informa o significado básico da palavra:
Beb er Nobr eza
A partir de um radical podemos formar várias palavras:
Tempo - temporizar
Temporal – temporão
Observe que o radical dessas palavras, embora seja o mesmo, pode apresentar pequenas variações. O
conjunto de palavras formadas a partir de um mesmo radical denomina-se família de palavras ou palavras
cognatas.
Afixos
São morfemas que se agregam ao radical modificando seu sentido básico. Quando estão antes do radical
chamam-se prefixos; quando estão depois do radical chamam-se sufixos.
Veja:
Em tard ecer
Desinências
São morfemas colocados após os radicais. Podem ser.
Nominais – informam o gênero e o número dos nomes.
Lind o s o= gênero (masculino) e s = número (Plural)
Vogais temáticas
É a vogal que nos verbos, une o radical às desinências e indica a conjugação a que eles pertencem> são
vogais temáticas:
-a, que indica a 1ª conjugação: cant a mos
-e, que indica a 2ª conjugação: faz e ndo
-i, que indica a 3ª conjugação: part i a
Tema
É a parte constituída pelo radical e pela vogal temática.
Em busca de sentidos surpreendentes, o autor do poema criou novas palavras a partir de outras já
existentes na língua. Como o poeta, nós, falantes da língua também podemos criar palavras sempre que seja
necessário um nome para designar uma ideia ou um objeto novo.
Por isso, podemos tomar como base a nova palavra elementos já existentes na língua, adotar um
termo de origem estrangeira ou alterar o significado de uma palavra antiga. As palavras assim recebem o
nome de neologismos.
COMPOSIÇÃO
Considera-se palavra composta aquela que é formada pela junção de dois elementos ou de duas
palavras que, em geral, podem ser identificados pelo falante como uma unidade de significado único.
Diferentemente da derivação, a composição prevê a junção de mais de um radical. As palavras assim
formadas são chamadas de palavras compostas, em oposição às palavras simples. Vamos aprofundar o
estudo desse processo.
Existem, na língua portuguesa, palavras compostas não só por outras que já existem e se juntam,
como porta-retrato e porco-espinho, mas também pela combinação de elementos de outros idiomas
(geralmente de origem grega ou latina), como agricultura e micróbio. O processo de composição consiste
em formar palavras por meio da união de dois ou mais radicais.
A composição das palavras em português faz-se de duas maneiras: por justaposição e por
aglutinação.
Composição por justaposição – Os elementos de composição são justapostos – separados ou não
por hífen. Ocorre quando não há alteração nas palavras componentes: quinta-feira, pé-de-meia,
couve-flor, girassol.
Composição por aglutinação – Nas palavras compostas por aglutinação, os elementos se fundem
geralmente com perda de um ou mais fonemas. Há perda de alguns sons nas palavras
componentes: planalto (plano+alto); embora (em+boa+hora).
DERIVAÇÃO
As palavras da língua são formadas por mecanismos diversos. O processo que forma o vocábulo
bebedouro é a derivação, um dos mais importantes. A derivação se caracteriza pelo acréscimo de um ou
mais afixos ao radical. O afixo, responsável por alterar o sentido original da palavra, classifica-se como
prefixo ou sufixo dependendo de sua posição. Veja alguns exemplos:
Hibridismo - são palavras formadas por elementos pertencentes a línguas diferentes. Bicicleta
– Bi (latim) + ciclo (grego) + eta (-ette, francês). Burocracia – Buro (francês) + cracia (grego).
Onomatopeia – consiste no uso de palavras que imitam aproximadamente sons e ruídos produzidos
por armas de fogo, sinos, campainhas, veículos, instrumentos musicais, vozes de animais, etc. Ex.:
tique-taque, tlim-tlim, cacarejar.
Redução – Consiste em apresentar palavras de modo resumido, com o objetivo de economizar
tempo e espaço na comunicação falada e escrita. São palavras formadas por esse processo:
As siglas: AIDS (Síndrome da imunodeficiência adquirida), OAB (Ordem dos advogados do Brasil).
As abreviações: moto (motocicleta), pneu (pneumáticos)
As abreviaturas: p. (página), r. (rua).
Empréstimos e gírias
São também responsáveis pela ampliação do vocabulário da língua processos como empréstimo e a
gíria.
Empréstimo é o processo pelo qual palavras estrangeiras são incorporadas à língua por meio de contatos
sociais com outros povos. Alguns se aportuguesam, como por exemplo, futebol (do inglês foot-ball),
enquanto outros mantém sua grafia original, como outdoor. Essas palavras são denominadas
estrangeirismos.
Gírias – são palavras ou expressões criadas por grupos sociais ou profissionais. Eis algumas gírias de
capoeiristas:
Formar barriga: envergar a madeira do berimbau
Mané: jogador ruim
Jogo de chão: luta rasteira
Mandingueiro: jogador malandro, malicioso.
DERIVAÇÃO
O processo de derivação consiste em formar uma palavra, chamada derivada, a partir de outra
chamada primitiva.
As derivações podem ser de seis tipos:
Derivação prefixal – ocorre quando há acréscimo de um prefixo a um radical: inapto = in-apto (in
prefixo + apto radical)
Derivação sufixal – ocorre quando há acréscimo de um sufixo a um radical:
Realismo = real + ismo (real radical + ismo sufixo)
Derivação prefixal e sufixal – Ocorre quando há acréscimo não simultâneo de um prefixo e de um
sufixo a um radical: Infelizmente – in + feliz + mente. (in prefixo, feliz radical e mente sufixo.)
Derivação parassintética – Ocorre quando há acréscimo simultâneo, isto é, ao mesmo tempo, de um
prefixo e de um sufixo a um radical: emagrecer – e + magr + ecer. ( e prefixo, magr radical e ecer
sufixo.)
Derivação regressiva – Ocorre quando há eliminação de morfemas (desinências, sufixos, etx) no final
da palavra: falar – fala, combater-combate, pular-pula. Os derivados regressivos são, em sua
maioria, substantivos terminados em –a, -e, -o.
Derivação Imprópria – Ocorre quando há mudança no sentido e na classe gramatical da palavra: O
monstro do filme não é tão feio (monstro substantivo) – Houve um comício monstro. (adjetivo).
Observação:
Para verificar se a derivação é parassintética ou prefixal e sufixal, elimine o sufixo ou prefixo e veja se
a forma que resta constitui uma palavra existente na língua. Assim
(e) magrecer – “magrecer” – forma inexistente
Emagr(ecer) – “emagro” forma inexistente
Concluímos, então, que houve acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo ao radical magr. Veja agora:
(in)felizmente –felizmente – forma existente
Infeliz(mente – infeliz – forma existente
Concluímos, assim, que ao radical feliz houve acréscimo não simultâneo de prefixo e sufixo.
1. Observe, a seguir, um texto que circulou na internet, em uma rede social, e responda às questões.
a) Bem-me-quer, mal-me-quer são expressões usadas em um jogo da cultura popular. Como ele
funciona?
b) A palavra flor é composta apenas pelo radical. A partir dela, forme palavras derivadas.
c) Agora, forme palavras compostas.
d) A palavra bem-me-quero é um neologismo. Que processo foi usado em sua formação?
e) Identifique a classe gramatical da última palavra de bem-me-quero e explique a mudança que ela
apresenta em relação a bem-me-quer.
f) Que comportamento o texto estimula com a lei que apresenta: a busca do amor perfeito, a atenção
à autoestima ou o uso da delicadeza?
Distribuição
quinta-feira:
dama-da-noite:
porta-bandeira:
porco-espinho:
pé-de-meia:
guarda-noturno:
bate-boca:
obra-prima:
Ao estudar o processo de composição, você deve ter notado que algumas palavras compostas por
justaposição estão ligadas por hífen, e outras, não. Vamos estudar agora esse uso.
Para iniciar, conheça uma tirinha eletrônica. Algumas tirinhas e HQs valem-se de recursos
disponíveis no mundo digital para sua composição. É o que ocorre com esta.
1. Considerando que o humor da tira é produzido por um uso independente dos componentes da
palavra girassol, que movimentos você imagina na tirinha?
2. Que processo formou a palavra girassol?
3. O que explica a expressão do personagem mais à esquerda?
Não há hífen na palavra girassol porque a noção de que ela é composta praticamente se perdeu. Não
se nota que nela estão contidos dois termos – um que indica uma ação (girar) e outro que indica um ser (sol)
– que nomeiam, justapostos, uma planta que se movimenta em direção ao sol. É diferente do que acontece
quando se ouvem as palavras guarda-noturno ou conta-gotas, que, embora formem unidades de sentido,
contêm termos relativamente independentes. A própria pronúncia marca essa diferença: em girassol, há uma
sílaba tônica, enquanto em conta-gotas distinguimos dois sons mais intensos.
Essa distinção, no entanto, nem sempre é nítida e, por isso, é preciso estudar caso a caso e
consultar um dicionário ou uma gramática quando houver dúvida. É o que você vai fazer agora para descobrir
se deve ou não empregar o hífen nas palavras indicadas.
4. Forme palavras compostas empregando o hífen quando necessário: sul + africano, manda + chuva,
erva + doce, sócio + econômico, ponta + pé, amor + perfeito, para + choque, cabra + cega, decreto +
lei, bate + boca, porta + aviões, passa + tempo, médico + cirurgião, vitória + régia, primeiro + ministro,
carro + forte.
5. Algumas palavras formam expressões fixas, com sentido próprio, entretanto não são consideradas
palavras compostas. É o caso de meio ambiente, expressão formada por termos que não se fundiram nem
são relacionados por meio de hífen, embora produzam juntos um sentido único. Transcreva casos
semelhantes desta lista: panela de ferro; fim de semana; mão de obra; calçada de pedestres; braço de
ferro; pé de moleque; jogo da velha; doce de banana; cano de esgoto; dor de barriga.